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Tribe of Mentors: minhas respostas às perguntas do Tim Ferriss

Há alguns dias eu fiz alguns comentários sobre a minha leitura deste livro do Tim Ferriss. Hoje, vou eu mesma responder as perguntas que ele faz aos seus entrevistados no livro. Espero que gostem. 🙂

Qual o livro (ou os livros) que você mais deu de presente para outras pessoas na vida, e por quê? Ou: quais são os três livros que mais te influenciaram?

O livro que eu mais presenteei as pessoas certamente foi o livro do GTD – A arte de fazer acontecer, porque realmente acredito na metodologia e quero que as pessoas tenham vidas mais legais. Mas não gosto de presentear com “um” livro, e sim dar sempre livros de presente, não importa a situação. Todos os meus amigos e parentes já sabem, e isso facilita muito o meu processo de decisão na hora de comprar um presente.

Os livros que mais me influenciaram (tirando o livro do GTD), foram:

Walden, ou a vida nos bosques (Thoreau). Foi um livro que li em uma época em que estava apaixonada por trilhas, hiking, camping, natureza. Sou uma pessoa naturalmente introspectiva, e estava passando por uma época de mudanças em que estar perto da natureza e conectada comigo mesmo fez toda a diferença para eu me entender. E esse livro é um reflexo dessa fase, pois me direcionou muito.

Os vagabundos iluminados (Jack Kerouac). Apesar de todo mundo gostar do “On the road”, meu livro favorito do Jack é este (“The Dharma Bums”, em inglês – adoro esse nome!). Foi o livro que me apresentou o conceito de bodisatva (uma pessoa comprometida a alcançar a iluminação e ajudar os outros seres vivos). Eu já meditava e gostava do budismo como filosofia de vida, mas foi o livro do Jack que me fez ter interesse no lado litúrgico, quase dedicado, da coisa toda. E essa leitura abriu um período importante da minha vida, em que me dediquei muito ao budismo, durante uns oito a dez anos.

A descoberta do mundo (Clarice Lispector). Este livro é uma coleção de artigos e colunas da Clarice para o Jornal do Brasil. Eu li em uma época difícil da minha vida, quando estava com depressão. E puxa, parece que, quando você está assim, não faz sentido você ler livros meio deprês, e a Clarice, querendo ou não, é um pouco deprê. Mas ao contrário de, por exemplo, Sylvia Plath, a Clarice tinha um tom deprê conformista. É como se ela mandasse a real sobre a vida, mas continuasse vivendo, “apesar de”. E isso foi importante para mim na época, porque me fez ver que os sentimentos que eu tinha eram legítimos, mas que também eu não era o foco do universo. Outras pessoas também passam por isso, e a gente vai vivendo e procurando superar. Eu me achava super importante. E não é que eu não seja, mas é todo um trabalho de ego que a gente faz e que muda a vida. Para mim, o título do livro reflete o que ele realmente significou quando eu o li. Me colocou no lugar.

Que compra de 100 dólares (ou menos) você fez nos últimos seis meses que impactou muito a sua vida?

Com certeza foi ter ido a uma terapeuta de florais e começar a tomar florais de Bach. A consulta foi R$150 e, cada vidrinho de florais, R$25. rs

O lance com os florais não é apenas a ingestão deles, para mim, mas sim o ato de você parar, várias vezes ao dia, e pensar: estou parando e fazendo algo por mim. Isso é o que mais faz diferença, porque é um ato de autocuidado, e de disciplina. De prestar mais atenção em mim mesma.

Como uma falha, ou uma aparente falha, configurou você para o sucesso posterior? Você tem uma “falha favorita” sua?

Eu tive dificuldade de pensar nesta porque não me cobro tanto pensando em falhas. Acho que as coisas acontecem, e todas as coisas que acontecem agregam experiências.

Pensando sobre a pergunta, o que me vem à mente foi ter estudado dois anos para passar na faculdade que eu queria (Jornalismo) e, dois anos depois do curso, ter trancado. Foi uma decisão muito difícil na época. Eu queria fazer Publicidade, e na época não podia simplesmente migrar de um curso para o outro – teria que prestar vestibular novamente. Eu não quis e, para não postergar meus estudos, acabei me matriculando em Publicidade em uma universidade considerada mais fraca, apenas para me formar logo. Não acho que isso, como um todo, foi legal. Eu poderia ter segurado as pontas e ter terminado Jornalismo, ou poderia ter prestado vestibular para Publicidade enquanto isso. Mas, na época, eu estava muito triste e sem perspectiva. Sei que tomei a melhor decisão que poderia tomar no momento.

No final das contas, na outra faculdade eu tive a oportunidade de ver que faculdades vistas como supostamente mais fracas têm bons professores e alunos esforçados (outros não), o que me deu uma visão que eu não tinha antes, pautada no privilégio da faculdade boa, com alunos que puderam se dedicar ao vestibular etc. E por partir do princípio de que ela teria um “ensino pior”, eu me dediquei mais aos estudos. Os professores me adoravam. rs E eu conheci pessoas com as quais tenho amizade até hoje, que foram muito importantes na minha vida.

Se eu não tivesse mudado para Publicidade, talvez eu não tivesse me apaixonado pelo Marketing Digital e não teria feito todas as coisas que fiz nessa área, onde constituí carreira.

Então é basicamente nisso que eu acredito – que mesmo aquilo que consideramos erros ou falhas nos levam a caminhos que, do contrário, não construiriam quem a gente é hoje.

Se você tivesse um outdoor gigante onde pudesse escrever uma mensagem que seria lida por todo mundo, o que você escreveria?

“Esta vida você vai viver só uma vez.” 

Cada um acredita em algo, ou não acredita em nada – espiritualmente falando. Podemos ter outras vidas, assim como podemos acabar no momento em que morrermos. Independente de qualquer coisa, ESTA vida está acontecendo agora, e você vai vivê-la apenas uma vez. Faça valer a pena. A gente nunca sabe quando vai morrer. Pode ser amanhã. Quando isso acontecer, você teria aproveitado a sua vida? Teria sido feliz? Enfim, para mim, tudo se resume a isso.

Qual foi um dos melhores investimentos que você já fez na sua vida?

O curso da “Fórmula de Lançamento” do Érico Rocha / Jeff Walker.

Ano passado, quando estava vivendo o luto pela morte da minha avó, eu estava bem triste, sem conseguir foco para o trabalho e preocupada financeiramente (sem trabalhar, não tem faturamento). Peguei um dinheiro que eu tinha e investi no curso. Além de ele ter me distraído na época, me ensinou um método para o meu trabalho. E isso foi muito bom e necessário. Aprendi a avaliar todos os meus cursos em andamento, como trabalhar em uma primeira versão, depois ir melhorando. Como estruturar o conteúdo. Como organizar lançamentos de produtos que sejam íntegros para o público, sem um canibalizar o outro. Me ajudou a reestruturar o conteúdo. A trazer conteúdos “de base” e ir aperfeiçoando, enquanto conteúdos mais avançados poderiam ser oferecidos aos alunos que já tivessem o conteúdo de base consolidado. Enfim, acho que nem consigo descrever todos os benefícios que o curso me trouxe.

Sei que existem mil questões contra o que o Érico Rocha faz e que a Fórmula gera muitas pessoas que podem detonar o mercado. Mas o problema não é do método em si, e as pessoas ruinzinhas acabam saindo, uma hora ou outra, ou sendo identificadas pelo seu público. Mas para quem trabalha há anos com conteúdo, como eu, me ensinou a ter um método (e eu sou MUITO a pessoa de métodos). Me ajudou demais a estruturar meu trabalho. “Agora vou focar neste curso, neste público”. “Vou pegar este material e melhorá-lo”. Profissionalizei os processos da empresa como um todo e, fazendo de maneira íntegra, consegui prosperar e aumentar o faturamento. Sou muito grata ao que o Érico ensina.

Você tem algum hábito estranho ou coisa absurda que você adore?

Eu sou viciada em Tic-Tac de laranja. Antes de dormir, gosto de colocar um na boca e ficar com ele até dissolver completamente. kkk De alguma maneira, me ajuda a relaxar.

Nos últimos cinco anos, que nova crença, comportamento ou hábito mais melhorou a sua vida?

Ter a certeza de que, se a minha mente estiver bem, eu ficarei bem e todo o resto ficará bem. Logo, cuidar da minha mente é a prática mais importante. Quando não estou legal, não adianta forçar. Volta lá atrás, faça leituras, medite, faça uma massagem, descanse, durma, dê tempo ao tempo. Ficando bem, tudo se resolve.

Eu sou uma pessoa pragmática e simplesmente SEI resolver as coisas. Também tenho uma habilidade, que é a de me manter centrada mesmo quando está desmoronando. Por isso, não preciso me preocupar sobre a resolução de problemas. Tudo o que preciso me preocupar é garantir que a minha mente esteja bem, de modo que ela consiga trabalhar para resolver qualquer problema que aparecer. Desde que eu aprendi isso, minha vida mudou em todos os sentidos.

Que conselho você daria para estudantes de faculdade que sejam espertos, “dirigidos por um propósito”, agora que eles estão entrando “no mundo real”? E que conselho eles deveriam ignorar?

Eu diria que a vida é curta para fazer algo que você odeia, mas isso é diferente de enfrentar adversidades e situações que não gosta. Não existe emprego perfeito, e nem sempre fazer o que você ama deve ser o seu sustento. Você deve buscar fazer o que você ama em sua vida como um todo, e isso vai desde os cuidados com a casa até o que você estuda. Mas isso, de maneira nenhuma, significa que você só tem que fazer coisas que você goste. Conviver com pessoas diferentes, fazer coisas desafiadoras, tudo isso faz com que a gente cresça e aprenda a conviver com os outros e com nossos próprios sentimentos. Mais importante do que estar em uma situação perfeita (que não existe), é ter perspectiva de para onde ela está te levando.

Quais são os piores conselhos que você ouve em sua área de atuação?

“Bloqueie a sua agenda, senão você não conseguirá fazer as coisas que são importantes.”

Sinceramente, só de olhar uma agenda bloqueada eu tenho vontade de ficar na cama. Deus me livre de um dia em que não tenho qualquer espontaneidade ou espaço para a criatividade fluir. Tenho um sistema integrado e um método (GTD) que me ajudam a gerenciar o que é prioridade e todas as áreas da vida. O sistema é composto por diversas ferramentas que me ajudam a ter o foco apropriado – não se trata apenas de uma agenda.

Agenda não é tetris para encaixar bloquinhos coloridos. Uma agenda livre é uma vida livre. Livre para escolher, para criar, para trabalhar no que for prioridade no momento.

“Faça uma lista de tarefas para o dia”

Isso é ok se você tem todo o sistema e processo pessoal, como comentei no parágrafo anterior. Apenas fazer uma lista diariamente fará com quem você trabalhe no mais urgente e no que grita mais alto, e as coisas maiores, as realmente importantes, acabarão ficando de lado. É ok fazer uma lista, mas não acho ok ter apenas a lista de tarefas do dia, sem outros recursos de produtividade que fazem parte de um todo.

Nos últimos cinco anos, no que você melhorou em termos de dizer “não” (distrações, convites etc)? Que novas realizações e abordagens ajudaram? Outras dicas?

Passei por diversas situações em que me via muito triste por estar fazendo. Eu sou uma pessoa sensível a diferentes questões que me são importantes. Fazer algo que fira os meus valores é inaceitável. À medida que fui descobrindo isso, fui dizendo não ao que eu não era obrigada a fazer. Isso vale para a vida pessoal e a vida profissional.

Ah, eu também costumo dizer não para tudo o que prejudica uma boa noite de sono. Isso realmente mudou a minha vida. Talvez tenha a ver com a idade.

Quando você se sente sobrecarregada ou sem foco, ou perdeu seu foco temporariamente, o que você costuma fazer? Você costuma fazer algumas perguntas a si mesma? Quais?

Bem, sim. “Você está apenas ocupada ou está sendo produtiva?” vem do próprio Tim Ferriss. “Qual é a próxima coisa mais importante que você pode fazer agora?” vem do livro “A única coisa” (Gary Keller).

Mas, de modo geral, duas práticas ajudam demais em situações como essa: fazer uma bela Revisão Semanal e esvaziar minhas caixas de entrada.

Espero que o post tenha trazido alguns insights legais. 😉 Se quiser, responda uma ou mais perguntas nos comentários. Vou adorar ler!

Autor

7 comentários em “Tribe of Mentors: minhas respostas às perguntas do Tim Ferriss”

  1. No mesmo dia que você fez o post sobre o livro abri um doc e respondi as perguntas. Lendo suas respostas percebi que fui muito objetiva, escrevendo uma ou duas frases, sem registrar a reflexão das minhas respostas. Valeu por compartilhar as suas e permitir esse insight. 😊

  2. William Araujo @williaamaraujo

    Amei! Como sempre! Acompanho o blog a anos, e lembro que antigamente ainda no ensino médio eu morria de vontade de ter uma vida mais agitada (com trabalho e casa) pra poder colocar em prática. Hoje uso o GTD e leio o blog novamente com mais frequência <3

  3. Thays, aprendo muito contigo e sempre. Identifico-me contigo na resposta quanto ao dizer não. Eu também tenho deixado aquilo que não condiz com meus valores, que atrapalha meu descanso, que me agride de alguma maneira. Eu participava de um grupo onde o presidente-membro de um grupo de voluntários queria apenas mandar e que executássemos sem questionar, sem pensar, sem criar, apenas executar e no tempo determinado por ele sem critérios. Detalhe: é ele o menos conhecedor das atividades. Tudo o que o grupo construía num dia, ele destruía nos seguintes. Aquilo me foi de uma aberração sem fim. Me livrar foi um grande alívio e os dias de paz voltaram. Dizer não para mim sempre foi difícil. Ainda é fazer os amigos entenderem o porquê, mas a vida segue e o importante é a tranquilidade. Obrigada por compartilhar seus aprendizados conosco!

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