Construção do estilo de vida

Ao pensar sobre o calendário editorial (a programação de posts) desta semana, eu achei que seria bastante pertinente falar sobre construção do estilo de vida. Talvez você se pergunte o que esse assunto tenha a ver com saúde. Na verdade, ele está relacionado tanto ao tema do mês quanto a um processo mais amplo, que abriga todas as áreas da vida, e por isso ele está aqui hoje.

Construção do estilo de vida não tem apenas a ver com independência financeira (a meta da moda), apesar de que buscar independência financeira pode ser algo que você queira para você. Construção do estilo de vida tem, acima de tudo, a ver com auto-conhecimento. A você se conhecer verdadeiramente e, no dia a dia, tomar decisões, realizar atividades, fazer pequenas e grandes coisas que estejam alinhadas com quem você é de verdade. Isso é coerência. Isso é ter uma vida organizada.

No ano passado, eu desenhei um mapa que o David Allen (autor do método de produtividade GTD, que uso há muitos anos) chama de “treasure map”, ou “mapa do tesouro”. Você pode criar esse mapa com colagens, desenhos ou simplesmente palavras. Eu fiz em formato de mapa mental, com desenhos e palavras que me representassem. Pensei no meu futuro – não em um período de vida específico, mas no futuro de maneira geral – e desenhei o que parecia ter a ver com o futuro que eu queria construir para mim, em todos os aspectos. Pensei na minha casa, nas minhas atividades profissionais, hobbies, relacionamentos, finanças, dia a dia mesmo. E o resultado foi bem interessante (compartilho um pouco abaixo).

Tenho esse mapa digitalizado em meu Evernote e também inserido no mapa mental de visão, que diz respeito a um horizonte de mais longo prazo da minha vida (já mostrei em outro post – clique aqui para ver).

Revisar esse mapa regularmente me ajuda a ter tranquilidade e perspectiva sobre a vida que estou construindo para mim. Me ajuda a tomar decisões até mesmo para aspectos mundanos demais, como por exemplo decidir que atividade física vou investir meu tempo (eis aqui porque tem a ver com atividade física este post!). Quando eu pensei nesse estilo de vida que tinha mais a ver comigo, eu mencionais as seguintes atividades físicas:

  • caminhada e corridas
  • tênis
  • vela e vida náutica
  • natureza e aventuras

Do meu ponto de vista, faltou algum esporte de grupo (que hoje sinto falta), mas talvez, quando tivesse feito esse desenho, tivesse pensado tanto a longo prazo que não tenha me visto mais fazendo um esporte assim, e sim atividades mais calmas (esse raciocínio me parece fazer sentido).

Atividade física, como as outras áreas da nossa vida, devem ter a vida com o estilo de vida que queremos construir. Se eu não me vejo fazendo alguma coisa nessa “vida ideal” que quero ter, por que eu investiria tempo agora? (E não estou dizendo que não pode; apenas quero dizer que vale a reflexão para evitarmos perder tempo naquilo que não tem a ver com a gente).

Eu quis falar sobre esse assunto hoje, e na verdade eu poderia fazer vários textos apenas sobre isso, porque mais do que nunca eu tenho aplicado esse estilo de vida que quero construir (e estou construindo diariamente). Tive inúmeros exemplos nas últimas semanas em que precisei tomar decisões – de assuntos grandes, do inventário, até assuntos menores, do cotidiano (devo ou não comer tal coisa?), e que pensar em “o que a Thais faria?” (rs) me foi útil.

Outro dia li sobre o Salvador Dalí. Que, quando ele acordava sem inspiração, ele se perguntava: “o que o maravilhoso artista Salvador Dalí faria em um dia como hoje ou em uma situação como essa?”. E então ele se inspirava em seus próprios insights para poder viver um dia (e uma vida) feliz.

Sei lá – penso que, muitas vezes, buscamos tanta inspiração fora da gente que esquecemos que a principal fonte está aqui dentro. Com o passar dos anos, vou aprendendo mais sobre mim mesma, entendendo o que é natural para eu fazer, como eu penso, como eu me sinto, o que é coerente com quem eu sou, e consigo aplicar isso – sem culpa – no dia a dia, em áreas diversas. Eu diria que isso tem me mantido a salvo de uma depressão maior. (Para quem não sabe, já passei por alguns momentos de depressão severa na vida. A depressão é uma doença que você mantém sob controle, basicamente, e precisa ficar de olho para que ela não volte em momentos difíceis.)

Às vezes, quando acordo chateada ou desanimada, eu pergunto: “o que a Thais do Vida Organizada faria em um dia como hoje?”. E pode parecer besteira, mas isso me inspira a “lembrar” mesmo quem eu sou de verdade e a fazer as coisas com alegria e senso de aproveitamento. É, em resumo, pegar quem eu sou de verdade e trazer para todas as atividades do cotidiano, de modo que, cada vez mais, eu viva a vida que acredito ser a melhor vida que eu possa viver. Posso não estar vivendo hoje, a vida ideal que imagino para mim. Mas sei que, buscando dentro de mim, cada dia que passo eu chego mais perto. E, igualmente, aproveito cada um dos meus dias, o que para mim é muito mais importante nessa jornada inteira.