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O que eu posso Рe o que eu ṇo posso Рresolver agora

Nesse último sábado, dia 9, eu ministrei um curso em São Paulo de GTD com foco em projetos e prioridades. Como todo curso de GTD, é um dia feliz em que eu me sinto alegre por fazer aquilo que eu gosto, e o dia todo flui muito levemente, pois já sei todo o “script” de cor e me divirto muito falando, dando exemplos e tirando dúvidas.

Quanto mais falo sobre GTD, mais eu percebo o quanto é importante, quando se trata de produtividade, que a gente exercite o foco e o sentido de mente plena em tudo o que estiver fazendo.

Não me considero ainda “100% ok” após a morte da minha avó – se é que existe esse estado. Não sei se todos que acompanham este blog sabem, mas minha avó foi como uma mãe para mim. Fui morar com ela ainda muito jovem. Ela, de certa maneira, sempre foi meu ponto de apoio – a pessoa que eu sempre voltava quando precisava de colo ou alguma orientação para a vida. E, de repente, ela não existe mais. É um sentimento meio Marvin que me trouxe uma liberdade que tem seus prós e seus contras.

Um exemplo bem simples. Sempre quis morar fora do Brasil. Teve uma vez que isso realmente quase aconteceu de verdade. Tinha planos, economias, tudo caminhando. Mas, por motivos pessoais, não deu certo. E, toda vez que eu pensava sobre o assunto, eu concluía assim: “enquanto a minha avó estiver viva, vou querer estar perto dela”. E então veio o Paul (nosso filho), e viemos morar perto dela para que ela vivenciasse essa rotina com ele. Foi uma das coisas mais bonitas e acertadas que já fiz. Eles viveram ótimos momentos juntos, do cotidiano mesmo, de corrigir lição de casa da escola até jantar pizza em uma terça à noite. Quando ela se foi, percebi que minha vida era, de certa maneira, um pouco mais desapegada das coisas. Não estou dizendo que vamos sair do país – mas é um sentimento de que eu posso. Sabem? E para várias outras coisas também.

Junto com a morte de um ente querido, tem todas as questões emocionais, mas também as questões financeiras e burocráticas. Por mais organizado que você seja, é sinceramente uma chateação. É um dado novo que aparece e retarda o processo, um número que estava errado, a indisponibilidade das pessoas – e você tendo que resolver tudo mesmo sem estar 100% legal e com outras coisas acontecendo ao seu redor. (Prometo que falarei mais sobre esse tema em posts futuros).

Estou escrevendo tudo isso porque, no sábado, enquanto falava sobre projetos, sobre prioridades, eu fui me sentindo cada vez mais certa sobre o meu ritmo atual. Do meu ponto de vista (e isso obviamente vem do GTD), problemas servem para serem resolvidos, quando você pode resolvê-los. Se não pode, tudo bem, então não se estresse com isso. Tem coisas que simplesmente fogem do meu controle no momento, e eu não sou a “gerente” da vida de todo mundo – no máximo da minha. Tenho deixado mais as coisas rolarem e as pessoas aprenderem com seus próprios erros.

Todo mundo tem problemas. Todo mundo passa por situações difíceis. E eu sempre fui aquela pessoa preocupada com todo mundo, querendo ajudar – muitas vezes me doando excessivamente e prejudicando alguns aspectos da minha vida. Talvez seja algo que eu tenha pego da minha avó (ela também era assim).

Com a morte dela, eu aprendi que não é que a vida é breve, mas que ela deve ser leve. Tanto sofrimento, tanto problema, tanta preocupação, para um dia você nem estar mais aqui. Então minha resolução atual é: não vou mais me estressar, não vou mais me preocupar, com nenhum dos meus problemas. Para todas as coisas, vou analisar com carinho o que estou sentindo a respeito e tomar decisões que me permitam engajar de determinada maneira. Se eu posso ajudar, como posso fazer isso? Se não posso ajudar, como posso ficar bem a respeito? Eu mesma tenho bastante coisa para resolver na vida no momento, na minha vida. Então preciso estar 100% para mim e para os meus, para fazer as coisas andarem.

Por outro lado (dos problemas), tem as coisas boas. Tem as novas iniciativas, meus novos estudos, o fim do semestre no mestrado, o bolão da Copa com o Paul, novos hobbies, amizades. Eu me aproximei de muitas pessoas queridas nas últimas semanas. Pessoas que demonstraram seu carinho de uma maneira incrível para mim, e que eu quero ter por perto para demonstrar que tenho carinho por elas também.

Eu sinceramente não vou perder tempo com aquilo que não merece ou que não precisa ter a minha atenção no momento. Eu sei que é algo um tanto quanto óbvio e que todo mundo sabe que é bom fazer dessa maneira, mas ao mesmo tempo eu sinto que é um daqueles conselhos que ninguém aplica. E é um depoimento dessa prática que estou trazendo neste post hoje. Tem sido ótimo. Um novo estilo de vida para mim. Me sinto livre para sentir, pensar e criar a cada dia a vida que acredito ser a mais correta. E isso sinceramente não tem preço.

Boa semana.

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29 comentários em “O que eu posso – e o que eu não posso – resolver agora”

  1. Thais, você não ideia do quanto é bom ler suas palavras. Te acompanho há vários anos e sempre me sinto bom lendo seu blog. Pretendo entrar numa faze de re estruturação pessoal. Identificar o que tem valor pra mim, no que devo investir meu tempo e aprender a ter foco no que realmente importa. Esse texto me ajudou muito. Obrigada!

  2. Aline Aparecida da Silva Carvalho

    Thais, me identifiquei muito com esse post…muito mesmo.

    Obrigada, obrigada por tocar almas profundamente com suas palavras.

    Obrigada!!!

  3. Oi Thais, perdi meu pai a um ano e meio e hoje quando paro para refletir, parece estranho, mas digo que a morte dele me ensinou a ser mais feliz. Não me importo tanto com as coisas, me estresso muito menos, aproveito mais as pessoas que gosto. Apesar da imensa saudade, não tem como reverter ou modificar a situação, então reflito sobre o que posso fazer e o resto é uma questão de aceitação mesmo. Como você disse não temos domínio sobre tudo. Um grande abraço, gosto muito de acompanhar seu trabalho, muito obrigada!!

  4. Ana Luisa de Oliveira Ribeiro

    Thais, vc sabe que sou sua fã faz tempo..
    Sei (ou acho que sei) o que vc está vivendo agora.. desde que meu pai morreu, há quase dois anos, resolvi que iria cuidar mais do que é importante para mim, sendo as maiores prioridades: a minha filha, meu trabalho, meus amigos, minha casa.. estou abrindo mão de tentar cuidar de pessoas da familia que não querem realmente, ajuda…. Isso trás uma nova maneira de viver e me deixa muito mais leve.
    Ainda me sinto culpada, as vezes, mas cada dia estou melhor.
    Beijo grande e adorei o seu post

  5. Elaine Cristina Gonçalves

    Muito interessante essa reflexão. Hoje tenho 32 anos e amadureci em relação a esse aspecto (claro que ainda tenho muito a amadurecer, a gente sempre aprende), mas dizer “não” pra mim e pros outros e não me estressar tanto com os problemas foi muito importante pra que minha vida pudesse fluir melhor. Às vezes as pessoas só querem ver os próprios problemas resolvidos e que quer que façamos algo o tempo todo por elas, sem se importarem o quanto isso nos prejudica ou nos machuca. Parabéns Thaís, que você possa levar sua vida da maneira mais leve que ela possa ser. Muitas felicidades no seu caminho. Amo ler você!

  6. Thais, eu também já me senti Marvin…foram 4 pessoas em 8 anos: avô, mãe, pai e por último a minha avó, que era uma mãe para mim também, uma referência. O jeito é mantê-los vivos nas lembranças, nos “casos” familiares, que conto para minhas filhas, enfim…não tem volta, talvez haja um encontro do outro lado, por hora fica o amor, a gratidão e o fortalecimento amoroso com os familiares aqui presentes e amigos gostosos, além de pessoas incríveis que vão cruzando a nossa estrada e toda manifestação de afeto é valiosa.
    Aqui você tem o nosso carinho!
    Bjs, lindo post! Uma ótima semana!

  7. ANA KAROLINE DE OLIVEIRA COSTA _

    Muito obrigada por essa postagem.
    Vai aí meu carinho em forma de energia, se minha gratidão não puder ser transmitida aqui.
    Boas novas!

  8. Thaís,
    Realmente este é um super conselho, mas o que menos acatamos e incluímos em nossad vidas.
    Compreendo este seu momento, fazem 5 anos meu pai morreu, consequencia de um acidente de carro, foi uma grande surpreza a morte que chegou num momento profissional muito complicado. Naquela época eu nao tive, e não queria ter outra escolha. Queria viver o luto e todas as necessidades daquele momento, fechar a vida do meu pai, documentos, apartamento e viver/experimentar cada sentimento relativo as descobertas de sua vida. Eu não tinha cabeça para trabalhar… tive alguns dias de apoio da minha então diretora, mas poucos dias depois ela me chamou para uma reunião e disse que eu tinha que voltar a ativa e vender, que a empresa não podia fazer mais por mim… na hora fiquei estarecida, tinha tanta coisa pra fazer sozinha ali no apartamento do meu pai, queria gritar para o mundo e dizer q aquela era minha prioridade e que deixava tudo… mas não podia. A razão e o pensamento no futuro não me deixaram.
    Agora, 5 anos depois, fora do Brasil há 1 ano e meio, sofrendo ainda com a mudança e a adaptação e trabalhando com vendas numa empresa que tem uma pressão absurda, decidi que o mais importante sou eu. Não, não posso deixar meu trabalho, mas posso olhar pra ele com outra intensidade. As cobranças posso receber-las de forma mais suave, não interiorizando, não me culpando e acima de tudo, respeitando meus tempos pessoais, meus limites e meus sentimentos. Não tenho a flexibilidade que você tem, por ser seu negócio, mas isso não me impede de dar limites e tempos para viver a vida sem me atordoar e destruir minha saúde fisica, emocional e familiar.
    Todos podemos fazer melhor e com mais equilibro.
    Sinta seu momento e sempre que seja possível, compartilhe com as pessoas que te seguem. Te admiro.muito e curto muito seus.vídeos e posts.
    Um grande abraço para você e meus sentimentos.

  9. É verdade. ” Tanto sofrimento, tanto problema, tanta preocupação, para um dia você nem estar mais aqui”. Nao vale mesmo a pena tentar resolver os problemas a todo custo, há alguns, que o melhor e aceitá-lo e deixar pra lá. Ótima semana pra você Thais!!

  10. Oi Thaís ! Vc é aquela pessoa que inspira e encanta! Como seu carinho me ajuda a viver mais e melhor! Estou em um momento da vida em que tudo é uma descoberta e isso me assusta muito… mas aprendendo contigo que sim, é possível viver em paz e com serenidade, vou seguindo e me fortalecendo! Muitos sucessos e alegria para vc e sua família ! 💛❤💛

  11. ANA KAROLINE DE OLIVEIRA COSTA _

    Tô lendo várias e várias vezes seu texto.
    Quase imprimo pra grifar e colar na porta do guarda-roupa, rsrs
    Mas vai valer muitos post-its

  12. Seus textos me inspiram e me incentiva, também estou nesse aprendizado..o que está dentro das minhas possibilidades.?..acho que já evolui um pouco.Obrigada..que todo o carinho que merece lhe seja concedido e conforte e alegre seu coracao.

  13. Olá, entrei no seu site com a intenção de ler sobre o Google Tarefas.. e acabei aqui nessa página que me chamou a atenção.. pq eu simplesmente decidi ser assim de um ano para cá. Meu marido ficou até nervoso pq eu não me preocupava com nada que estava fora das minhas mãos ou então não estava na hora de me preocupar com elas.. ele achou que eu estava vivendo no mundo da fantasia.. kkkk Agora ele me entende um pouco mais.. porque fez bem para a minha paz interior e minha sanidade mental !!!!
    Parabéns pela página! Gostei muito.

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