Ayurveda e Primavera

Eu muitas vezes sinto que as estações como são hoje são apenas uma abstração baseada em um modelo europeu que a gente aplica aqui mas não diz muito respeito ao que acontece nas diferentes regiões do Brasil. De qualquer maneira, oficialmente estamos na primavera, e eu faço algumas alterações na minha rotina de saúde para me adequar ao momento que estamos vivendo na natureza.

Como vocês sabem, eu uso o livro *essencial* Culinária Ayurvédica para o seu dia a dia (compre aqui). Ele é maravilhoso e me guia em tudo nesse assunto. Para ser lido e relido o tempo todo. Tem muitas orientações boas.

A primavera tem duas características: fresco e úmido. Aqui em SP, para mim, isso faz sentido, mas é importante que você adapte à sua região.

Refeições boas para todas as estações:

  • Creme de cereais (ex: mingau de aveia)
  • Pudim de chia
  • Kanji – ou “canja”
  • Frittatas
  • Sopas cremosas
  • Salada cozida no vapor
  • Dosa
  • Kichari
  • Arroz basmati
  • Patê de feijão
  • Sopas verdes detox
  • Chá matinal tranquilizante de limão
  • Lassi digestivo
  • Leite de nuts

Caso não conheça alguma dessas receitas, recomendo o livro ou procurar na Internet, que se encontra facilmente.

Especialmente na primavera:

  • Creme de cereais com amaranto ou centeio
  • Pudim de chia com suco de romã
  • Kanji de trigo-serraceno, cevada, centeio ou painço
  • Frittata com couve de bruxelas, aspargos, alcachofra, brócolis, rúcula e espinafre
  • Sopa cremosa com aspargos, aipo, folhas de mostarda, vagem e espinafre
  • Salada cozida no vapor com chicória, rúcula, brócolis, aspargo
  • Dosa de arroz basmati e feijão mungo amarelo
  • Kichari com rúcula, dente de leão, endívia, repolho, couve de bruxelas, brócolis, aspargos, brotos de feijão
  • Patê de feijão – lentilhas vermelhas
  • Sopa verde detox com brócolis, rúcula, repolho, couve de bruxelas, aipo
  • Lassi digestivo com cúrcuma, gengibre e coentro
  • Leite de sementes de cânhamo

Alimentos para priorizar na primavera:

  • Especiarias: gengibre, pimenta do reino, limão siciliano, cúrcuma, anis, mostarda
  • Grãos secos: cevada, centeio, milho, painço, trigo sarraceno
  • Frutas: maçã, pera, frutas vermelhas, cerejas desidratadas, uva passa, ameixa
  • Proteínas magras: feijão, lentilha, clara de ovo, carne branca (para não vegetarianos), grão de bico, tofu
  • Vegetais amargos: rúcula, couve de bruxelas, repolho, brócolis, folhas de dente de leão, aspargos, alcachofra, alho poró, espinafre, couve flor, endívia, rabanete
  • Mel in natura
  • Sucos: cranberry, romã
  • Leites: arroz, cânhamo, soja, sementes de uva, leite de cabra
  • Vinagres: balsâmico, arroz, maçã

Ideias de receitas para procurar:

  • Café da manhã: creme de cereais com frutas vermelhas, muffins com os alimentos recomendados (ex: ameixa), pho (uma sopa vietnamita com vegetais), húmus picante de feijão preto
  • Almoço: sambar (sopa de tomate do sul da Índia) servido com arroz, tacos de tofu com verduras, sopa de feijão branco com aspargos, dal picante
  • Jantar: tofu simples refogado, sopa de cenoura e gengibre com grão de bico torrado, sopa de couve-flor e alho-poró, croquetes de feijão-branco e alcachofra
  • Sobremesa: pudim de arroz doce com castanhas, creme de avelã, molho doce de frutas vermelhas
  • Bebidas: lassi de limão e gengibre, chá de gengibre e cravo da índia, refresco de laranja com gengibre, suco verde de limão, couve e gengibre

Eu absolutamente amo experimentar os sabores e ver o que gosto mais para manter na minha dieta e observar se me sinto melhor (e frequentemente sim). Novamente, recomendo fortemente o livro para quem tiver interesse nesse assunto. (compre aqui)

3 hábitos do Ayurveda que são essenciais na minha saúde

Esses são alguns aprendizados retirados do livro “Mude seus horários, mude sua vida” (Ed. Sextante). É um dos livros básicos que recomendo para esse trabalho que fazemos aqui com relação à organização da vida e construção de uma rotina tranquila.

O foco é colocar o seu corpo em um ciclo diário que leve em conta as suas necessidades de saúde, mas também seus relacionamentos e o ritmo de trabalho. Normalmente, coordenamos nossos horários pensando primeiro no trabalho, depois nos relacionamentos, e só por último em nosso próprio cuidado. A proposta aqui é inversa. Não se trata de “egoísmo”, mas de colocar o oxigênio primeiro em você para depois conseguir ajudar melhor as outras pessoas ao seu redor e fazer seu trabalho direito.

Hábito 1: me observar diariamente

No Ayurveda, não se trata de definir práticas e simplesmente ir fazendo. O grande lance do Ayurveda é a personalização diária, que depende da sua habilidade de prestar atenção diariamente ao que você precisa. Depois que você desenvolve esse hábito, toda a sua experiência de vida muda, porque você adapta alimentação, sono, descanso, exercícios, tudo, a como você se sente. É um hábito compassivo para com a sua saúde, em vez de trazer regras prontas. Se eu acordo me sentindo letárgica, isso vai orientar o exercício que vou fazer de manhã. Se estou com cólica, isso vai orientar como eu vou passar o restante do dia, me cuidando e mais quietinha, porque é normal.

Hábito 2: o sono é TUDO

Todas as noites, inclusive aos finais de semana, eu busco regularizar meu horário de ir dormir e de acordar. Não há qualquer problema em sair da rotina de vez em quando, mas você precisa ter uma rotina para poder sair dela, certo? Dormir cedo é importante para mim, para eu acordar bem. Mas, mais do que isso, é a quantidade de horas de sono, que varia enormemente se estamos no inverno ou no calor. Se o sono desanda, todo o resto desanda também. Por isso, meu sono é absolutamente sagrado e o ponto de maior foco a qualquer momento da minha vida. Esse hábito é um hábito que aprendi com o Ayurveda e que se tornou inegociável para mim.

Hábito 3: almoço como a refeição principal do dia

No Ayurveda, a orientação é a de que o corpo está no seu auge (durante o dia) em termos de metabolismo no horário em que o sol também está no seu auge, que é nesse horário do almoço, entre 11h e 14h. Portanto, fazer a principal refeição do dia nesse horário faz muito sentido, justamente porque você ainda tem toda a parte da tarde para fazer a digestão e por aí vai. Bem. O grande lance aqui, sinceramente, é garantir que você está se alimentando direitinho pelo menos uma vez ao dia, com os nutrientes que precisa, e tentar, sempre que possível, fazer refeições mais leves de noite. Eu costumava antes ter o jantar como a principal refeição do dia. Essa inversão tem feito muita diferença para mim e de fato me sinto melhor. Quando meu almoço não é tão bom, eu sinto bastante essa mudança no meu corpo.

Ter uma rotina é importante para algumas pessoas, especialmente no que diz respeito a esses horários, com relação ao ritmo do corpo. Se eu não tiver uma rotina, isso não me faz bem. Por eu me conhecer, faço o que é melhor para a minha saúde. O importante é cada um se conhecer.

Se quiser iniciar essa auto-observação, recomendo a leitura do Dr. Suhas, citado no início do post, pesquisar sobre cronobiologia, ritmos circadianos, e os livros clássicos do Ayurveda – recomendo em especial os capítulos sobre dinacharya e rotina sazonal do Astanga Hrydayam. Você também pode ler “24/7: Capitalismo e os Fins Tardios do Sono”, de Jonathan Crary, e “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han. E, claro, consultar médicos, fazer seu check-up anual, verificar se as vitaminas estão em dia, a qualidade do sono, a saúde mental, a alimentação, enfim… um trabalho de uma vida, e é. Mas você precisa começar. É uma responsabilidade unicamente sua.

Ayurveda e alimentação para o meu equilíbrio feminino

Vamos falar um pouco sobre Ayurveda? O Ayurveda, um sistema de saúde holístico originário da Índia, oferece uma perspectiva rica e profunda sobre o bem-estar, enfatizando a importância da nutrição consciente para harmonizar corpo e mente, especialmente para nós mulheres, em todas as fases da nossa vida. Como esta semana estamos falando sobre saúde específica da mulher nos diferentes canais do Vida Organizada, achei que este tema seria bem importante para o blog hoje.

Doshas

Doshas representam desequilíbrios. Todos os corpos são compostos por muitos elementos e, esses elementos, quando combinados com a nossa rotina, com a o clima, com a fase do dia e da vida, sofrem tais desequilíbrios. Por isso a observação diária é tão importante, porque só assim a gente vai conseguir compreender o que precisa fazer para atender as necessidades do nosso corpo.

Conhecendo as características dos doshas, você pode tentar fazer uma avaliação do desequilíbrio que seu corpo pode estar sofrendo mais e buscar soluções para ele. Na dúvida, vale a pena consultar um terapeuta ayurvédico.

Vata (espaço e ar) é o dosha mais instável, por assim dizer, ou mais volátil. De modo geral, é o primeiro desequilíbrio que surge com qualquer mudança na rotina e, portanto, o que deve ser primeiramente tratado, digamos assim. Se estiver em desequilíbrio, prefira alimentos quentes, úmidos e nutritivos. Grãos cozidos, sopas e chás quentes são ideais.

Os outros dois desequilíbrios são Pitta (fogo e água) e Kapha (água e terra). Para Pitta, opte por alimentos frescos, moderadamente pesados e menos picantes. Frutas, vegetais e grãos como trigo e arroz são recomendados. Para Kapha, prefira alimentos leves, secos e quentes ajudam a equilibrar Kapha. Pense em vegetais assados, legumes e especiarias estimulantes.

Esse assunto é muito complexo e tem n variáveis. Não é meu objetivo esgotar este assunto aqui e recomendo fortemente um estudo mais aprofundado para quem quiser saber mais. Acima estão apenas sugestões gerais.

Integrando o Ayurveda no cotidiano

Integrar os princípios do Ayurveda no cotidiano não requer mudanças drásticas, mas ajustes conscientes que podem promover um equilíbrio duradouro entre corpo e mente. Aqui estão algumas formas detalhadas de como incorporar esses princípios através de bebidas matinais, uso de especiarias e atenção plena ao corpo.

Bebidas Matinais

O ritual da manhã no Ayurveda serve como um momento de purificação e preparação para o dia que se inicia. A escolha da bebida pode ser ajustada conforme o seu dosha dominante:

  • Para Vata: Prefira bebidas que aqueçam e hidratem, como chá de gengibre ou água morna com um toque de mel. Isso ajuda a acalmar o sistema nervoso e promove a hidratação, vital para equilibrar o seco dosha Vata.
  • Para Pitta: Bebidas frescas ou à temperatura ambiente são ideais. Experimente água com algumas folhas de hortelã ou um chá de erva-doce para refrescar e acalmar o Pitta, evitando agravar o calor interno.
  • Para Kapha: Estimule seu metabolismo com uma bebida quente e picante, como chá de gengibre com limão ou uma pitada de caiena. Isso ajuda a despertar o corpo lentamente e incentiva a eliminação de toxinas.

Uso de Especiarias

As especiarias são consideradas pequenos tesouros no Ayurveda, cada uma com suas propriedades curativas que podem equilibrar os doshas:

  • Cúrcuma: Um poderoso anti-inflamatório que beneficia todos os doshas. Ela purifica o sangue, ajuda na digestão e tem propriedades antioxidantes. Inclua uma pitada em sopas, arroz ou chás.
  • Gengibre: Um estimulante natural, especialmente bom para Vata e Kapha, que aquece o corpo e ajuda na digestão. Use fresco em chás ou cozidos para adicionar sabor e benefícios à saúde.
  • Cominho: Excelente para todos os doshas, o cominho ajuda na digestão, na absorção de nutrientes e na eliminação de toxinas. Use em legumes refogados, dal (lentilhas) ou como tempero para pratos de grãos.

Observe-se

A consciência corporal é um pilar no Ayurveda. Observar como diferentes alimentos e práticas afetam seu bem-estar é crucial:

  • Registre suas observações: Mantenha um diário alimentar e de bem-estar para notar como você se sente após consumir certos alimentos ou bebidas. Isso pode ajudá-lo a identificar padrões e ajustar sua dieta para melhor atender às suas necessidades.
  • Ajuste conforme necessário: Se você perceber que certos alimentos exacerbam desequilíbrios em seu dosha, faça ajustes. Por exemplo, se alimentos frios e crus deixam você desconfortável, mude para alimentos cozidos e aquecidos.
  • Sintonize-se com as estações: O Ayurveda também enfatiza a importância da sazonalidade na dieta. Coma alimentos que estejam naturalmente disponíveis em cada estação, pois eles fornecerão o equilíbrio necessário para o corpo durante aquele período do ano.

Integrar o Ayurveda na sua rotina diária através destas práticas pode ajudar a promover uma saúde ótima, aumentar a energia e o equilíbrio emocional. Começar o dia com intenção e atenção plena em suas escolhas alimentares e de estilo de vida pode transformar profundamente seu bem-estar.

Receitinhas Básicas

Sopa de Lentilha para Equilibrar Vata: Lentilhas cozidas com cominho, gengibre e cúrcuma podem nutrir e aquecer o corpo, trazendo conforto e estabilidade.

Salada Refrescante para Pitta: Combine folhas verdes, pepino e abacate com um molho de iogurte e hortelã para um prato refrescante que acalma Pitta.

Kitchari para Equilibrar Kapha: Um prato leve feito com arroz basmati, lentilhas mungo e uma mistura de especiarias estimulantes para ativar a digestão e equilibrar Kapha.

Adotar a nutrição consciente do Ayurveda tem sido uma jornada incrível de autoconhecimento e bem-estar para mim. Espero que essas dicas e receitas inspirem você a explorar como os princípios do Ayurveda podem apoiar seu bem-estar feminino, nutrindo não apenas o corpo, mas também a alma.

Espaços de trabalho – atualizações em 2023

Nos últimos anos, tive diversas experiências com espaços de trabalho e gostaria de compartilhar meus planos com relação a este assunto em 2023.

Esses foram os formatos de trabalho que testei:

  • home-office
  • trabalho em padaria, hotel ou outro lugar sem “controle”
  • coworking
  • escritório próprio com equipe
  • escritório próprio sozinha

É bom ter um espaço de trabalho em casa, pois tem dias que acordo com cólica, dor de cabeça, frio, está chovendo, meu filho não foi pra aula porque está com gripe e outras situações do tipo. No entanto, eu não preciso ter um setup gigantesco em casa – é inviável. Já tive e não gosto, porque fica muita coisa em termos de materiais, equipamentos etc. Logo, para mim, para o meu trabalho hoje, tenho a necessidade de ter um espaço externo. Meu home-office vai continuar, mas será reformatado. Aqui onde é o espaço hoje do meu home-office vai ser estruturado como um estúdio de música, para organizarmos nossas coisas (instrumentos, cabos, discos, amplificadores), e devo ter um cantinho com mesa e cadeira para poder trabalhar. Mas acredito que o mais prático será ter mais mobilidade mesmo em casa, de modo que eu possa trabalhar no estúdio, na cozinha, na sala, no quarto ou onde eu quiser. Mais adiante compartilharei o que decidi e o setup que farei.

Essa coisa de trabalhar em padaria ou local externo pode acontecer de vez em quando, especialmente se eu for para algum compromisso que demande esse deslocamento ou viagens a trabalho, que faço muito. O grande lance aqui é que não tenho controle das condições externas, como a qualidade da Internet. Logo, deixo para fazer apenas quando for estritamente necessário. No dia a dia, não tenho por que ir a uma padaria para trabalhar, por exemplo, pois tenho meus espaços.

O coworking funciona bem se a equipe estiver sempre nele. Gosto do ambiente, é agradável e motiva a produtividade. No entanto, é um custo muito caro. Fizemos o contrato de um ano, que vence agora em fevereiro, e não pretendo renovar. Com o valor que pagamos, daria para custear a locação de uma sala comercial só nossa, com tudo incluso, e não há essa necessidade no momento.

Para onde estamos caminhando:

Eu comprei uma sala comercial em 2022 e a ideia é que ela seja o meu escritório diário de trabalho. Ela está em reforma e eu pretendo estar trabalhando lá a partir de fevereiro, pelo menos. Ela será a nossa única sala por enquanto e toda a equipe trabalha de maneira remota. Quando for necessário nos encontrarmos, faremos nela ou pontualmente posso alugar uma sala de reunião. Realmente diminuirei os custos com isso, então, assim que finalizarmos a mudança.

Essa sala é perto de casa, dá para ir andando, e também fico ao lado do clube onde faço academia, perto da escola do Paul, enfim, foi uma boa decisão e este ano a ideia é implementar essa nova rotina após a finalização das demais pendências relacionadas aos outros espaços. Pretendo sim compartilhar aqui no blog o andamento. 😉

Vivendo e fazendo

Bom dia. Este foi um grande aprendizado que eu tive no ano passado e eu gostaria de compartilhar com você.

Afinal de contas, quantas vezes você já não deixou de fazer algo importante para você porque não tinha tempo? Várias né? Pois é, eu também, mas não por falta de organização, mas por ter compromissos demais.

Porque veja meus papéis: empresária, pesquisadora, mãe, professora, criadora de conteúdo, escritora… Todos esses papéis me demandam pra caramba mas, mais do que isso, são papéis que me alocam em compromissos diversos ao longo do ano. Às vezes passo uma semana inteira em outra cidade, participando de mentorias ou eventos. Gravo muitas aulas e ministro eventos ao vivo. Participo ativamente da vida do meu filho. Participo de eventos acadêmicos. Assisto aulas do Doutorado. Participo de grupos de pesquisa. Faço lives. Escrevo. Enfim… deu pra ter uma ideia.

Nos últimos anos, eu deixei de fazer muita coisa quando eu tinha algum compromisso agendado. Exemplo: se eu tivesse que ministrar uma aula durante algum evento, eu adiava para a semana seguinte – que já tinha seus agendamentos. Aí eu ficava lá no evento e, na semana seguinte, tinha que trabalhar quase que em dobro pra dar conta das demandas que não fiz na semana anterior. Foi aí que veio o grande insight.

E se eu diminuísse minhas expectativas e simplesmente conciliasse meus compromissos diários com os meus compromissos profissionais de modo geral? Por exemplo: o que me impediria de sair de um evento no horário da aula, dar a aula e depois voltar? Absolutamente nada. Eu só não conseguiria fazer isso caso estivesse intencionalmente de férias / offline ou se a conexão com a internet fosse ruim.

Depois que tomei essa decisão, minha rotina ficou muito mais leve, porque eu não precisava agrupar muitos agendamentos no mesmo dia ou na mesma semana. Eu poderia espalhá-los melhor e ter um dia a dia mais equilibrado. Fora que acho divertido a coisa de trabalhar de qualquer lugar, pois acho que tudo é aula, sabe? E, quando compartilho o que vivencio, estou ensinando algo também.

Talvez sua vida não tenha tamanha complexidade – ou talvez tenha até mais. Mas você pode aproveitar a sua rotina para fazer coisas que, de modo geral, não consegue muito tempo. Tipo planejar a semana enquanto o filho está na aula de música? Você está ali presente, ouvindo, mas também está planejando a sua semana. Ou rabiscar um planejamento de um projeto na sala de espera do dentista. Fazer a lista do mercado enquanto o professor fala sobre um assunto não interessante na aula da faculdade.

“Ai Thais, mas e a mente plena? E o momento presente?” Quando estiver realizando algo com atenção, foque sua atenção. Simples assim. Quando eu saio de uma sala de evento e vou para o quarto do hotel fazer uma aula ao vivo com os meus alunos, estou focada na aula com meus alunos. Quando volto, estou focada no evento.

A vida é feita de escolhas, e realização é uma escolha diária.

Feito é melhor que o perfeito não feito.

Para mim, viver e fazer enquanto vive foi um grande insight de 2022 e me permitiu repensar a rotina de vida e de trabalho de uma maneira libertadora. Espero que este post contribua com a sua vida também, nem que seja um pouquinho.

Resumo de um ano pessoal 2

De acordo com a numerologia cabalística, nós vivenciamos ciclos de nove anos em nossas vidas, desde o ano em que nascemos.

Não nascemos necessariamente em um “ano 1”. Não é essa a conta. Os números são símbolos. Para saber qual o seu ano pessoal, você deve somar o dia, mês e ano do seu último aniversário para saber em que etapa desse ciclo de nove anos você está. Em 25 de setembro de 2019, eu entrei em um ano 1, pois: 2 + 5 + 0 + 9 + 2 + 0 + 1 + 9 = 28 = 2 + 8 = 10 = 1 + 0 = 1

Pelo que aprendi com a minha amiga Wanice (especialista em numerologia cabalística), esse ciclo de nove anos representa uma etapa na nossa vida. O que você começa no ano 1 é aquilo que você vai concluir até o ano 9. Gosto de pensar assim pois me dá perspectiva de médio prazo.

Somos bem grandinhos e respeitosos por aqui mas sempre vale lembrar que não “acredito” em numerologia, astrologia, tarô ou áreas do tipo. Não estamos falando sobre crenças, mas sobre ferramentas esotéricas, holísticas e até lúdicas para o auto-conhecimento. Se você não vê interesse nisso, tá tudo bem. Cada um, cada um.

Com base nisso, agora no dia 25 de setembro de 2021 entrei no meu ano 3 que, segundo a Wan, as energias já estão manifestadas até uns três meses antes, desde junho. Mas, antes de falar sobre o ano 3, gostaria de fazer uma reflexão sobre como foi esse ano 2 para mim.

Minhas amoras <3

O ano 2 é um ano de regar a plantinha. De não ver a plantinha saindo da terra, nascendo, mas de confiar que, se você está regando e cuidando dela, ela está crescendo bonitinha. Esse último ano foi definitivamente um ano de ajustes. De tentar me entender como criadora e testar soluções, ver o que funciona ou não nessa nova realizada.

O 2 também se refere à relação com o outro. Não é só você, o 1. É você e o outro. O 2 representa as relações. Como você se relaciona com as pessoas. as parcerias. E definitivamente esse foi o tom do ano em questão, como mostra a foto acima, registro de um momento fofo de todas nós aqui na equipe juntas.

Como parte dessa reflexão está também pensar onde me encontro nesse ciclo de 9 anos. É praticamente uma era. Comecei com 38 e terminará com 47. É um período-chave da vida, em que estou concentrada em diversos assuntos específicos, como a consolidação da minha carreira e a educação do filhote. O que eu quero trazer com este post é uma inspiração para que você faça o mesmo tipo de reflexão que eu fiz. Essa reflexão foi transformada em um mapa mental com objetivos de médio prazo, que está no Mind Meister.

A Wan ano passado também me disse: “o ano 2 é uma ponte, um ano de transição”. Hoje eu consigo entender perfeitamente o que isso quer dizer. Foi um ano de reconexão comigo mesma, no sentido de aprender a respeitar cada vez mais a Thais que mudou, que iniciou aquele novo ciclo no ano 1. Eu precisei fazer a ponte entre um antigo modo de viver, trabalhar e fazer algumas coisas com esse novo ritmo de vida que a Thais estabeleceu por ser o melhor para ela. Que ano intenso, sabe? Que ano cheio de aprendizados.

Acho interessante observar o que aconteceu nos “outros anos 2” anteriores da minha vida. Inclusive, é um exercício que recomendo. Meus anos 2 foram correspondentes aos anos de 1984-1985 (infância), 1993-1994 (adolescência), 2002-2003 (mudança de jornalismo para publicidade na faculdade), 2011-2012 (mudança para Campinas) e agora 2020-2021. Os anos 2 dos ciclos anteriores foram transições que, além de externas, foram significativamente internas, no sentido de que eu mudei muito internamente. E o mesmo eu vi acontecer nesse último ano.

O número 2 também se relaciona com o feminino universal, com A Sacerdotisa no tarô, com o útero que vai germinar as sementes que eu plantei no ano 1. É a água. São as águas internas. É um tempo de reflexão, de certa espera, de deixar o pãozinho no forno assando, observar, refletir, esperar com atenção. Parece que nada acontece, mas tem TUDO sendo gerado. É um processo de preparação para algo novo. E eu sinto que esse meu último ano foi exatamente isso.

Gostei demais de fazer essa análise sobre o ano que passou, do ponto de vista da numerologia. Pretendo escrever ainda um post sobre minhas perspectivas para o ano pessoal 3, trazendo alguns significados interessantes para vocês.

Acordo e não consigo levantar: o que fazer

Recebo algumas vezes essa pergunta e eu fui buscar na minha rotina o que eu costumo fazer quando não acordo muito bem. Esse “não acordar muito bem” pode variar de pessoa para pessoa, mas eu imagino que inclua coisas como: cólica, sinusite, dor de cabeça, preguiça, cansaço, desânimo, depressão, entre outros.

  • Ainda na cama, tomo refúgio (Budismo) e faço uma meditação. Isso me ajuda a pensar na intenção para o dia. Também reflito sobre alguma prática budista que quero focar no dia. Por exemplo: paciência. Se você tiver outra religião, pode rezar, fazer uma oração ou outra prática similar. Se não tiver uma religião, apenas uma meditação respiratória pode ser útil para acordar intencionalmente.
  • Faço um alongamento ainda deitada e vou sentando aos poucos, também me alongando. Isso é especialmente útil quando me sinto mais cansada ou com algum tipo de dor, especialmente nas costas.
  • Exercícios respiratórios são sempre úteis. Já teve post aqui no blog explicando como eu faço. Como tenho sinusite, nos dias frios é comum acordar com dor de cabeça por conta da congestão, então esses exercícios são super importantes e consigo fazer ainda coberta, sentada na cama.
  • Se levantar ainda está difícil, eu leio um pouco na cama ou escrevo no meu caderno. O que eu evito fazer: pegar o celular. Porque senão a vontade de sair da cama vira praticamente nula e o tempo passa sem nem eu perceber.
  • Escovo o meu cabelo ainda na cama e prendo o cabelo.
  • Finalmente levanto e vou ao banheiro fazer a minha higiene pessoal. Lavar o rosto com água fria ajuda a dar aquela acordada.
  • Depois disso, bebo bastante água! Veja que eu vou fazendo coisas para o meu corpo perceber que está acordando.
  • Se eu me sentir bem para isso, faço atividade física em casa mesmo. Yoga ou outra mais intensa. Depende do dia.
  • Arrumo a cama (isso é fundamental).
  • Tomo banho e troco de roupa.
  • Abro a janela do quarto se todos estão acordados. Aqui já me sinto melhor e sigo com o dia.

Para salvar ou pinar:

Ir devagar é sobre isso: respeitar o seu ritmo. E também entender que nem todos os dias serão os seus “melhores dias”. Tem dia mais difícil mesmo que a gente só quer “sobreviver”, sabe? Foque em ficar bem. Começar o dia assim pode ajudar. 😉

7 dias de café-da-manhã vegetarianos

Durante 7 dias, eu levei um projeto para o Instagram do Vida Organizada postando meus cafés-da-manhã sendo uma pessoa vegana, ou seja, dentro de um regime de alimentação vegetariana estrita. A ideia foi fazer durante as luas crescente e cheia, quando geralmente sinto mais fome, já que em outros momentos do mês muitas vezes eu não costumo comer muito pela manhã e respeito o meu ritmo.

Quis postar porque vocês sempre me pedem para compartilhar como eu me alimento, para dar ideias mesmo. Algumas dessas opções postadas já têm receita aqui no blog, mas outras eu vou compartilhar aqui mesmo como eu costumo fazer. Minha alimentação se baseia não apenas no veganismo de modo geral, mas nos alimentos da estação e seguindo alguns princípios do Ayurveda (nem sempre, vale dizer, ok?).

Dia 1

Eu comecei a semana com uma das minhas receitas preferidas para comer de manhã quando tenho fome, que é tofu mexido. Já tem receita no blog.

Fiz com leite de aveia desta vez e a textura ficou muito parecida com a do ovo. Para todos os veganos que amavam seu ovinho mexido de manhã, como eu. Mesma experiência, mas sem crueldade animal.

Curiosidade que vale a pena comentar. Muitas pessoas me perguntam por que os veganos gostam de usar nomes de receitas que levam ingredientes de origem animal, como no caso acima, que falam “ovo mexido vegano” em vez de “tofu mexido”. É que as pessoas de modo geral têm seus repertórios, e quando você fala “ovo mexido vegano” fica mais fácil de entender do que se trata do que explicar o que seria um “tofu mexido”. Tá tudo bem, é só uma forma de facilitar a comunicação. Muitos veganos não se tornaram veganos porque deixaram de gostar de carne, por exemplo. Gostavam, mas queriam ter a mesma experiência e sabor sem necessariamente consumir algum alimento de origem animal. Eu mesma amava comer ovo mexido. Para mim, foi uma descoberta e tanto poder comer a mesma coisa mas sem usar ovo.

Dia 2

Nesse segundo dia eu fiz um mingau doce com frutas. Tem receita aqui no blog.

Eu não sou muito de doce e comi metade, pra vocês terem uma ideia. Meu marido comeu o resto. rsrs Mas dá pra fazer de mingau sem as frutas, sem açúcar, usando outros grãos, enfim… boa receita para uma manhã fria de inverno. Comfort food total. Acho que é uma receita rápida, prática e que, no geral, agrada crianças também. Você nem sente falta do leite de vaca e muitas pessoas inclusive fazem com água em vez de leite.

Dia 3

No dia 3 eu fiz uns bolinhos de banana bem simples. Postei até a receita aqui no blog, outro dia.

A foto tá meio feinha mas os bolinhos estavam bem gostosos.

Na prática, eu costumo fazer esses bolinhos com o que eu tiver de ingrediente disponível na cozinha. Muitas vezes eu faço salgado, quando não tenho pão. Fica bem bom. Basta temperar e usar uma frigideira anti-aderente ou lembrar de colocar algum tipo de óleo (azeite, óleo vegetal, manteiga vegetal, ghee vegetal, enfim).

Dia 4

Tem dia que o agni (fogo digestivo) acorda bombando. rs

Café-da-manhã do dia 4 foi pão sírio assado no forno com recheio de alface, erva-doce e refogado de shitake. Eu aaaamo pão sírio. Procuro ter sempre em casa. Geralmente compro um ou dois para aproveitar nas refeições. Meu marido também gosta.

Basicamente faço assim: em uma panela, refoguei 1/3 de cebola, 2 dentes de alho, um pouco de tofu fatiafo e cerca de meia xícara de shitake fatiado. Eram coisas que já estavam na geladeira fatiados, então não me tomou muito tempo, apesar de serem preparos rápidos, se fosse o caso. Azeite, sal, cominho, gengibre em pó, cúrcuma e um pouco de shoyu, mas você pode usar os ingredientes que quiser. Uma colher de mostarda dijon. Mexer até o shitake estar cozido e aí colocar no pão.

Não entrou na foto mas fiz chá de capim cidreira pra acompanhar.

Dia 5

Tem dia que tudo o que a gente precisa é de um pãozinho na chapa e um café preto!

A versão vegana é feita com azeite ou outro óleo vegetal, apenas. Única diferença. Prefiro fazer com azeite, quando tenho vontade de comer.

A maioria dos pães franceses é vegana, mas você pode tirar a dúvida perguntando na sua padaria preferida.

Na real eu quis postar esse “prato” só para mostrar que não precisa ficar fazendo nada elaborado e tá tudo bem ter preguiça ou fazer uma refeição mais na pressa mesmo, sabe. Só acho que é importante a gente repensar fazer isso todos os dias, pela questão nutricional mesmo. Mas enfim: dá pra fazer “pão na chapa” com outros tipos de pão, se quiser fugir do francês. Muitas vezes faço com o pão integral, por exemplo.

Dia 6

Toda semana eu gosto de ter um pão que vou comendo até acabar, até para aproveitar o pão ao máximo. Assim eu não compro “vários”. Já perdemos pão por conta da validade, então eu sou mais criteriosa para comprar. Esta semana eu tinha comprado esse pão integral com vários grãos etc. Sempre verifique nos ingredientes se ele é vegano, pois nem todos são.

Pão integral com grãos torrado no forno + abacate passado no pão como se fosse requeijão + shitake refogado com azeite, cúrcuma e pimenta do reino + broto de feijão. Antes de comer: meio limão espremido, erva doce, gergelim preto e mais pimenta do reino.

A erva doce eu congelo, pois é uma maneira simples de conservar. Apesar de eu sempre preferir os alimentos frescos, o que eu prefiro na real é aproveitar mesmo todas as comidas e não perder as coisas! Aliás, isso guia o meu preparo diário. Vejo o que tem e vou me virando até as próximas compras.

Essa técnica de passar o abacate no pão como se fosse requeijão acho tão simples, fácil e prática para o dia a dia! E, sinceramente, eu nunca tinha pensado nisso antes mas, uma vez que eu tenha feito uma vez, quero fazer sempre haha.

Na mesma “vibe”, sempre é bom ter uma verdura fresca para usar em várias comidinhas. Neste caso, é o broto de feijão, que adoro e é muito nutritivo. A gente sempre tem alguma verdura fresca para usar nas refeições, que seja alface mesmo! Procuro variar por conta dos nutrientes, e os meninos comem também.

Dia 7

O café do dia 7 parece elaborado mas na real ele é um mix do que eu já tinha na geladeira. Feijão que já estava pronto, meio abacate, meio limão, sourcream vegano (feito com tofu – peguei várias receitas na internet como referência e montei a minha, bem simples), o último tomate, meio pepino, um pão tostado. É isso. Também não consegui comer tudo e dividi com o marido. rs

Ao longo desta semana, recebi muitos comentários divertidos sobre cada refeição. Para mim, o ponto mais importante da rotina é a personalização. Você come mais quando sente fome, come menos se não sente tanta. Tem dia que você come mais cedo, tem dias que você come mais tarde – quase um brunch! Tem dias que eu cozinho mais, tem dias que tenho que preparar em 5 minutos. Tudo depende. Personalize! Esse é o segredo.

Espero que o post tenha sido útil para trazer algumas ideias. Antes de me tornar vegana, meus cafés-da-manhã era pão com manteiga, leite com achocolatado, no máximo um suco de laranja, às vezes torrada com requeijão. Ter me tornado vegana e ter ido para uma alimentação mais focada em nutrientes do que na fome em si me ajudou a descobrir uma variedade imensa de alimentos e a ser mais criativa na cozinha, preparando alimentos com intenção, mente plena, consciência, enfim, autocuidado mesmo, em resumo. Acredito que seja possível a gente se alimentar melhor com um pouquinho de esforço a mais, sem que isso seja “mais uma coisa a fazer”, sabe? Sem tomar muito tempo etc. É só o tempo necessário e importante que a gente crie.

Raspagem da língua

Hoje eu quero compartilhar com vocês uma prática diária que eu não vivo mais sem, que é a prática de raspagem da língua, que aprendi de acordo com as orientações do Ayurveda.

Bem, qual o propósito? Nosso corpo expele toxinas, especialmente quando estamos dormindo. Pela manhã, logo ao acordar, vamos ao banheiro fazer as nossas necessidades fisiológicas recorrentes e também a higiene, com práticas de autocuidado. De acordo com o Ayurveda, as toxinas que não foram absorvidas pelo organismo de noite acabam sendo expelidas de várias maneiras (suor, por exemplo), e uma delas é na língua.

Sabe a famosa “saburra”? Aquela gosminha branca que fica na língua? Segundo o Ayurveda, é sinal de toxinas. Se você não tira da boca, através da raspagem, na primeira oportunidade vai beber água, comer alguma coisa, e colocar todas essas toxinas de volta para dentro. Logo, a recomendação é raspar a língua ao acordar. Não apenas o Ayurveda recomenda isso, como vários dentistas.

Existe um raspador de língua mesmo, de metal, que pode ser usado. Você encontra em lojas diversas pela Internet e no Mercado Livre, por exemplo. Os mais usados são os de cobre e de aço inoxidável. O de plástico não é recomendado, porque na real não raspa nada! rs Mas, se você não quiser comprar um raspador, você pode usar uma colher para essa finalidade.

O meu é de cobre e fica dentro de uma capinha, no meu banheiro, em uma cesta que uso todos os dias com outros “apetrechos” para fazer a minha higiene matinal (que já compartilhei em outro post). Basicamente, ao acordar, faço alguns exercícios respiratórios e um breve alongamento antes de levantar da cama, aí vou para o banheiro e a primeira coisa que faço lá é raspar a língua. Trata-se de um hábito que eu já incorporei e não vivo mais sem.

Quando você começar a raspar, vai perceber que tem bastante gosminha, mas com o tempo sua língua vai ficando mais limpa e saudável.

Como eu fiz uma cirurgia no estômago há alguns anos, a saúde estomacal sempre foi um fator importante para mim. Eu senti sim bastante diferença desde quando comecei a fazer a raspagem da língua, mas é claro que eu recomendo que cada um teste por si e veja.

Quando for raspar, não é pra raspar forte a ponto de machucar a língua, mas sim tirar as toxinas. Eu raspo de três a cinco vezes e já foi suficiente (sempre lavando o raspador entre uma raspagem e outra pra tirar os resíduos).

Alguns benefícios que são elencados sobre a raspagem da língua:

  • Não engolir de volta as toxinas (para mim, esse é o principal!);
  • Melhorar o hálito;
  • Melhorar a digestão;
  • Saúde bucal (dentes, gengivas);
  • Massagem do órgão língua e dos outros órgãos internos, pela conexão que é feita entre eles através da língua;
  • Melhorar as funções imunológicas do nosso sistema;
  • Entre outros.

Depois de raspar a língua, faço bochecho com óleo de gergelim para lubrificar a boca e proteger as gengivas e dentes e, depois, escovo os dentes normalmente.

Você já conhece essa prática? Se tiver alguma experiência e quiser compartilhar, por favor, deixe um comentário. 😉 Me conta também se você gosta de ver minha experiência com as práticas do Ayurveda aqui. Obrigada!

Felicidade interna e externa

Todos os dias, quando acordo, tenho uma rotina de autocuidado que inclui uma série de práticas a fazer antes de amanhecer. Uma delas é a leitura. Gosto de ler livros sobre Budismo, ou livros sobre espiritualidade de modo geral, que mantenham meu espírito elevado para o novo dia que se inicia.

Recentemente, um desses livros é “Como ser feliz o tempo todo”, do Yogananda. Esse livro é parte de uma série de vários outros com poucas páginas trazendo as orientações do Yogananda para aspectos específicos da vida. Neste, ele fala sobre felicidade.

Logo de início ele traz a ideia de que a felicidade não é algo que acontece, mas que você escolhe sentir. É uma decisão interna. A partir dela, você toma algumas resoluções a respeito do que vai alimentar na sua vida. Anos atrás, quando comentei que parei de assistir filmes de terror, muitos amigos não entenderam. Mas é isso. Quero alimentar a minha mente com elementos que me façam bem, não que me deixem em um estado de perturbação. Trazendo elementos que me deixem feliz, será mais fácil “colher felicidade”.

Depois, ele traz o ponto de que a felicidade diz respeito ao nosso mundo interno.

No início da quarentena, eu estava com muitas dúvidas a respeito dos sentimentos conflitantes que estava sentindo. Apesar de estar tudo bem aqui no nosso microcosmo, eu me sentia um pouco mal por estar me sentindo feliz sabendo que existem tantas pessoas no mundo sofrendo. Foi no Budismo que encontrei a resposta: problemas exteriores exigem soluções exteriores. Problemas interiores exigem soluções interiores.

O que traz ansiedade na pandemia é que está completamente fora do nosso controle. Não sabemos quando haverá vacina, quando voltaremos “ao normal”, quando poderemos viajar ou ir à feira. Problemas exteriores. Ansiedade = problema interior. Logo, para resolver a minha ansiedade, não adiantava eu esperar a solução vinda de fora – eu tive que ir para dentro. Voltei a fazer terapia, intensifiquei minhas meditações, redobrei minha rotina de autocuidado em todos os aspectos, regulei o meu sono, passando a acordar mais cedo. Etc.

É perfeitamente ok se sentir feliz por dentro. Sua família está bem. Você se sente em paz. O trabalho está ok. Por esse motivo, você até consegue ajudar outras pessoas. Sentir-se feliz, ter um contentamento interior, não significa que você está ignorando os problemas do mundo ou que a sua vida é um “mar de rosas”. Significa que você trata os problemas mundanos como eles são: mundanos. Com soluções mundanas. Para problemas internos, você busca soluções internas – meditação ajuda muito, terapia também.

Hoje eu postei no Twitter uma frase que compartilhei acima e uma pessoa respondeu que às vezes se sente culpada por estar se sentindo feliz. Eu não tive a oportunidade de desenvolver essa conversa com essa pessoa, então não sei por que ela se sente culpada. Se formos imaginar que ela se sente culpada porque outras pessoas estão sofrendo, pensar sobre os sofrimentos internos e os sofrimentos do mundo pode ajudar. As pessoas estão sofrendo? O que você pode fazer para ajudá-las? Faça! Talvez a culpa venha de você saber que poderia fazer algo mas não está fazendo? Então faça. É isso, mas não se culpe. Porque a culpa seria uma questão interna que não vai resolver o problema externo também. Só traz sofrimento.

Pensar assim tem me ajudado demais, de forma prática mesmo, no dia a dia. A não me preocupar com problemas mundanos. É aquilo: tem solução, bora pra solução. Não tem solução, paciência. Não vou tirar minha paz por conta disso.

Não digo que seja sempre fácil, mas estou nesse caminho. Entender esse conceito, essa separação, fez muita diferença para mim.

A partir do momento em que eu passo a sentir esse contentamento interior, a própria forma de me relacionar com as pessoas e com o mundo muda.

Quando eu li “Atitude Mental Positiva”, do Napoleon Hill, era esse o sentimento bom que me evocava aquela leitura, mas à época eu não sabia explicar direito por quê. Hoje eu sei. Porque é isso; não se trata de forçar. Se trata de escolher ser feliz, não importam as condições externas. As condições externas nós lidamos com soluções externas. Todos precisamos trabalhar, pagar boletos, comprar comida. Meditação não vai fazer aparecer dinheiro na mesa, porque dinheiro é uma questão externa.

Tá tudo ok você querer sair para jantar com os seus amigos, querer comprar um relógio ou livro, ou até mesmo sentir necessidade de ter um carro. O problema estaria em ver felicidade nessas coisas.

Acho muito louco isso e, acima de tudo, muito pragmático. Foi um divisor de águas na minha relação com tudo aprender a pensar dessa forma. Espero ter conseguido demonstrar neste post como isso impacta positivamente (ou pode impactar negativamente) no seu processo de organização.

Hábito: pranayamas e exercícios respiratórios

Este mês estamos falando sobre bons hábitos para ter uma rotina tranquila, que resultam em uma Vida Organizada. Fiz diversas pesquisas aqui no blog, no YouTube e no Instagram para recolher sugestões de temas que sejam urgentes a vocês, e com esse compilado eu vou conseguir criar um montão de conteúdos que considero bacanas para ajudar a galera nesse momento. Então muito obrigada pela sua participação. <3

Hoje eu quero falar sobre um hábito que acredito ser importante para você, pessoa que sofre com sinusite, rinite, ansiedade e outras questões respiratórias. Vale lembrar que eu não sou médica e o teor deste texto é apenas trazer a minha experiência pessoal, orientada por profissionais para o meu caso específico. Consulte sempre um profissional!

Vamos lá: eu nunca fui uma pessoa que tinha problemas respiratórios até fazer uma cirurgia complexa em 2017 que mexeu com meu metabolismo inteiro e de repente eu me tornei uma pessoa que sofre com sinusite. E, convenhamos: morando em São Paulo, era até estranho não desenvolver algo do tipo.

Naquele momento, nasceu essa motivação para buscar maneiras de ficar bem. Tomei remédios, mas nunca fui fã de ficar tomando comprimido assim. A coisa toda só se resolveu quando eu aliei duas coisas: alimentação focada no antiinflamatório e exercícios respiratórios.

Respirar ar puro também é essencial e, por isso, pelo menos uma vez por ano gosto de viajar para um lugar alto e montanhoso para respirar ar puro e fazer um detox da poluição. Moro em um bairro arborizado, e frequentar parques e praças sempre fez parte da minha rotina. É óbvio que, com a pandemia, ambas as coisas estão suspensas (e me fazem muita falta).

O que eu tenho feito então é intensificar a rotina de cuidados “com o nariz”, que na verdade tem a ver com o pulmão e o ritmo de respiração do corpo. Eis um resumo:

  • Acordar cedo e respirar o ar de início do dia pela janela;
  • Fazer pranayamas na cama mesmo, antes de levantar (explico abaixo);
  • Usar um dispositivo curioso chamado lota, nos dias em que me sinto “congestionada” (explico abaixo);
  • Fazer uma prática ayurvédica chamada nasya, de lubrificação das narinas (explico abaixo);
  • Praticar yoga, especialmente asanas (posturas) que “abrem o peito”;

Pranayamas

O vídeo abaixo da Fernanda Lima (rs) mostra exatamente o exercício que eu faço quando acordo. Faço ao longo do dia se sentir necessidade também.

Lota

Não uso todos os dias, mas quando me sinto congestionada, uso pela manhã. Veja o vídeo abaixo (ou clique aqui). Comprei o meu no Mercado Livre.

Nasya

Trata-se de lubrificar as narinas com óleo e os dedos, pela manhã. É bem simples de fazer e faço diariamente. Veja o vídeo do Tiago abaixo ou clicando aqui, explicando o que é.

Não consigo dizer que minha sinusite está “curada”, mas praticamente não sinto mais os efeitos, e sofria muito com isso. Certamente foi um hábito saudável importante que incorporei.

Como eu organizo os meus frascos na despensa aberta

Eu tenho uma estante aberta na minha cozinha onde organizo parte da despensa.

Sempre que posto alguma foto dela no Instagram, recebo algumas perguntas sobre ela acumular pó etc. Hoje eu reorganizei meus frascos e queria compartilhar então como funciona na prática.

Sobre acumular poeira ou ficarem engordurados. Não fazemos frituras em casa, então não ficam engordurados. De qualquer maneira, também não ficam empoeirados porque o que eu deixo nessa estante, mesmo nos potes, são alimentos que uso praticamente todos os dias. Quando pego algum deles, sempre verifico 1) o prazo de validade e 2) dou uma limpadinha com um pano úmido. Assim, eles sempre ficam limpos. Uma vez por semana, aquela coisa: tira todos da estante e limpa a base de cada prateleira.

Os frascos servem para armazenar itens que foram abertos, especialmente cereais, leguminosas e especiarias.

Tenho uma prateleira onde coloco as compras que ainda vou abrir e depois armazenar corretamente. De modo geral, estou tentando cada vez mais não consumir coisas em pacotes e saquinhos plásticos, mas ainda não alcancei isso em 100% dos casos.

Eu também dedico um nicho no armário fechado para armazenar os frascos vazios e lavados, para que estejam sempre à mão quando eu precisar. De modo geral, se abro um pacote, quero armazenar em um vidro fechado, para evitar bichinhos, umidade etc.

Frasco é uma coisa cara, então compro aos poucos. Também reaproveito sempre que possível – vidros de palmito, por exemplo.

Eu já liguei mais para a padronização das etiquetas. Hoje até prefiro que cada vidrinho tenha uma cara, pois traz um ar rústico, aconchegante, de trabalho prático mesmo e não de perfeição. Logo, tem vidrinhos com etiquetas bonitinhas, outros em que escrevo com caneta, e muitos em que eu simplesmente corto da embalagem e colo com fita adesiva.

Para isso, deixo sempre uma tesoura multifuncional na cozinha e uma fita adesiva transparente. No dia a dia, quando abro alguma embalagem, eu passo para o frasco e recorto tanto o nome quanto a data de validade e colo no vidrinho.

Eles são usados todos os dias. Então não são apenas decoração, acumulando poeira. Por isso faz sentido ficarem em estante aberta.

Desde que me tornei vegana, há quase um ano, tenho cozinhado muito mais. Com a implementação do Ayurveda, cozinho todos os dias – às vezes, três vezes por dia. Então precisa ser prático para mim, e esse é um formato que funciona bem para todos nós aqui em casa (meu marido também cozinha). Funciona para nós. Não ligo tanto para a padronização, mas para a praticidade e a sustentabilidade.

Como eu fiz uma transição para trabalhar 100% online

Esta semana estamos todos concentrados na Jornada POP, um curso gratuito que estou ministrando online para ajudar quem quer levar seu trabalho presencial para o online e também ensinando como se tornar referência no seu mercado. Ainda dá para se inscrever. Clique aqui.

Neste post, que quero deixar como referência, mesmo após o fim do curso, quero contar um pouquinho o que me motivou para levar o meu trabalho para o online mesmo antes de saber que haveria uma pandemia no mundo e como foi a minha organização para conseguir fazer isso de maneira segura e com bons resultados.

Vale uma breve contextualização sobre mim e por que esse modelo de trabalho funcionou tão bem comigo.

  • Sempre fui uma pessoa que gosta de criar conteúdos e compartilhar, desde criança. Fazia meus próprios gibis, depois fiz parte da equipe do jornalzinho da escola, criei um fanzine na adolescência e meu primeiro blog desde o momento que eu tive acesso constante à Internet (em 2001). Mas isso não quer dizer que você tenha que ser igual! Só estou dizendo tudo isso para você entender por que me apaixonei tanto por esse modelo de atuação.
  • Sou graduada em Publicidade, Jornalismo e Comunicação. Trabalhei em agência e sempre acompanhei de perto como as marcas se relacionavam com as pessoas e divulgavam seus trabalhos para a Internet. Trabalhei com marcas grandes, nacionais e internacionais, marcas pequenas, franquias e até com ONGs. Toda essa experiência me ajudou muito no online, mas isso significa que quem não é publicitário não pode atuar na área? Muito pelo contrário! As regras estão sendo reescritas e hoje o que é mais legal nesse trampo online é justamente o fato de que uma pessoa comum pode pegar um celular e começar a criar conteúdo. Isso é maravilhoso!
  • Quando pedi demissão do meu último emprego e passei a trabalhar 100% com organização e produtividade (em 2014), meu meio de faturamento era praticamente presencial, ministrando cursos em empresas, fazendo palestras e workshops. Desde aquele instante, eu sabia que o futuro estaria no ensino online, pois eu fazia pós-graduação em Gestão de Mídias Digitais na época (no SENAC-SP) e lá a gente já falava muito sobre essa tendência que seria cada vez mais realidade. Então comecei a estudar sobre educação em si e a testar novas tecnologias. Em 2015, lancei meu primeiro curso online. De lá para cá, muita experiência para compartilhar! Aprendi muito!
  • Como diz um mentor, “curtida não paga boleto”. Não basta você fazer um trabalho incrível de criação de conteúdo ou ter um curso super legal se você não souber se vender. E eu confesso que esse era o meu maior tabu. Fui fazendo novos cursos e mentorias, o que me deu conhecimento e embasamento na prática para tomar a decisão que tomei no ano passado: vou entrar 2020 com meu trabalho 100% no online. E como fiz isso? É o que vou contar no restante do post.

Eu era responsável pela organização e realização das turmas abertas de GTD pela Call Daniel (que é a franquia brasileira do método). Essa responsabilidade estava sob a minha coordenação desde 2017, quando a empresa responsável pelas vendas da franquia mudou sua configuração. Como as turmas abertas do GTD sempre foram ministradas por mim, e 99% do público vinha do Vida Organizada, fiz uma proposta ao Daniel, que achou justo, e durante mais de dois anos eu organizei essas turmas em São Paulo e por todo o Brasil.

Para quem nunca trabalhou com eventos ao vivo, saiba que é um trabalho imenso de logística. Cada curso, para uma média de 15 a 30 pessoas, tem os “gastos estruturais”, como gosto de chamar. Você tem que locar sala, equipamentos (projetor, telão), contratar lanches, água e café para os intervalos, enviar materiais via transportadora (ou você mesma levar com malas! muitas vezes fizemos isso). Em turmas maiores, eu também levava outro instrutor comigo, que tinha sua diária paga, claro. Além de uma assistente em sala, sempre, para gerenciar quem chegava, ficar cuidando de tudo enquanto eu estava ministrando aula etc. Eu também contratei uma pessoa em tempo integral (CLT) para cuidar das inscrições, envio de comprovantes, gerenciar contratos de todos os serviços estabelecidos etc. Quem nunca trabalhou com isso não tem ideia do volume de trabalho envolvido.

Além dos custos profissionais, tem os custos pessoais disso tudo. Eu, Thais, mãe do Paul, tinha que me deslocar de duas a quatro vezes por mês, aos finais de semana (quando aconteciam as turmas), para ministrar os cursos. Um curso que fosse sábado o dia inteiro em outra cidade eu tinha que chegar um dia antes bem cedo, verificar se estava tudo certo, e partia, na maioria das vezes, no domingo – isso quando não tinha aula no domingo também, aí partia de noite ou apenas na segunda. Além de ser cansativo fisicamente e custoso financeiramente, tinha a questão emocional de não ter finais de semana com a minha família. Tudo isso sempre entrou na conta para mim, e cada vez que eu viajava, por mais que amasse esse trabalho, sempre pensava que “poxa, se esse curso fosse online eu poderia estar com o meu filho nos intervalos”.

Eu sempre gostei tanto do trabalho presencial que tomamos uma decisão no final de 2018: alugar uma sala exclusivamente para fazer os cursos em São Paulo. Outro projeto que colocamos em prática foi elaborar uma nova formação de instrutores em GTD, que poderiam ficar responsáveis pelas turmas abertas ao redor do país e eu poderia ficar com as turmas apenas em São Paulo, na sala contratada pra isso. Podendo ficar concentrada em São Paulo, eu poderia iniciar a minha transição para o online, com o meu trabalho com o Vida Organizada.

Em 2019, eu realizei a última turma fora de São Paulo no mês de junho, quando fui a Belo Horizonte. Desde o ano anterior eu avisei em todas as redes sociais que não faria mais cursos fora de São Paulo em 2019, caso alguém quisesse fazer o curso comigo. O curso do GTD é padronizado mas algumas pessoas querem fazer comigo porque estão acostumadas comigo aqui no blog, no YouTube, compartilhando sobre o assunto etc. Normal. Veja aqui então como integridade sempre é um ponto importante. Antes de simplesmente parar de viajar com os cursos, eu fiz uma “turnê” pelas principais capitais e avisei todo mundo sobre a minha mudança.

Ao longo de 2019, muitos alunos vieram de outros estados – e até de outros países! – participarem de cursos comigo, o que sempre me deixou muito feliz e agradecida. Quando divulguei os cursos do segundo semestre de 2019, avisei que seriam minhas últimas turmas presenciais também e que, depois da minha última turma, que ministrei em 14 de dezembro, as turmas abertas seriam ministradas por outros instrutores (que naquela altura já estavam formados e certificados por mim e prontíssimos para começarem a trabalhar também!). Meu workshop do Vida Organizada, de Planejamento de Vida, também não teria mais turmas presenciais e estava sendo desenhado para o online. Tava tudo certo.

Desde o final de 2014, eu venho desenhando e estruturando o meu método de organização, o Método Vida Organizada, que é pautado na tríade de vida, casa e trabalho. Com três livros publicados, um mestrado concluído, muitos cursos e formações em marketing e educação digital nas costas, anos de experiência, eu me sentia preparada para assumir esse programa 100% online a partir de janeiro. Ele seria meu trabalho principal, além da produção de conteúdo. Outros serviços que me trariam faturamento incluiriam:

  • outros cursos realizados em paralelo ao principal (todos online)
  • serviços prestados online requisitados por empresas diversas (palestras, cursos, consultoria etc).
  • tradução de materiais
  • mentorias avançadas de organização
  • projetos de conteúdo patrocinados por marcas e empresas
  • direitos autorais das vendas dos meus livros
  • serviços educacionais, como aulas para cursos de graduação, pós e outros, tudo em formato EAD

O que me ajudou a ficar tranquila com essa decisão também foram algumas questões financeiras:

  • Teduzi muitos custos fixos que tínhamos como empresa – entregamos as salas comerciais, não era mais necessário ter equipe em tempo integral (pois não haveria mais o gerenciamento dos cursos presenciais, que tomavam 90% do trabalho) e cancelei serviços;
  • Paguei todas as “dívidas” que existiam de direitos autorais dos cursos realizados (sim, eu gerenciava os cursos mas precisava repassar todos os direitos autorais pois o método GTD não é meu, é do David e da Call no Brasil). Os direitos autorais eram pagos sempre até o dia 20 do mês seguinte a cada turma, então eu precisava finalizar esses pagamentos até a turma de dezembro;
  • Conversei com meu marido e falamos sobre reduzirmos nosso custo de vida de modo geral, o que ele aceitou prontamente porque já vínhamos fazendo isso desde o início do ano.

Vale dizer que, em paralelo, meu ano passado foi muito complicado pessoalmente. Eu tive um problema de saúde que iniciou em fevereiro e eu só comecei a melhorar por volta de setembro ou outubro. Nesse meio tempo, fiquei tão mal que isso me manteve atrelada ao mínimo possível de atividades – então priorizei os cursos e serviços já contratados, mas sem novas iniciativas, pois não sabia se poderia me comprometer. Tive dias em que não conseguia sair da cama direito e trabalhar, pois sentia muita fraqueza.

Para quem não sabe, fiz uma cirurgia complexa em 2017 que mudou completamente o meu metabolismo. O período de ajustes do corpo pós cirurgia leva cerca de três anos e muita coisa pode acontecer nesse meio tempo. O que aconteceu comigo foi ter tido um pane geral, pois descobri uma alergia fortíssima, associada uma questão emocional delicada de luto que vivenciei com a morte da minha avó. Eu só pude ter esse diagnóstico geral este ano, quando iniciei meu tratamento dentro do Ayurveda, com uma profissional especialista. Eu contei mais sobre isso em um vídeo no YouTube, se você quiser saber.

Tudo isso afetou muito o meu trabalho e o nosso faturamento, e nós sobrevivemos ao ano de 2019 graças ao fluxo de caixa que eu tinha guardado dos meses anteriores. Consegui segurar salários, contas, tudo. Ministrei os cursos mesmo estando mal de saúde. Não me orgulho muito disso, pois estar bem é sempre o mais importante, mas eu sou uma pessoa muito responsável com os meus compromissos. Se eu tinha agendado aquelas turmas, daria um jeito de fazer. E tinha um detalhe também: eu não sabia que eu ia levar meses para me recuperar. Queria ficar bem e sempre acreditava que melhoraria até a próxima turma. Foi bem difícil e sou toda grata à minha família, a equipe que segurou as pontas na época e especialmente à Martinha, da Call, que me apoiou em muitas dessas turmas.

Quando eu fui para Amsterdam, em junho, participar do evento do GTD, eu estava muito chateada. Eu tinha tantos projetos, tantas ideias, e estava tão sem energia para o meu trabalho, por conta da saúde enfraquecida. Mas coisas mágicas aconteceram naquela viagem. Primeiro, ter estreitado o meu relacionamento com pessoas que até então eram meus alunos e que acabaram virando verdadeiros amigos desde então. Segundo, ter tido conversas maravilhosas com pessoas que eu amo. Terceiro, a sensação que eu tive quando subi naquele palco para ministrar uma palestra em inglês, sabendo que todas essas pessoas queridas estavam na plateia. Eu nunca na vida tinha sentido aquela sensação. Naquele momento, eu tive uma única certeza: “Thais, você precisa confiar mais no seu trabalho. Se você está aqui, alguma coisa certa você está fazendo”.

Photo by Dan Taylor

Essa confiança mudou a minha cabeça de volta ao Brasil. Tinha muita coisa para ajustar, mas era uma sequência de coisas práticas apenas, pois o resultado final estava claro. Todas as providências que tive que tomar foram muito difíceis – algumas delas, mais do que outras. Mas eu queria focar no online, pois era onde as pessoas estavam. Não tinha sentido investir 90% da minha energia em cursos presenciais que não me traziam nem 10% do seu faturamento. As pessoas estão online. Elas querem o online. Queria simplificar a minha vida, voltar a ser autônoma, reduzir meus custos fixos para poder continuar levando esse trabalho adiante. Acreditava piamente que focar meus esforços no online me traria isso, mesmo que meu faturamento diminuísse.

(PS: Não diminuiu. Aumentou. Neste primeiro semestre do ano eu tive um faturamento maior que o meu ano inteiro passado. Mas isso eu só viria a saber depois. Por isso que eu digo: foco é tudo. Escolha no que focar e foque, porque essa energia focada é poderosa. Ela que vai te trazer resultados.)

Em dezembro, ministrei minha última turma presencial e, no dia seguinte, saímos de férias. Foram as férias mais necessitadas de toda a minha vida. Eu agendei em dezembro do ano anterior, para vocês terem uma ideia de como funcionam os meus planejamentos por aqui. Cumpri todo o calendário de cursos para 2019, de turmas com as quais tinha me comprometido, e já tinha estabelecido que viajaria para a praia com a minha família naquela que costumo chamar de “semana do caos” – a última semana de dezembro antes das festas, porque todo mundo fica enlouquecido querendo resolver tudo antes do recesso, ao mesmo tempo que São Paulo fica uma loucura com o trânsito, barzinhos com happy-hour etc. Hoje, em tempos de pandemia, parece que foi há um século. rs Mas enfim, saímos de férias, foi uma delícia, e eu voltei com a cabeça pronta para virar 2020 com meu trabalho 100% no online. E assim o fiz.

Em janeiro, tive um baque emocional / profissional enorme, que me jogou em um processo interno que até o momento ainda estou resolvendo (mas hoje melhor do que antes, 99% resolvida a respeito, e prometo falar mais quando me sentir preparada). Em fevereiro, pandemia. Em março, entramos em quarentena. Já faz mais de 100 dias que estamos aqui. E assim continuamos.

Quando o Brasil entrou em quarentena, eu comecei a receber uma demanda insana de convites para entrevistas, cursos, trabalhos, consultorias, LIVEs etc. Todo mundo queria ir para o online. Todo mundo queria dicas para trabalhar melhor no home-office. Todo mundo queria saber como se organizar com a família em casa durante a quarentena. Dei entrevistas para a tv, para o rádio, fui contratada por empresas para workshops de reuniões online e trabalhos do tipo.

Como eu falei para vocês, a viagem que fiz em junho do ano passado me gerou uma experiência espiritual – quase como uma iniciação divina. Eu estava decidida a trabalhar como nunca vivendo o meu propósito. Quando a quarentena começou e essa demanda toda começou, eu voltei de novo para dentro de mim e me perguntei: o que posso fazer para ajudar as pessoas nesse momento que estamos vivendo? Mil ideias surgiram. Como não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, fui priorizando. Primeiro, fiz um mês de LIVEs todos os dias com a minha audiência para garantir que a galera teria um porto seguro todos os dias ali para bater um papo leve sobre como estávamos vivendo e dando dicas para o trabalho, a casa, o autocuidado etc. Abri uma nova turma do meu curso. Antecipei, porque seria aberta só depois, mas muitos me pediram. Então organizei direitinho para abri-la, e foi ótimo. Depois, fiz um workshop de organização da casa (totalmente online) com Feng Shui, com a minha amiga Wanice. Na sequência, a Jornada POP, pra ajudar meus colegas agora com relação a essa transição. Nunca trabalhei tanto como este ano, mas nunca meu trabalho teve tanto significado.

Absolutamente todo mundo que convive comigo me parabeniza por ter tomado essa decisão de levar o meu trabalho para o online e, quem ainda não o fez, me pede dicas, acompanha o que faço, enfim, tenho tido meses cheios, mas cheios de coisas boas, com um senso de contribuição muito forte dentro de mim. Não se trata apenas de ter um trabalho que me permita sustentar a minha família e, como falei, prosperar muito mais do que antes, mas de viver o meu propósito. Absolutamente TUDO o que faço transpira o que sinto que estou nesta vida para fazer, e isso não tem preço. Não tem preço.

Não quero terminar este post sem dizer alguns recados finais:

  • Nunca é tarde para começar. Hoje é o melhor dia. Apenas comece.
  • Todo mundo que hoje trabalha com Internet começou com 0 seguidores e sabendo absolutamente nada sobre esse mundo, mas com muita vontade de aprender e prosperar!
  • O mercado de trabalho online é um universo paralelo que quem vê de fora não tem ideia. Vá sem medo!
  • Estudar, fazer cursos, se capacitar, ver palestras, vídeos, acompanhar pessoas que você admira – tudo isso gera conhecimento, e conhecimento que te leva à prática. E isso é essencial.
  • A prática te deixa melhor. Eu escrevi isso na minha palestra lá no evento do GTD e é a mais pura verdade. Só praticando a gente melhora. E pra praticar a gente só precisa começar.

Espero que com este post eu tenha conseguido contar pelo menos um pouco como foi essa minha trajetória, as minhas motivações, os meus insights, também mostrando que sempre tive dificuldades e que nada é construído sem trabalho – feito com integridade, acima de tudo.

Como eu gosto de dizer para os meus amigos quando eu os convido para uma experiência que sei ser maravilhosa mas eles ainda se sentem meio inseguros a respeito: “pode vir, a água está quentinha. Você só vai saber quando você entrar.” 😉

Dicas de organização para sobreviver a Mercúrio Retrógrado

Não é todo mundo que acredita mas, se for o seu caso, de 18/6 a 12/7 estaremos com Mercúrio Retrógrado. Se tem uma coisa que eu acredito na astrologia é nesse bendito. Logo, seguem algumas dicas de organização que podem ajudar nesse período e em todos os outros, MAS ESPECIALMENTE NESTE.

  • Mercúrio rege as comunicação, então cheque dupla, triplamente qualquer mensagem que escrever e enviar. Veja se você foi claro/a o suficiente. Evite mal-entendidos.
  • Eletrodomésticos e eletrônicos acabam “sentindo” também, então cuidado redobrado com tomadas, voltagens etc.
  • Cuidado com o que fala.
  • Evite assinar contratos nesse período e, se realmente for necessário, preste muito mais atenção que prestaria normalmente.
  • Nada de agendar um compromisso em cima do outro. Deixe respiros entre as reuniões.
  • Não leve as coisas para o lado pessoal.
  • Preste atenção em encomendas e pedidos. Podem se perder.
  • Faça backup de informações sempre que possível.
  • Tome cuidado adicional com as suas senhas.
  • Aproveite para finalizar coisas pendentes que talvez você estivesse procrastinando.

Boa sorte! 😉

Reorganização da minha rotina – Inverno 2020

Uma das coisas que eu gosto de fazer quando muda a estação é readaptar a minha rotina a um novo dia a dia. Desde que iniciei meus estudos no Ayurveda, eu percebi a importância de entender o meu corpo e analisar como ele está alinhado (ou desalinhado) com a natureza. No Ayurveda a gente aprende sobre os doshas, cujo entendimento vai muito além do que já expliquei em um post anterior mas, de certa maneira, esse pouco conhecimento que eu tenho já me ajuda a entender o que faz bem ou mal para mim. (Para quem tem curiosidade e conhece um pouco do assunto, meu biotipo é vata-pitta).

Apesar de eu gostar do clima frio, aprendi que, para o meu biotipo, ele afeta enormemente, podendo gerar desequilíbrios intensos. A chegada do inverno, então, requer bastante atenção. Desequilíbrio de vata, que todos podem ter, mas ainda mais quem tem esse dosha dominante, leva a vários problemas, inclusive crises de ansiedade. Por isso, é muito importante prestar atenção nessa rotina de autocuidado que envolve uma série de coisas, que quero descrever neste post.

O quão feliz fico por poder me envolver em um sistema de saúde e autocura que permita que eu me perceba e ajude também a minha família, amigos e pessoas próximas. <3

“Ser ou não ser não é exatamente a questão. A questão é: que tipo de FAZER está mais alinhado com esse meu SER?” – David Allen

O primeiro aspecto é sempre o sono. Minha nossa, como ele está desequilibrado nessa quarentena. Estou há mais de 100 dias em casa e até agora não consegui chegar em um formato ideal, mesmo focando nisso diariamente. Tem dias que durmo cedo bem e acordo disposta no dia seguinte, enquanto tenho dias em que não consigo pegar no sono cedo e isso se arrasta para o outro dia, quando acordo mais tarde. Muitas vezes, quando vou para a cama cedo, mesmo estando com sono, eu pego no sono e acordo um pouco depois sem sono algum, agitada. Ou, se passo muito do horário de ir para a cama, aí parece que um farol se acende na minha cabeça e eu só consigo dormir bem, bem depois. Então essa bagunça de horários influencia demais no meu bem-estar. Porque, de modo geral, antes da quarentena etc etc, me fazia bem dormir cedo e acordar muito cedo, mas agora as coisas mudaram e eu me sinto melhor dormindo mais tarde e acordando mais tarde. Só que isso influencia no meu dia como um todo, porque muitos aspectos da minha rotina eram direcionados pelo período do dia – coisas que eu prefiro fazer pela manhã etc. O meu “normal” é sempre fazer minhas coisas com concentração antes de o mundo lembrar que eu existo, então ainda não me acostumei com essa nova realidade. É tempo de adaptar!

Ao mesmo tempo, já venho tomando algumas providências, como ter um momento de “check-in” diário. Isso me ajuda enormemente pois, assim que acordo, eu já vejo se tem algo mais urgente e dou um encaminhamento, nem que seja para avisar a pessoa que vou demorar um pouco para responder. Isso me permite levantar, fazer a minha rotina de autocuidado, me organizar, começar o dia com mais calma.

Além disso, o filhote está tendo aulas de manhã (virtuais, claro), então meu marido e eu nos alternamos com os cuidados com o café-da-manhã, lanchinhos, resolução de problemas na conexão, preparo de almoço e todas essas atividades relacionadas a ele.

O que quero dizer então é que, no inverno, quero focar ainda mais em ter uma boa noite de sono, e talvez aceitar o meu novo horário como normal (dormir e acordar mais tarde) para ver como me sinto no dia a dia, sempre respeitando a quantidade de horas apropriada de sono, que no frio é maior. No calor, se eu dormir entre 6h30 e 7h30 eu fico bem, mas no frio eu preciso dormir mais, coisa de 9h a 10h (sinceramente, mas vou testar no novo horário).

Bom, vamos para o segundo ponto, que ainda tem relação ao primeiro, que é: me manter aquecida. Usar roupas quentinhas e confortáveis, roupa de cama quente, toucas, pashminas e cachecóis ao longo do dia, meias, não tomar banho de noite (se possível e, se tomar, nunca lavar o cabelo), não andar descalsa, não beber líquidos gelados, evitar alimentos crus, beber água em temperatura ambiente durante o dia e chá à noite, cozinhar os vegetais, fazer escalda pés, auto-massagem com óleos quentes (gergelim), e por aí vai. Tudo isso são coisas que eu não fazia antes e que fui acrescentando à minha vida à medida que fui me conhecendo e aprendendo sobre as boas práticas do que me faz bem.

Eu também tenho encarado o inverno como uma época de introspecção. De olhar para dentro, ler livros de auto-conhecimento, escrever no meu diário, intensificar minhas meditações, praticar yoga ao longo do dia para uma percepção melhor (e aquecimento) do meu corpo, contemplar o crepúsculo, ficar em silêncio, tocar violão, ouvir música, ler, assistir filmes, entoar mantras. Não apenas pelo momento que o mundo está vivendo, mas em respeito ao meu corpo e mente mesmo. Tem sido bom alinhar dessa maneira.

Minha rotina de trabalho então tem se adequado a tudo isso, e estou nesse processo de adequação exatamente. Como levanto mais tarde, não posso fazer blocos grandes de deep work pela manhã – preciso “me abrir” para o mundo mais cedo, respondendo e-mails e conversas. Mas consigo fazer um deep work logo no início da noite, sem levar o trabalho a tanto tempo adiante. Mas realmente ainda estou me adaptando. De modo geral, procurando trabalhar menos horas e focando em atividades mais importantes. Vivendo o momento, porque tenho projetos que me demandam mais em algum momento e menos em outros. O Bullet Journal tem me ajudado bastante no dia a dia, para esse registro, e o sistema organizado dentro do método GTD me ajuda a ter controle das informações que preciso consultar nos momentos apropriados, assim como ter reflexões significativas sobre a minha vida.

Para ser bem sincera, é óbvio e claro que não está fácil para ninguém nesse momento, mas tenho a consciência de que é temporário, que vai passar, vamos superar, e ter essa perspectiva me ajuda a viver todos os dias também, mesmo os mais difíceis.

É aquilo: o que constrói uma boa vida são os bons hábitos. O foco sempre deve estar neles.

Além do Minimalismo

Entre 2006 e 2008 eu mergulhei no minimalismo.

Foi uma experiência importante para a época. Eu buscava a essência das coisas e acreditava realmente que o excesso, de maneira geral, desviava a minha atenção, além de dar trabalho e tomar meu tempo.

Consegui reduzir minhas coisas a, como Thoreau diz em “Walden”, ao que cabe em um único carrinho de mão, e com isso considerava a minha vida mais simples.

Eu fui aquela pessoa que tinha duas calças jeans e alguns pares de camisetas para facilitar o vestir no dia a dia (ainda existe esse “mindset” associando o ato a pessoas de alta performance ou bem-sucedidas).

Aprendi a meditar. Meditava horas. Lia muito. Cheguei a ler um livro por dia, na época.

De maneira alguma tenho a pretensão de dizer que a minha experiência se aplica a todo mundo e que as conclusões a que cheguei posteriormente a ela seriam iguais para outras pessoas. É um blog pessoal, certo?

Mas, para mim, quando você entra em um processo de minimalismo, é grande o risco de jogar o bebê com a água fora. É um erro de processo, mas esse erro não tem como ser evitado, porque para saber as coisas que realmente se quer, muitas vezes precisará ficar sem elas.

Hoje, após mais de 10 anos pós esse período, eu acredito que tenha mantido a mesma mentalidade da busca pelo essencial, e que o destralhe faz parte do dia a dia, mas entendo que muitas vezes eu não estou em condições de decidir o que é ou não essencial. Por isso nunca defendo que você destralhe sua casa toda de uma vez, por exemplo.

Além disso, vi, na época, o processo do minimalismo como uma necessidade individual. Eu estava no retorno de Saturno (para quem acredita), em meio a uma grande crise existencial. Não queria mais trabalhar com publicidade, por ser um mercado de trabalho extenuante. Morava com a minha avó, que era acumuladora. Eu queria mais me libertar das amarras da minha própria vida que qualquer outro propósito.

Então, me desfazer de 90% das minhas coisas porque imaginava que moraria em outro lugar ou aceitaria o emprego de caseira em um sítio (sim, eu procurei na época, e descobri que só aceitam casais ou, principalmente, um “homem forte e armado”), foi algo que simplesmente precisei fazer. E foi um exercício necessário para eu me encontrar.

Ter passado por alguns anos nesse estado minimalista bastante radical me ensinou diversas lições. Ter trabalhado, pesquisado e escrito sobre organização e produtividade também. Meu mestrado me ensinou a desenvolver uma visão mais crítica sobre tudo. E é todo esse pacote que faz a Thais chegar aqui hoje e escrever sobre percepções que tenho para além do minimalismo. Lembrando, como sempre, que este é um blog pessoal, com meu ponto de vista pessoal.

Hoje eu vejo o minimalismo como um fenômeno do século XXI. Ele pode ter efetivamente nascido antes, e até ter (nas artes) uma origem anterior. Mas ele é uma reação essencialmente contemporânea, nascida nos Estados Unidos, e reflete mais uma das crises do modelo capitalista.

Infelizmente, esse berço trouxe algumas características que também refletem eventos que precisam ser problematizados. O privilégio branco, heteronormativo, acima de tudo com a possibilidade de escolha. A sutil porém sempre presente abordagem de que mulheres têm mais dificuldades com o minimalismo porque “gostam de comprar roupas e sapatos”. A possibilidade de você displicentemente poder esquecer seu Kindle em um auditório. O discurso padrão de preferir ter menos coisas, menos amarras, para poder viajar e ter mais experiências. Apesar de não ser supostamente a intenção, o discurso do minimalismo se coloca como elitista. A própria crítica que vem a ele nasce de comentários como “pobre já é minimalista de nascença” – ou seja, o conflito de classes existe, e esse ponto é importante de ser reparado, sempre.

Aqui de boas com minha mala de viagem minimalista observando o avião consumir combustíveis fósseis não renováveis

Mas o que é, afinal, o minimalismo? O minimalismo é um princípio de vida que delineia, para todas as suas escolhas (não apenas referente a casa, dinheiro, tempo, sapatos e objetos), você focar no mínimo essencial. De certa maneira, o minimalismo tem muito a ver com o processo de organização, no sentido de buscar a praticidade das coisas. Mas não se trata apenas de elementos físicos e palpáveis mas a um modo de pensar voltado ao mínimo essencial mesmo. Justamente por isso, ele supostamente tem um viés individual. Trata-se de como você, pessoa, lida com tudo em sua vida buscando focar apenas no mínimo necessário. Isso pode ou não impactar no coletivo. Não é o foco, apesar de algumas pessoas que se dizem minimalistas terem isso como propósito também.

Por mais que eu tenha muitas ressalvas sobre a abordagem dos The Minimalists, gosto particularmente de uma frase que o Joshua usa no documentário, dizendo que cada item na casa dele está ali por um propósito. A revista na mesa, a cadeira na sala, a pasta executiva preferida.

Apesar de o minimalismo beber de muitas fontes que inspiraram esse movimento no passado, precisamos tomar cuidado para não fazer a associação inversa, como se elementos do passado também fossem minimalistas. Isso seria anacronismo. As ideias encontradas no minimalismo bebem nos Vedas, no Budismo, no Zen, no taoísmo, na meditação transcendental, nos estóicos, no bem-viver das aldeias, até mesmo em Thoreau, mas isso não significa, nem de longe, que Thoreau era minimalista, que Sêneca era minimalista ou que Buda era minimalista. Porque o minimalismo é uma reação histórica contemporânea a uma crise do capitalismo.

Aqui vou arriscar uma hipótese, relembrando que é apenas uma visão pessoal e não a verdade absoluta. Mas, para mim, o problema do minimalismo na verdade são dois:

  1. O tom elitista (a pessoa que pode ter coisas e experiências para poder escolher como fazer uso delas é sim um privilégio pautado por uma divisão de classes);
  2. O tom individualista (apesar de muitos minimalistas terem a consciência ambiental e coletiva de suas ações e, por vezes, tornam-se minimalistas também por conta disso, essa não é uma regra dentro do movimento).

Uma das grandes inspirações do movimento minimalista é o movimento de simplicidade voluntária, mas os adeptos da simplicidade voluntária não necessariamente são minimalistas. Logo, não são sinônimos. Eu posso ter uma casa no interior, plantar minha comida, ter painéis solares para energia sustentável e ainda assim ter mil livros e deitar exausta/o na cama antes das 21h porque passei o dia cuidando da terra, dos animais, da vida no geral. Um minimalista pode querer ter uma prensa francesa para fazer seu café, ou a melhor máquina de espresso / expresso que que ele puder comprar. E aí talvez a gente chegue em um ponto essencial da conversa: se depende de energia, depende do capitalismo. E, se depende do capitalismo, não é uma proposta de viver nova.

“Em uma toca no chão vivia um hobbit”

Não é sustentável comprar um celular novo com mais recursos e descartar o celular antigo. Não é sustentável ter um desodorante com alumínio. Você pode ter apenas um desodorante e ser minimalista bagarai. Mas não é vida simples. Não é bem-viver. Não é sustentabilidade. Reduzir o consumo é o “centrão” do modo de vida sustentável. O bem-viver é um rompimento total para termos uma proposta de mundo mais igualitária. Mas o que é o bem-viver?

“O bem viver é, essencialmente, um processo proveniente da matriz comunitária de povos que vivem em harmonia com a Natureza” (Alberto Acosta). Aliás, se quiser ter como referência, em breve farei uma resenha desse livro por aqui (“O bem viver – uma oportunidade para imaginar novos mundos”, Ed. Elefante). Não se trata de “bem-estar ocidental”, que envolve viver dentro do capitalismo de uma maneira mais amena. Trata-se de resgatar completamente um modo de viver que remonta a civilizações e modelos mais simples. Não é “regredir”, ok? Pelo contrário, é construir um futuro sustentável. Repensar e aprofundar o modelo de democracia. Uma sustentabilidade sustentada na solidariedade. O ser humano não como elemento separado da natureza, mas parte dela (como é congruente a visão dentro do Ayurveda também). Por enquanto, vivemos em um esquema completamente antropocêntrico de organização produtiva, com o próprio produtivismo causando a destruição do planeta, regido pela acumulação do capital.

Se você usa elementos pontuais para o seu bem-estar – por exemplo, aprender meditação para lidar com sua própria ansiedade individual, ou entra no minimalismo para repensar a sua prática de consumo – tudo isso é muito, muito melhor do que estar no nível de uma pessoa que nem o lixo de casa busca reciclar, não repensa o consumo ou estoura com todo mundo porque não aprendeu como controlar sua raiva instintiva. Mas isso é um band-aid no machucado principal: um sistema que causa o esgotamento dos recursos naturais e muita pobreza em todo o mundo, além de outras mazelas. Pode estar tudo bem na sala do seu apartamento enquanto você pratica yoga e observa a chuva lá fora, mas enquanto não houver uma discussão sobre modelos de ruptura que superem a metáfora do desenvolvimento, que construam um futuro emancipador, estabelecendo democraticamente sociedades sustentáveis, é apenas uma pessoa dentro de um apartamento com sua consciência tranquila porque a vida dela está ok. Logo, é sobre privilégios e consciência de classe.

Partindo de uma percepção individual, exteriorizar essa decisão como princípio de vida, buscando um estilo sustentável de viver que englobe todos os seres – e os seres humanos dentro da natureza, sem separação, porque de fato não há – e lute efetivamente por essa mudança, aí sim estaremos agindo coletivamente e efetivamente. Se uma pessoa se torna minimalista a princípio para lidar com suas questões internas, e então ela parte para o coletivo, isso é excelente. Mas dificilmente essa pauta é centralizada porque o foco no indivíduo, na performance, na flexibilidade (“não tenha coisas, viva experiências, use seu dinheiro para viajar!”) ainda sustenta um mesmo modelo. Você pode ter a consciência tranquila por não estar consumindo coisas mas, se para viajar você usa um avião, por exemplo, ele foi construído com “coisas”. Alimenta uma cadeia produtiva. Você está consumindo mais do que se ficasse em casa lendo seus livros. E cuja passagem pode ter sido mais cara que a média mensal que um brasileiro vive hoje para se sustentar, que no caso é de 413 reais. Um modelo cosmético, como bem descreve Duane Elgin em “Simplicidade Voluntária” (que também vou resenhar para o blog). Você pode ter uma malha de cashmere em vez de cinco suéteres de lã, e seria um modelo minimalista pronto para lacrar no feed do Instagram. Ou pode “viver de experiências”, que normalmente é traduzido como viagens (que envolve também uma pancada de privilégios). Mas, ainda assim, como diz o Duane, “sem precisar fazer mudanças fundamentais em nosso estado de viver e trabalhar, (…) permitindo que continuemos no mesmo caminho de progresso por décadas ou mais”. Ou seja, sem causar mudanças efetivas e muito necessárias que nosso planeta precisa.

O clima do mundo está mudando. O consumo de energia está devastando o planeta. O extrativismo também. A agroeconomia. A escassez da água. O fato de não termos a sustentabilidade como regra para escolhas diárias. A divisão de classes, o heteronormativismo, o privilégio branco, o patriarcado, a fome, a miséria. A precarização do trabalho. A despolitização. As grandes redes de empresas. O fast-food. O capitalismo financeiro. A extinção dos animais. O consumo desenfreado de carne. A disseminação de vírus. Se o seu minimalismo não corta na jugular as questões acima, ele não é uma filosofia com foco na simplicidade voluntária e no bem-viver. É apenas uma mudança cosmética dentro do sistema capitalista. Pode te deixar com a consciência mais tranquila e “focado” no que é importante para você, mas o quanto isso te aliena do que é importante para todo o mundo? O minimalismo está mais próximo da cultura do “dolce far niente”, do hedonismo, que da ruptura sistêmica que traria mudanças efetivas.

Reforçando: não estou dizendo que toda pessoa que se considere minimalista ignora essas questões. Quero dizer que tais questões, urgentes, e cernes de movimentos como o da simplicidade voluntária ou do bem-viver, não são o cerne do minimalismo, pois o cerne do mesmo é a pauta individual, com o impacto coletivo como consequência ou segundo plano, a não ser que o próprio indivíduo leve essa problematização adiante.

Mais uma vez: minha experiência pessoal somada às pesquisas que tenho feito nos últimos 14 anos, especialmente aprofundadas nos anos do meu mestrado. Como falei no início do texto, minha jornada de início do minimalismo foi importante, fruto de uma inquietude interior. Mas foi fundamental olhar para fora para compreender que, como parte do mundo, não basta ter compaixão apenas comigo mesma, mas com todos.

E se por acaso você chegou aqui procurando sobre minimalismo, está a fim de conhecer mais o movimento, parabéns! O minimalismo é um passo importante e que já vai trazer muitos ganhos para você e também para o planeta. Mas meu convite é para ir além, em busca de um mundo comum.

“Thais, sua família segue a sua dieta?”

Existem algumas perguntas que eu recebo com muita frequência, então, sempre que eu identificar alguma assim, vou criar um post com a resposta, pois pode ser a dúvida de outras pessoas também e me ajuda a dar a referência em caso de a pergunta aparecer novamente.

Resposta rápida: não, não segue. A explicação vem abaixo.

Ayurveda é a ciência da vida indiana. Uma abordagem indiana da medicina. Nós estamos inseridos na medicina ocidental, o que inclui também o papel de nutrólogos e nutricionistas. Não tenho a pretensão sequer de dizer que quero saber mais do que eles. Mas eu preciso dizer que sigo uma abordagem diferente para a alimentação, que é um conceito de saúde integrada. Ou seja, não é exatamente uma dieta que eu sigo, ou uma comida com mais ou menos calorias que deixo de comer. É uma abordagem com perspectiva na longevidade. E um entendimento de que saúde envolve um mix de coisas.

Dentro do Ayurveda, o tratamento da saúde não tem como não ser individual. Logo, mesmo que meu marido e nosso filho seguissem a mesma linha, nossa alimentação teria variações, pois cada pessoa tem necessidades diferentes que são resolvidas com a alimentação. Cada pessoa tem um biotipo e a alimentação deve ser guiada em benefício individual. Claro que existem recomendações gerais, e é o que seguimos.

Além do fator Ayurveda, tem a questão de eu ser vegana. Meu marido é simpático à causa, é ovolactovegetariano a maior parte do tempo (come carne tipo uma vez por mês), mas nosso filho come carne (compramos só orgânicos). Já expliquei em outro post como costumo organizar a nossa alimentação atualmente mas, de modo geral, eles aproveitam a maior parte do que eu cozinho para mim, e apenas complementam com outras coisas, ou meu marido prepara uma refeição diferente. Por exemplo, se eu preparar arroz, ou uma massa, ou legumes no forno – eles comem isso normalmente, e apenas complementamos com outros alimentos, a gosto. Vale dizer que sempre foi meu marido que cozinhou em casa e eu passei a preparar minhas refeições quando me tornei vegana.

Eu estou em um momento de transição na minha saúde com várias questões. Faz três anos que fiz a cirurgia de redução do estômago, e só agora meu corpo estabilizou. Foi o que me deu a liberdade de me tornar vegetariana há um ano, e a integrar as práticas de Ayurveda para o resto da vida. No momento, tenho uma terapeuta de Ayurveda que está me orientando e estamos no meio de vários processos por aqui, especialmente hormonais, e a alimentação complementa muito. Sim, ainda pretendo falar mais sobre isso em outros posts. 😉

Então não, a minha família não segue a minha dieta, pois o que cada um deve comer deve atender suas necessidades individuais, gostos, necessidades de saúde, projetos pessoais, princípios, enfim, uma série de questões.

Não posso deixar de expressar minha preocupação em receber esse tipo de pergunta porque geralmente não vejo a mesma sendo colocada em perfis de homens que trabalham com produtividade, então fica meu convite a perguntar para eles também como é a alimentação da família. Isso não é responsabilidade apenas da mulher. Dentro do meu papel aqui, vejo-me obrigada a comentar a questão do gênero, pois ela é um pilar fundamental quando a gente fala de sobrecarga principalmente nas atividades domésticas. Por que perguntar esse tipo de coisa apenas às mulheres? Fica o questionamento.

Como eu estudo Ayurveda

Desde que comecei a estudar Ayurveda de maneira mais “oficial”, sempre recebo comentários de vocês nas diversas redes sociais perguntando que curso estou fazendo e como estou estudando, então o post de hoje é para esclarecer essas dúvidas.

Meu interesse com o Ayurveda nasceu há pouco mais de um ano, quando li o livro “Mude de horário, mude de vida”, que foi publicado recentemente no Brasil com o título “Mude seus horários, mude sua vida”, pela Ed. Sextante.

A partir dali, fui me interessando pelo assunto e acompanhando vários profissionais que são especialistas nesse assunto pela Internet: Mateus do Vida Veda, a Laura Pires, a Márcia de Lucca, o Erick do Naradeva Shala, entre outros.

Comecei também a ler livros e ir montando uma biblioteca relacionada, que até mostrei aqui, em um vídeo e post sobre o assunto. De modo geral, estou sempre lendo algum livro sobre Ayurveda e vou fazendo minhas anotações de aprendizados no commonplace book e juntando referências no Evernote.

Em fevereiro, eu me matriculei em um curso de formação pela Escola de Ayurveda. Conversei com muitas pessoas, pesquisei e pensei demais antes de me decidir por eles. É um curso de três anos, com muito material e estudo e aulas um final de semana por mês. Infelizmente, o curso começava em abril e, com a pandemia, está suspenso. Mas ainda quero fazer, pois meu objetivo é me especializar em dinacharya, a rotina diária do Ayurveda (que tem a ver com o que eu já faço hoje).

Agora, eu cheguei no ponto mais importante deste post, que eu queria compartilhar. Após ter entrado no curso e depois de ter lido tantos livros, eu cheguei em um modelo de estudo que, para mim, parece o mais significativo para o Ayurveda, dentro das condições que tenho hoje (não estou fazendo faculdade de medicina na Índia, por exemplo), que é o estudo dos samhitas. Os samhitas são os livros clássicos do Ayurveda. Eles são verdadeiros tratados. Eu os recebi como parte do material do curso de formação (não achei para comprar) e venho estudando por eles desde então.

Todos os dias, basicamente, eu estudo um pouco. Faço sempre revisões quando estou com meu commonplace book por perto. Estudo, leio, vejo vídeos. Como costumo dizer, o que direciona a forma de estudar é a definição do propósito. No meu caso, estou me formando como terapeuta ayurvédica. Esse curso, que tem três anos, é o primeiro de uma formação extensa que ainda pretendo fazer, talvez até em alguns cursos na Índia futuramente (não sei o que vai ser do mundo depois dessa pandemia, se vou querer fazer viagens longas novamente etc).

Com base nesse propósito, quero me aprofundar com cursos e estudando os samhitas. Mas se eu quisesse apenas incorporar na minha vida, eu estudaria por livros, faria consultas com uma terapeuta ayurvédica, estudando questões pontuais que ela me passasse, veria vídeos ou faria um curso online. Então depende muito do seu propósito mesmo estudando esse assunto.

O lance da água morna com limão todo dia de manhã

Alguns anos atrás eu publiquei aqui no blog um texto sobre o hábito de tomar água morna com limão pela manhã e até hoje eu recebo comentários lá, pois acredito que as pessoas cheguem através de buscas no Google sobre esse assunto. Agora que estou estudando mais Ayurveda e me aprofundando, achei que seria importante escrever novamente sobre esse assunto até mesmo para atualizar aquele material.

É muito importante começar dizendo que o que importa sobre o Ayurveda é você se observar, se conhecer e trazer soluções personalizadas para a sua vida, que impactarão a sua saúde em um nível mais abrangente. Não é por que é indicado tomar água morna com limão durante algum tempo, ou alguma vez, que você deve fazer isso pelo resto da sua vida. Esse vídeo do Matheus com a Laura no canal do Vida Veda no YouTube traz uma explicação rápida e clara sobre essa prática.

https://www.youtube.com/watch?v=5iW1-4YSpMU

Eu quis fazer este post porque, hoje, acordei e tomei água morna com meio limão e uma lasquinha de gengibre. Tenho tomado TODOS OS DIAS? Não. Por que tomei HOJE? Porque hoje acordei com o estômago meio esquisito. Ontem comi algo que não me fez muito bem, dormi um pouco enjoada, e hoje de manhã achei que eu precisava cuidar melhor do meu agni (fogo digestivo), além de estar com a sinusite “atacada” porque entrou uma frente fria em São Paulo. Logo, beber água morna de manhã em jejum, com meio limão e um pouco de gengibre, faria bem para o meu estômago e também fortaleceria a imunidade no dia de hoje para mim. Também ajuda a eliminar toxinas.

Como sou dosha vata, colocar um pouco de sal torna a bebida salgada e ameniza os efeitos desse dosha também, que sempre ficam agravados em épocas mais frias. (Doshas são biotipos. Leia mais sobre esse assunto aqui.)

Beber todos os dias nem faz bem! Acaba com o esmalte dos dentes, pode irritar o estômago e dar azia, em vez de ajudar! Por isso é muito importante que você se conheça e que conte com bons profissionais da área da saúde para te orientar caso a caso. Não saia implementando mudanças na sua alimentação sem consultar especialistas, tá bem?

Eu faço acompanhamento profissional. Tenho meu médico gastro, que me acompanha há anos, nutricionista e terapeuta ayurvédica. Além de estudar em um curso de formação de Ayurveda e me aprofundar muito. Mesmo assim, mesmo com esse estudo, eu sigo recomendações médicas porque tenho a humildade de entender que eles sabem infinitamente mais do que eu. Mas quem está aqui no dia a dia comigo sou eu mesma. Logo, preciso me observar e me conhecer, entender os sinais que o corpo me manda e respeitá-los.

Não apenas a água morna com limão, mas tudo aquilo que você ler como boa recomendação na Internet deve ser visto e enquadrado na sua situação personalizada particular. Essa é a melhor maneira (a meu ver) de cuidar da saúde, pois deixa a gente mais próximo da gente mesmo – uma conexão natural que pode ter se perdido com o passar dos anos.

O que eu costumo comer no café-da-manhã sendo vegana

Muitos leitores me perguntam o que eu costumo comer no café-da-manhã sendo vegana.

Depende muito do dia e da época do ano. Não costumo me alimentar logo que acordo, pois uma das coisas mais importantes no Ayurveda (que eu sigo) é respeitar seu corpo e comer apenas quando sente fome. Então geralmente acordo, faço várias coisinhas (já comentei aqui sobre a minha rotina), o que inclui yoga, por exemplo, que é um exercício físico que acaba estimulando a minha fome. Aí me sinto pronta para comer. 🙂

Toda semana eu preparo algum tipo de “pastinha” que eu uso em várias refeições. Geralmente é hommus de grão de bico, mas às vezes faço com feijão também. Costumo fazer em uma quantidade legal que dure a semana inteira, aí geralmente passo uma quantidade generosa no pão e como. Esse é um café-da-manhã bastante proteico e substancioso para mim. O pão que costumo comprar é o integral de 12 grãos da Pullman.

Em dias mais frios, eu costumo fazer alguma refeição quente (que sempre prefiro). Adoro cozinhar frutas com alguma especiaria, como banana com canela ou maçã com ghee (vegetal, obviamente). Pêssegos e peras também são ótimos. Eu costumo consumir as frutas da estação.

Outro tipo de comida que eu gosto quando está frio são mingaus, sopas e “canjinhas”. Pode ser um mingau de cereais (aveia, painço etc). A sopa é basicamente como se fosse um chá, mas salgado. 🙂 Coloco gengibre, cúrcuma, um pouco de arroz ou macarrão de lamen, tofu, algum vegetal (acelga, repolho, couve). O kanji é uma canja sem o frango, apenas com arroz (geralmente uso o basmati, pelo aroma), cúrcuma e gengibre. Às vezes coloco uma cenoura também.

Outra receita é o tofu mexido, mas em tempos de quarentena eu economizo o tofu para fazer meu lamen rsrs

Quando não estou com taaanta fome ou não estou a fim de cozinhar, eu como uma fruta simplesmente, tipo uma banana. É o suficiente.

Costumo fazer sucos, o que também depende da minha vontade no dia. Tem dias que bato no liquidificador e faço laranja com beterraba ou suco verde com couve, mas tem dias que faço um simples suco de laranja ou limão. Ou apenas bebo um chá.

É claro que tenho dias mais preguiçosos e nostálgicos em que eu como um pão na chapa com azeite (e um pouco de salsinha), mas de modo geral eu prefiro comer algo que tenha mais nutrientes para aproveitar bem cada refeição.

Apesar de existirem substitutos para leite, manteiga, queijo etc, depois que eu me tornei vegana eu raramente comi essas coisas na versão vegetariana. De modo geral, aproveitei a oportunidade para ser mais criativa nas minhas refeições e me alimentar melhor e de forma mais saudável. O Ayurveda também ajudou nessa parte.