Pular para o conteúdo

A contracultura da produtividade no trabalho

Já faz algum tempo que eu tenho usado o termo “contracultura” para me referir à produtividade no trabalho que eu acredito, então quis escrever este post para ficar como referência e fonte de consulta, pois acredito que o citarei várias vezes. XD

Quando a gente usa determinados termos, como “contracultura”, “trabalho” e “produtividade”, é bom desenhar um breve glossário antes para nos fazermos entender.

PRODUTIVIDADE vem de produção. Produção é a transformação de algo em outra coisa. Desde a pré-história o homem pega uma pedra e transforma em um machadinho, por exemplo. Ou seja, a humanidade sempre teve sua própria maneira de produzir as coisas.

Obviamente, com o passar dos séculos, as necessidades humanas foram mudando, assim como as suas habilidades. O termo “produtividade” foi usado pela primeira vez em 1766 pelo francês Quesnay e, depois, apenas em 1883 por outro francês (economista como o anterior), Littre. Marx, em “O Capital”, lançado em 1863, se referia amplamente aos meios de produção e sua associação ao ritmo do trabalho. Porém foi apenas no início do século XX, com o Fordismo, que o termo passou a ser largamente utilizado para se referir aos meios de produção e aos recursos para produzir mercadorias. O conceito de “produção em massa” surge para definir o que significa produzir em larga escala um grande volume de produtos. A produção em série.

Em 1950, a Comunidade Econômica Européia passou a designar “produtividade” para se referir à administração dos diversos recursos que envolviam os meios de produção, tais como matérias-primas, funcionários etc. Nessa época, já era comum associar o conceito de produtividade ao aproveitamento do tempo, mas sempre com foco na maior produção – quanto mais produzia-se em menos tempo, melhor e mais produtivo o sistema seria.


CONTRACULTURA é um termo que pode ser definido como o questionamento da ordem central, vigente, das coisas de maneira geral. A ideia surgiu nos anos 1960, com o movimento hippie e uma série de contestações políticas e sociais na época.

Muitos associam o nascimento da ideia de contracultura a Sartre, ainda nos anos 1940. o movimento beat, subsequente, levou o conceito adiante. Mas foi realmente nos anos 1960 que a coisa toda explodiu como estilo de vida.


TRABALHO é uma palavra que vem do latim “tripallium”, que era basicamente um instrumento de tortura utilizado na Antiguidade para “gerenciar” escravos.

Pulando toda a evolução do termo até chegarmos onde estamos hoje, quando o trabalho é visto essencialmente em sua forma profissional, eu defino trabalho como todo esforço organizado em busca de um resultado desejado. Isso significa que escrever um livro é seu trabalho assim como preparar uma refeição para o seu filho.


Quando eu me refiro então à CONTRACULTURA da PRODUTIVIDADE no TRABALHO estou dizendo que questiono a ordem vigente, a produtividade como ela era vista tradicionalmente e também o conceito de trabalho.

Eu ṇo acredito que produtividade seja fazer mais em menos tempo, mas sim aproveitar da melhor maneira o tempo que voc̻ tem Рo que, muitas vezes, significa dar um tempo e descansar durante 15 minutos para continuar fazendo as coisas com uma boa energia depois.

Eu também vejo o trabalho como mais do que a experiência profissional, ou do emprego, mas aplicada às diversas áreas da nossa vida. A ideia é não sobrecarregar nossas expectativas sobre um único emprego, que pode ser detestável, mas sim expandir para as diversas atividades que você goste de fazer e que talvez leve de maneira tão ou mais profissional que o seu emprego em si.

Usar o termo contracultura da produtividade no trabalho me deixa muito confortável em resumir aquilo que eu faço, que é exatamente isso.

Autor

5 comentários em “A contracultura da produtividade no trabalho”

  1. Adorei, Thais! Essa tamb̩m ̩ minha viṣo Рat̩ porque aprendi muito contigo =)

    PS: vejo um título de dissertação (na verdade uma tese!) aí, hein? =))

  2. Excelente reflexão, Thaís! Estagnar o olhar apenas para o trabalho formal pode implicar em deixar para trás outras áreas da foco que nos lançam para o extraordinário da vida. Paz e bem, Ras João.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *