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Em defesa do coaching

O post poderia se chamar:

  • em defesa do empreendedor
  • em defesa do concurseiro

Mas eu escolhi chamá-lo de “em defesa do coaching” porque foi o que me motivou a escrevê-lo.

E o que me motivou foi o fato de que tenho visto que o coaching tem sido “demonizado” ultimamente.

Sim, EU SEI que existem muitas coisas absurdas acontecendo nesse mercado. Pessoas sem qualificação que, depois de uma formação em coaching, acham que são especialistas. Cura para câncer. Coach de bebês. Já vi de tudo.

Meu primeiro ponto é: não é por causa de alguns profissionais assim que precisamos desqualificar o mercado inteiro. Existem sim bons profissionais de coaching e, quando rimos, fazemos piada ou ridicularizamos alguém, isso afeta toda uma classe.

O segundo ponto é que existem charlatães em todas as profissões. Isso não é exclusividade do coaching, mas eu sinto que as pessoas pegam mais no pé de quem é coach do que em qualquer outra atividade profissional.

Eu penso assim: se uma pessoa se dispõe a gastar 8 mil reais em um processo de coaching com um profissional, apenas essa pessoa pode avaliar o trabalho do coach em questão. A escolha foi dela. O dinheiro é dela.

Mas o que mais me incomoda nas críticas a quem é coach na verdade é uma crítica que (aí sim) engloba tanto a questão do coaching, quanto do empreendedorismo ou do cara que é concurseiro.

Parece-me que existe um pacto coletivo de desmerecer a cultura do positivo. Vou explicar melhor.

Existem perfis na Internet que compartilham diariamente informações ridicularizando quem é coach, quem é empreendedor e quem se diz concurseiro.

Outro dia eu postei no meu Twitter que, quando eu era empregada CLT, eu também ironizava e via com maus olhos esses três tipos de pessoas – e olha que eu vivia numa época diferente de hoje, quando essa crítica se tornou mais feroz.

Uma pessoa que trabalha como contratada CLT não sabe o que é viver de maneira autônoma. Depois de alguns anos vivendo assim, eu posso tentar explicar um pouco.

Um profissional que não tem emprego zera o seu salário todos os meses. Ele não sabe se vai ter dinheiro no mês que vem.

Esse cara precisa se manter motivado para ter boas ideias. Se ele explodir em algum momento, ele pode perder um cliente. Se ele não tiver dinheiro, que vem dele estar bem e poder trabalhar, ele não consegue sustentar a si mesmo ou a sua família.

Logo, iniciativas que são chamadas de “empreendedorismo de palco” podem sim ser criticadas, existem pontos relevante nessas críticas, mas essas iniciativas existem porque é uma necessidade do empreendedor se manter motivado porque senão ele desmorona MESMO.

Se o cara quer comprar um curso de marketing digital achando que isso pode ajudá-lo, o que você tem a ver com isso?

Não é fácil ser empreendedor. Não é fácil ser coach. Não é fácil ser concurseiro.

Mas é muito fácil você ser um empregado CLT e criticar quem o seja, e acho esse discurso perigoso porque o que se está fazendo, na verdade, é humilhando uma pessoa que na verdade vive uma situação de precarização do trabalho e já é humilhada por si só, apenas por estar nessa condição que você, como CLT, não está.

Eu me planejei para trabalhar com o que eu gosto, e mesmo assim é difícil. Mas a imensa maioria das pessoas que hoje trabalha empreendendo o faz porque ficou desempregada e precisa se virar. Essa pessoa foi jogada em uma situação que não teve escolha. Tudo o que existe de apoio a ela são os tais vídeos e eventos de “empreendedorismo de palco”. Não existem outros lugares onde ela possa recorrer para aprender como tocar o “seu negócio”.

Tenho um primo que precisa empreender porque senão ele não consegue colocar comida na mesa para os filhos. Ele não gosta dessa situação – preferia ter um emprego CLT. Ele busca se motivar diariamente, publica em suas redes sociais conteúdos que o motivaram, e esse cara é ridicularizado por outras pessoas que não vivem o que ele vive.

Eu também cito o concurseiro nesse balaio porque, na verdade, o que estamos falando é de respeitar a escolha do outro.

O concurseiro frequentemente é visto como um cara preguiçoso que não quer trabalhar (para “só” estudar) e depois “mamar nas tetas do governo”. Só quem estuda para concursos sabe a insegurança que dá você não ser aprovado no concurso que quer e precisa.

Não trago respostas neste post. Só quero levantar o problema e pedir que as pessoas peguem leve.

Por trás da crítica que você faz ao coach, existem profissionais que estão investindo em sua formação e fazendo um bom trabalho. E você está desqualificando todo um mercado. Eu, por exemplo, nem me sinto bem de falar que sou coach, porque virou um estigma. E eu sei que eu sou uma boa profissional. Mas tem gente que vive disso, que é apenas coach, e a pessoa não pode ser ridicularizada porque se dedica a essa atividade, que sinceramente, é tão importante, traz tantos ganhos.

Por trás da crítica que você faz ao empreendedor, existe um cara que precisa se motivar diariamente para conseguir ficar com a cabeça boa e trabalhar, colocar comida na mesa. Ele muito provavelmente é empreendedor porque ficou desempregado, porque hoje temos 13 milhões de desempregados em nosso país, mas as pessoas precisam pagar boletos. Qual é o ponto da sua crítica? O que esse cara está fazendo que te incomoda tanto a ponto de você ficar ridicularizando?

Parece que virou pecado você querer viver um estilo de vida pautado no estado mental positivo. Não é.

Em um mundo onde o negativo prevalece todos os dias, em que sorrir, muitas vezes, é um ato de resistência, eu me levanto sim em defesa de todas essas pessoas.

“Ah Thais, mas o coach de relacionamentos amorosos engana as pessoas.” “O coach X acha que está substituindo um psicólogo.” Mais uma vez: infelizmente, temos isso em todas as áreas. O que está acontecendo é que o coach está sim sendo “pego pra cristo”, e acho que esse discurso de ódio é perigoso.

Enfim, esses foram meus 5 centavos sobre esse assunto, que eu precisava comentar. Acho que os profissionais precisam sim ter um pouco de noção em alguns casos, que todos devem se capacitar mais, mas isso não justifica o teor de ódio das críticas que têm sido feitas.