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Resumo do Mês – Julho 2018

Passei os últimos dias refletindo sobre o meu mês de maneira geral para poder escrever este post com o resumo. Apesar de terem muitos acontecimentos, eu acredito que o principal deste mês tenha sido o meu estado mental. Vou explicar para vocês.

Meu marido resumiu da melhor maneira: não tem nada de errado comigo. Não estou doente, nem com depressão. Só estou muito triste com relação à morte da minha avó. Minha primeira reação foi mergulhar no trabalho, pois ele me distrai. Mas não ter vivido o luto, dando um tempo, começou a fazer falta. E eu estou nesse momento.

De modo geral, o meu mês de julho foi dividido entre a primeira e a segunda metade. A primeira metade foi mais tranquila. No planejamento anual que eu tinha feito, eu me preparei para parar um pouco a empresa durante a época da Copa, acreditando que o pessoal estaria em outra vibe (o que realmente aconteceu). Por esse motivo, puxei todos os eventos que poderiam ocorrer em junho e julho para abril e maio, o que tornou esses dois meses bastante intensos em termos de ritmo de viagens e eventos. E foi bem a época em que conciliamos com a rotina da minha avó no hospital e, depois, na morte dela.

Tenho recebido muitas mensagens carinhosas de leitores do blog (obrigada!), com sugestões para que eu fique bem. Gostaria de dizer que, de modo geral, lido bem com a morte e com acontecimentos difíceis que envolvam sofrimento. O budismo ajuda demais nisso. Mas eu ainda não sou uma pessoa iluminada e, mesmo se fosse, eu tenho sentimentos. E sofro, fico triste. Acho normal sentir isso durante um tempo. Minha avó foi como uma mãe para mim e sempre estava ali. Eu vivi com ela a maior parte da minha vida. Sempre estive ao seu lado, quando ela teve problemas. Eu era a pessoa que ficava ali, conversando todos os dias, nem que apenas ouvindo como tinha sido um dia de trabalho ou algum acontecimento que ela tenha vivenciado.

Minha avó foi a maior referência para mim em vários sentidos. Foi ela que me incentivou a estudar e pagou a minha faculdade. Não foi fácil para ela. Mas ela fez. Ela também viu em mim muito esforço e vontade de crescer, abraçar novas responsabilidades, construir uma carreira e independência, o que fiz graças a esse apoio que ela me deu. Nós aguentamos juntas muitas coisas – inclusive o câncer e a partida do meu pai. Cara, não consigo imaginar o quão foda deve ser ver um filho morrer.

Sofrer com a ausência da minha avó não significa dizer que não aceito a morte dela ou que não consigo entender esse momento. Eu entendo até mais que o normal. Sei que ela está melhor, e que de certa maneira não sofreu tanto no final da vida. Tem idosos que ficam na situação que ela ficou durante meses, até anos, o que é sofrido para a pessoa e desgastante para a família. Não foi o caso. Ela ficou uns 40 dias em estado realmente difícil, e depois partiu. No funeral, o rosto dela estava tranquilo. Isso me confortou muito, e ainda conforta. Eu sei tudo o que a minha avó viveu e tudo o que ela fez por mim e por toda a família. E sempre serei grata a ela e ao universo pelo privilégio que foi ter a oportunidade de crescer ao lado de uma pessoa como ela foi.

Este ano era para ser um ano intenso, mas intenso com coisas boas. Novo livro, mestrado, Nível 3 do GTD (agora em setembro), escritório, equipe. Muitas coisas boas foram construídas. Mas a cirurgia dela (em março) e todo o desdobramento que teve depois foi um imprevisto que realmente caiu como uma bomba na minha vida, física e emocionalmente falando. O meu trabalho depende de eu estar bem, e eu não estou bem. Vou ficar, mas ainda não estou. Só preciso de tempo.

No final de julho, começou a turnê de lançamento do meu terceiro livro, com a primeira noite de autógrafos em São Paulo, seguida por Campinas e Belo Horizonte. Em agosto, vou para Curitiba e Porto Alegre. Podem parecer acontecimentos isolados para quem vê de fora, mas para mim esses eventos se encadeiam com vários outros acontecimentos, como a capacitação de novos instrutores do GTD. Era um projeto previsto para janeiro que veio para julho, e agora em agosto passarei uma semana inteira dando aulas para eles (é bem intenso). Além disso, para cada um dos sete instrutores, eu tenho que realizar uma reunião semanalmente até o final de suas capacitações – o que eu chuto que acontecerá entre outubro e novembro. Isso acrescenta pelo menos sete horas de agendamentos na minha semana, além do tempo necessário para planejar e estudar tais reuniões.

Alie a tudo isso as viagens, os meus cursos, reuniões diversas que são mais de rotina (com clientes, com equipe, com parceiros) e todo o resto da vida que acontece. Além das aulas e dos estudos para o mestrado e a vida acadêmica como um todo (e seus eventos, artigos, leituras).

É um estilo de vida que não me pesa e que consigo levar muito bem, com equilíbrio e foco no que é importante, sem me sobrecarregar e alternando com tempo livre no dia a dia mesmo, e não apenas aos finais de semana. Mas, no momento, não estou conseguindo lidar com absolutamente nada. Desinstalei o Telegram do celular enquanto a minha avó estava no hospital e, agora, estou offline do What’s App. E eu demorei esse mês inteiro para entender o que está acontecendo comigo e respeitar esse tempo que preciso me dar.

Ainda não sei como serão as coisas. Este é exatamente o momento em que estou refletindo para decidir. Existem compromissos que não posso adiar ou cancelar, e outros que sustentam a minha empresa financeiramente e que não seria responsável deixar de fazer. Mas existem muitas coisas que, por mais triste que me deixem, talvez eu tenha que deixar de lado durante um momento, para conseguir me recuperar e voltar a ficar bem, porque senão sinto que essa situação emocional vai demorar muito mais a se curar, o que só vai complicar mais as coisas.

É difícil para mim vir até aqui e me expôr dessa maneira. Não faço isso para prestar contas ou porque me sinta na obrigação, mas porque acredito que a característica mais forte deste blog é mostrar como a vida é de verdade e como conseguimos lidar com tudo o que acontece na vida real, não na vida ideal. E a vida real tem esse tipo de coisa. A gente não é perfeito, nem uma maquininha que bloqueia emoções para fazer o que parece mais “lógico”. Os sentimentos são tão importantes quanto todo o resto, porque sem eles (e sem saúde e energia) não conseguimos nem levantar da cama. Muitas vezes, a próxima ação é justamente respirar fundo e tomar esse impulso para levantar, e só depois as outras podem ser decididas. Todo o esforço está nesse primeiro momento, e está tudo bem.

Obrigada por estar aqui.