Categoria(s) do post: Finanças

Estamos falando sobre finanças este mês aqui no blog, e investimentos é o último tema dentro do método de organização financeira que tenho abordado, do Ben Zruel, e já falamos antes sobre:

Para falar sobre investimentos, gostaria de começar trazendo um exemplo pessoal.

No ano passado, quando a minha avó morreu, nós tivemos os gastos com a morte. Higienização do corpo, maquiagem, serviço de velório, flores, caixão, taxa de cremação, o café que seria servido, enfim, uma série de coisinhas que a gente não tem ideia a não ser quando passa por uma situação dessas.

Enquanto eu estava lá, “passando no débito”, uma pessoa da famí­lia se aproximou e compartilhou uma “dica”: estava pagando um plano funerário que dava uma mensalidade de 100 ou 150 reais por mês e que cobria o enterro da famí­lia toda. Como boa “GTDer”, capturei a informação para processar mais tarde e continuei o meu dia.

Eu entendi por que as pessoas contratam esse tipo de serviço. Só quando alguém na famí­lia morre e você tem esse gasto isso gera um pensamento tipo: cara, é caro até pra morrer no Brasil! 100 reais por mês não parece tanto. A maioria deve pensar que vale a pena.

Mas 100 reais por mês são 1.200 reais por ano, se você levar em conta que apenas guardou seu dinheiro embaixo do colchão, e não aplicou em algum investimento que tenha juros sobre juros. Fora que, mesmo pagando durante anos, se em algum momento eu cancelar esse plano, eu perco todo o dinheiro, mesmo que não tenha-o usado. Sei lá, não me pareceu um bom negócio. Foi pensando a respeito que eu concluí­ que, para casos como esse e outros similares, valeria muito a pena para qualquer pessoa ter o que chamamos de FUNDO DE EMERGíŠNCIA. Ou seja, todo mês você guarda um valor X (que pode ser esse valor do plano funerário, 100 ou 150 reais), para que você tenha um valor X guardado caso alguma emergência aconteça na sua vida e você precise do dinheiro. Não apenas uma morte, mas outras, tipo:

  • o falecimento de uma pessoa da famí­lia
  • uma emergência de saúde não coberta pelo convênio
  • uma geladeira que quebra, uma tv que queima
  • um problema inesperado que demanda uma reforma imediata em casa

Fundo de emergência

Quando a gente para para pensar, vê que muitas emergências da vida não são “tão emergências assim”. Com observação, atenção e planejamento, podemos antecipar alguns problemas. Mas o fato de ter esse fundo já ajuda a não criarmos dí­vidas em situações como essas. O que estou querendo dizer é que esse é o primeiro investimento que eu estou recomendando que você faça, caso não tenha nenhum. Para fazer sentido, você deve buscar um formato que te permita sacar o dinheiro com rapidez (afinal, é uma emergência).

Poupança é a primeira alternativa que as pessoas consideram, e tá tudo bem, sabe? Não precisa demonizar a poupança. Claro que existem investimentos melhores, mas só de você ter esse fundo sendo construí­do já é um primeiro passo enorme. Logo, para fundo de emergência, busque investimentos que tenham liquidez imediata. Outra alternativa comum í  poupança é o Tesouro Direto.

Estabeleça um valor para esse fundo. 5, 10, 20 mil reais – você que decide. Aí­ você concentra seus esforços em guardar dinheiro até chegar nesse valor. Chegou no valor do seu fundo de emergência, você pode começar a buscar outros investimentos. Você pode fazer outros investimentos em paralelo, mas só se tiver dinheiro sobrando para isso. Particularmente, fico mais segura colocando tudo no fundo de emergência, deixo lá quieta essa grana, e depois invisto em outras opções, para outras finalidades, porque nunca se sabe quando pode ocorrer uma emergência.

Metas financeiras de curto prazo

Construiu o fundo de emergência? Agora vamos pensar em outras frentes.

Exemplo: quero trocar de carro. Quero reformar a cozinha. Preciso de um computador novo. Quero viajar nas férias. Com certeza você terá “n” coisas desse tipo que quer fazer na sua vida. Aí­ é claro que tudo depende das suas prioridades, pois a não ser que você tenha muita grana sobrando, não dá para fazer tudo de uma vez, a não ser que você se endivide e pague juros altos (o que já vimos em posts anteriores que não é a melhor das opções).

Você pode avaliar que trocar o computador é algo que precisa fazer imediatamente, mas organizar a viagem nas férias, por exemplo, acontecerá daqui a alguns meses. A reforma da cozinha pode ficar para o ano que vem. Trocar de carro? Até quero, mas não é urgente. Posso colocar como meta para o final do ano que vem. Pronto. E é óbvio que esse é o tipo de conversa que a gente tem que ter em conjunto, em famí­lia. Porque, conversando, fica mais fácil para todo mundo entender as escolhas diárias que levam a economizar em prol de um objetivo maior.

Sabendo o que você quer fazer, quanto de dinheiro precisará e em quanto tempo gostaria de obter aquilo, você pode buscar investimentos de acordo com o seu perfil, que sejam mais favoráveis ao que você procura. Aqui é o momento de assistir ví­deos, ler tutoriais na Internet, conversar com amigos, explorar corretoras etc. Você pode até já ter uma corretora desde o fundo de emergência, se tiver saí­do da poupança e ido para o Tesouro Direto, por exemplo. Se não, este é o momento. A corretora apenas intermedia o investimento que você faz. Você pode ir conhecendo, testando outras e sempre mudar se sentir necessidade. Lembre-se: educação financeira é a chave, sempre.

Metas financeiras de médio a longo prazo

Além dessas metas mais imediatas, você pode começar a querer ter metas mais de médio a longo prazo, tais como:

  • comprar um imóvel
  • faculdade dos filhos
  • aposentadoria

Pois bem. Então aqui você vai buscar investimentos para resgatar a longo prazo, que provavelmente terão rendimentos melhores justamente pelo comprometimento de você resgatar só depois. í‰ um dinheiro que você investe e “esquece” que existe, porque só vai resgatar daqui a alguns anos. Geralmente rendem de uma maneira “melhor” e você terá um valor maior quanto for resgatar. E, obviamente, quanto mais você tiver, mais esse dinheiro rende.

í‰ aqui que a gente entende como algumas pessoas conseguem viver sem depender do salário. Elas conseguem investir tanto dinheiro que chega um ponto que apenas os rendimentos mensais já cobrem os gastos que ela tem. Você já fez essa conta? Já viu quanto dinheiro você precisa para manter seus gastos mí­nimos mensais e tentou fazer a conta de quanto precisa ter guardado? Esse raciocí­nio é interessante, até para você entender as possibilidades.

O nome disso é RENDA PASSIVA e independência financeira. Perto ou distante, é uma alternativa a ser buscada. E, mais uma vez, o que eu acredito de verdade é que qualquer dinheiro guardado será útil para qualquer pessoa – será melhor do que nada em qualquer momento da vida.

Por isso que, para falar de investimentos, antes a gente fez ajustes importantes. Porque quanto mais dinheiro você economiza, mais terá para guardar. O dinheiro do plano funerário vai para um investimento. A manicure que você deixa de fazer esta semana pode ir para o fundo de emergência. E assim vai.

O que a gente vive hoje no Brasil não permite nem que as pessoas tenham o básico do básico. Entendendo isso, todos nós podemos nos beneficiar se entendermos as regras do jogo. Se você chegar até aqui, até o ponto de conseguir investir, você já é um campeão financeiro no Brasil.

A regra de “se pagar primeiro” aqui faz muito sentido. Significa que, tendo todos esses investimentos citados rodando, você vai ter uma “conta” todo mês para cada um deles, e vai pagá-los assim como paga a conta de água e a conta de luz. E é fato que, quando você começa a investir e a ver os resultados desses investimentos, você fica tentado/a a guardar cada vez mais. Enfim, é toda uma construção, cada um em seu momento, mas é uma trajetória sua, que precisa ser respeitada, sem tirar suas metas de vista.

Por fim, os 100 reais que você paga do plano funerário poderiam estar indo para o seu fundo de emergência. Esse fundo de emergência é um dinheiro que poderá ser usado não apenas se alguém da famí­lia morrer, como também para OUTRAS emergências que o plano funerário provavelmente não cobre. í‰ o mesmo “gasto”, mas com viés diferente. Mais uma vez: cada um com as suas escolhas. Não estou dizendo que “é errado” pagar um plano funerário (e vale para qualquer outro tipo de plano). Estou dizendo que, para mim, faz mais sentido pegar esse mesmo dinheiro e colocar nesse fundo. Minha recomendação sempre será: busque entender e aplicar o que fizer mais sentido para você.

Com este post nós encerramos o nosso mês sobre finanças aqui no blog, mas certamente este assunto nunca terá fim. Por isso, deixe seu feedback aqui nos comentários, não apenas dizendo o que achou da série, como também sugestões para posts futuros onde posso continuar abordando esses e outros temas relacionados. Muito obrigada.