Ayurveda e Primavera

Eu muitas vezes sinto que as estações como são hoje são apenas uma abstração baseada em um modelo europeu que a gente aplica aqui mas não diz muito respeito ao que acontece nas diferentes regiões do Brasil. De qualquer maneira, oficialmente estamos na primavera, e eu faço algumas alterações na minha rotina de saúde para me adequar ao momento que estamos vivendo na natureza.

Como vocês sabem, eu uso o livro *essencial* Culinária Ayurvédica para o seu dia a dia (compre aqui). Ele é maravilhoso e me guia em tudo nesse assunto. Para ser lido e relido o tempo todo. Tem muitas orientações boas.

A primavera tem duas características: fresco e úmido. Aqui em SP, para mim, isso faz sentido, mas é importante que você adapte à sua região.

Refeições boas para todas as estações:

  • Creme de cereais (ex: mingau de aveia)
  • Pudim de chia
  • Kanji – ou “canja”
  • Frittatas
  • Sopas cremosas
  • Salada cozida no vapor
  • Dosa
  • Kichari
  • Arroz basmati
  • Patê de feijão
  • Sopas verdes detox
  • Chá matinal tranquilizante de limão
  • Lassi digestivo
  • Leite de nuts

Caso não conheça alguma dessas receitas, recomendo o livro ou procurar na Internet, que se encontra facilmente.

Especialmente na primavera:

  • Creme de cereais com amaranto ou centeio
  • Pudim de chia com suco de romã
  • Kanji de trigo-serraceno, cevada, centeio ou painço
  • Frittata com couve de bruxelas, aspargos, alcachofra, brócolis, rúcula e espinafre
  • Sopa cremosa com aspargos, aipo, folhas de mostarda, vagem e espinafre
  • Salada cozida no vapor com chicória, rúcula, brócolis, aspargo
  • Dosa de arroz basmati e feijão mungo amarelo
  • Kichari com rúcula, dente de leão, endívia, repolho, couve de bruxelas, brócolis, aspargos, brotos de feijão
  • Patê de feijão – lentilhas vermelhas
  • Sopa verde detox com brócolis, rúcula, repolho, couve de bruxelas, aipo
  • Lassi digestivo com cúrcuma, gengibre e coentro
  • Leite de sementes de cânhamo

Alimentos para priorizar na primavera:

  • Especiarias: gengibre, pimenta do reino, limão siciliano, cúrcuma, anis, mostarda
  • Grãos secos: cevada, centeio, milho, painço, trigo sarraceno
  • Frutas: maçã, pera, frutas vermelhas, cerejas desidratadas, uva passa, ameixa
  • Proteínas magras: feijão, lentilha, clara de ovo, carne branca (para não vegetarianos), grão de bico, tofu
  • Vegetais amargos: rúcula, couve de bruxelas, repolho, brócolis, folhas de dente de leão, aspargos, alcachofra, alho poró, espinafre, couve flor, endívia, rabanete
  • Mel in natura
  • Sucos: cranberry, romã
  • Leites: arroz, cânhamo, soja, sementes de uva, leite de cabra
  • Vinagres: balsâmico, arroz, maçã

Ideias de receitas para procurar:

  • Café da manhã: creme de cereais com frutas vermelhas, muffins com os alimentos recomendados (ex: ameixa), pho (uma sopa vietnamita com vegetais), húmus picante de feijão preto
  • Almoço: sambar (sopa de tomate do sul da Índia) servido com arroz, tacos de tofu com verduras, sopa de feijão branco com aspargos, dal picante
  • Jantar: tofu simples refogado, sopa de cenoura e gengibre com grão de bico torrado, sopa de couve-flor e alho-poró, croquetes de feijão-branco e alcachofra
  • Sobremesa: pudim de arroz doce com castanhas, creme de avelã, molho doce de frutas vermelhas
  • Bebidas: lassi de limão e gengibre, chá de gengibre e cravo da índia, refresco de laranja com gengibre, suco verde de limão, couve e gengibre

Eu absolutamente amo experimentar os sabores e ver o que gosto mais para manter na minha dieta e observar se me sinto melhor (e frequentemente sim). Novamente, recomendo fortemente o livro para quem tiver interesse nesse assunto. (compre aqui)

3 hábitos do Ayurveda que são essenciais na minha saúde

Esses são alguns aprendizados retirados do livro “Mude seus horários, mude sua vida” (Ed. Sextante). É um dos livros básicos que recomendo para esse trabalho que fazemos aqui com relação à organização da vida e construção de uma rotina tranquila.

O foco é colocar o seu corpo em um ciclo diário que leve em conta as suas necessidades de saúde, mas também seus relacionamentos e o ritmo de trabalho. Normalmente, coordenamos nossos horários pensando primeiro no trabalho, depois nos relacionamentos, e só por último em nosso próprio cuidado. A proposta aqui é inversa. Não se trata de “egoísmo”, mas de colocar o oxigênio primeiro em você para depois conseguir ajudar melhor as outras pessoas ao seu redor e fazer seu trabalho direito.

Hábito 1: me observar diariamente

No Ayurveda, não se trata de definir práticas e simplesmente ir fazendo. O grande lance do Ayurveda é a personalização diária, que depende da sua habilidade de prestar atenção diariamente ao que você precisa. Depois que você desenvolve esse hábito, toda a sua experiência de vida muda, porque você adapta alimentação, sono, descanso, exercícios, tudo, a como você se sente. É um hábito compassivo para com a sua saúde, em vez de trazer regras prontas. Se eu acordo me sentindo letárgica, isso vai orientar o exercício que vou fazer de manhã. Se estou com cólica, isso vai orientar como eu vou passar o restante do dia, me cuidando e mais quietinha, porque é normal.

Hábito 2: o sono é TUDO

Todas as noites, inclusive aos finais de semana, eu busco regularizar meu horário de ir dormir e de acordar. Não há qualquer problema em sair da rotina de vez em quando, mas você precisa ter uma rotina para poder sair dela, certo? Dormir cedo é importante para mim, para eu acordar bem. Mas, mais do que isso, é a quantidade de horas de sono, que varia enormemente se estamos no inverno ou no calor. Se o sono desanda, todo o resto desanda também. Por isso, meu sono é absolutamente sagrado e o ponto de maior foco a qualquer momento da minha vida. Esse hábito é um hábito que aprendi com o Ayurveda e que se tornou inegociável para mim.

Hábito 3: almoço como a refeição principal do dia

No Ayurveda, a orientação é a de que o corpo está no seu auge (durante o dia) em termos de metabolismo no horário em que o sol também está no seu auge, que é nesse horário do almoço, entre 11h e 14h. Portanto, fazer a principal refeição do dia nesse horário faz muito sentido, justamente porque você ainda tem toda a parte da tarde para fazer a digestão e por aí vai. Bem. O grande lance aqui, sinceramente, é garantir que você está se alimentando direitinho pelo menos uma vez ao dia, com os nutrientes que precisa, e tentar, sempre que possível, fazer refeições mais leves de noite. Eu costumava antes ter o jantar como a principal refeição do dia. Essa inversão tem feito muita diferença para mim e de fato me sinto melhor. Quando meu almoço não é tão bom, eu sinto bastante essa mudança no meu corpo.

Ter uma rotina é importante para algumas pessoas, especialmente no que diz respeito a esses horários, com relação ao ritmo do corpo. Se eu não tiver uma rotina, isso não me faz bem. Por eu me conhecer, faço o que é melhor para a minha saúde. O importante é cada um se conhecer.

Se quiser iniciar essa auto-observação, recomendo a leitura do Dr. Suhas, citado no início do post, pesquisar sobre cronobiologia, ritmos circadianos, e os livros clássicos do Ayurveda – recomendo em especial os capítulos sobre dinacharya e rotina sazonal do Astanga Hrydayam. Você também pode ler “24/7: Capitalismo e os Fins Tardios do Sono”, de Jonathan Crary, e “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han. E, claro, consultar médicos, fazer seu check-up anual, verificar se as vitaminas estão em dia, a qualidade do sono, a saúde mental, a alimentação, enfim… um trabalho de uma vida, e é. Mas você precisa começar. É uma responsabilidade unicamente sua.

Ayurveda e alimentação para o meu equilíbrio feminino

Vamos falar um pouco sobre Ayurveda? O Ayurveda, um sistema de saúde holístico originário da Índia, oferece uma perspectiva rica e profunda sobre o bem-estar, enfatizando a importância da nutrição consciente para harmonizar corpo e mente, especialmente para nós mulheres, em todas as fases da nossa vida. Como esta semana estamos falando sobre saúde específica da mulher nos diferentes canais do Vida Organizada, achei que este tema seria bem importante para o blog hoje.

Doshas

Doshas representam desequilíbrios. Todos os corpos são compostos por muitos elementos e, esses elementos, quando combinados com a nossa rotina, com a o clima, com a fase do dia e da vida, sofrem tais desequilíbrios. Por isso a observação diária é tão importante, porque só assim a gente vai conseguir compreender o que precisa fazer para atender as necessidades do nosso corpo.

Conhecendo as características dos doshas, você pode tentar fazer uma avaliação do desequilíbrio que seu corpo pode estar sofrendo mais e buscar soluções para ele. Na dúvida, vale a pena consultar um terapeuta ayurvédico.

Vata (espaço e ar) é o dosha mais instável, por assim dizer, ou mais volátil. De modo geral, é o primeiro desequilíbrio que surge com qualquer mudança na rotina e, portanto, o que deve ser primeiramente tratado, digamos assim. Se estiver em desequilíbrio, prefira alimentos quentes, úmidos e nutritivos. Grãos cozidos, sopas e chás quentes são ideais.

Os outros dois desequilíbrios são Pitta (fogo e água) e Kapha (água e terra). Para Pitta, opte por alimentos frescos, moderadamente pesados e menos picantes. Frutas, vegetais e grãos como trigo e arroz são recomendados. Para Kapha, prefira alimentos leves, secos e quentes ajudam a equilibrar Kapha. Pense em vegetais assados, legumes e especiarias estimulantes.

Esse assunto é muito complexo e tem n variáveis. Não é meu objetivo esgotar este assunto aqui e recomendo fortemente um estudo mais aprofundado para quem quiser saber mais. Acima estão apenas sugestões gerais.

Integrando o Ayurveda no cotidiano

Integrar os princípios do Ayurveda no cotidiano não requer mudanças drásticas, mas ajustes conscientes que podem promover um equilíbrio duradouro entre corpo e mente. Aqui estão algumas formas detalhadas de como incorporar esses princípios através de bebidas matinais, uso de especiarias e atenção plena ao corpo.

Bebidas Matinais

O ritual da manhã no Ayurveda serve como um momento de purificação e preparação para o dia que se inicia. A escolha da bebida pode ser ajustada conforme o seu dosha dominante:

  • Para Vata: Prefira bebidas que aqueçam e hidratem, como chá de gengibre ou água morna com um toque de mel. Isso ajuda a acalmar o sistema nervoso e promove a hidratação, vital para equilibrar o seco dosha Vata.
  • Para Pitta: Bebidas frescas ou à temperatura ambiente são ideais. Experimente água com algumas folhas de hortelã ou um chá de erva-doce para refrescar e acalmar o Pitta, evitando agravar o calor interno.
  • Para Kapha: Estimule seu metabolismo com uma bebida quente e picante, como chá de gengibre com limão ou uma pitada de caiena. Isso ajuda a despertar o corpo lentamente e incentiva a eliminação de toxinas.

Uso de Especiarias

As especiarias são consideradas pequenos tesouros no Ayurveda, cada uma com suas propriedades curativas que podem equilibrar os doshas:

  • Cúrcuma: Um poderoso anti-inflamatório que beneficia todos os doshas. Ela purifica o sangue, ajuda na digestão e tem propriedades antioxidantes. Inclua uma pitada em sopas, arroz ou chás.
  • Gengibre: Um estimulante natural, especialmente bom para Vata e Kapha, que aquece o corpo e ajuda na digestão. Use fresco em chás ou cozidos para adicionar sabor e benefícios à saúde.
  • Cominho: Excelente para todos os doshas, o cominho ajuda na digestão, na absorção de nutrientes e na eliminação de toxinas. Use em legumes refogados, dal (lentilhas) ou como tempero para pratos de grãos.

Observe-se

A consciência corporal é um pilar no Ayurveda. Observar como diferentes alimentos e práticas afetam seu bem-estar é crucial:

  • Registre suas observações: Mantenha um diário alimentar e de bem-estar para notar como você se sente após consumir certos alimentos ou bebidas. Isso pode ajudá-lo a identificar padrões e ajustar sua dieta para melhor atender às suas necessidades.
  • Ajuste conforme necessário: Se você perceber que certos alimentos exacerbam desequilíbrios em seu dosha, faça ajustes. Por exemplo, se alimentos frios e crus deixam você desconfortável, mude para alimentos cozidos e aquecidos.
  • Sintonize-se com as estações: O Ayurveda também enfatiza a importância da sazonalidade na dieta. Coma alimentos que estejam naturalmente disponíveis em cada estação, pois eles fornecerão o equilíbrio necessário para o corpo durante aquele período do ano.

Integrar o Ayurveda na sua rotina diária através destas práticas pode ajudar a promover uma saúde ótima, aumentar a energia e o equilíbrio emocional. Começar o dia com intenção e atenção plena em suas escolhas alimentares e de estilo de vida pode transformar profundamente seu bem-estar.

Receitinhas Básicas

Sopa de Lentilha para Equilibrar Vata: Lentilhas cozidas com cominho, gengibre e cúrcuma podem nutrir e aquecer o corpo, trazendo conforto e estabilidade.

Salada Refrescante para Pitta: Combine folhas verdes, pepino e abacate com um molho de iogurte e hortelã para um prato refrescante que acalma Pitta.

Kitchari para Equilibrar Kapha: Um prato leve feito com arroz basmati, lentilhas mungo e uma mistura de especiarias estimulantes para ativar a digestão e equilibrar Kapha.

Adotar a nutrição consciente do Ayurveda tem sido uma jornada incrível de autoconhecimento e bem-estar para mim. Espero que essas dicas e receitas inspirem você a explorar como os princípios do Ayurveda podem apoiar seu bem-estar feminino, nutrindo não apenas o corpo, mas também a alma.

Raspagem da língua

Hoje eu quero compartilhar com vocês uma prática diária que eu não vivo mais sem, que é a prática de raspagem da língua, que aprendi de acordo com as orientações do Ayurveda.

Bem, qual o propósito? Nosso corpo expele toxinas, especialmente quando estamos dormindo. Pela manhã, logo ao acordar, vamos ao banheiro fazer as nossas necessidades fisiológicas recorrentes e também a higiene, com práticas de autocuidado. De acordo com o Ayurveda, as toxinas que não foram absorvidas pelo organismo de noite acabam sendo expelidas de várias maneiras (suor, por exemplo), e uma delas é na língua.

Sabe a famosa “saburra”? Aquela gosminha branca que fica na língua? Segundo o Ayurveda, é sinal de toxinas. Se você não tira da boca, através da raspagem, na primeira oportunidade vai beber água, comer alguma coisa, e colocar todas essas toxinas de volta para dentro. Logo, a recomendação é raspar a língua ao acordar. Não apenas o Ayurveda recomenda isso, como vários dentistas.

Existe um raspador de língua mesmo, de metal, que pode ser usado. Você encontra em lojas diversas pela Internet e no Mercado Livre, por exemplo. Os mais usados são os de cobre e de aço inoxidável. O de plástico não é recomendado, porque na real não raspa nada! rs Mas, se você não quiser comprar um raspador, você pode usar uma colher para essa finalidade.

O meu é de cobre e fica dentro de uma capinha, no meu banheiro, em uma cesta que uso todos os dias com outros “apetrechos” para fazer a minha higiene matinal (que já compartilhei em outro post). Basicamente, ao acordar, faço alguns exercícios respiratórios e um breve alongamento antes de levantar da cama, aí vou para o banheiro e a primeira coisa que faço lá é raspar a língua. Trata-se de um hábito que eu já incorporei e não vivo mais sem.

Quando você começar a raspar, vai perceber que tem bastante gosminha, mas com o tempo sua língua vai ficando mais limpa e saudável.

Como eu fiz uma cirurgia no estômago há alguns anos, a saúde estomacal sempre foi um fator importante para mim. Eu senti sim bastante diferença desde quando comecei a fazer a raspagem da língua, mas é claro que eu recomendo que cada um teste por si e veja.

Quando for raspar, não é pra raspar forte a ponto de machucar a língua, mas sim tirar as toxinas. Eu raspo de três a cinco vezes e já foi suficiente (sempre lavando o raspador entre uma raspagem e outra pra tirar os resíduos).

Alguns benefícios que são elencados sobre a raspagem da língua:

  • Não engolir de volta as toxinas (para mim, esse é o principal!);
  • Melhorar o hálito;
  • Melhorar a digestão;
  • Saúde bucal (dentes, gengivas);
  • Massagem do órgão língua e dos outros órgãos internos, pela conexão que é feita entre eles através da língua;
  • Melhorar as funções imunológicas do nosso sistema;
  • Entre outros.

Depois de raspar a língua, faço bochecho com óleo de gergelim para lubrificar a boca e proteger as gengivas e dentes e, depois, escovo os dentes normalmente.

Você já conhece essa prática? Se tiver alguma experiência e quiser compartilhar, por favor, deixe um comentário. 😉 Me conta também se você gosta de ver minha experiência com as práticas do Ayurveda aqui. Obrigada!

Hábito: pranayamas e exercícios respiratórios

Este mês estamos falando sobre bons hábitos para ter uma rotina tranquila, que resultam em uma Vida Organizada. Fiz diversas pesquisas aqui no blog, no YouTube e no Instagram para recolher sugestões de temas que sejam urgentes a vocês, e com esse compilado eu vou conseguir criar um montão de conteúdos que considero bacanas para ajudar a galera nesse momento. Então muito obrigada pela sua participação. <3

Hoje eu quero falar sobre um hábito que acredito ser importante para você, pessoa que sofre com sinusite, rinite, ansiedade e outras questões respiratórias. Vale lembrar que eu não sou médica e o teor deste texto é apenas trazer a minha experiência pessoal, orientada por profissionais para o meu caso específico. Consulte sempre um profissional!

Vamos lá: eu nunca fui uma pessoa que tinha problemas respiratórios até fazer uma cirurgia complexa em 2017 que mexeu com meu metabolismo inteiro e de repente eu me tornei uma pessoa que sofre com sinusite. E, convenhamos: morando em São Paulo, era até estranho não desenvolver algo do tipo.

Naquele momento, nasceu essa motivação para buscar maneiras de ficar bem. Tomei remédios, mas nunca fui fã de ficar tomando comprimido assim. A coisa toda só se resolveu quando eu aliei duas coisas: alimentação focada no antiinflamatório e exercícios respiratórios.

Respirar ar puro também é essencial e, por isso, pelo menos uma vez por ano gosto de viajar para um lugar alto e montanhoso para respirar ar puro e fazer um detox da poluição. Moro em um bairro arborizado, e frequentar parques e praças sempre fez parte da minha rotina. É óbvio que, com a pandemia, ambas as coisas estão suspensas (e me fazem muita falta).

O que eu tenho feito então é intensificar a rotina de cuidados “com o nariz”, que na verdade tem a ver com o pulmão e o ritmo de respiração do corpo. Eis um resumo:

  • Acordar cedo e respirar o ar de início do dia pela janela;
  • Fazer pranayamas na cama mesmo, antes de levantar (explico abaixo);
  • Usar um dispositivo curioso chamado lota, nos dias em que me sinto “congestionada” (explico abaixo);
  • Fazer uma prática ayurvédica chamada nasya, de lubrificação das narinas (explico abaixo);
  • Praticar yoga, especialmente asanas (posturas) que “abrem o peito”;

Pranayamas

O vídeo abaixo da Fernanda Lima (rs) mostra exatamente o exercício que eu faço quando acordo. Faço ao longo do dia se sentir necessidade também.

Lota

Não uso todos os dias, mas quando me sinto congestionada, uso pela manhã. Veja o vídeo abaixo (ou clique aqui). Comprei o meu no Mercado Livre.

Nasya

Trata-se de lubrificar as narinas com óleo e os dedos, pela manhã. É bem simples de fazer e faço diariamente. Veja o vídeo do Tiago abaixo ou clicando aqui, explicando o que é.

Não consigo dizer que minha sinusite está “curada”, mas praticamente não sinto mais os efeitos, e sofria muito com isso. Certamente foi um hábito saudável importante que incorporei.

Dicas de organização para sobreviver a Mercúrio Retrógrado

Não é todo mundo que acredita mas, se for o seu caso, de 18/6 a 12/7 estaremos com Mercúrio Retrógrado. Se tem uma coisa que eu acredito na astrologia é nesse bendito. Logo, seguem algumas dicas de organização que podem ajudar nesse período e em todos os outros, MAS ESPECIALMENTE NESTE.

  • Mercúrio rege as comunicação, então cheque dupla, triplamente qualquer mensagem que escrever e enviar. Veja se você foi claro/a o suficiente. Evite mal-entendidos.
  • Eletrodomésticos e eletrônicos acabam “sentindo” também, então cuidado redobrado com tomadas, voltagens etc.
  • Cuidado com o que fala.
  • Evite assinar contratos nesse período e, se realmente for necessário, preste muito mais atenção que prestaria normalmente.
  • Nada de agendar um compromisso em cima do outro. Deixe respiros entre as reuniões.
  • Não leve as coisas para o lado pessoal.
  • Preste atenção em encomendas e pedidos. Podem se perder.
  • Faça backup de informações sempre que possível.
  • Tome cuidado adicional com as suas senhas.
  • Aproveite para finalizar coisas pendentes que talvez você estivesse procrastinando.

Boa sorte! 😉

Reorganização da minha rotina – Inverno 2020

Uma das coisas que eu gosto de fazer quando muda a estação é readaptar a minha rotina a um novo dia a dia. Desde que iniciei meus estudos no Ayurveda, eu percebi a importância de entender o meu corpo e analisar como ele está alinhado (ou desalinhado) com a natureza. No Ayurveda a gente aprende sobre os doshas, cujo entendimento vai muito além do que já expliquei em um post anterior mas, de certa maneira, esse pouco conhecimento que eu tenho já me ajuda a entender o que faz bem ou mal para mim. (Para quem tem curiosidade e conhece um pouco do assunto, meu biotipo é vata-pitta).

Apesar de eu gostar do clima frio, aprendi que, para o meu biotipo, ele afeta enormemente, podendo gerar desequilíbrios intensos. A chegada do inverno, então, requer bastante atenção. Desequilíbrio de vata, que todos podem ter, mas ainda mais quem tem esse dosha dominante, leva a vários problemas, inclusive crises de ansiedade. Por isso, é muito importante prestar atenção nessa rotina de autocuidado que envolve uma série de coisas, que quero descrever neste post.

O quão feliz fico por poder me envolver em um sistema de saúde e autocura que permita que eu me perceba e ajude também a minha família, amigos e pessoas próximas. <3

“Ser ou não ser não é exatamente a questão. A questão é: que tipo de FAZER está mais alinhado com esse meu SER?” – David Allen

O primeiro aspecto é sempre o sono. Minha nossa, como ele está desequilibrado nessa quarentena. Estou há mais de 100 dias em casa e até agora não consegui chegar em um formato ideal, mesmo focando nisso diariamente. Tem dias que durmo cedo bem e acordo disposta no dia seguinte, enquanto tenho dias em que não consigo pegar no sono cedo e isso se arrasta para o outro dia, quando acordo mais tarde. Muitas vezes, quando vou para a cama cedo, mesmo estando com sono, eu pego no sono e acordo um pouco depois sem sono algum, agitada. Ou, se passo muito do horário de ir para a cama, aí parece que um farol se acende na minha cabeça e eu só consigo dormir bem, bem depois. Então essa bagunça de horários influencia demais no meu bem-estar. Porque, de modo geral, antes da quarentena etc etc, me fazia bem dormir cedo e acordar muito cedo, mas agora as coisas mudaram e eu me sinto melhor dormindo mais tarde e acordando mais tarde. Só que isso influencia no meu dia como um todo, porque muitos aspectos da minha rotina eram direcionados pelo período do dia – coisas que eu prefiro fazer pela manhã etc. O meu “normal” é sempre fazer minhas coisas com concentração antes de o mundo lembrar que eu existo, então ainda não me acostumei com essa nova realidade. É tempo de adaptar!

Ao mesmo tempo, já venho tomando algumas providências, como ter um momento de “check-in” diário. Isso me ajuda enormemente pois, assim que acordo, eu já vejo se tem algo mais urgente e dou um encaminhamento, nem que seja para avisar a pessoa que vou demorar um pouco para responder. Isso me permite levantar, fazer a minha rotina de autocuidado, me organizar, começar o dia com mais calma.

Além disso, o filhote está tendo aulas de manhã (virtuais, claro), então meu marido e eu nos alternamos com os cuidados com o café-da-manhã, lanchinhos, resolução de problemas na conexão, preparo de almoço e todas essas atividades relacionadas a ele.

O que quero dizer então é que, no inverno, quero focar ainda mais em ter uma boa noite de sono, e talvez aceitar o meu novo horário como normal (dormir e acordar mais tarde) para ver como me sinto no dia a dia, sempre respeitando a quantidade de horas apropriada de sono, que no frio é maior. No calor, se eu dormir entre 6h30 e 7h30 eu fico bem, mas no frio eu preciso dormir mais, coisa de 9h a 10h (sinceramente, mas vou testar no novo horário).

Bom, vamos para o segundo ponto, que ainda tem relação ao primeiro, que é: me manter aquecida. Usar roupas quentinhas e confortáveis, roupa de cama quente, toucas, pashminas e cachecóis ao longo do dia, meias, não tomar banho de noite (se possível e, se tomar, nunca lavar o cabelo), não andar descalsa, não beber líquidos gelados, evitar alimentos crus, beber água em temperatura ambiente durante o dia e chá à noite, cozinhar os vegetais, fazer escalda pés, auto-massagem com óleos quentes (gergelim), e por aí vai. Tudo isso são coisas que eu não fazia antes e que fui acrescentando à minha vida à medida que fui me conhecendo e aprendendo sobre as boas práticas do que me faz bem.

Eu também tenho encarado o inverno como uma época de introspecção. De olhar para dentro, ler livros de auto-conhecimento, escrever no meu diário, intensificar minhas meditações, praticar yoga ao longo do dia para uma percepção melhor (e aquecimento) do meu corpo, contemplar o crepúsculo, ficar em silêncio, tocar violão, ouvir música, ler, assistir filmes, entoar mantras. Não apenas pelo momento que o mundo está vivendo, mas em respeito ao meu corpo e mente mesmo. Tem sido bom alinhar dessa maneira.

Minha rotina de trabalho então tem se adequado a tudo isso, e estou nesse processo de adequação exatamente. Como levanto mais tarde, não posso fazer blocos grandes de deep work pela manhã – preciso “me abrir” para o mundo mais cedo, respondendo e-mails e conversas. Mas consigo fazer um deep work logo no início da noite, sem levar o trabalho a tanto tempo adiante. Mas realmente ainda estou me adaptando. De modo geral, procurando trabalhar menos horas e focando em atividades mais importantes. Vivendo o momento, porque tenho projetos que me demandam mais em algum momento e menos em outros. O Bullet Journal tem me ajudado bastante no dia a dia, para esse registro, e o sistema organizado dentro do método GTD me ajuda a ter controle das informações que preciso consultar nos momentos apropriados, assim como ter reflexões significativas sobre a minha vida.

Para ser bem sincera, é óbvio e claro que não está fácil para ninguém nesse momento, mas tenho a consciência de que é temporário, que vai passar, vamos superar, e ter essa perspectiva me ajuda a viver todos os dias também, mesmo os mais difíceis.

É aquilo: o que constrói uma boa vida são os bons hábitos. O foco sempre deve estar neles.

“Thais, sua família segue a sua dieta?”

Existem algumas perguntas que eu recebo com muita frequência, então, sempre que eu identificar alguma assim, vou criar um post com a resposta, pois pode ser a dúvida de outras pessoas também e me ajuda a dar a referência em caso de a pergunta aparecer novamente.

Resposta rápida: não, não segue. A explicação vem abaixo.

Ayurveda é a ciência da vida indiana. Uma abordagem indiana da medicina. Nós estamos inseridos na medicina ocidental, o que inclui também o papel de nutrólogos e nutricionistas. Não tenho a pretensão sequer de dizer que quero saber mais do que eles. Mas eu preciso dizer que sigo uma abordagem diferente para a alimentação, que é um conceito de saúde integrada. Ou seja, não é exatamente uma dieta que eu sigo, ou uma comida com mais ou menos calorias que deixo de comer. É uma abordagem com perspectiva na longevidade. E um entendimento de que saúde envolve um mix de coisas.

Dentro do Ayurveda, o tratamento da saúde não tem como não ser individual. Logo, mesmo que meu marido e nosso filho seguissem a mesma linha, nossa alimentação teria variações, pois cada pessoa tem necessidades diferentes que são resolvidas com a alimentação. Cada pessoa tem um biotipo e a alimentação deve ser guiada em benefício individual. Claro que existem recomendações gerais, e é o que seguimos.

Além do fator Ayurveda, tem a questão de eu ser vegana. Meu marido é simpático à causa, é ovolactovegetariano a maior parte do tempo (come carne tipo uma vez por mês), mas nosso filho come carne (compramos só orgânicos). Já expliquei em outro post como costumo organizar a nossa alimentação atualmente mas, de modo geral, eles aproveitam a maior parte do que eu cozinho para mim, e apenas complementam com outras coisas, ou meu marido prepara uma refeição diferente. Por exemplo, se eu preparar arroz, ou uma massa, ou legumes no forno – eles comem isso normalmente, e apenas complementamos com outros alimentos, a gosto. Vale dizer que sempre foi meu marido que cozinhou em casa e eu passei a preparar minhas refeições quando me tornei vegana.

Eu estou em um momento de transição na minha saúde com várias questões. Faz três anos que fiz a cirurgia de redução do estômago, e só agora meu corpo estabilizou. Foi o que me deu a liberdade de me tornar vegetariana há um ano, e a integrar as práticas de Ayurveda para o resto da vida. No momento, tenho uma terapeuta de Ayurveda que está me orientando e estamos no meio de vários processos por aqui, especialmente hormonais, e a alimentação complementa muito. Sim, ainda pretendo falar mais sobre isso em outros posts. 😉

Então não, a minha família não segue a minha dieta, pois o que cada um deve comer deve atender suas necessidades individuais, gostos, necessidades de saúde, projetos pessoais, princípios, enfim, uma série de questões.

Não posso deixar de expressar minha preocupação em receber esse tipo de pergunta porque geralmente não vejo a mesma sendo colocada em perfis de homens que trabalham com produtividade, então fica meu convite a perguntar para eles também como é a alimentação da família. Isso não é responsabilidade apenas da mulher. Dentro do meu papel aqui, vejo-me obrigada a comentar a questão do gênero, pois ela é um pilar fundamental quando a gente fala de sobrecarga principalmente nas atividades domésticas. Por que perguntar esse tipo de coisa apenas às mulheres? Fica o questionamento.

Como eu estudo Ayurveda

Desde que comecei a estudar Ayurveda de maneira mais “oficial”, sempre recebo comentários de vocês nas diversas redes sociais perguntando que curso estou fazendo e como estou estudando, então o post de hoje é para esclarecer essas dúvidas.

Meu interesse com o Ayurveda nasceu há pouco mais de um ano, quando li o livro “Mude de horário, mude de vida”, que foi publicado recentemente no Brasil com o título “Mude seus horários, mude sua vida”, pela Ed. Sextante.

A partir dali, fui me interessando pelo assunto e acompanhando vários profissionais que são especialistas nesse assunto pela Internet: Mateus do Vida Veda, a Laura Pires, a Márcia de Lucca, o Erick do Naradeva Shala, entre outros.

Comecei também a ler livros e ir montando uma biblioteca relacionada, que até mostrei aqui, em um vídeo e post sobre o assunto. De modo geral, estou sempre lendo algum livro sobre Ayurveda e vou fazendo minhas anotações de aprendizados no commonplace book e juntando referências no Evernote.

Em fevereiro, eu me matriculei em um curso de formação pela Escola de Ayurveda. Conversei com muitas pessoas, pesquisei e pensei demais antes de me decidir por eles. É um curso de três anos, com muito material e estudo e aulas um final de semana por mês. Infelizmente, o curso começava em abril e, com a pandemia, está suspenso. Mas ainda quero fazer, pois meu objetivo é me especializar em dinacharya, a rotina diária do Ayurveda (que tem a ver com o que eu já faço hoje).

Agora, eu cheguei no ponto mais importante deste post, que eu queria compartilhar. Após ter entrado no curso e depois de ter lido tantos livros, eu cheguei em um modelo de estudo que, para mim, parece o mais significativo para o Ayurveda, dentro das condições que tenho hoje (não estou fazendo faculdade de medicina na Índia, por exemplo), que é o estudo dos samhitas. Os samhitas são os livros clássicos do Ayurveda. Eles são verdadeiros tratados. Eu os recebi como parte do material do curso de formação (não achei para comprar) e venho estudando por eles desde então.

Todos os dias, basicamente, eu estudo um pouco. Faço sempre revisões quando estou com meu commonplace book por perto. Estudo, leio, vejo vídeos. Como costumo dizer, o que direciona a forma de estudar é a definição do propósito. No meu caso, estou me formando como terapeuta ayurvédica. Esse curso, que tem três anos, é o primeiro de uma formação extensa que ainda pretendo fazer, talvez até em alguns cursos na Índia futuramente (não sei o que vai ser do mundo depois dessa pandemia, se vou querer fazer viagens longas novamente etc).

Com base nesse propósito, quero me aprofundar com cursos e estudando os samhitas. Mas se eu quisesse apenas incorporar na minha vida, eu estudaria por livros, faria consultas com uma terapeuta ayurvédica, estudando questões pontuais que ela me passasse, veria vídeos ou faria um curso online. Então depende muito do seu propósito mesmo estudando esse assunto.

O lance da água morna com limão todo dia de manhã

Alguns anos atrás eu publiquei aqui no blog um texto sobre o hábito de tomar água morna com limão pela manhã e até hoje eu recebo comentários lá, pois acredito que as pessoas cheguem através de buscas no Google sobre esse assunto. Agora que estou estudando mais Ayurveda e me aprofundando, achei que seria importante escrever novamente sobre esse assunto até mesmo para atualizar aquele material.

É muito importante começar dizendo que o que importa sobre o Ayurveda é você se observar, se conhecer e trazer soluções personalizadas para a sua vida, que impactarão a sua saúde em um nível mais abrangente. Não é por que é indicado tomar água morna com limão durante algum tempo, ou alguma vez, que você deve fazer isso pelo resto da sua vida. Esse vídeo do Matheus com a Laura no canal do Vida Veda no YouTube traz uma explicação rápida e clara sobre essa prática.

https://www.youtube.com/watch?v=5iW1-4YSpMU

Eu quis fazer este post porque, hoje, acordei e tomei água morna com meio limão e uma lasquinha de gengibre. Tenho tomado TODOS OS DIAS? Não. Por que tomei HOJE? Porque hoje acordei com o estômago meio esquisito. Ontem comi algo que não me fez muito bem, dormi um pouco enjoada, e hoje de manhã achei que eu precisava cuidar melhor do meu agni (fogo digestivo), além de estar com a sinusite “atacada” porque entrou uma frente fria em São Paulo. Logo, beber água morna de manhã em jejum, com meio limão e um pouco de gengibre, faria bem para o meu estômago e também fortaleceria a imunidade no dia de hoje para mim. Também ajuda a eliminar toxinas.

Como sou dosha vata, colocar um pouco de sal torna a bebida salgada e ameniza os efeitos desse dosha também, que sempre ficam agravados em épocas mais frias. (Doshas são biotipos. Leia mais sobre esse assunto aqui.)

Beber todos os dias nem faz bem! Acaba com o esmalte dos dentes, pode irritar o estômago e dar azia, em vez de ajudar! Por isso é muito importante que você se conheça e que conte com bons profissionais da área da saúde para te orientar caso a caso. Não saia implementando mudanças na sua alimentação sem consultar especialistas, tá bem?

Eu faço acompanhamento profissional. Tenho meu médico gastro, que me acompanha há anos, nutricionista e terapeuta ayurvédica. Além de estudar em um curso de formação de Ayurveda e me aprofundar muito. Mesmo assim, mesmo com esse estudo, eu sigo recomendações médicas porque tenho a humildade de entender que eles sabem infinitamente mais do que eu. Mas quem está aqui no dia a dia comigo sou eu mesma. Logo, preciso me observar e me conhecer, entender os sinais que o corpo me manda e respeitá-los.

Não apenas a água morna com limão, mas tudo aquilo que você ler como boa recomendação na Internet deve ser visto e enquadrado na sua situação personalizada particular. Essa é a melhor maneira (a meu ver) de cuidar da saúde, pois deixa a gente mais próximo da gente mesmo – uma conexão natural que pode ter se perdido com o passar dos anos.

O que eu costumo comer no café-da-manhã sendo vegana

Muitos leitores me perguntam o que eu costumo comer no café-da-manhã sendo vegana.

Depende muito do dia e da época do ano. Não costumo me alimentar logo que acordo, pois uma das coisas mais importantes no Ayurveda (que eu sigo) é respeitar seu corpo e comer apenas quando sente fome. Então geralmente acordo, faço várias coisinhas (já comentei aqui sobre a minha rotina), o que inclui yoga, por exemplo, que é um exercício físico que acaba estimulando a minha fome. Aí me sinto pronta para comer. 🙂

Toda semana eu preparo algum tipo de “pastinha” que eu uso em várias refeições. Geralmente é hommus de grão de bico, mas às vezes faço com feijão também. Costumo fazer em uma quantidade legal que dure a semana inteira, aí geralmente passo uma quantidade generosa no pão e como. Esse é um café-da-manhã bastante proteico e substancioso para mim. O pão que costumo comprar é o integral de 12 grãos da Pullman.

Em dias mais frios, eu costumo fazer alguma refeição quente (que sempre prefiro). Adoro cozinhar frutas com alguma especiaria, como banana com canela ou maçã com ghee (vegetal, obviamente). Pêssegos e peras também são ótimos. Eu costumo consumir as frutas da estação.

Outro tipo de comida que eu gosto quando está frio são mingaus, sopas e “canjinhas”. Pode ser um mingau de cereais (aveia, painço etc). A sopa é basicamente como se fosse um chá, mas salgado. 🙂 Coloco gengibre, cúrcuma, um pouco de arroz ou macarrão de lamen, tofu, algum vegetal (acelga, repolho, couve). O kanji é uma canja sem o frango, apenas com arroz (geralmente uso o basmati, pelo aroma), cúrcuma e gengibre. Às vezes coloco uma cenoura também.

Outra receita é o tofu mexido, mas em tempos de quarentena eu economizo o tofu para fazer meu lamen rsrs

Quando não estou com taaanta fome ou não estou a fim de cozinhar, eu como uma fruta simplesmente, tipo uma banana. É o suficiente.

Costumo fazer sucos, o que também depende da minha vontade no dia. Tem dias que bato no liquidificador e faço laranja com beterraba ou suco verde com couve, mas tem dias que faço um simples suco de laranja ou limão. Ou apenas bebo um chá.

É claro que tenho dias mais preguiçosos e nostálgicos em que eu como um pão na chapa com azeite (e um pouco de salsinha), mas de modo geral eu prefiro comer algo que tenha mais nutrientes para aproveitar bem cada refeição.

Apesar de existirem substitutos para leite, manteiga, queijo etc, depois que eu me tornei vegana eu raramente comi essas coisas na versão vegetariana. De modo geral, aproveitei a oportunidade para ser mais criativa nas minhas refeições e me alimentar melhor e de forma mais saudável. O Ayurveda também ajudou nessa parte.

Meus livros de Ayurveda

Queridos, esta semana estou 100% dedicada ao curso que está acontecendo online de 20 a 27 de abril lá no meu YouTube. Espero que estejam gostando.

Outro dia publiquei um vídeo comentando sobre todos os meus livros de Ayurveda, os que li, ainda não li, o que recomendo e dicas para começar a estudar a respeito. Percebi que não tinha entrado em formato de post aqui.

Não gosto de fazer um post para anunciar um vídeo mas, neste caso, é um conteúdo que vocês me pediam há bastante tempo, então aqui está:

Espero que gostem. <3

Obrigada!

Alimentação e estilo de vida ayurvédico no outono

No final do ano passado eu me apaixonei e trouxe para casa um livro chamado “Culinária Ayurvédica para o seu dia a dia”, da Kate O’Donnell, e desde então ele tem sido o meu guia diário para preparar refeições e me alimentar de acordo com essa linha da medicina oriental. (leia mais sobre ayurveda aqui)

Nesse livro, a autora explica sobre a culinária do ponto de vista da ayurveda (medicina indiana) e traz receitas alinhadas com o ritmo de cada uma das estações. Eu já adoro essa questão das estações porque acredito que nós, como seres humanos, ficamos melhores quando nos conectamos com a natureza. O livro é incrível e recomendo fortemente para quem tem esse mesmo tipo de raciocínio. Ele é totalmente prático e traz receitas e boas práticas em termos de estilo de vida para cada estação.

Muita coisa mudou desde o último post relacionado que eu fiz, sobre a alimentação de verão. Li diversos outros livros sobre o assunto, pesquisei e estudei muito, e hoje considero que já sei um pouco mais do que sabia quando escrevi o texto anterior.

Também estamos em um momento de pandemia do COVID19 no mundo e, por mais que algumas regiões no Brasil não tenham uma temperatura menor, de modo geral muitas pessoas começam a ficar expostas a maiores problemas, especialmente respiratórios, nessa época que está chegando, além da preocupação adicional com o vírus. O que quero dizer é que é hora de cuidarmos da nossa alimentação e da nossa imunidade, e todo o propósito desse trabalho com o ayurveda é justamente esse. Não se trata de uma “brincadeira” de comidas e ingredientes, mas de entender o que faz sentido em cada estação, associado ao que cada corpo humano precisa, e fazer a melhor e mais saudável possível alimentação para todos nós.

O que eu aprendi desde o último post que escrevi sobre o assunto é que cada pessoa deve entender como “funciona” o clima da sua região e se alimentar com os ingredientes produzidos na terra, naturais de onde mora. Você até pode comer alimentos de fora, mas não precisa. Sabe? O Brasil é riquíssimo em ingredientes e produção natural de alimentos – precisamos encorajar isso.

Uma outra pergunta muito comum que surgiu no outro post (e eu nem sabia como responder direito ainda) é se a alimentação deve ser “alinhada com o dosha dominante de cada um”. E uma coisa que aprendi de lá pra cá é que a alimentação ayurvédica deve estar alinhada com as estações, com seu dosha dominante sim, e composta pelos seis sabores principais, que são: salgado, doce, azedo, adstringente, picante e amargo. Quando algum dosha estiver em desquilíbrio, você deve ajustar a sua alimentação para pacificar esse dosha. (se não estiver entendendo nada sobre esse papo de doshas, leia outro post em que falei sobre o assunto)

Logo, autoconhecimento é tudo, e fórmulas prontas não servem de nada, a não ser inspiração para modelos de raciocínio. Se você pegar um modelo e aplicá-lo sem personalizar para a sua realidade, não pode criticar o raciocínio por trás do modelo, pois na verdade você não o aplicou. Isso vale para outras coisas além da alimentação também.

Observando o que acontece na sua região e entendendo como seu corpo reage, você pode tomar decisões com relação ao menu na sua casa, que envolva você e toda a sua família.

Eu sou uma pessoa de constituição vata-pitta, assim como o filhote, e meu marido é pitta-kapha. No clima, vemos algumas mudanças, como por exemplo: ainda chove em março, mas o vento começa a ficar mais fresco. Em breve as chuvas param também. O friozinho tende a aumentar o apetite e naturalmente vamos querendo coisas mais quentinhas, doces e suculentas. O ayurveda está alinhado com isso.

As qualidades que devemos introduzir de modo geral (e que se reflete nos alimentos) são:

  • quente
  • reconfortantes
  • suculentos / úmidos
  • rotinas <3

Devemos reduzir: coisas frias, sobrecarga, secura e vida desregulada de modo geral.

O interessante é que tudo isso conversa com a particularidade do isolamento social que estamos vivendo.

De modo geral, existem alguns desequilíbrios associados a essa época, como gases, inchaços, prisão de ventre, secura na pele e no couro cabeludo e ansiedade. Logo, precisamos ajustar a nossa rotina de modo que esses desequilíbrios não aconteçam e sejam reduzidos. Tenta pensar o que você pode mudar na sua rotina para que esses desequilíbrios não aconteçam.

Alimentos quentinhos, úmidos e ligeiramente oleosos são favoráveis nessa época. Claro, se fizerem sentido para a região onde você mora. Comento o que faz sentido para onde eu moro, que é São Paulo. 😉

Tabela da CEAGESP com os alimentos mais fortes mês a mês. 😉

  • Raízes são bons alimentos para essa época porque trazem os elementos favoráveis. Cenoura, batata-doce, nabo, beterraba, abóbora. São vegetais que ficam deliciosos fazendo assados com algumas especiarias, ou em formato de purê e sopa.
  • Verduras cozidas. Uma coisa que aprendi com o ayurveda é a importância dos alimentos quentes para uma boa digestão. Reduzi muito os alimentos gelados, deixando apenas para dias muito quentes. Comer verduras cozidas, em vez de cruas, me agrada (mas vai do gosto de cada um). Como eu AMO sopas e faço bastante, adoro colocar verduras como acelga, couve e algas. É uma maneira de “comer salada sem comer salada”.
  • Especiarias que esquentem, tais como: canela, gengibre, cominho, erva-doce. Uma dica sobre o gengibre: a versão é pó é seca e picante. A versão da raiz mesmo é mais úmida, então talvez seja uma preferência melhor para essa época. De modo geral, acredito que usar as versões em ervas seja melhor nesse momento que as versões em pó, embora eu entenda que não sejam tão práticas e acessíveis para todo mundo (eu mesma uso muito em pó essas especiarias).
  • Leite morno. Eu não tomo leite de vaca, porque sou intolerante e me tornei vegana, mas preparo leite de castanha de caju, que é o mais parecido de todos (acho) com o leite de vaca. Mas se você toma, a ideia é tomar morno, entende? Pode temperar com especiarias, se quiser. Atualmente estou testando uma receita do chamado “golden milk”, que é um leite com especiarias que aumenta a imunidade.
  • Nozes e sementes cruas ou torradas na hora.
  • Óleos prensados a frio e gordurosos, como o óleo de coco, o óleo de gergelim, ghee e abacate. Apesar de eu ser vegana e considerar a referência óbvia, sempre preciso dizer que, quando falo em leite, me refiro a leite vegetal e, ghee, ghee vegetal, pois senão sempre vem alguém me dizer que “leite não é vegano”. rs
  • Grãos úmidos. Trigo, arroz integral, aveia. Mingaus são uma boa. Fazer um mingauzinho de aveia pela manhã, uma canjinha só com arroz e especiarias (pretendo postar essa receita em breve aqui no blog). Tudo isso é a cara do outono.
  • Frutas doces e mais pesadas como: banana, manga, maçã, pera, cranberries (se tiver na sua região). Eu não tenho um amplo conhecimento das frutas de todo o país, mas certamente tanto no sul quanto no norte há frutas típicas fantásticas que possuem essas mesmas características e podem ser usadas no seu menu semanal. Para mim, só a banana é toda uma abundância de possibilidades. Banana assada com canela é a sobremesa mais perfeitinha para o meu dia a dia, quando tenho vontade de comer doce.
  • Proteínas – vegetais de leguminosas menores como lentilha vermelha, feijão mungo, feijão azuki, ervilha seca, tofu – e, para quem consome alimentos de origem animal, ovos e carnes.

Receitas que certamente farão parte da nossa rotina no outono, no menu semanal:

  • Café-da-manhã
    • Mingau de aveia com frutas cozidas
    • Overnight com aveia e frutas
    • Bolinhos e muffins
    • Frutas em compotas
    • Frutas assadas
  • Almoço
    • Legumes assados com especiarias
    • Muito arroz e feijão como acompanhamento
    • Pastas e purês (exemplo de pasta oleosa apropriada para a estação: guacamole)
  • Jantar
    • Lamen
    • Caldos
    • Sopas
    • Cremes
    • Massas
  • Lanchinhos
    • Pastas e purês para comer como aperitivos, tipo palitinhos de legumes
    • Bolinhos e muffins
    • Sementes tostadas
    • Frutas assadas
    • Cookies
  • Bebidas
    • Chás (sempre)
    • Leites mornos e quentes com especiarias

O que o ayurveda recomenda reduzir (de alimentos) nessa época:

  • Alimentos secos de modo geral, tipo biscoitos, chips, essas coisas.
  • Café e cafeína de modo geral.
  • Bebidas gasosas, inclusive água.
  • Feijões de grãos grandes, como o feijão branco, pois causam mais flatulência.
  • Alimentos crus.

Algumas orientações para o seu estilo de vida e rotina diária:

  • Em todas as estações, mas especialmente nesse momento que estamos vivendo, para fortalecer a imunidade: dormir bem. Regular o sono, dormir horas suficientes. É natural dormir mais no frio, e tá tudo bem, viu? Os dias ficam mais curtos mesmo.
  • Oleação corporal diária, antes do banho. É uma prática de auto-cuidado tão gostosa, fora que aquece o corpo antes do banho. O tipo de óleo depende do seu dosha. Eu tenho a pele bem mais ressecada, então para mim o que funciona é o de amêndoas ou de gergelim. Além de passar óleo no corpo antes de tomar banho, gosto de fazer auto-massagem nos pés antes de dormir e também no pescoço e ombros, no rosto etc. Você pode pingar algumas gotinhas de essências, se curtir aromaterapia, tipo de lavanda, para relaxar. Existem algumas essências que ajudam no combate à ansiedade. Quero aprender mais sobre aromaterapia para trazer esse conhecimento para o blog, pois tem me ajudado bastante no último ano também.
  • Consumir alimentos e bebidas quentes ou, no máximo, em temperatura ambiente. Isso faz toda a diferença para a digestão e a digestão é o que faz diferença na sua saúde como um todo. O que deixa você sem sede é a hidratação, e isso você consegue bebendo mais água ou bebidas mais hidratantes, como água de coco, por exemplo. A temperatura da água apenas dá um “choque” na temperatura quentinha do seu organismo, que faz um exercício extra para se recompôr. Quando está muito calor, eu bebo água ou água de coco em temperatura ambiente e fico muito bem. Ou faço um chá e deixo esfriar.
  • Estabeleça horários regulares para as refeições. Isso fará com que seu organismo se acostume e tenha um ritmo para evacuação, sentir fome, relaxar para o sono e todas as suas outras atividades. A refeição mais substanciosa na hora do almoço. Refeições leves à noite – sopas, caldos, cremes, purês e pastas.
  • Proteja-se do frio. À noite, a temperatura do corpo cai naturalmente quando dormimos, então coloque uma roupa que te deixe quentinho/a. Use touca, meias e luvas, se apropriado, pois o calor sai do corpo pelas extremidades. Evite ar condicionado seco. Mantenha-se hidratado/a em situações de secura total e frio.
  • Se você sofre de alergias ou tem algo como sinusite (eu tinha e reduzi bastante depois de parar de tomar leite), aprenda a fazer exercícios no rosto para tirar o catarro. Faça oleação nasal. Eu comecei a fazer este ano e mudou completamente a minha relação com a sinusite. Funciona assim: na minha limpeza corporal matinal, pego um pouco de óleo no dedo anelar e limpo as narinas por dentro. Elas “abrem”. Como tenho adenóides, me ajuda até a respirar melhor. Recomendo fortemente.

Espero que esse tipo de post seja tão útil para vocês quanto é para mim estudar e fazer essa compilação. 🙂 Tenho buscado trazer essas recomendações tanto de estilo de vida quanto de alimentação aqui para o blog, com receitas e tutoriais, porque acredito que ajudem.

Hora mágica (dinacharya)

Um fator determinante na minha rotina diária, que contribui demais para a forma como eu me sinto todos os dias, é a rotina para a hora em que eu acordo. Eu tenho chamado essa rotina de “hora mágica”, um termo que, se não me engano, aprendi lendo o livro “Clube das 5 da Manhã” (já tem resenha aqui no blog sobre ele, vale conferir).

Chamo de hora mágica porque a primeira hora do dia, logo depois que eu acordo, é uma hora que dedico só para mim e que configura totalmente qual será meus astral ao longo daquele dia. Neste post, vou contar exatamente o que costumo fazer.

Começando pelo horário. Já comentei com vocês que minha meta é conseguir acordar antes do sol nascer todos os dias. Ainda não consigo diariamente, mas algumas vezes durante a semana sim (eu priorizo uma boa noite de sono em vez de acordar super cedo). Ou seja, procuro dormir bem todos os dias. Se eu conseguir dormir cedo, de modo que eu acorde antes do sol nascer tendo dormido as horas suficientes, aí tudo bem. Não me forço a acordar cedo se fui dormir tarde. Isso é algo que estou trabalhando para ajustar para a vida. De modo geral, se não acordar antes do sol nascer, configuro o alarme para a hora que ele nasce, que atualmente é 06:06 aqui em São Paulo.

Quando levanto, imediatamente vou para o banheiro fazer o meu dinacharya. O que é dinacharya? É a rotina diária de autocuidado do Ayurveda. Existem algumas atividades que compõem essa rotina:

  • Evacuação suave e tranquila (isso regula demais os horários)
  • Lavar o rosto: olhos, cílios, limpar os ouvidos, limpar o nariz (assoar)
  • Higiene bucal: 10 a 15 minutos de bochecho com óleo de coco, raspagem da língua, escovação dos dentes

(Saiba mais sobre a dinacharya aqui)

Saindo do banheiro, já coloco a água do chá para esquentar. Eu não bebo mais água fria, apenas em temperatura ambiente ou quente, para melhorar minha digestão. Não tenho fome logo quando acordo, então preparar um chá me ajuda a ficar ok. Geralmente nessa parte da manhã eu tomo um chá de limão com gengibre e, na sequência, um chai (que tem cafeína).

Faço minha prática de yoga e, depois, medito. Logo após a meditação eu faço algumas leituras particulares, que envolvem essencialmente ler minhas afirmações positivas pessoais. Quando finalizo esse processo, volto para o banheiro para a minha oleação de 5 minutos e, na sequência, banho. Eu adoro esse banho da manhã. A atividade física não me deixa ficar com frio (sou friorenta), e tomar banho depois de fazer essa auto-massagem me deixa com um bem-estar tremendo para começar o dia.

Gosto muito de aproveitar esse momento do dia para entrar no ambiente WordPress aqui no blog e começar a escrever. Reviso o texto do dia seguinte e escrevo um pouco aproveitando a inspiração. Nesse momento, eu já “estou no clima”. Quando sinto que a inspiração passou um pouco, faço outras leituras – livros, jornais, blogs. Geralmente nesse momento já estou com um pouco de fome, então aproveito a pausa mental para também tomar meu café-da-manhã. E assim se encerra a minha “hora mágica”.

Apesar deste nome, pode levar mais de uma hora. O certo seria chamar de “momento mágico”, hehe, mas me acostumei a chamar de hora mágica porque é o que leva de tempo em média mesmo.

Não importa o horário em que você acorda. O que importa é fazer desse momento um momento de calma e significado, cuidando um pouco de você. Sabemos como o restante do dia pode ser corrido ou dedicado a outras pessoas. Ficar em paz logo cedo é o melhor sinal de autocuidado que posso me dar de presente todos os dias.

Livros: “Em busca da cura”, “O sabor da harmonia” e “Nutrindo seus sentidos” (Laura Pires)

Quero comentar sobre esses três livros que li recentemente e que são relacionados aos meus estudos de Ayurveda.

O primeiro, “Em busca da cura”, foi escrito pelo (então) marido da Laura Pires, uma conhecida terapeuta ayurveda, quando eles foram à Índia iniciar o tratamento dela. O livro é tocante. Quando terminei a leitura, fiquei uns três dias pensando apenas nele, pois me impactou muito.

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A história da Laura é muito impressionante. Você pode lê-la aqui.

Me identifiquei em diversos momentos, especialmente ao momento atual que estou vivendo de dizer não para tudo aquilo que não seja bom para mim, em termos de saúde física e emocional. O livro dela me inspirou a me empoderar mais a respeito disso e a refletir sobre outras mudanças que quero incorporar na minha vida.

Além de contar a sua história e como foi o tratamento, o livro também traz um relato sobre a viagem à Índia e reflexões sobre o nosso modo de vida comparado com o deles. Valeu bastante a pena a leitura, para mim.

Na sequência, li o livro que ela mesma escreveu, “O sabor da harmonia”. Ela tem um outro chamado “Nutrindo seus sentidos”, que está esgotado na editora e ainda não achei para comprar e ler. Mas “O sabor da harmonia” é um livro didático e essencialmente prático, excelente para quem está se interessando pelo Ayurveda e quer implementar na parte da alimentação.

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Depois consegui ler “Nutrindo seus sentidos”, um livro que está esgotado na editora! Li a versão ebook, no Kindle. Gostei muito da leitura, que foca na importância da alimentação para a saúde, além de trazer receitas incríveis. Com certeza será meu livro de referência no dia a dia para os preparos.

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Quis compartilhar essas leituras porque vocês têm me pedido para continuar contando sobre os livros que estou lendo a respeito desse assunto. Esses dois são bastante relacionados e eu gostei de ler na sequência, pois um me contextualizou para o outro.

Vale a pena também acompanhar o trabalho da Laura. Ela tem um curso que roda o Brasil, além de vídeos e entrevistas no YouTube, além do Insta com compartilhamentos diários de dicas e orientações ayurvédicas.

Uma rotina para a autocura

Eu publiquei um post recentemente onde comento sobre o meu histórico em diversas questões da vida, especialmente relacionadas à minha saúde, e como isso mudou a minha mentalidade de maneira geral sobre o que eu considerava ser uma pessoa saudável.

Ontem o meu sogro foi pegar os resultados do check-up que ele fez e chegou em casa muito preocupado porque está com a diabetes altíssima e medo de morrer. Eu fiquei aflita por ele, ao mesmo tempo que não sabia muito o que dizer além de pensar que de nada adianta receitar coisas pontuais se não houver uma mudança no estilo de vida. Mas o problema é que, quando você não vê essa diferença na mudança no estilo de vida, você não acredita. E é muito difícil mudar hábitos de uma vida inteira de uma só vez. Algumas pessoas conseguem, mas outras não.

Eu gostaria de ser essa Thais de 2020 quando eu tinha 18 anos de idade. Praticava esportes, tinha um corpo legal, mas com a chegada da faculdade e da rotina difícil associando trabalho e estudos, muita coisa começou a desandar. Parei de praticar esportes, me alimentava na rua quase que exclusivamente, e eram alimentos de má qualidade. Eu sabia que a questão do estilo de vida era importante, mas eu achava que se tratava de uma fase e que em breve eu retomaria um ritmo mais tranquilo e conseguiria voltar a fazer as coisas. O grande segredo (que eu sei hoje) é que a vida acontece. Esse momento tranquilo nunca chega se você não fizer da sua própria vida um processo ativo de autocura. De se observar, se entender, compreender suas necessidades e, por fim, aplicar, dentro do possível, mudanças significativas que façam diferença real na sua rotina. Não dá para esperar o momento certo. Tem que começar imediatamente, mesmo com os desafios.

Eu tive labirintite, síndrome do pânico, crises de ansiedade, depressão, hipertensão, obesidade, problemas no fígado – todo um pacote. E esse pacote foi resultado, cada coisa em sua fase, claro (não tive tudo isso de uma vez!), de um estilo de vida que eu estava “deixando para lá”. Apesar de saber que era questão de estilo de vida, eu não conseguia fazer um link entre a situação que eu vivia e o suposto “estilo de vida saudável”, pois eu não me identificava com o que eu via. Nunca gostei de musculação (desculpem), não gosto do ambiente de academia, música pop alta, pessoas se admirando no espelho, a cultura do whey protein, além de outras questões relacionadas. E aí eu caí naquela máxima que muitos de nós caímos, que é nem começar se achar que não vai ficar perfeito. Fui levando a minha vida, até os problemas começarem a aparecer.

Foi uma sorte ter conhecido o Ayurveda no ano passado. O livro me chamou atenção, li e fiquei apaixonada. Estava em um momento de saúde delicado, tentando conciliar todo esse mal-estar com as demandas de trabalho e do mestrado. A leitura do livro me mostrou que, se eu quisesse mudanças, deveria mudar a minha rotina, e que esse processo não é fácil e tampouco rápido. Mas precisava começar.

O primeiro aspecto foi o sono. O médico quebrava o mito dos noctívagos, falava sobre a importância de dormir em determinados horários (ciclo do sol, ritmos circadianos, funções do corpo). Analisando a minha rotina, estava tudo errado. Não “tudo” errado, veja bem. Eu priorizava o meu descanso. Fazia questão de dormir minhas 8h de sono diárias. O problema (que eu já tinha identificado) era achar que, se eu dormisse às 23h e acordasse às 7h, tava tudo bem, e no dia seguinte dormisse às 2h e acordasse às 10h, tava tudo certo. Não estava. E foi resgatando um texto meu aqui do blog mesmo, de uma época em que eu tinha aprendido que o que funcionava para mim era dormir e acordar no mesmo horário todos os dias, mesmo aos finais de semana, eu me perguntei: por que deixei de fazer isso se sei que funciona?

Depois, foi a alimentação. Mesmo tendo feito a cirurgia, eu ainda comia alimentos que eu sabia que não me faziam bem, mas continuava consumindo, achando que fariam bem pela questão nutricional e tal. Mas o seu paladar e também o efeito que esses alimentos têm no seu corpo importam tanto quanto a qualidade nutricional deles. Por exemplo, berinjela é um legume com muitas propriedades, mas eu passo mal absurdamente se comer. Mesmo assim, eu pensava: é gostoso, é saudável, vale a pena comer de vez em quando. Pra quê? Então foi passar a me conhecer melhor e mudar essa mentalidade, que é muito difícil porque normalmente um nutricionista não foca nessas questões, a não ser que tenha outra linha de pensamento.

Depois, atividade física. Eu fiz mais de um ano de musculação depois da cirurgia bariátrica porque precisava. Fiz de tudo para me acostumar e gostar, mas realmente não faz o meu estilo. Hoje eu vejo que poderia ter feito alguns exercícios em casa, com pesos etc. Mas entender que o meu estilo de vida, meus pensamentos, tudo, também poderiam influenciar na escolha da melhor atividade física para mim, isso mudou completamente a história. Compreender porque era melhor fazer atividade física de manhã, não de noite, a mesma coisa. Eu sou uma pessoa que funciona bem quando entende os motivos.

O fato é que o que eu estava vivendo no ano passado me mostrou que tudo é reflexo de um estilo de vida e da rotina. Aos poucos, fui me conhecendo e, dentro das minhas condições, construindo essa nova rotina. Eu sabia que, se não descobrisse as causas, eu voltaria a me sentir mal novamente. Foi por isso que me envolvi tanto com o Ayurveda, que tem uma linha equilibrada, sem sugerir extremos. Eu não queria simplesmente ter mais anos de vida, mas ter mais vida nos meus anos.

Todas as pessoas que eu conheço estão ficando doentes de alguma maneira. São doenças do corpo, da mente e da alma. Todas elas são relacionadas. Mas, em algum ponto desse processo, vejo que muitos de nós passam a colocar a “culpa” de tais males em circunstâncias externas. Recém-nascido, emprego, mudança, deslocamento, trânsito, concurso, desemprego, falta de dinheiro, nervosismo, estresse, o governo etc. Que sim, impactam a nossa vida. Mas a responsabilidade sobre como ficar bem perante tudo isso é apenas sua. Sua mãe não vai parar de brigar com você para você ficar bem. Seu bebê não vai parar de chorar à noite agora para você dormir mais. O carro não vai trabalhar sozinho se você hoje depende do Uber para se sustentar. Então, independente das circunstâncias, precisamos ficar bem.

Cada pessoa tem seus próprios desafios e condições de vida que vão permitir tais mudanças em determinado grau. Tem coisas que você pode fazer; tem coisas que não pode – faz parte. O que você pode fazer? Esse é o ponto. Eu não posso pagar a minha massoterapeuta para fazer massagem em mim todos os dias, mas posso fazer uma automassagem. Talvez você não consiga acordar mais cedo porque já vai dormir super tarde e acorda sem ter dormido horas suficientes. A questão é: nessa condição de vida que você tem hoje, o que pode ser melhorado? Porque muita coisa pode. E você sabe disso. A sugestão então é que você implemente uma mudança de cada vez, aos poucos, testando como se sente e dando tempo de consolidar como hábito.

Ter uma vida organizada não significa que sua vida será perfeita, nem que não haverá imprevistos. Significa apenas que você sabe lidar com todos esses acontecimentos. Que você sabe como se reequilibrar mesmo perante tantos desafios. E eu acredito fortemente que a chave para isso esteja na rotina.

Quando falo em rotina de autocura, me refiro a transformar cada dia em uma oportunidade significativa de viver bem. Você pode querer seguir essa ordem de análise:

  • Como eu posso melhorar as minhas condições de sono hoje? Mais horas? Menos horas? Um colchão melhor? Um travesseiro cervical? Uma almofada de corpo inteiro para dormir abraçado e alinhar a coluna? Fazer um alongamento antes de dormir? Tomar um chá? Fazer massagem nos pés? Desligar os eletrônicos algum tempo antes?
  • Como eu posso melhorar as minhas condições de alimentação hoje? Posso preparar comida fresca diariamente, com refeições simples? Posso preparar marmitas para a semana inteira e levar para o trabalho? Posso fazer lanches que não precisam ser esquentados? Posso observar como me sinto após uma refeição? Posso tomar algum chá para melhorar a minha digestão? Posso me consultar com algum profissional da área da saúde para fazer ajustes na minha alimentação?
  • Como eu posso melhorar as minhas condições de atividade física hoje? Eu gosto de academia ou prefiro outra atividade? Que atividade eu gosto? Dança? Luta? Corrida? Como posso acrescentar mais exercícios físicos ao meu dia a dia? Posso baixar um aplicativo que tenha sequências de 7 minutos para exercícios? Posso levantar a cada 40 minutos da minha cadeira no trabalho e me alongar? Posso subir de escada? Posso caminhar 15min depois do almoço?
  • Como eu posso melhorar o meu equilíbrio emocional nas condições que vivo hoje? Tenho como pagar por terapia? Existem opções gratuitas no SUS ou em outro lugar? Consigo aprender meditação? Posso ler livros inspiradores que me ajudem a refletir sobre como me sinto? Posso escrever em um diário antes de dormir, por 5min?
  • Como posso melhorar o meu senso de autocuidado diariamente, nas condições que tenho? Consigo tomar um banho quieta, sem agitação, pensando na purificação do meu corpo? Consigo passar um oleozinho no corpo 3min antes de entrar no banho? Consigo cuidar das minhas unhas logo quando acordo, limpando e lixando? Consigo fazer uma automassagem no rosto antes de dormir?

Eu dei apenas alguns exemplos, mas a ideia é que você reflita sobre todos os aspectos da sua vida, não importam quais sejam as suas condições hoje, e busque melhorias. Certamente o que você pode fazer será diferente do que outra pessoa pode fazer, pois pessoas diferentes têm necessidades diferentes. E você mesmo pode mudar de tempos em tempos. Quando nosso filho era recém-nascido, minha disponibilidade era outra. É ter essa perspectiva, mas não deixar de fazer apenas porque não está no momento ideal, porque o momento ideal não existe. Se existe, é o agora. Os desafios fazem parte. Quanto mais você se percebe, mais fácil será identificar qualquer doença ou problema que surgir.

Autocura se refere a saúde, mas saúde não é apenas o corpo físico. Entender isso faz toda diferença. Tudo na sua vida importa. O modo como você lida com as suas finanças afeta o seu emocional. O modo como você lida com a sua comida afeta seus relacionamentos. Você é uma pessoa só, com múltiplas áreas integradas, e cada uma influencia na outra. Ter consciência disso e trazer mudanças conscientes vai mudar completamente a sua relação com a vida e com a personalização da sua rotina.

Qualquer sinal de desconforto ou sofrimento é o nosso eu interno dizendo que algo não vai bem. Ouça, respeite e honre esse sentimento. Conhecer-se melhor fará com que você busque as soluções que precisa momento a momento, dia após dia. A única coisa que eu quero que você faça depois de ler esse post é comentar aqui embaixo que você decidiu assumir esse compromisso com você mesma/o. Quem está comigo?

Descobrindo o seu dosha (ayurveda)

Ok, eu vou escrever sobre um tema que não é de meu domínio, apenas sob o ponto de vista do meu aprendizado atual. Recomendo a consulta a um terapeuta ayurvédico para mais informações.

Ayurveda é a medicina indiana e envolve muitas, muitas coisas. Yoga, meditação, alimentação – tudo isso é interligado e integra a sua saúde. Eu tenho ido cada vez mais nessa linha, pois acredito que a saúde seja esse todo integrado – não se trata só do corpo, só da mente, só da pele, só da dor no estômago ou de cabeça… e as emoções influenciam também no que o seu corpo expressa, pois toda doença na verdade é uma forma do seu corpo materializar o que está sentindo internamente.

Bem, se você não acredita nessa abordagem, talvez você queira pular os meus posts sobre esse assunto, mas saiba que eu me identifiquei com ele justamente porque está totalmente relacionado ao que eu acredito com relação à organização pessoal e trato aqui no Vida Organizada. Quando a gente fala sobre planejamento de vida, áreas da vida > saúde, é isso aqui, basicamente, para mim, e você apenas ter outra abordagem. 😉

Bem, e o que são doshas? Segundo o site da Sociedade Brasileira de Ayurveda, “doshas são fatores desencadeantes de doenças físicas e psicológicas; indicam desordens emocionais, desequilíbrio mental e disfunções fisiológicas.”

De acordo com o Ayurveda, apesar de existirem diferentes doenças e fatores patogênicos, todos são produtos da desarmonia dos três humores biológicos: Vata, Pitta e Kapha.

“O Ayurveda tem como objetivo equilibrar os humores para neutralizar o processo de formação das doenças. O foco está em encontrar a origem da doença e seu processo curativo envolve: alimentação, fitoterapia (uso de plantas medicinais), massagem, uma rotina diária (chamada de Dinacharya), yoga e meditação.”

Segundo o Ayurveda, mudanças na nossa rotina diária e melhoria da nossa alimentação farão mais pela nossa saúde a longo prazo do que tomar remédios ou procurar tratamento médico. Obviamente não está sendo dito que uma coisa substitui a outra, por favor. 🙂 Só está dizendo qual é a abordagem dessa vertente oriental.

Eu preenchi um questionário no site da Sociedade Brasileira de Ayurveda para identificar qualquer desequilíbrio atual nos meus doshas. Você também pode fazer, é gratuito e está em português. Obviamente que o questionário não substitui uma consulta com um terapeuta ayurvédico, que iniciará um tratamento e um acompanhamento adequados, mas é um começo. Fora que é uma reflexão muito interessante de se fazer para se conhecer e avaliar como você tem levado a sua rotina.

Bem, eu fiz o teste recentemente e meu resultado foi:

A recomendação, após conhecer seu resultado, é ler sobre os doshas, entendê-los, e ver como aplicar em sua alimentação, rotina etc. as recomendações. Lembrando que a abordagem adequada sempre será através de um acompanhamento feito por um profissional ayurvédico.

Aquele livro que eu estou usando como “bíblia” recentemente, que já comentei aqui com vocês, traz orientações sobre esses alimentos e também tenta fazer um link entre o que você deve ou não comer para equilibrar os seus doshas + o que está alinhado com as estações. Parece complexo mas, sinceramente, de modo geral é você ir testando, se observando, vendo o que funciona com você.

Para mim, a alimentação é algo imediato. Funciona ou não funciona imediatamente quando como um alimento. Semana passada comi um pão com leite sem querer (o cara no local me garantiu que não tinha leite, mas tinha) e eu passei mal durante uma semana. Esse auto-conhecimento, quando não existe, pode fazer a gente não descansar adequadamente, achar que a causa foram outras coisas. Por isso acho fundamental esse cuidado com a alimentação e acho que isso sim deveria ser ensinado na escola.

Sempre comi muito errado a vida toda e só ano passado fui ouvir falar sobre ayurveda, porque eu mesma, coincidentemente, tive curiosidade sobre um livro que falava sobre ritmos diários. Mas eu acho que esse conhecimento deveria ser mais amplamente difundido, sinceramente. Faz toda a diferença na minha vida.

Eu criei um painel de referência no Trello para ir inserindo as informações que vou aprendendo a respeito. A ideia é me observar, ter informações para conversar com a terapeuta quando finalmente me consultar com uma (estou procurando!). É um exercício gostoso que estou fazendo e, diariamente, vou incorporando novas práticas.

Também já pedi para o meu marido fazer o questionário e vou observar o filhote porque assim eu consigo pensar melhor nas refeições e ajudá-los com lanchinhos e outras atividades.

Vocês querem que eu continue compartilhando os meus aprendizados de Ayurveda e experiências pessoais por aqui? Por favor, deixe um comentário. Obrigada!