Propósitos do Doutorado

Quando eu quebrei a minha perna e percebi que ficaria imobilizada durante alguns meses, eu pensei que seria uma boa trancar o semestre no Doutorado para conseguir me recuperar e depois voltar recuperada. Nessa tentativa, descobri que, se eu realmente trancasse, eu perderia a minha bolsa e ainda teria que pagar por todo o investimento feito no meu projeto e que não precisei pagar enquanto bolsista, o que, além de inviável, só reforçou como a vida acadêmica não ajuda em nada na saúde mental dos seus pesquisadores.

Dado o desabafo, gostaria de dizer que a minha primeira reação foi pensar que não seria possível me dedicar ao doutorado como eu pretendia, pois estou me recuperando. E nada contra isso, especialmente se o propósito estiver claro. Portanto, quis compartilhar com vocês aqui no blog os meus propósitos para ter entrado no doutorado e, agora, cada vez mais, para concluí-lo até o final do ano que vem.

1) descobrir o propósito nas coisas que fazemos é uma boa prática de produtividade e 2) compartilhar com vocês me traz a sensação de ser mais autêntica no trabalho que exerço aqui.

Ter clareza sobre o propósito (ou os propósitos) me fez prosseguir. Foram eles:

Propósito 1: Contribuição com a Educação

Estamos vivendo um momento muito particular, especí­fico e crucial no mercado de trabalho de maneira geral, e ainda mais na educação. Nossas profissões serão transformadas e, as carreiras, reconstruí­das. E eu quero fazer isso. Quero colaborar de alguma maneira. Pretendo fazer isso com a criação de conteúdo, mas também ministrando cursos e aulas em universidades. Acredito na Educação e nas profissões da área, mesmo com essas mudanças e perspectivas confusas.

Propósito 2: Contracultura da produtividade no trabalho

Eu realmente acredito que existe um modo de trabalho mais gentil, menos agressivo, com o trabalhador, do que o mercado impõe. A ideia de hora extra como algo normal, ou a conectividade permanente que as mí­dias (e as relações através delas…) nos obriga a ter, entre outras questões pertinentes e urgentes. Eu trabalho com produtividade. Venho desenvolvendo a tese de uma produtividade compassiva. Então há uma brecha. Há “esperança”. O meu estudo na pesquisa do doutorado vai nessa linha e, junto com o meu trabalho, eu sinceramente sinto que tenho a contribuir com o mundo de alguma maneira.

Propósito 3: Atuar como pesquisadora

Inicialmente, não pensei em investir na área de pesquisa, e sim do ensino. Mas, desde quando entrei no mestrado, me apaixonei. E isso faz muito sentido: sempre gostei muito de ler e de estudar, além de escrever. Essa parte me pegou de jeito e o fato de eu já ser professora, já ter uma empresa, me dá a liberdade privilegiada de explorar o campo de pesquisa sem tanta pressão, “porque eu quero” mesmo.

Este é o propósito egoí­sta, digamos assim, mas que me ajudou a ver que não “dependo” de virar professora exclusivamente, ou de parar com todo o resto que eu faço para viver apenas na área acadêmica. Foi uma conclusão importante e que fez toda a diferença.

Esses propósitos estão claros para mim desde o mestrado e isso faz toda diferença. Ver o doutorado apenas como uma etapa, e não como “o fim”, me ajuda a lidar com ele de uma maneira um pouco mais leve e menos perfeccionista, na medida do possível. Pronta para o antepenúltimo semestre dele.

Criar conteúdo é na verdade gerenciar energia

Criar conteúdo é uma questão de gerenciar a energia. E olha que eu faço isso há muito tempo, e por isso tenho local de fala e experiência para dizer, hehe.

Há muitos anos, desde 2001 para ser mais precisa, tenho me dedicado à criação de conteúdo através dos meus blogs e plataformas online. Ao longo dessa jornada, aprendi que produzir conteúdo de qualidade não se resume apenas a escrever palavras em um computador, mas também a gerenciar a minha energia de forma eficiente.

Quando comecei, acreditava que a chave para criar conteúdo consistia em ter grandes ideias e uma escrita impecável. Claro, esses são aspectos importantes, mas com o tempo descobri que a energia desempenha um papel fundamental nesse processo. Tem que gerenciar a energia porque é uma maratona para a vida e não uma corrida de 100 metros.

Gerenciar a energia significa reconhecer os momentos em que estou mais criativa, focada e inspirada. É compreender que nem todos os dias são iguais e que tentar forçar a produção de conteúdo quando não estou no meu melhor estado pode resultar em resultados abaixo do esperado.

Ao longo dos anos, desenvolvi algumas estratégias para otimizar a minha energia criativa. Uma delas é estabelecer uma rotina que respeite o meu ritmo natural. Por exemplo, sei que sou mais produtiva nas primeiras horas da manhã, então reservo esse período para as tarefas que exigem maior concentração e criatividade.

Além disso, aprendi a ouvir o meu corpo e respeitar os sinais de cansaço ou saturação. Quando percebo que minha energia está diminuindo, dou-me permissão para fazer pausas, descansar e recarregar as energias. Isso me ajuda a evitar o esgotamento e a manter a qualidade do meu trabalho ao longo do tempo.

Outra estratégia importante é encontrar um ambiente propício para a criação de conteúdo. Para mim, isso significa ter um espaço organizado e inspirador, onde me sinto confortável e livre de distrações. Cuido para que o ambiente esteja limpo, com boa iluminação e com elementos que estimulem a minha criatividade, como plantas, livros e objetos que me inspiram.

Gerenciar a energia também envolve cuidar do meu bem-estar físico e mental. Pratico exercícios regulares, alimentação saudável e cultivo hábitos que me ajudam a relaxar e manter a mente tranquila. Acredito que uma mente equilibrada e um corpo saudável são fundamentais para sustentar a energia necessária para criar conteúdo consistente e de qualidade.

Ao longo desses anos de experiência, compreendi que a criação de conteúdo vai além das técnicas e habilidades. É uma jornada de autoconhecimento, onde aprendemos a respeitar nossos limites e a otimizar nosso potencial criativo. É sobre encontrar equilíbrio, escutar nossa intuição e nos conectar com a fonte de inspiração que reside dentro de nós.

Se você também é um criador de conteúdo ou deseja embarcar nessa jornada, convido você a refletir sobre o gerenciamento da sua energia. Reconheça seus momentos de maior inspiração, cuide de si mesmo e crie um ambiente propício para a sua criatividade florescer. Lembre-se de que a criação de conteúdo é uma expressão única de quem você é, e que gerenciar sua energia é a chave para desbloquear todo o seu potencial. Ao fazer dessa prática uma prioridade, você estará investindo não apenas no seu trabalho, mas também em si mesmo.

Lembre-se de que criar conteúdo é um processo contínuo e evolutivo. Não se preocupe se nem todos os seus artigos, vídeos ou posts forem perfeitos. O importante é seguir em frente, aprender com cada experiência e aprimorar suas habilidades ao longo do caminho.

A consistência é mais importante que qualquer outro aspecto.
E, para ter consistência, você tem que gostar do que está fazendo.

Além disso, lembre-se de que o gerenciamento da energia não se resume apenas à criação de conteúdo. Também é importante dedicar tempo para se inspirar, se atualizar e se conectar com outras pessoas do seu nicho. Participar de comunidades online, buscar conhecimento e compartilhar ideias pode ser uma fonte valiosa de energia criativa.

Por fim, seja gentil consigo mesmo durante todo o processo. Aceite que haverá dias em que a inspiração será escassa ou em que você precisará de um tempo para descansar. Não se cobre excessivamente e evite a autocrítica negativa. Aprenda a valorizar suas conquistas e a reconhecer o progresso que você está fazendo.

Criar conteúdo é uma jornada maravilhosa de autodescoberta e expressão. Ao adotar uma abordagem compassiva em relação ao gerenciamento de sua energia, você estará cultivando um ambiente propício para a sua criatividade florescer e para você alcançar resultados cada vez mais significativos.

Então, permita-se explorar, experimentar e compartilhar sua voz única com o mundo. Lembre-se de que sua mensagem é valiosa e que seu conteúdo pode fazer a diferença na vida de outras pessoas. Mantenha o foco no que é verdadeiramente importante para você e siga em frente com confiança.

Estou animada para ver como sua jornada de criação de conteúdo evoluirá e as histórias inspiradoras que você compartilhará ao longo do caminho. Conte comigo para apoiá-lo nessa jornada e lembre-se de que você tem todo o potencial para criar um impacto positivo no mundo através do seu conteúdo.

Contextos na Semana [FEV 2022]

Há alguns anos eu implementei pela primeira vez uma técnica que parecia fazer sentido para mim, que era a de aplicar um contexto profissional para cada dia da minha semana. A ideia era trabalhar concentrada em projetos desse contexto no dia, além de me organizar com reuniões e eventos relacionados e planejar atividades. Não é uma técnica para usar sempre, mas de vez em quando ela faz sentido, como agora.

Sim, eu voltei a atribuir um contexto profissional para cada dia da minha semana. Os finais de semana ficam mais ou menos como “sábado: família” e “domingo: renovar o espírito”, que é basicamente um dia que tiro para dar um “reset” na semana. Mas, nos chamados “dias úteis”, atribuir um contexto para cada dia tem funcionado bem.

O que eu tenho feito de diferente é planejar esses contextos semanalmente, em vez de deixar fixo tipo “toda terça é dia de learning”. Isso deixa a técnica mais flexível e me permite ajustar até mesmo de acordo com outros agendamentos feitos. Por exemplo, se na quinta eu tiver uma reunião quinzenal que tenho de uma consultoria de negócios, eu aproveito para, nesse dia, naquela semana, focar em outros assuntos relacionados ao direcionamento da empresa, liderança, equipe etc.

Já há algum tempo tenho trabalhado essencialmente com esses contextos, que fazem muito sentido para mim. Um dia para cuidar do direcionamento da empresa, das estratégias, da liderança e outro no espectro oposto – questões administrativas e pendências. Claro que cada vez mais quero tirar esse tipo de atividade à medida que vamos nos constituindo como equipe mas ainda tenho ações ali. Mas eu confesso que é o dia menos cheio da semana, em que uso para resolver coisas na rua etc.

Learning, Conteúdo e Pesquisa são as minhas três maiores responsabilidades profissionais. Tanto que mudamos o nome da empresa ano passado para Vida Organizada Conteúdo & Educação. Esse é o nosso foco. E não existe desenvolvimento sem pesquisa. Portanto, dedico um dia só para ela.

“Ah Thais, significa que você só vai fazer esse tipo de atividades no dia?”. Não necessariamente. Mas os contextos servem sim como guia para que eu faça determinados agendamentos de acordo com o “tema” do dia, sempre que possível.

Essa organização funciona muito bem para mim e me ajuda a me manter focada e produtiva.

Lembrando que isso não atrapalha prazos. Ou seja: se eu tiver algo relacionado à educação que tenha que ser feito na segunda, será feito na segunda e não na terça, quando “estabeleci” que o foco do dia seria esse. Mas, quando eu posso escolher trabalhar em algo, porque já finalizei tudo o que tinha prazo para o dia, eu foco nas atividades relacionadas, e isso tem me dado realmente um foco incrível e consigo ter ideias legais. Ou seja, eu crio os contextos que, dentro da minha análise de áreas de foco, são importantes que eu tenha no meu trabalho.

Quis escrever este post justamente para fazer uma atualização de um modelo que já venho trabalhando há algum tempo e que tem funcionado muito bem para mim. Caso tenha alguma dúvida, por favor, escreva um comentário. Obrigada!

Decisão que acredito ser interessante sobre os trabalhos do primeiro ano do Doutorado

Os títulos dos posts estão grandes mas acredito que estejam expressando bem o que tem dentro de cada um deles. rs

Eu consigo decidir e planejar melhor qualquer coisa quando consigo colocá-la dentro de um espectro maior e ver em perspectiva.

Eu estou no primeiro ano do Doutorado e é normal que, quando a gente está em uma situação “nova”, leve um tempo se acostumando com ela e entendendo como ela funciona. Agora, quase um semestre depois do início, eu consigo ter algumas definições que estou curtindo ter.

A primeira decisão que tomei, e essa você tem que ser muito focado para tomar, é que absolutamente todos os trabalhos tenham que ter relação com a minha tese. Eu digo que tem que ser muito focado porque eu vivo tendo ideias de pesquisas e artigos então preciso “ficar ligada” para não sair do foco. Não acho que sair do foco seja problemático por si só – mas, dentro de um curso, como no Doutorado, não dá tempo. Simples assim. Depois do Mestrado, depois do Doutorado, vai lá e escreve o que quiser. Mas, dentro do curso, focar na pesquisa principal ajuda a economizar recursos mesmo. De tempo, de dinheiro (comprando livros), de energia.

A segunda decisão tomada, e essa me deixou muito contente, foi determinar que, neste ano, vou focar na produção de trabalhos de CONTEXTUALIZACÃO da tese. O que isso quer dizer? Estou escrevendo uma tese sobre produtividade compassiva. Algumas contextualizações que se fazem necessárias são:

  1. A relação entre religião e trabalho
  2. Alta performance no trabalho como lógica neoliberal (discurso focado na individualização das responsabilidades)
  3. A relação entre tempo livre e tempo de trabalho
  4. Modos alternativos de trabalho no sistema capitalista atual – e tendências mundiais de flexibilização do trabalho
  5. Budismo Mahayana e a comunidade brasileira de praticantes em diferentes tradições

Esses são os tópicos do meu referencial teórico aprovados no pré-projeto do Doutorado pela minha professora orientadora.

Bem, a ideia então este ano é estudar, ler e escrever sobre as contextualizações de cada um dos tópicos acima. Vou dar alguns exemplos para ficar mais claro.

  • No trabalho de Fundamentos da Sociologia, precisei escolher um tópico estudado em sala e escrever um trabalho. Escrevi sobre Weber e a visão do seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” nos dias atuais. Tem a ver com o primeiro tópico, sobre a relação entre religião e trabalho. Ainda há mais “pano para a manga” nesse tema, obviamente, mas a minha própria professora orientadora – que é especialista em Weber – elogiou o trabalho e disse que já posso colocá-lo na minha tese.
  • No trabalho de Sociologia do Trabalho, vou escrever sobre a contextualização do mundo do trabalho hoje, com foco em Brasil. Esse foi um pedido da minha professora diretamente para a minha tese e que seja também o trabalho da disciplina dela, o que facilita demais as coisas. E vamos combinar que esse é um trabalho de contextualização que pega os tópicos 2, 3 e 4, se eu quiser.
  • Para o núcleo de pesquisa do grupo de Trabalho, vou escrever sobre trabalho remoto, pandemia e comunicação via What’sApp, o que certamente vai se encaixar nos tópicos 2 e 4.
  • Para o Seminário de outubro do outro grupo de pesquisa que faço parte, que é sobre Poder, Cultura e Sociedade do Espetáculo, vou falar sobre “tempo livre e trabalho em casa durante a pandemia”. Que também vai contextualizar muito o tópico 2, o tópico 3, principalmente, e o tópico 4.
  • Ainda não sei sobre os trabalhos das disciplinas do segundo semestre pois ainda dependo das orientações dadas pelos professores, mas sei que preciso escrever algo relacionado à religião, pois foi o único tema que ainda não entrei. No entanto, eu pretendo submeter um artigo para uma revista acadêmica que é sobre estudos da religião e, com isso, teria o foco específico em Budismo e Trabalho ou o conceito de compaixão no Budismo Mahayana (ainda refletindo).
  • O trabalho mais difícil para mim é um seminário da disciplina de Fundamentos em que preciso falar sobre identidade ou alteridade com relação aos autores Bauman e Castells. Inicialmente pensei em falar sobre trabalho forçado no holocausto mas isso se distanciaria muito da minha pesquisa. Então simplesmente resolvi falar sobre “identidade e trabalho”, trazer o Byung-Chul Han (que tenho mais familiaridade e falar sobre convivência afável) e apresentar o meu melhor e “a professora que lute” (rs), porque eu preciso ficar dentro do meu tema e é muito artificial desenvolver algo sem ter maturidade nos estudos desses autores que são super complexos. Eu não sei se a professora vai aprovar esse tema mas é o que me parece mais adequado no que estou trabalhando.
  • Em teoria, há um artigo submetido no ano passado que pode ser publicado este ano, com a citação sobre produtividade compassiva e, se ele for publicado, será ótimo.

Em resumo, toda a primeira parte da tese, que está nessa contextualização, se eu conseguir fazer nesse primeiro ano eu já vou me sentir bastante satisfeita, porque “depois da vacina” deve começar os meus trabalhos de campo e isso por si só já deve tomar bastante tempo, além de outras leituras, a escrita da tese e outros artigos e eventos.

Feliz. <3

Diário do Doutorado

Sim! Meus queridos amigos (assim os considero) leitores do blog, que resistem a todas as novas mídias e continuam lendo este humilde cantinho na web (eu também ainda leio blogs e amo!): passei no Doutorado! Já tinha comentado em outras ocasiões, mas este é o post oficial para contar. 🙂

Como eu já tinha publicado em outros textos, fazer o Doutorado agora não estava nos planos! Eu terminei o Mestrado tão “empapuçada” da vida acadêmica que achei sinceramente que levaria um ou dois anos para voltar a ter pelo menos vontade de fazer um Doutorado. Via colegas de mestrado já preparando seus pré-projetos e eu ficava “nossa, que coragem!”.

O fato foi que elaborei um projeto para 2020 que era esclarecer o que eu poderia estudar em um suposto doutorado. Porque vejam: são quatro anos. Se dois anos no mestrado já podem fazer você se enjoar da sua pesquisa, imagine quatro. Então tem que ser algo legal, e que te motive muito. Eu tinha esse projeto então para este ano, mas aí veio a pandemia e, enfim, o resto é história.

Fato é que, em algum momento da minha trajetória, nos últimos meses, me veio o estalo sobre o desenvolvimento da tese sobre produtividade compassiva, baseada no preceito de mente de compaixão do Budismo. E isso “caiu” no meu colo quase como um chamado, e eu senti uma vontade absurda de levar isso para o Doutorado o quanto antes. Passei a pesquisar sobre os processos seletivos, instituições e linhas de pesquisa.

Desde o início, comentei com vocês sobre o meu sonho de estudar na PUC-SP. É uma instituição que gosto demais, minha avó estudou e deu aula lá, eu gosto das linhas de pesquisa, admiro os professores e os eventos organizados, a filosofia, enfim, tudo. Além de ser perto da minha casa (o que pode parecer um tópico acessório mas, se você pensar que vai estudar lá durante quatro anos, faz toda a diferença para quem é mãe de um menino entrando na adolescência – quero estar sempre perto).

Ah! E eu resolvi levar o projeto para as Ciências Sociais > Sociologia do Trabalho em vez de fazê-lo na Comunicação. Mas esse é um assunto para outro post!

A PUC, porém, tem uma questão, que é o preço da mensalidade. Então outro projeto que elaborei foi o de guardar dinheiro para o primeiro ano pois, conversando com professores e coordenadores da instituição, e outros colegas que também estão envolvidos na academia, eu entendi que posso concorrer a uma bolsa-taxa (que abate a mensalidade) a partir do segundo ano, caso meu projeto seja muito bom, relevante para a área etc etc. Então esse é um objetivo de curto prazo que tenho – conquistar essa bolsa. E aí me preparei para guardar dinheiro para pagar as mensalidades do primeiro ano (o que consegui), e já iniciei novamente para as mensalidades do segundo ano (caso não consiga a bolsa), pois isso me deixará mais tranquila. Vou fazer o mesmo para os anos subsequentes, se necessário. Enfim, só para vocês entenderem como funcionam os meus planejamentos com relação a finanças e projetos que envolvem investimentos.

PS: Não posso concorrer a bolsas da CAPES ou CNPQ pois tenho CNPJ.

Bom, este é um post então para dizer para vocês que pretendo compartilhar aqui ao longo dos próximos anos como tem sido essa aventura acadêmica fazendo doutorado sendo mãe, tendo uma empresa, enfim, não vivendo exclusivamente para a academia, pois acredito que esse conteúdo possa confortar ou até ajudar outras pessoas que estejam passando pelo mesmo ou estudando se vale a pena fazê-lo. Para quem gostar do formato de vídeo também, farei no YouTube uma série, primeiramente com vídeos semanais – depois, acredito que tenha que espaçar um pouco mais a frequência. Clique aqui para assistir o primeiro e, se quiser, inscreva-se no canal. 😉

Planejando o doutorado

Queridos leitores. O blog ainda está em manutenção e está instável. Vou arriscar postar este texto para fazer um teste mesmo, mas peço paciência durante mais alguns dias. O suporte está mexendo no servidor, para só depois podermos fazer alterações na parte visual. Sabemos todos os problemas que estão ocorrendo no momento, portanto não precisa comentar. 😉 Agradeço a compreensão.

Eu terminei o meu mestrado este ano. Tive a imensa sorte de defender a dissertação poucos dias antes de entrarmos em quarentena. A versão final depende de alguns documentos que a faculdade precisa me enviar, que depende dos professores e, como todos estão em quarentena, está em aguardo. Mas já me formei como mestre em Comunicação (pela Cásper Líbero) e, por isso, simplesmente estou em aguardo para entregar o que falta e finalizar definitivamente esta etapa. Você pode ver outros posts sobre o mestrado aqui no blog usando “mestrado” no campo de busca.

A escolha por fazer ou não um doutorado nasceu de refletir sobre o meu propósito de trabalho, em especial referente à vida acadêmica. Pensar: eu realmente quero isso? E sim, eu realmente quero fazer um doutorado. Acredito que seja uma etapa importante de amadurecimento profissional, como pesquisadora, e que isso será muito importante para a credibilidade que também venho construindo na área em que atuo.

Um doutorado leva de 36 a 48 meses para ser feito. Eu não costumo fazer coisas na minha vida para “ter um título” ou para apenas curtir a minha vida “depois que eu me tornar doutora”. Eu gosto de curtir o processo em si. Para mim, planejar o doutorado é tão divertido quanto planejar uma viagem de férias – já começo a me empolgar antes mesmo da coisa toda começar oficialmente. Mesmo porque, a pesquisa começa antes. Tem muita coisa a ser feita antes de começar, até mesmo para otimizar o tempo em que abre uma contagem regressiva que é finalizada com a defesa da tese.

Para mim, mais importante do que entrar logo no doutorado ou ter o diploma de doutora, é eu ter certeza do que quero pesquisar nesse curso. Sei que essa certeza tem um certo nível de variação, pois a pesquisa se transforma à medida que ela acontece. Mas, porque serão três ou quatro anos, eu quero escolher algo que, hoje, eu tenho certeza que quero pesquisar. Já vai ser difícil pacas passar por esse processo com um assunto que eu goste.

Vale dizer que o doutorado também apresenta outros desafios para mim. Primeiro, e principal: dinheiro. Quero fazer doutorado na PUC-SP, e a mensalidade é pesada para mim. Segundo: tempo. Fazer um doutorado significa alocar um grande espaço de tempo na agenda para cumprir os créditos, estudar os materiais e efetivamente cuidar da sua pesquisa. Mas essa parte eu sei como é e sei como encarar (pelo menos imagino).

Eu também já coloco na conta do doutorado a mensalidade da terapia porque o tema que estudo é pesado e sei que vou precisar, como foi fundamental durante o mestrado. Por exemplo, em uma fase da minha pesquisa, eu deletei meu What’sApp para fazer algumas experiências. Até hoje eu sou “acusada” de não responder mensagens nessa época. Muitas pessoas levaram esse meu experimento para o lado pessoal. A terapia me ajudou demais nesse processo todo, e estudar no doutorado certamente vai levar pelo menos caminho. Existe algo na vida acadêmica que gera essa condição sensível de saúde mental e, por isso, eu acho fundamental levar esse tratamento em consideração.

Outro aspecto interessante de citar é que, antes de me decidir pelo doutorado, eu estava em dúvida se deveria fazê-lo ou fazer uma nova graduação (Psicologia). Eu não tenho dúvidas de que amaria cursar Psicologia. Eu gosto de tantas áreas e me interesse por tantos setores desse campo que uma graduação cairia muito bem. E sim, não tirava completamente do radar a possibilidade de trabalhar atendendo clinicamente no futuro. No entanto, eu tenho uma visão sobre a linearidade acadêmica, que é a seguinte: eu já tenho uma graduação. Posso continuar me capacitando para avançar como pesquisadora (fazendo mestrado, depois doutorado, por exemplo) e, em paralelo, ir estudando o que eu quiser, no que chamo de universidade pessoal. Logo, trazer esse princípio de novo me fez decidir pelo doutorado em vez dos cinco anos de uma nova graduação em Psicologia.

Como eu me organizei para fazer esse planejamento então

Usei três ferramentas essencialmente:

  • Caderno e caneta, para rabiscos, anotações e planejamentos;
  • Mind Meister, para criar um mapa mental e organizar todas as informações referentes ao doutorado;
  • Evernote, onde criei uma tag (etiqueta) para guardar textos e artigos relevantes sobre o processo do doutorado em si (assim como links e outros).

A coisa toda começa no caderno porque todos os dias eu escrevo como se fosse um diário, coletando pensamentos, ideias, como me sinto, insights, ou dissertando sobre algum tema, assunto ou projeto que esteja na minha mente no momento. Muitas vezes, escrevi sobre o doutorado. Tudo isso leva tempo, meses, de ponderação e contemplação. Em algum momento, escrevi mais, tive mais assertividade nos meus pensamentos, e pude definir ações a partir dali.

Pesquisei muito nos últimos meses até mesmo para entender se continuaria em Comunicação (sim!) e que instituição tinha a linha de pesquisa que eu gostaria, o quadro de professores etc. Então eu até que avancei bastante nesse meio tempo, mesmo que em teoria eu não tivesse planos de ingressar este ano (eu havia decidido no ano passado que usaria o ano de 2020 para esclarecer esse projeto para mim, o que está acontecendo mesmo).

A questão da mensalidade pega muito e, em tempos de pandemia, sendo autônoma etc, em determinado momento eu escrevi no meu caderno:

“Realmente eu acho que não cabe um doutorado na minha vida no momento. Posso esperar mais um semestre e, por enquanto, ir formatando o pré-projeto e pensando exatamente o que quero estudar, a metodologia, para fazer o curso em 36 meses.”

Vale dizer que eu tenho sim um projeto chamado “Esclarecer como pretendo fazer o doutorado”, que está na minha lista de projetos, e é apenas uma frase que me lembra que está em andamento e, na Revisão Semanal, preciso definir ações claras para dar andamento.

Uma dessas ações foi entrar em contato com a instituição para saber sobre a política de bolsas, especialmente nesse momento de pandemia. E foi bem legal a resposta deles, porque me abriu a mente para outras possibilidades. Basicamente, eles responderam sobre a tristeza que está atualmente o Ministério da Educação e a política de bolsas, mas que de modo geral todos os doutorandos entram pagando mensalidade normal e, se o projeto for bom e sólido, eles têm mais chance de conseguir bolsa a partir do segundo ou do terceiro semestre. Isso me deixou um pouco mais animada porque pensar em um primeiro semestre de mensalidades é uma coisa, um segundo é outra, etc etc, e eu posso ir vivendo um semestre de cada vez em vez de pensar no montante das mensalidades.

Eu também posso elaborar estratégias para conseguir esse dinheiro, que seja através de um trabalho na área acadêmica, como professora, cuja remuneração eu use exclusivamente para o doutorado, entre outras iniciativas. Já saí daquele lugar nebuloso e escuro de “puxa, não sei se consigo me comprometer com esse valor mensal”.

A coordenadora da pós-graduação também respondeu meu e-mail de forma muito legal e cuidadosa e me deu dicas valiosas, tais como:

  • foque em elaborar um bom projeto de pesquisa porque ele vai ajudar não apenas na aprovação como depois para requisição de uma bolsa;
  • explore o corpo docente para escolher um possível orientador e vá trocando ideias com ele nesse meio tempo, para ele até te ajudar com o pré-projeto.

Uh, eu fiquei muito empolgada com essas orientações porque elas foram me direcionando ainda mais naquele projeto que eu já tinha de esclarecimento do doutorado como um todo! 🙂

Confesso para vocês que seria muito interessante entrar nesse segundo semestre no doutorado, porque em tempos de pandemia e quarentena, eu teria mais tempo para estudar e me dedicar à pesquisa. Mas eu também não tenho interesse em fazer nada com pressa. Não me custa nada esperar outro semestre. Vamos ver! Estou exatamente nesta fase de definição.

Para ajudar, criei então um mapa mental como suporte a esse projeto lá no meu Mind Meister, onde pude iniciar o Modelo de Planejamento Natural e organizar informações que eu já tinha, como referência.

No Evernote, muito simples: apenas criei uma etiqueta chamada “doutorado” e fui agrupando ali dentro as notas relacionadas. URLs importantes da universidade e do processo seletivo, anotações particulares minhas a respeito do meu processo, informações sobre as linhas de pesquisa e disciplinas etc. Uso bastante o Web Clipper (extensão do Google Chrome que permite salvar informações e sites da web diretamente no Evernote) para ir acrescentando páginas da web, ou tiro fotos com o próprio app no celular para enviar anotações minhas feitas no caderno, por exemplo. Como o Evernote armazena por ordem cronológica (de criação das notas), depois é bem bacana ver o que tem guardado para ir mantendo ou deletando de acordo com a minha necessidade.

Meus próximos passos:

  • Trabalhar no pré-projeto, até mesmo para entender se eu já tenho clareza sobre o tema que quero pesquisar. Estou justamente nesse momento, então vai ser incrível trabalhar nesse documento, leve o tempo que for. Como eu falei, não me interesso apenas em ter as coisas prontas, mas em curtir o processo para concluí-las;
  • Analisar o corpo docente, ler sobre os professores, artigos publicados, para chegar a alguns nomes que poderiam ser meus orientadores;
  • Conversar com meu professor orientador do mestrado para insights e orientações adicionais, conforme apropriado.

Leve o tempo que levar, são meus próximos passos. Cuidar deles com carinho vai fazer com que o projeto vá se desenrolando e aconteça, neste ou no próximo ano (que era a ideia original – inclusive considerei esperar até 2022, se necessário, mas acho que não será).

Minha defesa do mestrado

Na semana passada, eu concluí uma das etapas mais importantes do meu mestrado, que foi defender a minha dissertação. Fui aprovada, sou oficialmente mestra em Comunicação e tirei 10 no trabalho. Fiquei muito feliz e satisfeita no dia, grata ao universo e a todo mundo que esteve relacionado nesse processo. A gente não faz absolutamente NADA sozinho, então eu só tenho realmente a agradecer.

Na foto acima, estão os meus professores: Marcelo (à esquerda) e Luis Mauro (meu orientador). Ainda tínhamos na banca a professora Ana Paula, da UNISINOS, que participou via Skype.

Eu fiquei nervosa SIM, não vou negar. Claro que um nível de nervosismo “Thais Godinho”, com calma, gerenciado com muita meditação e foco, mas ainda assim fora do meu eixo. O que considero absolutamente normaaaaal, visto que nunca tinha defendido um trabalho para uma banca antes na vida e tinha medo do que pudesse acontecer, dos questionamentos etc.

A qualificação aconteceu no meio de dezembro. Os professores me falaram MUITA coisa. Eu anotei tudo. Depois, conversando com o meu orientador, priorizamos as alterações. Algumas caberiam, outras ficariam para explorações futuras. Eu descansei no final do ano e reservei o meu mês de janeiro para trabalhar na dissertação e fazer as mudanças. Teve um capítulo inteiro novo, além de trechos grandes adicionais. Foi ótimo fazer, mas “pesado”. Eu confesso que já estava um pouco de saco cheio do meu trabalho! Sério, não aguentava nem olhar mais para ele, de tanto que já tinha escrito, mexido etc.

Meu professor estaria de volta no dia 27, e no dia 26 à noite, o texto estava na caixa de entrada dele.

Meu professor revisou, pediu uma ou outra adição, que eu fiz, e assim levei o trabalho para a gráfica, pois ele precisaria ser entregue na secretaria antes do dia 15/2 (entreguei com folga alguns dias antes). Esse dia foi o melhor de todos. Fui viajar no dia 17 e a única coisa que precisava fazer era aguardar o meu professor agendar a defesa, que aconteceu no dia 5 de março.

Pesquisei muito sobre como é uma defesa de mestrado. Em vídeos mesmo. Revisei a apresentação que fiz para a qualificação, tirei algumas coisas, coloquei outras, mais assertivas. A apresentação ficou super bonita. A dissertação, quando publicada, vou divulgar aqui junto com a apresentação. Também quero explicar melhor como foi essa pesquisa e os resultados obtidos, pois ela foi importante para validar questões essenciais de sobrecarga e ansiedade do uso de aplicativos como o What’sApp no trabalho.

Já sabendo que eu ficaria dedicada a esse assunto mentalmente, procurei deixar a minha semana relativamente livre para pensar só nesse assunto. Claro que tive que trabalhar em outras coisas mas, de modo geral, adiantei e adiei o que pude e, no dia da defesa e no dia seguinte, tirei folga do trabalho. Foi a melhor coisa que eu fiz, mesmo porque na segunda-feira anterior eu tomei chuva e fiquei sem voz durante quase dois dias. Precisava descansar.

A sensação de ter concluído essa etapa foi muito curiosa. Me senti feliz mas, acima de tudo, aliviada, pois eu realmente achei que não fosse conseguir concluir esse mestrado. Achei simbólico tê-lo feito na semana do Dia da Mulher.

Eu me senti muito segura apresentando o meu trabalho porque estou imersa nesse tema há mais de dois anos e também tenho experiência em oratória. Isso me ajudou demaaaais, pois do contrário certamente seria um fator adicional de nervosismo. Depois que eu apresentei (durante uns 15 a 20 minutos), os professores fizeram observações sobre o trabalho. Observações essas que preciso discutir com meu orientador o que devo fazer na versão final ou não, que deve ser entregue em 30 dias, naquela versão encadernada bonitona, que ficará na biblioteca da faculdade.

Este post é mais uma expressão emocional minha e para compartilhar a felicidade por ter concluído esta etapa! Pretendo elaborar um montão de conteúdos ainda sobre o mestrado, e se você tiver alguma dúvida específica, por favor, deixe aqui nos comentários. Quero ir escrevendo e gravando vídeos a respeito, pois tenho certeza que é uma fase da vida em que toda dica é bem-vinda. Obrigada! <3

Revisão das minhas áreas de foco e responsabilidades de trabalho (Março 2020)

Neste post, vou comentar um pouco sobre como tenho feito um trabalho de reequilíbrio das minhas áreas de foco. David Allen, criador do método GTD™, que eu uso, recomenda revisá-las sempre que sentir necessidade de buscar equilíbrio. Achei que seria legal compartilhar essa última revisão com vocês (leia o post linkado na primeira frase para entender sobre o que estou falando caso você nunca tenha lido nada sobre áreas de foco).

Voltei a organizar esses dois mapas no Mind Meister.

Eu gosto de fazer essa revisão mensalmente. Considero uma reflexão legal mas, se eu sentir que não preciso revisar em tal momento, deixo para quando sentir necessidade. Eu estava sentindo essa necessidade porque fiz mudanças importantes no meu trabalho ultimamente, mas eu ainda precisava de um distanciamento maior (e também de uma vivência diária) até para me entender nessa nova configuração.

Hoje, no meu trabalho, eu tenho algumas funções bem bacanas. Comecei criando essas ramificações principais, que foram a de criação de conteúdo e a como professora. Ao refletir sobre essas responsabilidades, muitas coisas vieram à minha mente, que fui alimentando no mapa.

Definir o seu trabalho é uma das coisas que mais fazem diferença em termos de produtividade. Se você não tiver seu trabalho definido, ficará muito mais fácil dizer sim para tudo e para todos e se sobrecarregar. Aliás, é fato: toda pessoa sobrecarregada não sabe de verdade qual é o seu trabalho. Provavelmente não tem todo o inventário de coisas que precisa completar e entregar a curto prazo, não tem ideia dos seus compromissos nem das suas responsabilidades. Uma vez que você defina seu trabalho, você consegue analisar cada uma dessas definições e se perguntar: tá tudo certo por aqui? Isso me lembra algo? Quando eu analiso essa área e penso em sua estabilidade, o que eu preciso fazer para alcançá-la?

Outra coisa que é muito afetada por esse mapa é a minha rotina de trabalho. Tendo claras as minhas prioridades, eu consigo verificar: bem, essa atividade eu preciso fazer diariamente. Esta outra aqui semanalmente. Essa eu posso delegar. É bem interessante esse manejo e depende apenas dessas revisões constantes e regulares.

No mapa:

Foi pra agenda:

Acho que é legal sempre dizer que esse mapa não fica “pronto” de uma vez. Ele nem sequer fica pronto nunca, eu acho. Cada vez que eu reviso, alimento um pouco, mudo algumas coisas etc. Ele serve como ponto de reflexão exatamente. Toda vez que o reviso, eu identifico providências que preciso ou quero tomar com relação a algum tópico dele. Serve como uma lista de gatilhos mesmo.

Revisar as áreas de foco também me ajuda a ter noção do equilíbrio dessas diversas áreas. De modo geral, todo mês tenho tido um momento de reflexão mais específico quando faço a migração mensal no Bullet Journal – desenho a roda da vida e pinto ela de acordo com o nível de satisfação em cada uma das áreas, além de escrever um pouco em formato de diário os apontamentos a respeito de como me sinto. Tudo isso são atividades referentes às áreas de foco, mas são atividades “separadas”, que faço em momentos diferentes. No Bullet Journal faço quando vira o mês e a revisão dos mapas deste post eu faço quando sinto necessidade.

Uma dúvida que costuma sempre aparecer nos comentários quando faço um post desse tipo é sobre os motivos para ter dois mapas em vez de um só. Não tem regra, é apenas uma opção pessoal. Eu gosto de ter minhas responsabilidades profissionais em um mapa diferente. Eu como indivíduo me coloco em outra abordagem, outra reflexão. Você pode criar um mapa separado para a área que você quiser – por exemplo, finanças.

“Ah, mas isso é muito controle. Sou uma pessoa livre, criativa, não gosto de limites assim. Parece que você engessa tudo, não vive.” Eu ouço muito isso (o David Allen também). E vou usar a resposta dele para isso: justamente por eu ser uma pessoa livre e criativa também eu faço isso. Porque, se eu não fizer, esses pequenos detalhes chatos, burocráticos e às vezes até enfadonhos da minha vida vão ficar tomando meu tempo e energia que eu deveria estar dedicando às coisas realmente importantes para mim. Por outro lado, ao fazer essa análise, eu garanto que não vou me esquecer de nenhuma dessas coisas importantes. Vou ter sempre a oportunidade de refletir sobre as responsabilidades que eu tenho com relação ao meu filho, à educação dele, à minha saúde, à nossa casa e todas as outras áreas. Não se trata de limitação, mas de expansão.

Claro que, sem dúvida, é apenas uma escolha sobre o modo como viver a vida, que não é obrigatória de maneira alguma.

Voltei a fazer em formato de mapa mental apenas porque, no momento, prefiro assim. Não há nenhuma explicação técnica ou metafísica para isso. 😉

Um hobby e uma meta de carreira para 2020

Um dos exercícios que proponho ao fazer o planejamento de um ano novo é escolher um hobby para se dedicar ao longo do ano e uma meta de carreira “para atualizar no currículo”.

Já faz alguns anos que eu faço isso com a minha carreira – desde que comecei a trabalhar “por conta” e ser responsável pela minha própria capacitação. Fazendo uma análise da minha última década, percebi que tirei 11 (!!!) certificações, o que significa que foquei essa meta em certificações e não necessariamente em outras atualizações de currículo, por isso nos últimos dois anos minha concentração ficou no mestrado, que é bastante volumoso.

Para 2020, eu preciso finalizar todas essas coisas que estão em andamento. São três certificações do GTD que ainda preciso finalizar, além da minha certificação de Coaching de Carreira e o depósito da dissertação do mestrado em si. Tudo isso já é bastante coisa, então não quero colocar nenhuma meta além de finalizar essas que já estão em andamento. Caso eu termine e apareça algo, será um plus.

Já com relação aos hobbies, ano passado eu decidi que em 2019 eu voltaria a pintar (pintura em tela), mas eu fiquei tão mal de saúde que nem pude mexer com tinta à óleo. Até eu ficar melhor, já tinha “desencanado” desse hobby e confesso que ele nem me fez falta. Sabe quando você tem a impressão que o trem já passou? rsrs Ainda pretendo voltar, mas não no momento. Tenho outras vontades e prioridades.

Para 2020, quero investir mais nas técnicas de cozinha básicas. Desde que iniciei minha transição para uma alimentação vegetariana estrita, percebo que me faz falta não conhecer algumas técnicas básicas de cortes, congelamento, entre outras. Meu marido me dá algumas dicas (ele é formado em gastronomia), mas 1) eu gosto de estudar e 2) gosto de ter autonomia nos meus conhecimentos e habilidades. Adoro que ele me ajude, mas nem sempre ele está por perto ou disponível enquanto estou cozinhando. rs

Enfim, quero um ano mais leve em todos os sentidos. Acho que meus últimos dois anos foram muito puxados emocionalmente, com a morte da minha avó e uma montão de outros acontecimentos, e tem um montão de coisas que quero me despedir em 2019 e entrar em 2020 com outra vibe, que já estou sentindo. Estou muito feliz, e tenho certeza que essas “metas” acima me ajudarão a continuar assim. <3

Como me preparei para ministrar uma palestra em inglês

Há cerca de um mês, eu estive em Amsterdam para participar do evento GTD Summit, um evento único global de fomento ao método GTDâ„¢ – o método de gerenciamento da vida que eu utilizo.

Em setembro do ano passado eu fui informada da possibilidade de participar como palestrante, mas o convite oficial veio apenas em janeiro, quando eu efetivamente comecei a me preparar.

Não houve pedido de assunto específico, e sim um tema geral, em aberto, que todos os convidados a serem palestrantes poderiam interpretar à sua maneira: como você usa o GTDâ„¢ para criar espaço na sua vida e fazer o que quiser? Esse direcionamento chegou apenas alguns meses depois – acredito que um mês antes do evento em si, mais ou menos, então esse foi o tempo que eu levei para preparar a apresentação.

Photo by Dan Taylor

Meu preparo começou em janeiro em algumas questões, como a prática mais intensiva do inglês e também as técnicas de apresentação – postura, movimentação, contação de histórias etc.

Quando falo em “preparo intensivo” do inglês me refiro a estudar e treinar diariamente, de diversas maneiras. Vendo filme sem legenda, lendo artigos na Internet, fazendo reuniões em inglês e treinando leituras em voz alta (pronúncia).

É claro que esse preparo jamais poderia ter sido feito em apenas alguns meses. Desde que comecei a trabalhar como palestrante, há uns seis anos, venho estudando e praticando intensamente essas técnicas. Todos esses anos de estudos e práticas me ajudaram a ter mais segurança no palco hoje em dia. Não foi algo que aconteceu da noite para o dia.

O mesmo vale para o próprio idioma. Eu não comecei a estudar inglês em janeiro. Estudo inglês desde sempre – talvez não mais do que o português, mas há muitos anos. Por não ser meu idioma nativo, claro que há dificuldades. Então o que me ajudou, de verdade, foi praticar fluência diariamente e ir corrigindo, estudando, os aspectos gramaticais mais pontuais. Ler bastante revista, livro, reportagens em inglês ajudou com o vocabulário.

Tenho incorporado há alguns meses uma recomendação do Mairo Vergara, que é usar um aplicativo chamado Anki para guardar palavras em inglês e revisá-las diariamente. É bem legal porque, enriquecendo seu vocabulário, a fluência vai ficando muito mais fácil.

E, o mais importante: você tem que ser foda no conteúdo que quer passar. Você tem que ter algo relevante para compartilhar. É isso.

Photo by Dan Taylor

Ao ter o direcionamento do tema, eu comecei pelo propósito: o que quero que os espectadores sintam ao final da minha apresentação? A resposta: quero que eles saibam que o GTD ajuda a gente a fazer tudo o que a gente quiser, mas não tudo ao mesmo tempo. Temos muitos papéis e atividades, e podemos tender a enlouquecer se quisermos abrigar tudo. Então quero passar uma ideia de conforto, de “sinta-se abraçado”, tenho mil coisas pra fazer também, mas com priorização a gente consegue ir abrigando o que é prioridade, aos poucos.

Estabeleci alguns princípios para a apresentação. Gostaria que ela fosse inspiradora, mas também bem-humorada.

Dediquei os próximos dias então para me permitir capturar quaisquer ideias que me viessem à mente que eu poderia abordar. Reli meu livro sobre apresentações no TED e outro sobre palestras do Steve Jobs para ver se tinha ideias de “momentos” na apresentação. Essa releitura foi útil porque me deu muitas ideias. Ia colocando todas em post-its, na parede do meu home-office. Esse processo criativo durou em média uma semana, não mais do que isso.

Depois que já tinha capturado as ideias que considerava suficientes, tentei “escrever uma história”. Acredito que toda apresentação na verdade conte uma história. E só depois de ter essa linha da história em si é que comecei a pensar nos slides.

Não gosto de slides com textos, em que o apresentador simplesmente lê o que está ali. Gosto de ter um slide que mostre legal o tema visualmente, e aí eu desenvolvo falando. Esse é o meu estilo. Devem existir outros. É o que funciona bem para mim.

Montei os slides e, com base neles, redigi o script de cada um deles em uma ficha 3×5, uma para cada slide. Tudo em inglês, pois assim fui condensando a minha fala e também me permitiria treinar.

Uma vez finalizados os slides e esse script, eu treinava diariamente, em voz alta. Toda janela de tempo, todos os dias, eu aproveitava para tirar as minhas fichinhas do bolso e treinar a fala em voz alta. Não apenas para decorar, mas para corrigir pronúncias mais complicadas e verificar como o conteúdo “soava” em voz alta. Em alguns momentos, eu até cronometrava quanto tempo eu levava para falar todas as fichas, procurando sempre ficar dentro do tempo estimado para a minha apresentação.

Photo by Dan Taylor

Vale dizer que as palestras do evento foram curtas – no máximo 20 minutos, como as do TED. A minha teve 5 minutos. Era um sopro. Por isso, quis ir na base da inspiração e do bom-humor, mas trazendo um conteúdo relevante em tão pouco tempo. Acredito que tenha conseguido! Muitas pessoas vieram conversar comigo depois da apresentação, ao longo do evento, dizendo que se sentiram tocadas com o que falei, e que adoraram os elementos de humor que usei (falei sobre o meu filho, falei sobre a Arya Stark, citei uma música do KISS, enfim!).

Toda apresentação é a forma como você externaliza quem você é dentro de um determinado contexto de vida, que envolve o conteúdo que você quer passar, seu amadurecimento naquele assunto, sua idade, seu momento, sua babagem. No meu caso, faz parte de mim colocar elementos de cultura pop porque eu sou essa pessoa. Encontre quem você é para criar as suas.

Infelizmente a palestra não pode ser transmitida em outros meios porque ela pertence à propriedade intelectual do evento. Era possível se inscrever e assistir via streaming, caso tivesse interesse, mas depois do evento não tem mais como. Eu acredito que, depois de um tempo, talvez eu possa disponibilizar o arquivo. Avisarei, se acontecer.

Subir em um palco para ministrar uma palestra em inglês, em um evento internacional, para pessoas que não te conhecem (em sua maioria), foi realmente um desafio. Senti um frio na barriga gostoso que eu não sentia faz tempo, e isso mudou muita coisa dentro de mim. Na verdade, se você faz algo que te deixa na zona de conforto o tempo todo e não sente esse friozinho na barriga faz tempo, questione. Foi isso o que eu aprendi, entre outras coisas, fazendo essa palestra.

Um marco de vida, com toda a certeza. <3

Eu aprendi sobre: liderança

Pretendo fazer uma série este mês no blog comentando sobre aprendizados recentes e contínuos em áreas diversas da minha vida. Estou com um pouco de dificuldades para atualizar o blog depois de uma atualização no sistema (que deixa a interface terrivelmente não intuitiva e difícil de atualizar com textos), mas prometo que farei meu melhor para postar todos este mês.

Eu gostaria de começar falando sobre o aprendizado de liderança.

Esse assunto é importante porque tem tomado meu coração ultimamente, então me sinto transbordando de vontade de falar sobre isso aqui. Além desse motivo pessoal (afinal, ainda é um blog), eu penso que falar sobre liderança é necessário porque a maioria das pessoas que se colocam ou se vêem em posições de liderança jamais tiveram um treinamento específico para isso. Na maioria das vezes, eram boas executoras, boas especialistas, que agora foram promovidas a um cargo de gestão e precisam aprender a lidar melhor com pessoas. E essa é uma habilidade difícil demais, porque envolve, acima de tudo, auto-conhecimento e consciência das suas próprias limitações.

A conversa sobre liderança pode partir dos exemplos que já tivemos. Desde criança, temos contatos com líderes – que sejam os nossos pais. Professores, depois o primeiro chefe (no meu caso, foi uma mulher), além de todas as outras experiências que tivemos em vida, nem sempre apenas profissionais, que nos colocaram em contato, de certa maneira, com pessoas em condições de liderança.

Eu gosto de dizer que líder não é sinônimo de gestor. Uma pessoa pode ser gestora, gerir uma equipe, mas não ser líder. Assim como uma pessoa pode ser líder sem que necessariamente seja gestora.

O que me deu o grande clique da situação de liderança foi quando eu fiz o curso de GTD Nível 3 em setembro passado. Lá eu entendi (na verdade, percebi) que, após a morte da minha avó, eu me percebia como a figura de liderança na nossa família. A persona da matrona tinha aberto uma vaga. Era o momento de eu trazer para o palco todas aquelas sugestões de como eu achava que as coisas deveriam ser.

Essa percepção veio de compreender a responsabilidade que eu tinha como mãe, como esposa, como filha, como nora, como tia – de que pessoas dependiam de mim. Não dependência financeira, apenas, em certos sentidos, mas dependência emocional, de liberdade, de inspiração. Eu sou aquela pessoa da família que sofreu com tantas perdas ao longo da vida e que construiu uma empresa do nada com base naquilo que gosta de fazer. Eu considero isso um feito e tanto, e muitas vezes eu me esquecia de lembrar disso. Tenho buscado lembrar mais. Esse feito me coloca em uma posição de admiração na minha própria família. A questão é: o que eu faço com isso? Como aplico quem eu sou, de verdade, em todos esses papéis que eu desempenho? Como eu aplico isso como mãe do Paul? Como eu aplico isso no meu casamento? Como eu aplico isso na relação com a minha mãe, que na verdade teria uma relação de liderança inversa?

Ao mesmo tempo, no trabalho, essa percepção desencadeou uma série de definições, especialmente no que diz respeito às minhas responsabilidades. Em termos práticos, no cotidiano mesmo, o que é meu escopo e o que não é? O que pode ou deve ser delegado? O que apenas eu posso fazer? O que são as coisas que, se eu não fizer, deixarão um vácuo enorme no trabalho que fazemos como empresa?

Além disso, as pessoas que trabalham comigo precisam de um direcionamento, e esse direcionamento não vem de reuniões, mas de prática, comunicação, inspiração. Estou transbordando essa clareza para todos, ou é algo que está apenas dentro de mim? Porque sabe, quando você é autônomo, a empresa é você e você. Quando você tem uma empresa, e pessoas trabalhando diariamente ao seu lado, essa clareza de propósito precisa estar atenta para todos. E não se faz isso colocando um mural com a missão na parede ou reunindo as pessoas em um evento de um final de semana. A gente faz isso nas atitudes diárias, na maneira como se comunica ou toca os projetos.

Eu tenho muito a melhorar nesse aspecto, pois a melhora como líder requer que você melhore como ser humano. E ninguém quer mostrar falhas. Mas eu também já percebi que faz parte dessa liderança você mostrar as suas vulnerabilidades. Justamente por sermos humanos, temos defeitos e habilidades a serem melhoradas. Se você, como líder, identificar isso, você na verdade ensina uma outra habilidade fundamental para a sua equipe, que é a habilidade de se aceitar como você é, mas não aceitar comportamentos que sejam inaceitáveis de respeito com as outras pessoas, e se mostrar em trajetória de mudança.

No ano passado, eu fiz um trabalho de tutoria com o Daniel, da Call Daniel. O Daniel é uma das pessoas mais compassivas que eu conheço. Eu sempre fui uma pessoa mais nervosinha – até por isso eu procurei o budismo em algum momento da minha vida. Perdia a paciência com burrice e pessoas que não tinham iniciativa, que não buscavam soluções práticas. Sofri muito em todos os empregos que eu tive. Quando me tornei budista, aprendi que lidar com pessoas assim é o melhor laboratório que se pode ter, porque é muito fácil ser líder de pessoas que dizem amém a tudo o que você faz. O verdadeiro exercício de relacionamento é lidar com desafios interpessoais. É nesse processo que você entende também suas limitações, as limitações do outro, e até onde pode ir (porque tem relacionamentos que você precisa simplesmente deixar ir embora, tanto profissionais quanto pessoais). Mas como reconhecê-los? Só com muita humildade, respeito e auto-conhecimento. Durante um ano, realizamos reuniões e definimos ações com foco no relacionamento profissional com os membros da equipe. Cresci muito, e foi o momento certo de fazer isso, visto que tenho esse papel de liderança que foi se desenvolvendo em outras frentes também.

Quando você tem uma empresa, como no meu caso, hoje, o aspecto de liderança é muito mais latente, pois absolutamente tudo – até os rumos da equipe – depende das suas decisões. Em paralelo, a sua presença inspira ou desanima as pessoas. Você precisa ter uma postura X o tempo todo. Do meu ponto de vista, essa postura não precisa ser perfeita, e sim apenas honesta. Tem dias que você não estará bem, e tudo bem. Mas é importante tentar manter o entusiasmo, não apenas pelo moral da equipe, mas pelo seu próprio mesmo.

Por isso que sempre digo aqui no blog: o mais importante de tudo é a mente. Porque a mente estando bem, todo o resto fica bem. O físico fica bem. O emocional fica bem. É a base de tudo. Cuide da sua mente.

Não queria terminar este texto sem falar sobre o impacto não apenas das ações, mas das palavras. Toda vez que você for lidar com alguém, conversar, pedir algo, perguntar, meça suas palavras. Veja como está falando. Engaje-se apropriadamente. Esteja presente. Que estado você quer causar na pessoa com quem você está se relacionando? Mais do que conseguir um resultado para você, trata-se da vibe universal do sentimento e da situação que você está gerando.

Para mim, liderança não tem a ver com status ou ego. Tem a ver com servir as pessoas. Eu lia isso em livros antes e me soava extremamente caricato e fake, mas hoje, vivenciando isso, falo do fundo do coração. Não é sobre você. É sempre sobre os outros. E então você molda a sua vida para servir melhor os outros. Isso vai mudar tudo dentro de você, no final das contas.

Como se preparar para seminários acadêmicos

Em abril, eu escrevi um post contando como foi participar de um evento acadêmico, meu primeiro, apenas como ouvinte. E agora, em outubro, eu venho com este post dando dicas sobre como participar apresentando. Que ousada!

É claro que ainda tenho muito a aprender. Mas eu apresentei em dois seminários neste semestre, e me senti muito bem fazendo isso, o que significa que eu soube me preparar. Eu imaginei que, mesmo tão iniciante como pesquisadora, eu pudesse trazer algumas dicas para vocês.

Penso também que a minha experiência como professora e palestrante conte muito.

#DICA 1 – Abstraia da coisa de saber pouco ou muito. Eu sempre me senti o “cocô do bandido” quando eu comecei o mestrado. Parece que todo mundo sabe mais do que você. Depois de passada essa sensação inicial (que nunca passa de verdade, mas você se acostuma com ela), eu comecei a valorizar o que eu sabia, e mais ninguém. Toda a experiência que eu tinha com outras coisas, do mercado mesmo, e de vivência, de trabalhar com as pessoas de perto, e mesmo de estudo teórico. O que cada um sabe nenhuma outra pessoa é capaz de ter. Eu não devo me sentir diminuída por isso, muito pelo contrário. Devo assumir o que ainda não sei, mas valorizar o que já fiz. Esse “empoderamento” me ajudou pra caramba. No segundo seminário que apresentei, já me senti muito mais confiante, e acho que essa confiança faz toda diferença na forma como você se apresenta.

# DICA 2 – Valorize suas referências. O que conta no meio acadêmico são as referências que você tem. Não importa que você tenha poucas – se tiver uma, essa referência deve ser valorizada, mostrada, realçada. Quanto mais você estuda, mais referências terá. Essa é a vantagem do meio acadêmico – você se valoriza pelo seu estudo. No slide abaixo, retirado da minha última apresentação, eu coloquei os conceitos que queria apresentar, junto com as referências. Isso é maravilhoso, porque me ajudou a ser sucinta e também mostrar para as pessoas de onde vêm aquelas ideias.

# DICA 3 – Faça uma apresentação bonita. Me refiro aos slides mesmo. Pô, dá pra dar uma caprichada. Não precisa ser especialista em design – basta usar imagens bonitas, colocar poucos conceitos por slide (falarei sobre isso nas próximas dicas) e não encher de texto. E putz, não leia o slide. Isso é bem básico, mas eu vejo tanta gente apresentando em seminário e lendo. O cara vai prestar atenção em você ou no slide. Então o slide não pode “brigar” com você, entende? Isso foi algo que aprendi estudando sobre como fazer palestras, e vejo que se aplica super bem ao meio acadêmico, que ainda é meio viciado em algumas coisas, tipo essa.

# DICA 4 – Segmente a sua apresentação. Eu tenho um propósito para a apresentação, certo? Sim, certo. Quando você define os objetivos de um artigo, de uma dissertação, de estudo, é a mesma coisa, mas desta vez você fará para a sua apresentação. Parece bobo, mas não é. É importante mostrar por que você está apresentando aquilo, porque alinha as expectativas. Você mostra se é uma pesquisa preliminar, se já quer apresentar o resultado de uma pesquisa de campo, do que se trata, afinal. E, uma vez que você tenha um propósito (ou pode ser mais de um), você consegue segmentar a sua apresentação. Quando eu falo em segmentar, significa trazer uma ideia por slide.

Eu realizei uma apresentação falando sobre o fenômeno da Fórmula de Lançamento, do Érico Rocha, no YouTube. Eu dividi a minha apresentação da seguinte maneira:

  1. Capa
  2. Apresentação pessoal (quem sou eu, qual é a minha pesquisa, quem é o meu orientador, onde estou no tempo e no espaço acadêmico)
  3. Contextualização (neste slide eu coloco todas as referências que preciso citar para contextualizar o meu objeto – é o slide que mostrei ali em cima)
  4. Especificação da contextualização (se existir algum ponto específico importante a ser citado, eu crio um slide para cada conceito)
  5. Apresentação do objeto (um slide para apresentar o objeto, e você pode criar novos slides para apresentar coisas diferentes, dependendo do que está apresentando)
  6. Conclusões (um slide que traga as suas conclusões)
  7. Propósito e agradecimentos (eu deixei o propósito por último justamente para provar que o alcancei! e agradeço a galera, com meu e-mail para contato)

Esse “template” me ajudou bastante e pretendo manter para as próximas apresentações que fizer.

# DICA 5 – É ok ler alguns trechos. Não dos slides (nunca!), mas trechos dos livros e das referências gerais que você trouxer. As pessoas estão ali para isso, para aprender. Eu particularmente não gosto de ler, mas percebo que isso me dá segurança e me ajuda a apresentar melhor, dar mais credibilidade ao que eu estou falando. Talvez no futuro eu nem precise disso, mas por hora sim. Então peguei algumas fichas 5×8 e escrevi as referências que queria apresentar. Copiei trechos de livros, dados importantes, e levei comigo. Esse tipo de organização é legal.

# DICA 6 – Se ligue no tempo. Eu deixei o celular com o timer, o outro celular com a apresentação em PDF para eu saber que slide vinha depois do outro, e me planejei para falar um pouco em cada espaço de tempo disponível. Isso ajuda você a saber onde pode falar mais, onde pode exemplificar, e onde precisa ser mais sucinto. Controlar o tempo é fundamental.

# DICA 7 – Aprenda com bons exemplos. Não é importante apenas estudar o seu objeto ou as suas referências, mas se inspirar em professores e pesquisadores que falem bem, ou até em pessoas de outras áreas que você se identifique com o estilo de oratória. Eu leio vários livros de oratória, frequento eventos e gosto de ver palestras no YouTube. Sei que tudo isso pode parecer superficial no meio acadêmico, mas me ajuda MUITO, então quis compartilhar essa dica simples por achar que possa ajudar vocês também.

Ah, e sempre garanta backup das suas apresentações. Além de levar meu computador para revisar o Power Point, coloco um PDF da apresentação na “nuvem” e salvo em um pendrive. Dá uma certa segurança. 😉

Dica final: estude o máximo que puder. Leia, revise sua apresentação, releia suas anotações. E, a cada apresentação, traga mais referências e seja mais feliz.

Algumas dicas INCRÍVEIS dos leitores no Instagram (obrigada!):

E você, tem alguma dica que faz seus seminários acadêmicos serem melhores? Por favor, deixe um comentário. Obrigada!

A preparação para uma certificação internacional

Esta semana estou indo viajar para uma nova certificação do GTD e resolvi escrever sobre esse assunto pois, sempre que comento a respeito nas minhas redes sociais, algumas pessoas me pedem para explicar como funciona. Este post trará informações a respeito então.

Vale dizer que tirar certificações internacionais faz parte de uma construção de um estilo de vida que quero ter que me permita trabalhar de qualquer lugar do mundo, caso eu queira. No caso, as certificações que tiro do método GTD (método de produtividade) também dizem respeito ao que tenho como propósito, que é ajudar as pessoas a serem menos estressadas. Enfim, conversa com vários propósitos, na verdade.

Outro ponto legal de citar é que cada certificação tem a sua dinâmica. Cheguei a tirar outra certificação internacional antes de começar a trabalhar com o GTD, em outra área, e a dinâmica do processo foi totalmente diferente. Aqui vou contar então como tem sido o processo específico das certificações do GTD.

Yo, David! What’s your next action?

Como muitas pessoas novas chegam ao blog todos os dias, é importante explicar novamente algumas coisas que podem não ser novidade para quem já me acompanha há algum tempo.

Para quem não sabe, GTD é um método de produtividade, sigla para “getting things done”, e é um método que eu uso desde 2006, razão pela qual eu até criei este blog, a fim de compartilhar os aprendizados que estava descobrindo tentando ser uma pessoa mais organizada e produtiva.

O GTD tem um livro-base que se chama “A arte de fazer acontecer” e é publicado no Brasil pela Editora Sextante. Você encontra nas principais livrarias. Aqui no blog tem coisa pra caramba a respeito também. Dá uma navegada, se tiver interesse. 😉

Esse método foi criado por um senhor chamado David Allen, norte-americano que hoje mora na Holanda. Ele desenvolveu um programa educacional bastante extenso que, para ser ministrado, exige que você seja certificado pela David Allen Company Academy, ou DACA, e também se submeta à franquia do país onde você vive – no caso do Brasil, a Call Daniel. As franquias têm exclusividade sobre o uso comercial da marca em cada país. Isso significa que, aqui no Brasil, apenas a Call Daniel pode vender cursos e serviços com o nome GTD.

Essa exigência é importante para a manutenção da qualidade do que é ensinado. Veja: para você ser professor do método, precisa passar pelo processo de certificação, que leva de seis a 12 meses por certificação (são 4, no total). Eu tirei a primeira em 2015 e estou no processo das duas últimas. Imagina se uma pessoa que mal conhece sobre GTD, nunca conheceu o David Allen e tem acesso a esses materiais de estudo teria condições de ensinar a metodologia? Vejo alguns posts meus antes de me capacitar e só mantenho no ar como registro, mas eu mesma, que já uso há muitos anos, tinha algumas percepções equivocadas. Fora que trabalhar com pessoas é outra história. Enfim, no mínimo tem que passar por esse processo de certificação. É tipo se dizer médico sem ter feito faculdade de medicina.

No meu caso, sou também Master Trainer da metodologia, o que demanda uma atenção quase full ao método em si. O Master Trainer não só ministra cursos como também é responsável pela capacitação de todos os outros professores no seu país. Cada país tem um, e eu sou a brasileira.

Existem 3 níveis de cursos do GTD, a saber:

  • Nível 1: Fundamentos
  • Nível 2: Projetos & Prioridades
  • Nível 3: Foco & Direção

Além da certificação de Coaching GTD, só permitida a quem já for instrutor de pelo menos o Nível 2 do método.

Para vocês terem uma ideia da raridade e da complexidade desse processo de certificação, hoje há apenas 5 Master Trainers do Nível 2 no mundo – eu estou entre eles, junto com o próprio David Allen. Não apenas pelo grau de dedicação exigido ao estudo, mas pela complexidade de práticas e atividades relacionadas. O cara que vira Master Trainer do GTD precisa ter isso como um estilo de vida.

No momento, eu estou com a minha certificação de Coaching GTD em stand-by (em andamento, porém em pausa para o Nível 3) e estou cursando a minha certificação do Nível 3 neste exato momento. Retomarei a certificação de coaching em novembro ou dezembro.

O processo de certificação para Master Trainers acontece na Holanda, em Amsterdam – cidade onde o David vive hoje. Você pode fazer o curso (uma espécie de turma aberta, como tem aqui no Brasil e em outros países) lá em Amsterdam também, se quiser, mas a formação como instrutor só pode ser feita em seu próprio país com o Master Trainer residente (no caso do Brasil, sou eu).

Mas, para se tornar instrutor, além de todos os pré-requisitos exigidos, precisa haver vaga na Call Daniel. Neste vídeo no YouTube eu explico direitinho o passo a passo.

Aqui no Brasil temos cursos tanto abertos (que você pode se inscrever como pessoa física) quanto cursos realizados dentro de empresas. Em ambos os casos, consulte o site da Call Daniel caso tenha interesse.

A certificação funciona assim: tem muitos requisitos, que são divulgados apenas na abertura das vagas (confidenciais), mas que se resumem em alguns pontos: ser apaixonado e manjar MUITO de GTD, ter ampla experiência em sala de aula e falar inglês. Mesmo para instrutores brasileiros isso é desejável porque a maioria dos materiais de estudos está em inglês. Além do que, as reuniões que a DACA promove aos instrutores são todas em inglês.

Então, além da parte de estudo (que é infinita, porque mensalmente surgem materiais novos gerados pela DACA), tem o processo da certificação em si, que envolve algumas reuniões com a Senior Master Trainer, uma semana inteira de capacitação, sessões de aprendizado (quase um coaching que dura meses), ministrar cursos pilotos, fazer análises dessas turmas, e por fim uma prova. Isso para ser instrutor. Para ser Master Trainer, existem vários outros passos além desses, que envolvem também certificar outros instrutores, é claro. Por isso o processo acaba levando até mais de um ano para Master Trainer, em cada um dos níveis.

Eu iniciei esse processo de certificações em 2015 e, agora em setembro, vou para a Holanda novamente para a semana de capacitação do Nível 3, que estou aguardando ansiosamente. Depois dessa semana, vem todos os outros passos, e a previsão de certificação como Trainer é até março e, como Master Trainer, entre setembro de 2019 e março de 2020. Depois disso, encerro o ciclo das certificações do GTD (possivelmente terei concluído também a certificação de coaching até lá!).

Em termos de carreira, quando comecei a tirar essas certificações, eu estabeleci que tiraria uma certificação ou título por ano, mesmo quando acabasse as certificações do GTD. Acho que esse tipo de meta pode ser legal, especialmente se você estiver buscando uma transição de carreira.

Minha progressão foi a seguinte:

  • 2015 – Trainer GTD Nível 1
  • 2016 – Trainer GTD Nível 2 / Coaching (Sociedade Brasileira de Coaching)
  • 2017 – Master Trainer Nível 1
  • 2018 – Master Trainer Nível 2
  • 2019 – Trainer Nível 3 / Coaching GTD
  • 2020 – Master Trainer Nível 3 / Mestre em Comunicação

Então, se você está mudando de carreira ou querendo saber a minha opinião a respeito, saiba que eu acho “um título por ano” uma boa ideia.

Claro que chega uma hora que você não vai ter mais tanta certificação para fazer, mas eu acho legal fazer um curso diferente, que agregue ao currículo, sabem? Então pode ser que você consiga encaixar essa ideia na sua construção também. Pode ser a conclusão de uma pós-graduação, um curso de extensão ou um IELTS, coisas assim.

Quanto ao GTD, sinceramente: sou apaixonada pela metodologia. Então, para mim, fez muito sentido participar desses processos. Não foi algo feito apenas “por ter”, mas porque está dentro de um planejamento de vida maior (como acredito que tudo deva ser feito).

Para você se envolver em um processo como esse, é importante que você realmente tenha condições de abrigar isso na sua vida. Não se trata de algo a ser feito nas horas vagas, pois toda certificação forma você como especialista e, para assim o ser, é necessária muita dedicação.

(Se você tiver interesse em trabalhar com organização e/ou produtividade, inscreva-se na newsletter correspondente para profissionais porque em breve vou abrir uma nova turma do meu curso de negócios para quem quiser entrar ou fomentar as vendas do seu negócio nessa área.)

Pesquisa de campo do mestrado: como estou me organizando

Comentei em um post anterior sobre o cronograma do mestrado e o meu planejamento para o segundo semestre. Em setembro e outubro farei a minha pesquisa de campo. A ideia é ter os resultados para, em novembro, costurá-los com os artigos de conclusão das disciplinas do semestre e, na sequência, iniciar a escrita pura da dissertação. Caso eu precise realizar novas pesquisas, farei esse complemento na sequência.

Pesquisando sobre os propósitos do mestrado, antes mesmo de iniciá-lo, eu descobri que o mestrado é, na verdade, aquele período para você aprender a ser pesquisador de verdade. Depois que entendi isso, passei a ver o processo de dois anos do curso justamente para me aperfeiçoar com foco nessa finalidade. Terei a vida toda para pesquisar os meus temas de interesse. Neste momento, no entanto, preciso me ater a um recorte X e aproveitar todo o aparato disponível da universidade.

Quando comento em alguma rede social que estou no momento da minha pesquisa de campo, surgem muitas perguntas sobre como estou fazendo. Eu vou dizer aqui neste post, mas o que quero dizer, para quem não está familiarizado com esse processo, é que cada objeto de estudo demandará um tipo de pesquisa diferente.

No meu caso, eu vou entrevistar pelo menos dez pessoas que são o meu “recorte” para analisar os resultados. Vou entrevistar mulheres que trabalhem na área da Comunicação sob o modelo PJ de “contratação” e que morem em São Paulo. Esse recorte foi definido porque eu quero descobrir se a midiatização do fluxo de trabalho tem contribuído com a precarização dessa profissão, especialmente no que diz respeito às mulheres (grupo que me incluo, então tem a ver com local de fala).

Eu já questionei esse recorte umas vinte vezes. Meu orientador disse (e eu concordo) que preciso ir a campo até para conseguir fazer tais questionamentos pra valer. Chega num ponto que qualquer pesquisa acaba entrando em uma espiral individualista se a gente não sair a campo. Não adianta eu ficar lendo mil livros, questionando, perguntando, se eu não for a campo ver o que está rolando de verdade. Então chegamos nesse ponto, e por isso farei as entrevistas.

O ideal é que elas sejam presenciais (e sempre gravadas, sem obviamente identificar as pessoas), mas justamente o que estudo é como as pessoas não têm tempo para esse tipo de coisa, então fatalmente acabarão sendo feitas virtualmente. Eu uso uma ferramenta chamada Zoom, que serve para reuniões e webconferências, e permite a gravação.

Postei no meu Facebook buscando essas pessoas e encontrei metade (em número). Então ainda estou procurando. Por sinal, se você for de São Paulo, trabalhar em Comunicação e sob o modelo PJ, me contate (deixe um comentário). Estou ainda procurando profissionais para tais entrevistas.

Aí já reservei um horário para as dez entrevistas entre o final de setembro e outubro. Farei essas dez primeiras, conversarei com o meu orientador e, se forem suficientes, ok, já encerro essa fase por hora. se precisar, farei mais. Podemos precisar abrir o recorte. Todas essas definições dependem de ir a campo ver o que vou encontrar.

Para pesquisar o que está acontecendo com as pessoas, com as relações e com a comunicação, é preciso conversar com as pessoas. Por isso, nesse momento, esse é o meu foco para a pesquisa.

Alguns leitores deram dicas em posts anteriores em que comentei a respeito, e vou ficar super agradecida se você tiver dicas adicionais para esta fase. Você pode postar diretamente nos comentários deste post. Obrigada!

Blocos de tempo, contextos e a construção da minha nova rotina de trabalho

Tudo o que aconteceu nos últimos meses e os imprevistos e surpresas praticamente semanais que têm surgido na minha vida me fizeram perceber que eu precisava reestruturar a minha rotina. Outro fator que influenciou bastante foi a mudança dos meus locais de trabalho.

Breve histórico recente: mudamos para a rua da casa da minha avó em setembro do ano passado, para assim ficarmos mais perto dela (que decisão acertada!). Uma das maneiras de fazer isso foi justamente criando meu escritório dentro da casa dela, pois assim eu passaria o dia lá, dando mais atenção e atendendo conforme o necessário. Isso funcionou bem durante um tempo, até ela finalmente ser internada e a rotina mudar completamente.

Com a entrada da Silvia na empresa, trabalhando comigo, em maio, surgiu a necessidade de termos um escritório externo para trabalhar. Falei mais sobre isso aqui em um post específico sobre “sair do home-office”. Aluguei uma sala comercial, que precisava de algumas reforminhas básicas, e obviamente isso ficou um pouco em stand-by com a internação e morte da minha avó. Agoooora que as coisas estão andando.

Nesse meio tempo, no entanto, eu fiquei um pouco “órfã” de espaço de trabalho. Não tenho home-office no meu apartamento e a casa da minha avó entrou em reforma para nos mudarmos para lá (também já falei sobre isso aqui). Fiquei alternando entre diversos locais nômades de trabalho, entre coworkings, padaria, faculdade, o quarto do meu filho e outros desse tipo.

Agora, com o andamento do escritório, uma nova rotina de trabalho se configura. E, já pensando nela, fiz uma reflexão sobre a natureza de um dia de trabalho meu hoje, de acordo com os meus ritmos, e fiquei muito satisfeita com o resultado. Então é sobre isso que eu quero escrever neste post.

Em primeiro lugar, montei uma lista com os diversos blocos de tempo que tenho no dia.

Para entender o que considero blocos de tempo, significa que eu vejo meu dia com diversas micro partes de um todo. Eu também gosto de trabalhar de 1h30 a 2h e fazer intervalos, pois isso me ajuda a manter a cabeça bem mesmo ao longo de um dia com muitas atividades. (leia o texto que fala sobre a importância disso aqui)

Seguem os blocos com uma média de tempo para cada um:

Bloco 1 (1h)
Acordar, tomar café, trocar de roupa etc etc (rotina de antes de sair de casa) e o período em trânsito
Considero um bloco só de acontecimentos

Bloco 2 (30min)
Rotina matinal de chegada ao trabalho
É quando faço meu café, leio as notícias do dia, pratico meditação

Bloco 3 (1h30)
Deep work
Faço um primeiro bloco de trabalho concentrado

Bloco 4 (30min)
Intervalo de 15 a 30 minutos
Eu descanso mas também aproveito para realizar atividades leves

Bloco 5 (1h30)
Deep work
Novo bloco concentrado

Bloco 6 (1h30)
E-mails e mensagens

Bloco 7 (1h30)
Almoço

Bloco 8 (1h)
Assuntos a tratar
Resolvo pendências com a Silvia ou realizo reuniões

Bloco 9 (30min)
Novo intervalo

Bloco 10 (1h30)
Assuntos a tratar
Aulas ou reuniões

Bloco 11 (30min)
E-mails e mensagens

Bloco 12 (30min)
Finalização da rotina de trabalho

Bloco 13 (1h)
Período em trânsito
Pode ser ir para casa, ir ao mercado, ir para a faculdade – este é o momento que aproveito os deslocamentos

Bloco 14 (1h)
Estudo leve ou atividades pontuais com a família ou em casa

Bloco 15 (1h30)
Estudo focado

Bloco 16 (1h30)
Me time, tempo com a família

Bloco 17 (30min)
Rotina de antes de dormir

Bloco 18 (7,5h)
Sono

Essa análise foi muito útil porque me fez perceber que tenho alguns blocos de trabalho aprofundado pela manhã, que preciso aproveitar bem, assim como não posso dedicar a tarde inteira para reuniões, e de noite também quero reservar um tempo para estudar.

A ideia é engessar o dia e cumprir sempre dessa maneira? Não, esse é um dia ideal. Pode acontecer de ter reuniões pela manhna e a tarde livre, então procuro inverter os blocos.

Os blocos me ajudam a entender meus contextos, ou seja, lugares, ferramentas ou condições de energia que me encontro para realizar tais atividades. Por isso organizo as minhas listas de coisas a fazer de acordo com tais contextos (no Evernote):

Achei essa simplificação dos contextos maravilhosa e já tem funcionado lindamente.

(Vale lembrar que associo esses blocos de contextos com os temas para cada dia da semana.)

No meu planejamento semanal (que também já ensinei como fazer, aqui), eu verifico se existem blocos de tempo que eu preciso necessariamente usar para atividades a serem feitas no próprio dia, pois essas atividades devem entrar na minha agenda, e não nas listas acima. Por exemplo, segunda de manhã eu preciso dedicar algum tempo para escrever alguns posts e a newsletter do blog, caso eu não tenha feito isso antes, então no planejamento semanal isso entra direto na agenda, e não nas listas.

Aliás, uma boa dica para saber se algo precisa de um bloco de tempo no seu calendário é o tempo que você deve dedicar a determinada atividade. Se ela durar de 1 hora para mais, pode valer a pena inserir um bloco de tempo na sua própria agenda, pois não é algo que você simplesmente “encaixa” ao longo do dia, nos intervalos dos seus compromissos (que é o sentido do uso das listas por contextos).

Enfim, tudo é teste, e é importante que você também teste diversos modelos para entender o que atende melhor o seu dia de trabalho.

Essa configuração permite que eu trabalhe tanto no meu escritório da “firma” quanto no home-office, que serão os dois locais de trabalho que eu terei. Mais sobre esse assunto em posts futuros por aqui. 😉

Você já parou para pensar nos seus diversos blocos de tempo ao longo de um dia de trabalho e em como eles podem ajudar você a ter um dia mais tranquilo e equilibrado, realmente produtivo? Deixe um comentário!

Como eu estou transformando – aos poucos – o meu trabalho

Quando eu era criança, gostava de brincar de professora – como praticamente todas as crianças da minha idade na época.

Depois, eu achei que seria desenhista. Minha mãe me levou para conhecer o Maurício de Souza, que me deu um desenho da Mônica autografado, elogiou as histórias em quadrinhos que eu mesma criava com papel sulfite e me convidou para trabalhar com ele quando eu crescesse. Eu sinceramente passei anos da minha vida achando que eu realmente faria isso.

Na época do vestibular, eu não tinha mais esse sonho e queria algo mais “normal”. Gostava de desenhar, então pensei em Moda. Mas também gostava de ler, então pensei em História ou Direto (mais “do mercado”). Por gostar de escrever, juntei em um mix e acabei optando por Jornalismo. Foi uma boa escolha e, até hoje, acho que teria me formado uma boa jornalista. Sempre trabalhei com criação de conteúdo, mas a formação em Publicidade deu o tom do que eu faria com ele profissionalmente (para quem não sabe, fiz dois anos de Jornalismo e depois mudei para Publicidade, onde me formei).

Cara, realmente a vida é como um supermercado. Você passa pelas gôndolas, sabe que precisa fazer escolhas, mas são tantas (umas tão boas e outras tão estranhas), que a tendência a ficar confusa(o) é enorme.

Quando eu fui para o (super) mercado de trabalho, tudo era indefinido. Comecei trabalhando como estagiária na área de marketing de uma empresa. Depois, migrei para uma área de comunicação interna. De lá, trabalhei em agências de publicidade, até entrar novamente na área de comunicação de outra empresa – desta vez, ligada ao governo. Foram todas experiências muito interessantes e que me ajudaram a formar quem eu sou hoje, especialmente no que diz respeito a habilidades de convivência profissional.

A parte de habilidade no meu ofício, eu sinceramente aprendi sozinha, com poucas pinceladas de colegas ou professores nos diversos cursos que fiz. Sempre fui muito autodidata e gostava de testar o que aprendi. Não foi à toa que criei este blog, lá em 2006, para escrever sobre um assunto que eu gostava. Eu só não imaginava que um dia trabalharia com isso, apesar de meu coração ter começado a bater mais forte quando comecei a me envolver com o assunto.

De verdade, a vida é uma jornada. E começar a se organizar, a querer desenhar essa trajetória, é colocar o pé na estrada.

À medida que as coisas foram acontecendo, eu fui aprendendo muito sobre mim mesma – o que eu gostava e o que eu não gostava de fazer. Tudo isso foi me ensinando para onde eu gostaria de encaminhar a minha vida dali em diante.

Não existem caminhos certos ou errados – e eu sei que você deve estar cansada(o) de ler isso. Mas o que quero dizer é que eu procuraria novas maneiras de ser feliz em quaisquer caminhos que eu tenha escolhido, que me levariam a lugares diferentes. Eu poderia ter me tornado advogada. Estilista. Jornalista. Historiadora. Bibliotecária. Farmacêutica. Realmente não importa, mas sim a jornada. E esse é o ponto.

Ter passado por todas essas reflexões nos últimos meses tem me ajudado a ponderar sobre a vida como um todo e sobre como podemos colocar uma pressão enorme sobre as escolhas que fazemos, como se fossem irreversíveis. E, sabe, algumas delas podem ser. Mas o irreversível não quer dizer definitivo. Quer dizer apenas que você escolheu algo, essa escolha teve consequências, mas essas consequências te ajudaram a ser quem você é hoje – uma pessoa que pode fazer escolhas melhores ou, pelo menos, diferentes. E toda essa vivência vai te levando a novos caminhos. Novas estradas. E novos lugares.

Eu curto muito pensar lá na frente. Onde eu quero chegar. No estilo de vida que estou construindo para mim, especialmente com o trabalho. Mas curto igualmente a minha vida agora, e ela precisa ser curtida agora, não só depois (depois TAMBÉM).

Na prática, significa investigar porque, pelo terceiro dia seguido, eu não estava a fim de fazer uma atividade que, até então, eu curtia pra caramba. Não deixar a vida passar, sabe? Tomar providências. Mas, acima de tudo, tentar me entender.

Quanto mais você caminha, mais descobertas você faz, e essas descobertas te levam a descobrir novos caminhos que você talvez não tenha considerado antes.

Eu cresci uns 10 anos no último mês – sem brincadeira. Passei a ver com mais leveza algumas áreas da minha vida que tinham uma essência mais intensa – especialmente no trabalho.

Quando passei a ver tudo o que eu faço como algo efêmero, que vai acabar (que seja com a minha morte), e que existem tantas outras possibilidades na vida para mim, assim como tantas outras pessoas que podem fazer esse mesmo trabalho que eu faço, abrindo um leque de possibilidades para relacionamentos, parcerias, oportunidades… isso me deixou muito feliz e curiosa para colocar a cabeça para fora do carro e curtir o vento batendo no rosto no meio da estrada mesmo, antes de chegar no lugar. Porque, por mais que eu tenha meus mapas, por mais que eu saiba o caminho, caramba… a brisa está ótima. O sol está se pondo, eu estou feliz, e um sorriso no rosto vale mais a pena que uma lágrima no travesseiro de noite – o que é igualmente válido, é claro. Mas, no momento, levo esse sorriso porque já chorei demais.

Os propósitos do mestrado

Comentei no post de ontem que eu falaria mais sobre os propósitos do mestrado e este texto de hoje é para trazê-los. Achei importante compartilhar porque 1) descobrir o propósito nas coisas que fazemos é uma boa prática de produtividade e 2) compartilhar com vocês me traz a sensação de ser mais autêntica no trabalho que exerço aqui.

Quando eu resolvi fazer o mestrado, tempo atrás, minha principal motivação era a de dar aulas. Com tudo o que aconteceu no primeiro semestre, eu “entrei em crise” com esse propósito, por dois motivos: 1) não sei qual será o futuro das faculdades e universidades. tudo vai mudar. não sei se os alunos ainda são tão interessados em um professor em sala de aula. e 2) eu já dou aulas. já sou professora. então qual é o ponto prático dessa formação?

Vários professores e colegas que vivem exclusivamente da vida acadêmica estão fazendo o caminho inverso, e com dificuldades. Tentando empreender, ir “para o mercado”, sobreviver de outras forma porque não conseguem empregos lecionando ou mesmo tendo bolsa como pesquisadores.

Quando eu pensei seriamente em parar com o mestrado agora, isso não afetaria tanto a minha trajetória a longo prazo. Eu comecei o mestrado antes do que eu planejava. Quando eu coloco as coisas sob perspectiva, eu não tenho a “pressão” de ter um diploma de mestre no momento. Tenho meu trabalho, tenho a minha empresa. Eu poderia perfeitamente parar um tempo e retomar ano que vem, por exemplo. Mas a maneira como isso me afetaria internamente faria muita diferença. Primeiro, porque eu adoro o mestrado. Me distrai e me faz feliz pensar em coisas diferentes e estar com aquelas pessoas, que já me afeiçoei. Segundo, porque eu sentiria como se estivesse deixando de lado algo muito importante para mim, que representava uma construção importante de vida que me levou até tal momento.

Ter passado por esse período de reflexão (que inclusive coincidiu com o período em que meus professores estavam de férias e que eu precisava escrever dois artigos de conclusão das disciplinas) foi importante porque eu percorri toda uma jornada para chegar à decisão final e clara sobre a continuidade do mestrado. Ter clareza sobre o propósito (ou os propósitos) me fez prosseguir. Foram eles:

Propósito 1: Contribuição com o mercado da Comunicação

Estamos vivendo um momento muito particular, específico e crucial no mercado de trabalho de maneira geral, mas especialmente no campo da Comunicação. A Editora Abril fechou diversas revistas e vai demitir mais de 600 funcionários – muitos deles, jornalistas. As agências de publicidade estão caminhando para o mesmo fim. Nossas profissões serão transformadas e, as carreiras, reconstruídas. Por eu ter feito essa transição anos atrás (sair de uma empresa e empreender), eu sinto que posso ajudar tanto quem já está no mercado há 30 anos quanto quem está em começo de carreira, se formando na faculdade. E eu quero fazer isso. Quero colaborar de alguma maneira. Pretendo fazer isso com a criação de conteúdo, mas também ministrando cursos e aulas em universidades. Acredito na área da Comunicação e nas profissões da área. Quero ajudar a pessoa que quer ser jornalista a realmente ser jornalista, mesmo com essas mudanças e perspectivas confusas (e as outras profissões, claro).

Propósito 2: Contracultura da produtividade no trabalho

Eu realmente acredito que existe um modo de trabalho mais gentil, menos agressivo, com o trabalhador, do que o mercado impõe. A ideia de hora extra como algo normal, ou a conectividade permanente que as mídias (e as relações através delas…) nos obriga a ter, entre outras questões pertinentes e urgentes. Eu trabalho com produtividade. Trabalho com um método (GTD) que vai na contracultura – não diz que você tem que fazer MAIS para ser produtivo, e sim que você precisa estar apropriadamente engajado no que está fazendo – que pode ser fazer nada. Então há uma brecha. Há “esperança”. O meu estudo na pesquisa do mestrado (aplicativos de produtividade) vai nessa linha e, junto com o meu trabalho, eu sinceramente sinto que tenho a contribuir com o mundo de alguma maneira.

Propósito 3: Atuar como pesquisadora

Inicialmente, não pensei em investir na área de pesquisa, e sim do ensino. Mas, quando entrei no mestrado, me apaixonei. E isso faz muito sentido: sempre gostei muito de ler e de estudar, além de escrever. Essa parte me pegou de jeito e o fato de eu já ser professora, já ter uma empresa, e não depender financeiramente de uma bolsa de estudos para atuar me dá a liberdade privilegiada de explorar o campo de pesquisa sem tanta pressão, “porque eu quero” mesmo.

Este é o propósito egoísta, digamos assim, mas que me ajudou a ver que não “dependo” de virar professora exclusivamente, ou de parar com todo o resto que eu faço para viver apenas na área acadêmica. Foi uma conclusão importante e que fez toda a diferença.

Esses propósitos estão tão claros que entraram na minha vida como um foguete! Voltei ao segundo semestre do mestrado com outra visão, outra energia, outro gás, outro senso de aproveitamento e foco. Me sinto completamente renovada e renascida, e grata pela oportunidade que a vida me proporciona de construir a coerência em tantas atividades.

A contracultura da produtividade no trabalho

Já faz algum tempo que eu tenho usado o termo “contracultura” para me referir à produtividade no trabalho que eu acredito, então quis escrever este post para ficar como referência e fonte de consulta, pois acredito que o citarei várias vezes. XD

Quando a gente usa determinados termos, como “contracultura”, “trabalho” e “produtividade”, é bom desenhar um breve glossário antes para nos fazermos entender.

PRODUTIVIDADE vem de produção. Produção é a transformação de algo em outra coisa. Desde a pré-história o homem pega uma pedra e transforma em um machadinho, por exemplo. Ou seja, a humanidade sempre teve sua própria maneira de produzir as coisas.

Obviamente, com o passar dos séculos, as necessidades humanas foram mudando, assim como as suas habilidades. O termo “produtividade” foi usado pela primeira vez em 1766 pelo francês Quesnay e, depois, apenas em 1883 por outro francês (economista como o anterior), Littre. Marx, em “O Capital”, lançado em 1863, se referia amplamente aos meios de produção e sua associação ao ritmo do trabalho. Porém foi apenas no início do século XX, com o Fordismo, que o termo passou a ser largamente utilizado para se referir aos meios de produção e aos recursos para produzir mercadorias. O conceito de “produção em massa” surge para definir o que significa produzir em larga escala um grande volume de produtos. A produção em série.

Em 1950, a Comunidade Econômica Européia passou a designar “produtividade” para se referir à administração dos diversos recursos que envolviam os meios de produção, tais como matérias-primas, funcionários etc. Nessa época, já era comum associar o conceito de produtividade ao aproveitamento do tempo, mas sempre com foco na maior produção – quanto mais produzia-se em menos tempo, melhor e mais produtivo o sistema seria.


CONTRACULTURA é um termo que pode ser definido como o questionamento da ordem central, vigente, das coisas de maneira geral. A ideia surgiu nos anos 1960, com o movimento hippie e uma série de contestações políticas e sociais na época.

Muitos associam o nascimento da ideia de contracultura a Sartre, ainda nos anos 1940. o movimento beat, subsequente, levou o conceito adiante. Mas foi realmente nos anos 1960 que a coisa toda explodiu como estilo de vida.


TRABALHO é uma palavra que vem do latim “tripallium”, que era basicamente um instrumento de tortura utilizado na Antiguidade para “gerenciar” escravos.

Pulando toda a evolução do termo até chegarmos onde estamos hoje, quando o trabalho é visto essencialmente em sua forma profissional, eu defino trabalho como todo esforço organizado em busca de um resultado desejado. Isso significa que escrever um livro é seu trabalho assim como preparar uma refeição para o seu filho.


Quando eu me refiro então à CONTRACULTURA da PRODUTIVIDADE no TRABALHO estou dizendo que questiono a ordem vigente, a produtividade como ela era vista tradicionalmente e também o conceito de trabalho.

Eu não acredito que produtividade seja fazer mais em menos tempo, mas sim aproveitar da melhor maneira o tempo que você tem – o que, muitas vezes, significa dar um tempo e descansar durante 15 minutos para continuar fazendo as coisas com uma boa energia depois.

Eu também vejo o trabalho como mais do que a experiência profissional, ou do emprego, mas aplicada às diversas áreas da nossa vida. A ideia é não sobrecarregar nossas expectativas sobre um único emprego, que pode ser detestável, mas sim expandir para as diversas atividades que você goste de fazer e que talvez leve de maneira tão ou mais profissional que o seu emprego em si.

Usar o termo contracultura da produtividade no trabalho me deixa muito confortável em resumir aquilo que eu faço, que é exatamente isso.

O trabalho de uma vida

O nosso dia a dia é composto por atividades profissionais, remuneradas ou não, que gostamos, precisamos ou queremos fazer em busca de resultados desejados. Damos a elas o nome de trabalho.

Encontrar o mix perfeito de tais atividades, que combinem não apenas com quem você é, mas com o momento de vida que você está vivendo, é uma arte.

Pode ser que você precise de um tempo. Aliás, se você leu o meu post de ontem, você sabe do que eu estou falando. Mas, por mais que você precise de um tempo, os boletos não param de chegar. Temos responsabilidades. E então como a gente faz pra pegar tudo o que a gente está sentindo, precisa fazer, e chegar a um mix de atividades que sejam coerentes com a nossa vida de uma maneira geral?

Não é fácil ou rápido, mas precisa ser feito. É muito mais fácil, de fato, permanecermos na situação em que estamos, seja qual for. Porém, eu diria que é simples. Eu falo sobre isso muitas vezes – não é possível organizar tralha, então livre-se da tralha. O problema, talvez, é que nem sempre fica claro o que é realmente tralha na nossa vida. Talvez, as coisas que nós temos não sejam todas tralhas, mas nem todas caibam em nossa vida. Não depende apenas de espaço, mas da sua vontade e disponibilidade, inclusive (e especialmente, eu diria) mental.

Pode ser que as pessoas (ou seja, não você) considerem que a atividade mais importante da sua vida seja alguma coisa que, para você, não tenha espaço no momento. E aí nasce a culpa, a insegurança, o medo de abandonar o que pode ser o certo. A pergunta que você pode se fazer é: as decisões são definitivas? Se eu pedir demissão, sair desse curso, mudar de emprego, isso significa que ficarei para sempre nesse novo estado? Sim e não.

Porque as coisas mudam. Quando você deixa algo de lado e diz não para ela, mesmo que por um tempo, está dizendo sim para muitas outras. O segredo é se sentir satisfeito(a) com o sim que você está direcionando. Ao mesmo tempo, é perfeitamente ok tomar decisões erradas e perceber depois, e aí mudar de caminho de novo. Estamos vivos e é isso o que a vida nos proporciona – novos dias em que acordamos e podemos tentar novamente.

O que não é legal: jogarmos o peso de toda uma vida em uma decisão que talvez não seja o melhor momento de tomar, porque você não tem condições de pensar muito bem a respeito, até pelos sentimentos que você está sentindo. Pode ser agressivo com você mesma(o) ter que tomar essa decisão agora. No entanto, existem decisões que precisam ser tomadas, porque as atividades têm prazos ou tempo determinado, e você precisa se decidir mesmo sem estar pronta(o). Nesse caso, escute seu coração da melhor forma que conseguir e tome sua decisão com a leveza de que nada é para sempre, e que você pode perfeitamente errar (ou acertar), mas em ambos os casos você pode reajustar a rota, se necessário.

A vida é feita de erros e acertos. Ela não é perfeita – nem nós somos. Tomamos decisões erradas, fazemos besteira, nos arrependemos. Mas também acertamos muito e, de certa maneira, o que nos leva ao conhecimento para acertar cada vez mais é a quantidade de erros que tivemos em situações passadas (que um dia foram o presente assim como o que estamos vivendo agora – o hoje é o passado do amanhã).

Por isso, deixe rolar. Não coloque a pressão de toda uma vida no momento em que você está vivendo. Siga seu coração, e molde suas atividades de acordo com o que você sente ser o mais correto para você no momento. Pode não ser o ideal, mas quem disse que a gente precisa viver como um modelo “ideal”? Seja você mesmo(a), com suas imperfeições e permissões para ter uma vida um pouco mais leve para o seu coração.

E, se possível, dê-se um tempo. Lide com um problema de cada vez, com uma tarefa de cada vez, com uma decisão de cada vez. Não pense no todo, que pensar no todo sobrecarrega a mente, e talvez tudo o que você precise seja viver um dia de cada vez agora. Você não precisa resolver tudo, nem pensar em tudo a todo momento. Você (ainda) não é um robô. Esta vida você vai viver apenas uma vez. Faça com que ela seja legal para você, diariamente.

O futuro é algo que você constrói, não que você alcança. E todos os seus erros e acertos fazem parte dessa construção. Então não se cobre – apenas viva. Por mais que algumas situações demorem mais para acontecer, ou você adie certos planos, o que você vai focar neste momento pode te levar a caminhos diferentes, que você pode descobrir serem até melhores para você.

E esse é sim o trabalho de uma vida.

Fim do primeiro semestre do mestrado: como estão as coisas

Quis compartilhar com vocês um pouco sobre como está sendo o final do primeiro semestre no mestrado. Pois é, o tempo passa rápido! O primeiro semestre foi um semestre de muito aprendizado, não apenas em termos do conhecimento teórico para a minha pesquisa, mas também de aprendizado sobre a comunidade acadêmica como um todo.

Docência

Esta semana eu apresentei um trabalho em sala e me senti muito à vontade fazendo isso. Acho que todos os anos em sala de aula me deram muita tranquilidade e capacidade de oratória que, no campo acadêmico, é uma habilidade relevante. Me senti muito bem porque me imaginei dando aula naquela sala, e foi maravilhoso. Se tem algo que eu me sinto em estado de fluxo é quando estou em uma sala de aula (e quando estou escrevendo).

Optei por não me inscrever no programa de estágio docência porque o meu semestre que vem tem muitos compromissos profissionais que me deixarão indisponível algumas semanas (incluindo uma viagem internacional), e eu não quero deixar ninguém na mão. Vou retomar esse projeto no ano que vem.

Leituras

Por outro lado, tem todo o campo de pesquisa. O início do mestrado foi meio caótico, no sentido de volume de leituras mesmo, temas que eu gostaria de abordar, e agora eu termino esse semestre extremamente focada, concentrada nas atividades que preciso me concentrar. Ainda não estou 100% satisfeita com o meu ritmo de leituras, mas eu sinceramente vejo que elas vão evoluindo à medida que eu vou evoluindo a minha própria “produção acadêmica”, porque uma coisa puxa a outra. Para falar a verdade, é uma super mudança de paradigma você entender que, em determinado momento, você não precisa ler um livro inteiro para encontrar aquele conceito ou raciocínio que precisa, porque na verdade, apesar de você não ler o livro inteiro, você precisa ter o conhecimento. Precisa saber onde buscar (aqui entra a importância do orientador). Mas precisa também ter muita noção de para onde você está indo, para não “viajar” nessas buscas.

Volume de atividades

A produtividade acadêmica intensa é criticada pra caramba, porque hoje se exige dos pesquisadores um ritmo insano de produção. Eu pude acompanhar um pouco a rotina dos meus professores e cheguei à conclusão de que realmente você tem que ter a docência como sua atividade principal para conseguir se dedicar à pesquisa, aos eventos, a tudo relacionado à vida acadêmica, com a intensidade que ela demanda, se quiser fazer isso. No meu caso, como já falei em outro texto por aqui, eu concilio tudo isso com a minha empresa – o “mercado”, a realidade batendo à porta. E está tudo bem para mim neste momento. Eu simplesmente tenho coisas a fazer. Por hora, a vida acadêmica vai caminhando em paralelo.

Quantidade de disciplinas

Me arrependi de não ter participado de três disciplinas neste semestre. Apesar de tudo o que aconteceu (especialmente com relação à dedicação hospitalar da minha avó), eu conseguiria dar conta de três disciplinas e isso me daria a possibilidade de finalizar o mestrado antes. Mas tudo bem, já foi. Meu semestre que vem já está praticamente tomado até dezembro de atividades profissionais, mas o primeiro semestre de 2019 será mais tranquilo e, assim, pretendo dedicar mais tempo à conclusão da dissertação em si.

Minha pesquisa

E como está a pesquisa? Como vocês podem imaginar, deu uma “parada” durante esse período todo com a minha avó. Como eu estava bem adiantada antes, não me prejudicou em nada. O próximo passo é ir a campo e realizar as entrevistas mesmo.

Conclusão das disciplinas

Em paralelo, estou concluindo a disciplina de Metodologia, e o trabalho final do semestre é o projeto da pesquisa em si, o que já inclui um índice (mesmo que mude depois, e é provável que mude) e vários pontos importantes que já serão definidos e me darão estrutura (em termos de formato) para seguir a escrita e a pesquisa propriamente dita na sequência.

O meu “grande trabalho” de conclusão de disciplina é da outra, que é mais teórica, “Mídia e Sociedade Contemporânea”. Foi uma disciplina de análise crítica do capitalismo frente às novas tecnologias, e eu preciso usar pelo menos três autores estudados em um artigo de 15 páginas para entregar no final de julho. Até o momento, estou usando 7 autores estudados e alguns outros, porque já tenho bastante leituras adiantadas para a minha pesquisa em si, e isso está ajudando demais neste momento. Estou conseguindo pegar todas as minhas leituras, fichamentos, reflexões, e colocar dentro de um simples arquivo de texto, e o artigo está tomando forma à medida que vou trazendo novas ideias. É o meu primeiro artigo escrito sozinha-inha, então estou focando em uma produção legal para mostrar para o meu orientador (e para o professor da disciplina) como é o meu estilo de escrita, o que preciso melhorar e, ao mesmo tempo, o que posso oferecer.

Segundo semestre

No semestre que vem, farei três disciplinas – duas completamente envolvidas com o meu objeto de estudo e a outra porque gosto do tema, mais pensando em pesquisas paralelas e reflexões diversas que na pesquisa do mestrado em si. Se tem algo que aprendi em anos de deep work é que as ideias não vêm de a gente estudar só o assunto abordado, e sim de abrir o leque e trazer novas referências.

Para as disciplinas ligadas à pesquisa, “agora o negócio ficou sério” e já quero apresentar artigos finais que farão parte da minha pesquisa for real. Uma das disciplinas é focada justamente em comunicação nas organizações e a outra é sobre tecnologia e mercado, então já estou desde já refletindo sobre como poderei começar a escrever os artigos desde o início do novo semestre. A outra disciplina é focada na sociedade do espetáculo e eu pretendo escrever um artigo sobre empreendedorismo de palco (ideia que eu já venho desenvolvendo desde o início do ano).

Além das disciplinas, temos os grupos e seminários. Em decorrência do estado da minha avó, não participei do primeiro seminário em que apresentaria algo na faculdade, que foi agora em maio. Mas haverá outros no segundo semestre. Vou apresentar na Comunicom, um evento bacana da área na ESPM, em São Paulo, em outubro, e em outubro também haverá um outro seminário do grupo de pesquisa de política que faço parte, em que pretendo apresentar uma análise de discurso de candidatos na eleição deste ano (candidatos que fomentem o empreendedorismo e sua relação com a precarização do trabalho).

Linhas de pesquisa

Para mim, estão muito claras as linhas de pesquisa que tenho estudado, tanto para o mestrado (curto prazo) quanto para a vida (longo prazo). Meu objeto de estudo é a cultura do trabalho junto com as novas tecnologias. Para o mestrado, o foco é na midiatização, nos aplicativos. Mas, a longo prazo, eu me vejo pesquisando sobre tudo isso aliado a todas as tendências relacionadas, a saber: conectividade permanente, tensões hierárquicas, precarização, ansiedade da informação, codependências, sensação de falsa autonomia, alienação etc. São diversos temas muito legais e que eu estou cada vez mais clara sobre onde começa e onde termina o meu escopo. E não é justamente para isso que o mestrado serve? Ensinar o que é a vida acadêmica e a como fazer uma boa pesquisa?

Como falei, meu segundo semestre será bem cheio. Lançamento do livro, o que resulta em uma série de eventos relacionados, envolvendo viagens. Três disciplinas no mestrado. Diversos compromissos profissionais. Mas sabe, está tudo bem. Se tem uma coisa que aprendi a fazer, é ter foco, organizar as coisas, planejar as atividades, priorizar, deixar em stand-by algumas outras, e esse reequilíbrio é a constante do meu trabalho.