Henry Thoreau e a simplicidade voluntária

Há muitos anos me deparei com um exemplar do livro “A Vida nos Bosques” na estante de uma livraria e me apaixonei no instante em que li a sinopse. Sem pensar muito, levei o livro para casa e devorei em poucos dias. Hoje digo sem dúvida que é o meu livro preferido de todos os tempos. “Walden”, como também é chamado, é o nome do lago onde o autor viveu à beira durante dois anos, em uma pequena cabana (construída por ele mesmo), vivendo de forma auto-sustentável

O livro me transformou muito na época. Saí do meu emprego, terminei um relacionamento, quase mudei de país. Hoje, depois de quase três anos, tenho uma visão muito mais amadurecida do livro, mas igualmente apaixonada. E ele continua me ensinando muito. Um dos trechos:

Alguns dentre vós são pobres, acham duro viver, e estão, por assim dizer, esforçando-se por respirar. Não me resta dúvida de que alguns leitores deste livro não têm meios de pagar todos os jantares que comeram ou os casacos e sapatos que estão depressa se gastando ou já se encontram gastos, e defrontam-se com esta página por conta de uma horinha emprestada ou roubada, passando para trás os credores.

Sim, é extremamente provocativo! Mas por isso mesmo maravilhoso! O livro é inteiro escrito nesse tom e nos obriga a repensar a vida de todas as formas, de finanças a alimentação.

Mais:

Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Tenha dois ou três afazeres e não cem ou mil; em vez de um milhão, conte meia dúzia… No meio desse mar agitado da vida civilizada há tantas nuvens, tempestades, areias movediças e mil e um itens a considerar, que o ser humano tem que se orientar – se ele não afundar e definitivamente acabar não fazendo sua parte – por uma técnica simples de previsão, além de ser um grande calculista para ter sucesso. Simplifique, simplifique.

Estou convencido, pela fé e pela experiência, de que se manter sobre a Terra não é uma provação, mas um passatempo – se vivermos de maneira simples e sábia.

Quem avança confiante na direção de seus sonhos e se empenha em viver a vida que imaginou para si encontra um sucesso inesperado em seu dia-a-dia.

Não basta uma informação de como ganhar a vida simplesmente com honestidade e honra, mas que tal ato seja atraente e glorioso, pois se ganhar a vida não for atraente e glorioso não é a vida que se ganha.

Somos vulgares, incultos e analfabetos; e, em relação a isso, confesso que não faço maiores distinções entre o analfabetismo de meus concidadãos que não aprenderam a ler e o que aprendeu a ler somente aquilo que se destinam às crianças e aos intelectos medíocres.

Uma coisa é ser capaz de pintar um quadro especial, ou esculpir uma estátua, produzindo assim objetos de beleza; mas é muito mais glorioso esculpir e pintar a própria atmosfera e a maneira pela qual vemos o mundo. Influir na qualidade do dia – esta é a mais elevada das artes.

Para quem quiser comprar, o link no Submarino. Para quem quiser ler uma tradução alternativa no computador, segue o link. O que não dá é para passar despercebido. Um grande clássico da literatura que, como todos os outros, tem a capacidade de mudar a nossa vida. Além de dar boas lições sobre organização através do desapego. Recomendo para sempre.