E agora, o quê?
Cerca de um ano atrás eu escrevi um post sobre a mudança na minha trajetória em cada vez menos ser empresária e cada vez mais focar no meu ofício de ensinar. Engraçado reler esse post um ano depois, pois ele definitivamente reflete todas as minhas mudanças que vieram nos meses seguintes.
Sendo extremamente honesta, eu ainda acredito precisar de mais tempo para definir isso com clareza. Eu definitivamente sei que amo lecionar, estudar e pesquisar, criar conteúdo, escrever, mas o que eu preciso mesmo no momento é descobrir como fazer deste trabalho algo que seja rentável, que consiga manter tanto as minhas contas e as da família pagas quanto os pagamentos das poucas pessoas que trabalham comigo.
Descobrir qual é exatamente o seu trabalho é um passo essencial para construir uma rotina eficiente e coerente, seja você contratado ou autônomo. No entanto, essa clareza é ainda mais crucial para quem trabalha por conta própria, pois, ao contrário de um emprego tradicional onde as funções já vêm estabelecidas, no contexto autônomo é o próprio profissional que define suas responsabilidades, prioridades e limites. Essa definição não só permite uma melhor organização das atividades diárias, mas também ajuda a estabelecer metas realistas e a evitar a sobrecarga, o que é comum quando se tenta abraçar mais do que o necessário ou do que é viável. Ao entender claramente seu papel e os serviços que oferece, é possível criar uma rotina que respeite tanto sua produtividade quanto seu bem-estar.
Com o fim do intercâmbio na Polônia, o foco agora está em concluir as entrevistas, as análises e defender a tese de doutorado para finalizar essa etapa da jornada acadêmica. O impacto do doutorado foi sentido de diversas formas, inclusive na empresa, exigindo ajustes e adaptações ao longo do tempo. No entanto, o impacto mais profundo foi no nível pessoal, moldando percepções, ampliando perspectivas e gerando um crescimento que vai além da carreira. O processo de desenvolver uma tese traz à tona desafios intelectuais, emocionais e pessoais que reconfiguram não só o profissional, mas o ser humano por trás dele.
Este novo ciclo se desenha como um ano mais emocional, em que a intuição e os sentimentos assumem um papel predominante nas decisões. Já começo a sentir essa mudança, com meu coração guiando mais do que a razão em várias situações. Esse movimento me conecta mais profundamente com minhas emoções, permitindo que eu enfrente os desafios de maneira mais intuitiva, seguindo um caminho de maior autoconhecimento. A lógica, que tantas vezes dominou, cede espaço para uma abordagem mais sensível, onde as escolhas fluem com mais naturalidade a partir do que sinto, em vez do que simplesmente penso. Obviamente isso vai se refletir nas minhas escolhas profissionais também.
As decisões que antes eram tomadas com base em estratégias racionais e análises agora passam por um filtro mais emocional, considerando o que faz sentido para mim em um nível mais profundo. Isso significa que, além de buscar resultados práticos, vou priorizar o que realmente ressoa com meus valores, meu propósito e meu bem-estar. Profissionalmente, estou mais inclinada a seguir caminhos que me tragam realização pessoal, e menos disposta a fazer concessões que não alinhem com aquilo que sinto ser verdadeiro.
Caso você também esteja nesse momento, aqui vão algumas ideias que pretendo usar para me guiar:
Aqui está um passo a passo para quem deseja tomar decisões profissionais mais alinhadas com as emoções e a intuição:
- Reconheça suas emoções: Antes de tomar qualquer decisão, tire um tempo para se conectar com suas emoções. Pergunte-se como está se sentindo em relação à situação ou escolha profissional.
- Escute sua intuição: A intuição muitas vezes se manifesta como uma sensação ou insight imediato. Confie nesse “sentimento no estômago” e explore o que ele está tentando dizer.
- Avalie seus valores: Reflita sobre seus valores pessoais e o que é importante para você. Pergunte-se: essa decisão está alinhada com meus princípios e crenças?
- Pondere os impactos no seu bem-estar: Pergunte-se como essa escolha afetará sua saúde emocional e mental. Decisões baseadas no coração geralmente levam em conta a necessidade de preservar o seu bem-estar.
- Permita-se explorar alternativas: Nem sempre a primeira opção que parece lógica é a melhor. Dê espaço para alternativas que talvez não sejam as mais óbvias, mas que se conectam melhor com seus sentimentos.
- Busque autenticidade: Priorize escolhas que sejam verdadeiras para você. Evite se forçar a seguir caminhos que, embora pareçam seguros ou convencionais, não correspondem à sua essência.
- Envolva a razão, mas sem sufocar a emoção: Use a razão como uma ferramenta de suporte. É possível considerar dados e fatos, mas deixe que a decisão final seja guiada pelo que você sente ser o mais alinhado com sua trajetória.
- Dê tempo ao tempo: Tomar decisões emocionalmente guiadas pode exigir mais reflexão. Não tenha pressa. Dê-se o tempo necessário para processar todas as informações e sentimentos.
- Confie no processo: A confiança no seu caminho e nas suas escolhas é essencial. Aceite que nem tudo precisa ser perfeitamente racional, e que confiar em si mesmo é fundamental para seguir uma jornada mais autêntica.
- Pratique autocuidado: Certifique-se de que, em meio às suas escolhas, você está priorizando o autocuidado e a harmonia entre trabalho e vida pessoal, respeitando seu ritmo emocional.
Concluir que as decisões profissionais guiadas pelas emoções e pela intuição podem ser tão válidas quanto as fundamentadas pela razão é um passo importante em direção a uma vida mais autêntica e satisfatória. Ao reconhecer o valor das nossas emoções e confiar em nossa intuição, nos permitimos fazer escolhas mais alinhadas com quem somos e com o que realmente queremos. Esse processo envolve uma autoescuta profunda, na qual nossos valores e bem-estar se tornam prioridades. Embora a razão ainda tenha seu lugar, o equilíbrio entre o coração e a mente cria um caminho mais verdadeiro, onde nos sentimos realizados tanto pessoal quanto profissionalmente. Assim, cada escolha deixa de ser apenas uma estratégia de carreira e se torna um reflexo do nosso ser, criando um alinhamento profundo entre o que fazemos e quem somos.
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Written by Thais Godinho
Autora do Método Vida Organizada, criou este blog em 2006.
3 comments
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Que ótimo ler isso hoje, Thais.
Estou precisando me guiar mais pela emoção, e pensar que também é válido ou tão válido quanto, faz muita diferença.
Tentarei por em prática, mas meu lado racional é muito forte.
Abraços,
Gosto muito da sua forma de pensar e levar a vida. Estou num momento de muitas reflexões profissionais e seu texto já foi pras minhas referências de “coisas a considerar” nos caminhos profissionais.
Excelente texto, Thais!