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Como eu me tornei uma pessoa organizada

Este post foi escrito originalmente em 29 de junho de 2011, mas eu o migrei para o dia da primeira publicação do blog, em 2006, para que faça sentido toda trajetória até aqui para quem quiser ler o blog desde os arquivos iniciais.

Não, eu não nasci organizada, e acredito que poucas, raríssimas pessoas, nasçam.

Eu fui uma criança bastante bagunceira, para falar a verdade. Nunca tive muita noção de organização e, na adolescência, meu guarda-roupa era definido como um amontoado de roupas amassadas. Foi mais ou menos com uns 14 anos que a minha ficha caiu e eu pensei: “se eu não começar a me organizar na escola, vou me dar mal nas provas”. Eu fazia parte do time de vôlei que representava a escola e perdi muitas aulas por conta dos jogos que aconteciam durante o período das aulas, e acabei perdendo o ano também. O professor de educação física foi demitido, é claro, mas o estrago estava feito. Assim, mudei de escola e decidi me organizar melhor para que aquilo nunca se repetisse.

Foi um longo processo. É difícil se organizar quando você não tem nenhum método definido ou mesmo tanta motivação para tal. Mesmo assim, mantive um nível mínimo (foi quando descobri o maravilhoso mundo das pastas com divisórias, que usei até a faculdade) e consegui passar sempre com notas altas. Menos em matemática, é claro, porque milagres não existem. Mas sempre consegui passar de ano, pelo menos.

A coisa começou a pegar mesmo quando eu cheguei ao último ano do ensino médio (então colegial). Eu percebi que, se não me organizasse, não passaria em uma boa faculdade. Durante o ano todo, estudei bastante e, no ano seguinte, quando entrei no cursinho, já tinha meu método pessoal de organização que deu super certo e me permitiu ser aprovada na faculdade que eu queria.

Todo o resto, como o meu quarto de adolescente, roupas etc, entraram na organização ao mesmo tempo. Eu não conhecia GTD, FLY Lady, nada, mesmo porque não tinha internet e acesso a essas informações. Mas eu me organizava com dicas que lia em revistas que me chamavam a atenção, e então comecei a procurar mais pelo assunto, chegando aos livros. Eu posso dizer que me tornei “viciada em organização” quando comecei a trabalhar na minha área profissional, pois conciliar trabalho com faculdade é muito difícil (todas as forças do mundo para você que está fazendo isso agora).

Em 2006, no final da faculdade, já trabalhando em uma agência, eu resolvi criar o blog para compartilhar as minhas dicas, mas sem saber muito bem o que iria dar. Não tinha qualquer pretensão.

Eu costumo dizer que a organização é um bichinho que te morde. De repente, você fica obcecado(a) pelo assunto e quer organizar a casa inteira. Mas passa. Eu já vivi esse frenesi e fico contente que tenha passado, porque apesar de a empolgação ser boa, não dá para pirar. E eu pirei, muitas vezes. Eu estava tão maluca pela organização de tudo que, quando eu estava perdida em um mar de etiquetas, um amigo comentou comigo: “você não deveria ter uma vida organizada, mas uma vida simplificada”.

Aquilo caiu como um choque de realidade para mim e eu vi que realmente precisava simplificar todo o processo. Afinal, de que serviam pastas e mais pastas se elas se tornavam mais tralha na minha casa? Não seria melhor parar de comprar coisas durante algum tempo? Diminuir a quantidade de objetos em casa? Foi assim, descobrindo a simplicidade voluntária, que todo o meu processo de organização começou a amadurecer.

E foi ótimo, porque me deu uma noção de vida totalmente diferente! Me desfiz de muita coisa, muitas roupas, muita papelada. Eu era extremamente consumista. Nunca guardei dinheiro. Então mudar radicalmente é uma coisa que hoje eu não faria nem recomendaria a ninguém, mas na época foi necessário. Se eu não tivesse radicalizado, talvez não descobrisse nunca o equilíbrio. Fui de um extremo ao outro. Li o Walden. Saí do meu emprego, comecei a viajar para fazer trilhas, queria uma vida mais simples – trabalhar como vendedora em uma livraria? Mudar de profissão?

Depois de um breve período de indefinições, consegui me organizar para trabalhar em casa, tivemos um filho e eu pude cuidar dele até os oito meses de idade, quando eu voltei a trabalhar fora. Hoje, eu considero meu nível de organização perto do que eu considero ideal: sei o que precisa ser feito, faço, mas sem dramas. Mesmo porque, é impossível buscar a perfeição com um filho pequeno em casa.

Postei este texto aqui porque recebo muitos comentários como “não consigo me organizar”, “sou muito bagunceira(o)”, “não sei mais o que fazer” e quero dizer que, se eu consegui, você também consegue. Isso serve para qualquer hábito que você queira implementar em sua vida, se você realmente tiver força de vontade e ir aos poucos. Ninguém muda radicalmente e eu passei por diversas fases até chegar onde estou agora. Se você está na fase “viciada em organização”, saiba que ela passa, mas é importante manter a verve. Se você ainda não começou mas é o que deseja, continue por aqui.