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Aprendizados do meu primeiro evento acadêmico

Não vou escrever aqui os aprendizados teóricos específicos que tive, pois não vêm ao caso, querido leitor ou leitora do blog, mas vou falar sobre os aprendizados que tive de maneira geral com relação ao evento (que acaba hoje):

  1. Mestrando não é nada – é basicamente o universitário calouro da vida acadêmica. De fato, o mestrado em si é só uma extensão “mais séria” da graduação, quando você se especializa em algum tema visando uma carreira acadêmica. Até aí, tudo bem. Mas é curioso perceber isso de maneira tão clara quando você é a mestranda. Você fica se sentindo meio idiota mesmo sabendo que você não é.
  2. A hierarquia acadêmica é curiosa igualmente. Naturalmente, todos vão conhecendo “os seus lugares” e as pessoas só interagem verdadeiramente com aqueles que estejam no mesmo nível. Não acho que isso seja 100% proposital (em alguns casos, sim), mas inconsciente – você acaba gerando afinidade com quem está na academia há mais tempo e que também tem o mesmo nível de repertório que você. No final das contas, fiz amizades com outros mestrandos.
  3. Quando você aceita que é “apenas uma mestranda”, e assume isso, as coisas fluem melhor. Toda vez que fui fazer perguntas, eu comecei dizendo: “olha, estou começando agora o meu mestrado, minha pergunta pode ser muito iniciante (etc)”. Isso fez com que as pessoas olhassem de maneira diferente, querendo ajudar. Recebi muitas orientações e dicas legais – pessoas que me paravam no corredor para indicar um artigo ou um livro interessante para a minha pesquisa, e achei isso uma das melhores partes de ter participado de um evento como esse. As pessoas que estão no mesmo nível querem ajudar umas às outras, talvez por saberem como é ter passado por aquilo que você está passando. Adorei essa troca, e para mim ela foi uma das mais ricas.
  4. A banquinha de livros das editoras locais é o feliz ponto de parada obrigatório de todos os dias. Comprei bons livros a preços ótimos.
  5. Passar uma semana inteira em uma universidade diferente foi muito gostoso. A biblioteca é maravilhosa, os espaços ao ar livre também, as pessoas. Foi uma experiência incrível, de verdade.

É o último dia e eu tive “fases” nesse evento. No primeiro dia, quis ir embora. Achei o ritmo muito lento, as discussões, cheias de rodeios, além da questão da hierarquia que me deu uma desanimada. Depois que eu peguei o ritmo da coisa, no entanto, passei a querer focar mais no meu aprendizado mesmo, com o repertório mínimo que tenho, buscando aproveitar ao máximo o momento até mesmo para fazer amizades, e aí tudo começou a melhorar.

Chego ao último dia com um gostinho de quero mais e sabendo que ainda vou reencontrar muitas dessas carinhas por outros eventos Brasil afora, o que será muito legal. Também sei que ficarei feliz quando vir o artigo publicado de um colega que conheci por aqui, e vou querer ler. No final das contas, esses eventos servem para a gente aprender, com certeza, mas muito mais para gerar esses relacionamentos. O aprendizado mais importante para mim foi: trate bem todas as pessoas, não por “não saber o dia de amanhã”, mas porque você é só uma pessoa também.

Voltando para a realidade. Câmbio, desligo.

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16 comentários em “Aprendizados do meu primeiro evento acadêmico”

  1. Oi! Está sendo muito bacana acompanhar a sua saga na vida acadêmica porque compartilho de inquietações e vontades muito parecidas com as suas. Também entrei esse ano e também na área de comunicação. Assim como você, também estou tentando me adaptar a nova rotina e admito que não tenho tido muito sucesso por me considerar ainda muito “crua”. Tanto que nem tinha passado pela minha cabeça começar a participar de eventos. Queria saber como você se organiza com isso. Você pesquisou todos os eventos próximos a você, montou uma agenda, algo assim? Pra mim está sendo um desafio conseguir ler tudo e fazer fichamentos. Não consegui ainda organizar esse hábito devidamente e o acúmulo de material tem me dado uma desanimada… Mas é só o começo! A parte da pesquisa propriamente dita ainda nem começou pra mim, por enquanto estou tendo apenas as aulas teóricas. Boa sorte pra gente e obrigada pelas dicas!

    1. De qualquer maneira, Carol (posso te chamar de Carol? <3), eu acho que nesse primeiro momento o importante é ler e aprender bastante. Eu já defini um novo projeto para este ano que é mapear os principais autores das duas linhas que estudo (midiatização e sociologia do trabalho), porque já percebi que, sem isso, não tenho embasamento teórico nenhum para fazer analogias, escrever artigos etc. Não sei se pode funcionar para você também, mas acredito que, para mim, funcione nesse momento.

      Vamos trocando figurinhas. 😉 Obrigada por comentar.

  2. Você está 100% certa em tudo o que falou. Seja bem vinda ao mestrado. Estou terminando o meu mestrado em Microbiologia (área totalmente diferente da sua), mas sei de todos os percalços que a gente passa nessa fase. E ainda vou te falar mais duas coisas que meu orientador e vários professores universitários me falaram: o mestrado é apenas uma preparação para o doutorado, serve pra você sentir a pressão e se localizar no seu contexto acadêmico, e além disso, o mestrado é mais difícil que o doutorado, pois você tem pouco tempo para desenvolver uma pesquisa, sendo que na maioria das vezes ainda não sabe como desenvolver. Mas quando a gente chega no final, percebe como evoluiu e amadureceu na vida acadêmica (e como pessoa também), e que valeu a pena todo o esforço!

    Boa sorte nos estudos!

    Mírian

  3. Thaís,

    em seus posts anteriores vc parecia um pouco inocente com relação ao mundo acadêmico, que bom que o evento lhe fez cair algumas fichas. Sentia essa hierarquia quando fiz algumas disciplinas também, principalmente se os colegas que cursavam eram orientandos do responsável pela disciplina. No final da contas é muita aprendizagem sobre as relações humanas. Muitas vezes parecia que tinha voltado à quinta série pelo nível de vaidade de algumas pessoas. Não desanime! Você vai cruzar com várias pessoas que fazem esse processo valer pena!

    Boa sorte

  4. Thais, parabéns pelo seu primeiro congresso. Te acompanho a muito tempo e seus conteúdos já me ajudaram bastante. Então me sinto à vontade pra te dar um conselho. Estou no meu segundo pós doc, e nunca “soube o meu lugar”. Nunca engoli essa falta hierarquia e sempre me meti em qualquer rodinha não importa a autoridade que estivesse no meio (uma dica, todo mundo adora falar sobre os próprios projetos e ideias, ninguém se importa se você se apresentar e se meter numa conversa). Não tenha medo de parecer idiota ou se queimar. Prefiro ser julgada de burra e acelerar meu aprendizado que fingir que sou superior e participar de teatrinho. Use a desculpa do mestrado, é muito útil, mas não deixe isso te limitar. Aproveite seus colegas, mas se esforce pra interagir com todos independente disso. Você sabe muito bem o que quer, não se deixe ser usada pra reforçar esse comportamento meio babaca de hierarquia. Quem é bom de verdade no meio acadêmico não se importa nem um pouco com isso. E com os babacas que se importam, é melhor não colaborar muito mesmo… É bom que você já vai filtrando os bons colegas da área pra quando ter que criar suas próprias redes de contato e colaboração.
    Mais uma vez parabéns pelas conquistas! Aproveite os congressos. São uma das coisas que eu mais amo no meio acadêmico. É desgastante, como beber água de um hidrante. Mas é tão transformador e inspirador!

  5. O mundo acadêmico me encanta… e confesso que me dá um tico de preguiça também poiss lida-se com muita vaidade de vez em quando. Trabalhei numa universidade pública e via todos os tipos de acadêmicos. Talvez dependa da área.

    Tenho pensado muito em fazer um, pois sinto falta de discussões, encontros, congressos, feirinhas de livro (hehe), leituras, convívio com professores phodas, rs. Já pensei em fazer uma vez (até escrevi projeto, mas não foi aprovado), mas no momento não tenho nem ideia de projeto. Mas, quem sabe, daqui a pouco uma ideia bate à porta.

    Sucesso pra você!

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