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38 anos

No dia de hoje eu completo 38 anos de vida.

Quando meu pai morreu, ele tinha 47 anos. Eu me lembro de quando ele tinha 38. Foi o ano em que eu passei no vestibular para estudar Jornalismo na faculdade dos meus sonhos.

A minha mãe é um pouco mais velha do que ele. Quando ela tinha 38, estava morando na praia e eu tinha ido morar com a minha avó, para permanecer em São Paulo. Meus pais já estavam separados nessa época. Eu tinha 16 anos.

Dando um salto no tempo e no espaço. John Lennon, aos 38 anos, morava com sua esposa Yoko e seu filho Sean em Nova Iorque. Estava feliz. Dois anos depois, seria assassinado na porta do prédio em que morava. Ironicamente, quando Paul McCartney tinha 38.

Quando a minha avó tinha 38 anos, eu obviamente ainda não tinha nascido. John Lennon estava vivo. Eu nasceria quando ela completasse 44 (meu pai tinha 18 anos quando eu nasci).

Eu fui uma criança típica de classe média nos anos 80. Que não passava dificuldades, mas estudava em escola pública. Nunca fui para a Disney, mas comemorei todos os meus aniversários com festinha, bolo e bexiga.

Eu reli o texto do ano passado antes de escrever o de hoje. A impressão que tenho é que envelheci uns cinco anos de lá até aqui. Todo o estresse das relações na época das eleições e o cenário político do Brasil deram uma boa afetada em mim de maneira geral. Eu também tive dois problemas de saúde (em dezembro e em fevereiro), que me deixaram assustada, com medo de morrer, preocupada de modo geral. Só quando finalizei o tratamento e descobri o que eu tinha, e com isso mudei minha alimentação e várias outras coisas, que eu comecei a melhorar. O primeiro semestre deste ano foi quase inexistente, para mim. Eu “passei” por ele. Foi bem difícil. Uma sequência de meses duros para mim, desde a morte da minha avó, no ano passado.

De acordo com a numerologia, estou saindo de um ciclo de nove anos e entrando em outro. Eu sempre imaginei que teria uma clareza maior nesse ano 9, sobre o que eu gostaria de encerrar para entrar no novo ano 1. Não tenho. Questionei muitas das minhas metas nesse último ano. Eu fui conquistando tantas coisas, em tão pouco tempo, que me ocorreram dois sentimentos: 1) quero curtir o que conquistei, e não ficar correndo para conquistar MAIS novas coisas, e 2) ainda não consegui absorver se tudo o que ainda quero fazer é realmente o que eu quero fazer, então calma. Ter algumas configurações de vida me mostraram de perto o que eu queria e o que eu não queria para mim, e tudo pode mudar a partir do momento que você entende determinadas ideias.

Vocês sabem que eu escrevo os textos com antecedência aqui para o blog. Este texto de hoje eu escrevi há uma semana antes de entrar aqui e digitalizar para agendar para vocês, daqui a alguns dias. E, nessa revisão, eu percebi que já desenvolvi uma clareza um pouco maior sobre projetos que quero investir daqui em diante, e estou um pouco mais animada desde que escrevi a primeira versão (leia o parágrafo seguinte e entenderá a que estou me referindo).

Se eu pudesse resumir o meu estado de espírito atual, eu diria que tenho vontade de me ordenar monja e trabalhar no anonimato, ajudando os necessitados e ensinando o Dharma. Meu filho precisa de mim, eu gosto da minha vida em família e com o meu marido, então por isso não radicalizei nesse sentido. Acho que o que eu estou querendo dizer na verdade é que trabalhar com Internet e com tanta exposição talvez esteja esgotando a minha energia com uma frequência maior do que antes. Eu sou uma pessoa introspectiva. Por outro lado, adoro compartilhar conteúdos para ajudar outras pessoas. Mas o volume de retorno que tenho, em todos os sentidos (bons e ruins), é avassalador. A terapia me ajuda muito com isso; meditação também. E tenho alternado dias de trabalho com dias off das redes, justamente para me resguardar. Isso tem ajudado, mas é paliativo, pois o problema continua. Não sei exatamente qual a solução para ele no momento – é apenas um desabafo.

A Thais de 38 está respeitando mais a si mesma, focando no que é realmente importante e tentando se redescobrir. Tenho muita coisa legal acontecendo tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Meu marido e eu estamos em uma fase ótima do nosso relacionamento. Paul está em uma idade muito legal, de trocar ideias, ter seus próprios interesses e mostrar sua personalidade para o mundo. O Vida Organizada está com vários serviços bacanas de conteúdo, do gratuito no blog e nas redes até os pagos, em cursos e mentorias. O trabalho com o GTD, nem se fala (só o convite para palestrar no evento já foi muito incrível). Não sei se é o meu melhor momento. É o melhor momento até aqui, sem dúvida, mas acho que ainda tem muita coisa legal para acontecer.

Justamente por isso eu tenho essa vontade de refletir sobre como quero continuar vivendo nos próximos anos, pois no próximo ciclo de nove eu terei 47. Tenho algumas coisas que sei que quero fazer até lá, mas sem que isso atropele o meu hoje. Viver o hoje é melhor do que viver o futuro, porque o futuro pode nem chegar. Mas é claro que pensar sobre ele influencia na maneira como eu vivo o presente, então por isso eu amo esse trabalho de planejamento de vida.

Dois pontos que eu acho fundamentais de citar neste momento de vida que estou vivendo, e que prometo abordar mais em outros posts ao longo do mês de outubro:

  1. Ter voltado formalmente para a prática do Budismo foi uma das melhores decisões que eu tomei este ano. Nem consigo entender direito porque me afastei do centro. Quando paro para pensar em todas as dificuldades que enfrentei desde a internação da minha avó, até a sua morte e o pós, no luto – eu teria vivido de maneira muito melhor se tivesse buscado esse apoio lá. Mas enfim, já passou. A gente faz coisas confusas quando está triste. Fica a lição. Não pretendo mais sair de lá. Estou empenhada pela vida, e pretendo voltar a ser professora de meditação e de Dharma.
  2. Estar consciente nessa transição para o veganismo me ensinou como viver é um ato político, e o que a gente faz individualmente impacta no nosso microcosmo (família e amigos) e também no mundo como um todo. Mas, acima de tudo, impacta na relação que nós temos conosco mesmos, pois mostra o respeito que temos pelas nossas crenças e convicções.

Estou muito contente por estar na fase final do mestrado, já pensando em um doutorado, que será a temática da minha “década de 40” (anos). Estamos em um momento de redefinição do nosso estilo de vida aqui em casa, já sabendo que vamos continuar morando aqui, neste bairro, nesta cidade, neste país (foram questões que colocamos em dúvida nos últimos anos). Tenho me aproximado mais da minha família, e tudo isso tem impactado bastante de diversas maneiras.

Eu escrevi esse texto em uma semana que fiquei off das redes sociais pois estava recebendo muitas mensagens agressivas e desnecessárias. No entanto, agora que estou revisando e digitando para publicar no blog, me considero feliz e descansada, pronta para outra. E não é assim que a gente deveria se sentir a cada aniversário que comemora? 😉

Photo by Marta Bockhorny

“É preciso a chuva para florir.”
(Almir Sater)

https://www.youtube.com/watch?v=mYE2diwmBrE