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O relacionamento que você tem consigo mesmo(a)

É muito comum ouvir e ler por aí declarações de amor como “você é o amor da minha vida”, “você é tudo para mim” ou “sem você minha vida seria vazia”. Apesar de bonitas e intensas, essas frases podem ser perigosas. Porque, quando colocamos a nossa felicidade fora da gente mesmo, em outra pessoa, isso significa que, se a pessoa for embora, nos sentiremos vazios. Então será que o foco correto não seria outro?

Nunca fui muito com a cara do conceito de “cara metade”. Passa a ideia de que a nossa “metade da laranja” está por aí, e que precisamos dela para nos sentirmos completos. Hoje, depois de adulta, o que eu percebo é que só quando a gente se sente inteiro – e isso significa se conhecer bem, ter seus próprios limites, saber o que quer – a gente tem auto-estima e auto-confiança para conhecer e se relacionar com outra pessoa que seja inteira também. Então não se trata de “metade”. Mas de parceria.

Uma das coisas que apendi no budismo é sobre o apego. Nós nos apegamos a coisas e pessoas acreditando que elas nos trarão felicidade. Nos apegamos ao dinheiro, aos bens, acreditando que, ao ter essas coisas, teremos felicidade, pois nos traz segurança. Então nos apegamos a algo externo – colocamos a nossa felicidade em fontes externas. E o problema disso é que a posse não existe, na verdade. Desse mundo, nada se leva. Então é por isso que, quando as pessoas perdem algo ou alguém (na verdade, é a ilusão da posse), elas se sentem vazias.

No final das contas, apego é apenas amor a si mesmo. Auto-apreço. Você quer que uma pessoa fique com você porque, ficar com ela, é o que deixa você bem. Mas e a felicidade da pessoa?

Muitas pessoas são apegadas ao passado, e não conseguem viver o presente. Vivem se comparando com situações que já passaram. Buscam repetir experiências que não se repetirão. Isso causa frustração e sofrimento, tudo por causa do apego.

Talvez a solução seja identificar as rodinhas da sua bicicleta para que você possa seguir livremente. E isso dá um frio na barriga, porque andar de bicicleta sem rodinhas significa que só depende de você. E não é assim mesmo na vida também?

“Depender de você” significa entender que, antes de qualquer coisa ou outra pessoa, vem você. Que você precisa estar bem para fazer outras pessoas felizes. Para cuidar dos outros. E quantos de nós não nos negligenciamos com o passar dos dias?

Olhe com mais carinho para o que VOCÊ quer, não para o que o seu parceiro (ou parceira) quer, o que o seu chefe quer, o que o seu filho quer, o que a sua amiga quer. Isso não significa ser egoísta. Significa ter integridade.

Dessa maneira, a gente conseguirá viver o presente, o agora, sem se preocupar se “está fazendo a coisa certa”, porque não fere a si mesmo.

  • Desenvolva uma relação mais saudável com você mesma(o). Pare de falar palavras ofensivas contra você mesma(o). Não se critique ferozmente. Olhe com mais carinho para quem você é. Identifique falhas e pontos a melhorar, mas reconheça também os pontos mais fortes, que transformam você em uma versão melhor de você mesmo(a).
  • Exercite estar presente em cada momento. Se vai almoçar, coma. Não fique olhando no celular. Preste atenção na alimentação, no ritmo do seu corpo. Se for dormir, concentre-se em seu descanso. Se estiver brincando com os seus filhos, esteja ali. É realmente um exercício.
  • Reflita sobre as coisas e pessoas que você tem medo de perder. Por que você tem medo de perder? Essa reflexão te ajudará a entender um pouco mais sobre os seus próprios sentimentos e, assim, conseguir trabalhar neles.

Mais uma vez, é uma construção diária. Mas, como andar de bicicleta, o segredo está em se manter em movimento.

Autor

38 comentários em “O relacionamento que você tem consigo mesmo(a)”

  1. Caramba, fantástico Thais. Cada dia surpreendo-me mais com seus ideais e estilo de vida, pois admiro e compartilho de muitos deles. Sempre tive esse mesmo pensamento em relação a felicidade, em que somente poderemos fazer alguém feliz, quando nós mesmos formos felizes por inteiro. E no final de tudo entender que não é simplesmente fazer outra pessoa feliz, é compartilhar sua felicidade com alguém. Magnífico Thais, obrigado!! Ah, tem um texto que fala sobre felicidade que gosto, deixo aqui para compartilhar, abraços!!!!

    Como definir a felicidade
    Em um mundo tão singular
    Como vive-la de verdade
    Sem pensar apenas em gastar

    Distribuir sorrisos,
    É uma ótima opcão
    Ter bons amigos
    Vale mais que um carrão

    Ser feliz
    É aproveitar o que tem
    Ser feliz
    É amar sem desdém

    E saber que em pequenos momentos
    Surgirão grandes alegrias
    E entender um sentimento
    Em meio a tantas agonias

    Porém , sentir-se feliz
    Vai além de se alegrar
    Sentir-se feliz
    É viver, mesmo se chorar

    Pois, felicidade completa
    Não é aquela forçada
    Felicidade completa
    É aquela compartilhada

  2. Venho buscando desenvolver o amor próprio dia a dia. Se colocar em primeiro lugar nas relações nem sempre é fácil. Vamos lá! Nos manter em movimento! Avante!

  3. Oiiii… como precisava ler isso… eu tinha e tenho este apego ainda… e estou aprendendo a andar na minha bicicleta sem as rodinhas que me prendiam a uma vida infeliz e vazia… Cai muitas vezes e vou cair algumas outras ainda… mas a cada dia me sinto mais forte e com mais coragem pra seguir em frente… e o teu post de hoje foi mais um empurrão pra que eu me liberte de vez… muuuuito obrigada…. <3

  4. Incrível esta reflexão. Nas ultimas semanas estive procurando referência com relação aos motivos pelos quais, fazemos tanto e com tanto carinho pelos outros e nos negligenciamos. Não encontrei nada bacana, mas este texto me deu tanta luz. Obrigada Thais =)

  5. Hylana Ferreira Teixeira

    Oi Thais!

    Vou te indicar um livro que tem muito haver com esses tema, não sei você já leu, mas fica a dica. ” A coragem de ser imperfeito”.

  6. Desde que comecei a estudar e praticar a filosofia budista, tenho me sentido mil vezes melhor, com mais calma e paciência diante da vida (e até comigo mesma, que eu sempre fui carrasco comigo). Como você disse, é igual andar de bicicleta, depende da gente, e depende de prática, de ritmo, de insistência… não vem de uma hora pra outra, mas acaba valendo a pena. Parabéns pelo texto!

  7. Oi Thais,

    Adorei o texto, me identifiquei muito pois já sofri o peso de uma metade sendo que sempre busquei ser inteiro, rsrs.
    Eu ensaiei varias vezes aqui um comentário mais longo contando brevemente sobre meu relacionamento que acabou ano passado, mas não me convenci hahaha

    Postei dois textos sobre assuntos parecidos no meu blog, como nossas escolhas tem impacto nas nossas vidas e nas de quem nos cerca, como devemos pensar um puco em nós mesmos e no que queremos de nossas vidas, etc, caso haja curiosidade 🙂

  8. Adorei essa categoria Thais! Ando nessa fase de autoconhecimento e esse texto me ajudou ainda mais a seguir nesse caminho de amor-próprio.

    Obrigada pela inspiração e feliz ano novo! ♥

  9. Texto show!
    Quando começamos a praticar o autoconhecimento, o amor próprio e a determinação de limites fica mais evidentes. Penso que temos que estar inteiros para termos um relacionamento inteiro, seja ele afetivo, familiar e até profissional.
    Adorei seu texto, vou compartilhá-lo no Linkedin.
    Abraço!

  10. Boa noite Tais
    Ótimo texto. Mas faz uma orientação? Como você avalia quando este apego é pelos filhos? (No meu caso 2 filhos e ainda na primeira infância).
    Obrigada

  11. Thaís, seu post vem ao encontro de meu momento de acolher a vulnerabilidade, de assumir a responsabilidade por mim, com foco no afeto, como diria o Arly Cravo. Acho que é um encanto da maturidade e que merece ser celebrado. Beijos e obrigada!

  12. Oi Thaís, sou muito grata por trazer essa sua arte para nós que te seguimos,este ano você começou arrasando com seus posts.Obrigado!

  13. Nossa Thaís,que texto!Essa parte em que diz ter apego ao passado me deu um super insight e me veio uma luz diante da situação meu deprê em que me encontro.Gratidão pela luz que seu texto me deu!

  14. Maravilhoso ler esse texto enquanto jantava. De fato, precisamos aprender a viver o momento, assim conseguiremos deixar de lado o estresse e as ansiedades. Conhecer-se, respeitar-se e, principalmente, ser honesto consigo.

  15. Amei o texto !! Eu, uma menina de 53 anos, estou querendo cuidar mais de mim, a não depender da felicidade do outro para ser feliz. Obrigada, Gratidão

  16. Rui Ricardo Soares Melo Filho

    Gostei muito do texto. Descubro a cada dia a importância de se amar, e o quanto é prazeroso e gostoso se amar, fazer coisas na própria companhia. Quem se coloca na dependência de outras pessoas, só tem a perder.

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