Como se preparar mental e psicologicamente para visitar um campo de concentração?
Uma seguidora me fez essa pergunta esses dias e eu refleti escrevendo no meu diário a respeito, e compartilho aqui com vocês.
Eu não diria que exista um preparo específico. É o estudar o assunto a vida toda, a minha formação humanista e budista, a prática diária de meditação que me ajudam.
Eu também diria que a motivação correta (é um memorial e não um “ponto turístico”) e ter um foco em mente (minha pesquisa) ajudam não pirar (tanto) com tanta informação visual, sensorial, auditiva.
Ano passado, quando visitei Dachau, ficar em silêncio antes, durante e depois da visita me ajudou bastante. Em respeito a tudo mas para a minha própria absorção da situação. Eu sinto que me ajudou.
Chegar depois no hotel, sendo grata pela minha vida e pelo banho quente que eu posso tomar, a cama que posso dormir, a comida que posso jantar. Entoar o dia todo mantras de compaixão em respeito aos mais de 1,1 milhão de pessoas que morreram nos campos. E aí é procurar descansar. Pintar aquarela, jogar Magic, “esvaziar a mente”.
E, no dia seguinte, reunir minhas notas de campo, os materiais que pegarei lá e escrever. Escrever. Fazer conexões com as notas que já tenho (zettelkasten), escrever no meu diário sobre a experiência do ponto de vista pessoal etc.
O que mais me impressiona em um evento como esse foi ele ter acontecido há quase 100 anos e repetirmos, continuamente, que jamais devemos permitir que aconteça novamente, mas neste exato momento estamos vendo uma situação similar na Palestina. Eu acho que, como humanidade, a pergunta que devemos fazer é: como fazer ESTA guerra parar? Como evitar mais tantas mortes AGORA por um projeto de poder?
Aconteceu há 100 anos, acontece hoje e, se não aprendermos efetivamente, acontecerá sempre.
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Written by Thais Godinho
Autora do Método Vida Organizada, criou este blog em 2006.
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Estava pensando sobre isso.
O preparo seria para não impactar tanto?
Ou o propósito de um memorial seria o impacto para isso ser a força de motivação ou de conscientização?
Se alguém estiver preparado para um lugar desses, meio que perde a função?
Não tenho nenhuma resposta pra isso.
São bons questionamentos.
A respeito sugiro o pod cast do Projeto Humanos – Ivan Mizanzuk, Filhas da Guerra – que é a história de uma sobrevivente dos campos que mora em São Paulo, que ele entrevistou e inclusive existe o livro “O que os Cegos Estão Sonhando?”, escrito por sua filha, Noemi Jaffe, que conta a história de vida da sua mãe. Vale muito a pena ouvir. É emocionante ouvir relatos de uma sobrevivente.