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Quando tudo volta ao normal, será que eu também quero voltar ao que era?

Com o passar dos meses, as atividades que estavam em suspenso antes da pandemia estão voltando aos poucos, de forma online. Esta semana, estou em uma reflexão interior sobre quais delas ainda fazem sentido para mim mas, mais do que isso, sobre qual a maneira de voltar a algumas sem que isso prejudique a minha rotina.

Por mais que eu tenha uma rotina minha, que funciona bem, no momento, o mundo vive de outra forma. Tem outro ritmo, e eu sei disso. A grande questão que tenho tido no momento é: vale a pena abrir mão de algo que funciona para mim, em termos de rotina, para me adaptar a um ritmo mais tenso do mundo, em que a maioria das pessoas está completamente doente das ideias, trabalhando sem limites e se impondo um ritmo agressivo que interfere em seus corpos e relações?

Sou pesquisadora no campo da Comunicação e um dos meus objetos de estudo é justamente o fluxo constante de mensagens que as pessoas trocam e como isso influencia em seus ritmos no corpo, em especial o sono. Com a pandemia, muitas pessoas viraram suas rotinas de cabeça para baixo – ou porque não param de contatar outras, pela falta dessa presença, trabalhando em suas casas, ou porque entenderam que o ritmo anterior é que era “demais”, e que aprenderam a se reconectar, dormir melhor, cozinhar sua própria comida etc.

Eu mesma mudei completamente a minha relação com o mundo durante esse período. Passei a dormir e a acordar mais cedo e isso me trouxe uma qualidade de vida que eu nunca tive antes, além dos ganhos em termos de saúde. Eu entendo que essa rotina significa dizer “não” para muitas frentes (inclusive projetos pessoais), mas eu estava bem com isso até me perguntarem se não seria uma maneira egoísta de lidar com as coisas. “Pois o mundo vive em outro ritmo”. Será que devemos nos adequar ao ritmo do mundo, mesmo sabendo que o mundo que está doente?

Sempre gosto de me referir a uma frase do Krishnamurti, que para mim resume a situação: “Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente”. Porém, isso nos é cobrado o tempo todo.

***

Eu falo sobre produtividade compassiva e sobre como podemos trabalhar, viver nossas vidas, sem prejudicar nosso sono, nossa alimentação, nossa rotina de contemplação, e estudos. Ultimamente, tenho ouvido muitas vezes que isso pode parecer uma forma “egoísta” de viver, pois você está colocando as suas escolhas acima do melhor para o todo. Em resumo: se o mundo está doente, vive em um fluxo insano, aulas, por exemplo, acontecem de noite, além de outras atividades – como podemos fazer escolhas que sejam boas para nós em termos de rotina sem tornar esse processo difícil para o outro? Seja família, sejam parceiros de negócios, entre outras pessoas.

Como sou budista, foi uma questão que pegou fundo para mim. Minha forma de viver é pautada em compaixão, em ter uma mente que coloca sempre outras pessoas em primeiro lugar, pois elas são a maioria (enquanto eu sou uma única pessoa). Então, para mim, ouvir que as escolhas que faço a cerca do meu estilo de vida possam soar egoístas, me coloca em um estado de sofrimento mental que me mostra como eu preciso refletir e meditar a esse respeito. Porque eu não via como uma maneira egoísta, mas sim como uma priorização.

Partindo do pressuposto de que não posso agradar todo mundo, entendo que precisamos ter princípios sólidos na nossa personalidade para a tomada de decisões. No ano passado, por exemplo, quando eu disse que pararia de fazer eventos e cursos presenciais – minha maior fonte de faturamento na época – pois eu fiquei mal de saúde com tantas viagens e porque queria ficar mais tempo com o nosso filho (entrando na pré-adolescência), muitas pessoas se preocuparam. Me perguntaram se eu tinha certeza, como eu ia fazer para viver etc. Eu estava convicta. Disse: “estou disposta a viver com menos dinheiro, porém cuidando da minha saúde, da minha família, em um ritmo mais leve”. Para mim parecia uma boa escolha, mas a maioria das pessoas não entendeu e se preocupou genuinamente com a minha decisão. Quando veio a pandemia, foi justamente essa decisão que salvou o meu trabalho. Inclusive meu faturamento veio a aumentar porque tive uma demanda maior por aquilo que eu ensinava.

***

Agora, estou vivenciando a mesma coisa. O curso de formação de professores, do Centro Budista, voltará a ter suas aulas no período noturno, dois dias por semana. O Instituto de Yoga, onde eu fazia aulas de manhã, está voltando com suas aulas apenas na parte da noite. Os grupos de pesquisa da faculdade, que são importantes para a minha carreira como pesquisadora, acontecem à noite, até 22h30, 23h. E mesmo as aulas do curso de formação em Ayurveda têm sido ao vivo de noite.

Ontem tive uma conversa com o meu marido sobre isso e ele disse que “o mundo é assim”, e que talvez eu possa encontrar um meio termo para participar, ir dormir um pouco mais tarde e acordar com um pouco mais tarde também. Apesar de parecer a melhor solução, algo dentro de mim me incomoda muito. Fica parecendo que eu estou mais uma vez passando por cima do que é real e importante para mim para me adequar ao horário dos outros, que eu sei que não é legal. Porém, qual a alternativa? Não fazer mais nada? Complicado.

Ao mesmo tempo, compartilhei com ele (vejam que estou me expondo muito aqui rsrsrs peguem leve nos comentários) que ficar em casa durante a quarentena me ajudou a ver que eu não quero mais essa rotina de deslocamentos o tempo todo acontecendo. De toda semana, duas, três vezes por semana, sair para ter aula ou qualquer outro evento de noite, e chegar em casa quase 23h. Não me vejo mais fazendo isso. E ele mais uma vez disse: “mas aí você não vai fazer mais nada porque esse é o horário das pessoas”. E minha questão mais uma vez foi: “eu DEVO seguir o horário das pessoas ou continuar convicta com o meu?”.

Sendo prática, e pensando sobre todas essas atividades (que eu mantenho porque são importantes para mim, senão não manteria), minha ideia no momento é:

  • O curso no centro budista é muito importante. Talvez eu consiga mudar para a turma que acontece aos sábados pela manhã, ou conversar com o pessoal para sair mais cedo. Definitivamente não faz bem para mim fazer atividades assim de noite. Eu fico muito cansada, e acabo nem conseguindo me dedicar como gostaria.
  • Os grupos de pesquisa acontecem uma ou duas vezes por mês, sendo portanto uma questão menor nessa equação. Eu também poderia negociar para sair um pouco mais cedo, talvez lá pelas 21h. Mas não quero que isso soe como falta de respeito com o tempo dos outros, que continuarão as discussões depois desse horário (é difícil, gente).
  • As aulas de yoga por enquanto estão sendo gravadas e consigo ver pela manhã ou no dia seguinte em outro horário. Do curso de Ayurveda também. Então dá para gerenciar. Quando voltarem a ser presenciais, serão no horário da manhã.
  • No doutorado, provavelmente terei disciplinas na parte da noite, mas penso que isso também seja uma coisa que dê para negociar (escolher fazer em outro horário outra disciplina) e, se eu precisar fazer uma disciplina no período da noite, será apenas um dia na semana, e aí tudo bem, é apenas uma única exceção temporária (coisa de um semestre) e dá para contornar.

A questão é: se o trabalho não deixa a gente fazer algo em determinado horário e todo mundo respeita isso, por que quando não podemos fazer algo em detrimento da nossa saúde ou qualidade de vida isso é visto como egoísmo? Por exemplo, quando fiz mestrado, muitos colegas tiveram que adequar suas pesquisas porque só podiam fazer aulas no período noturno, então eles tinham que fazer sempre as matérias que eram ofertadas nesse horário. Porque de dia trabalhavam. Todo mundo respeita isso. Por que quando a gente fala sobre uma escolha pessoal isso é problematizado e questionado como uma escolha egoísta? (eu sei a resposta, estou apenas levantando a bola)

***

Veja: eu não estou aqui questionando os meus princípios ou os princípios de outras pessoas. Princípios existem e são na verdade apenas um reconhecimento, uma percepção, de quem nós somos. Quando esses princípios são violados, isso nos fere internamente de uma maneira muito traumática. E, quanto mais a gente se encontra neles, mais difícil é aceitar qualquer situação que os fira. Mas isso não impede que a gente problematize tais princípios, especialmente porque não vivemos em uma bolha e nos relacionamos com outras pessoas que têm estilos de vida e até princípios diferentes.

Por exemplo. Por que o fato de eu não responder uma mensagem no What’sApp é visto como um ato de egoísmo mas a outra pessoa querer que eu responda, sendo que não faz parte do meu fluxo de trabalho, não é visto como tal? A gente precisa sim problematizar essas questões porque, no fundo, são problemas mundanos que existem durante a nossa existência mundana, e que trazem sofrimentos diversos mesmo que a gente tenha uma observação com um pouco mais de perspectiva até sobre a vacuidade das coisas.

Posso ser uma gota de água nesse oceano, mas eu vejo que parte do meu papel é esse de cutucar o mercado, as pessoas, com meu trabalho, para que a gente se questione e mude padrões que não façam sentido. Não dá para mudar as coisas, protestar, sem incomodar um pouco. Sem tensionar. Mas sim, é um processo complicado e que leva tempo, e que nem por isso deixa de ser importante e válido para que a gente repense o tempo que vive.

Qual a sua opinião a respeito?

Thais Godinho

Thais Godinho

Meu nome é Thais Godinho e eu estou aqui para te inspirar a ter uma rotina mais tranquila através da organização pessoal.

83 comentários em “Quando tudo volta ao normal, será que eu também quero voltar ao que era?”

  1. Thais, uma amiga sempre me pergunta como tenho coragem de ser direta com pessoas sem noção e eu respondo: “a pessoa não teve nenhum pudor de falar ou pedir tal coisa que é muito bizarra, por qual razão eu preciso ficar cheia de dedos para dizer não para ela?”.

    E você falou a mais pura verdade: dizer que não pode fazer tal coisa por conta do trabalho é plenamente aceitável, mas dizer que não pode pois tem alguma questão pessoal é inadmissível… dá vontade de mentir sempre, falando q é trabalho…

    Eu também não quero minha vida de antes… vou ler e reler seu texto e refletir mais…

  2. Suas considerações fizeram muito sentido para mim pois estou mergulhado nesse mesmo processo decisório. Como você é budista, certamente deve conhecer o Haemin Sunim. Ele traz um conceito que eu gosto muito e me ajudou demais a nortear essa tomada de decisão. “Sacrificar-se por completo não será bom a longo prazo, nem mesmo para a pessoa de quem você está cuidando. Apenas se estiver razoavelmente bem você será capaz de cuidar direito de alguém.” A partir dessa lógica eu percebi que só conseguirei contribuir com o mundo se eu estiver bem. O que muitos consideram egoísmo, eu considero autocuidado. Por mais que as pessoas estejam cobrando de mim que eu volte a realizar o meu trabalho presencialmente, tenho gostado muito dessa vida home office. Contudo, parte de mim sente falta das conexões presenciais. Sendo assim, penso que a principal parte da minha rotina deva continuar online para me proporcionar uma melhor qualidade de vida. E algumas coisas que eu ainda definirei voltarei a fazer no presencial a depender do valor que isso agregar para mim. Espero ter contribuído com o debate. Adorei a reflexão!

  3. Super necessários estes questionamentos, Thais! Sempre fico me perguntando isso, pois o fato de querer dormir mais cedo, faz com que eu tenha que abrir mão de algumas coisas e tenho “medo de ser julgada como egoísta”. O mesmo acontece quando escolho não responder os meus clientes após às 18h mesmo quando eles ficam mandando “?” insistentemente após a mensagem automática que informa que não estou em horário de trabalho. Em contrapartida, evito ao máximo fazer contato fora dos horários “normais” e quando o faço por necessidade, peço desculpas, explico e não cobro um retorno imediato. Mas sim: dá medo de ficar de fora, de perder espaço, de não estar prestando o melhor atendimento…

      1. Thais, outro dia escutando o Matheus, do VidaVeda, ele comentou sobre como vemos nossa vida como um quebra-cabeça. Como para dar certo a peça tem que ser de um formato apenas para se encaixar. E, “filosofando”, ele disse que a vida pode ser um Lego, onde eu monto as peças do meu jeito, não precisando ser como veio no manual de instruções, o que eu sempre achei mais divertido rsrsrs. Vejo que na vida ficamos, na maioria das vezes, nesse quebra-cabeça e você está querendo montar um Lego. É isso aí Thais! Vamos lutar por mais Legos e menos quebra-cabeça rsrsrsrs, afinal quem manda nesse jogo não somos nós? É a nossa vida! Acho que a gente se esquece disso o tempo todo, por isso vivemos nos adaptando , pro bem ou pro mal, ao mundo como ele está.

  4. Nossa Thaís, eu estava pensando a mesma coisa esses dias. Pensando somente em mim e no meu contexto pessoal eu percebi que eu amo acordar super cedo, fazer tudo durante o dia e ir dormir por volta das 20h, e isso só foi possível com a mudança que aconteceu por causa da pandemia e também estou curtindo que minha universidade está remota e eu não preciso perder tempo me locomovendo. Também estou sozinha nesse momento porque to fazendo intercâmbio em outro país, então acaba sendo tranquilo a minha rotina em meio a tudo isso, mas aí comecei a pensar que daqui 2 meses eu volto pro Brasil e pra “antiga rotina” morando com outras pessoas e começou a me apavorar porque eu já imagino o quanto vai ser difícil a minha adaptação de volta e ainda mais com essa rotina nova que eu sigo. Fiquei pensando que estava sendo egoista pq eu honestamente não quero que as coisas voltem como eram antes.

    1. Te entendo 100%. Acho que o segredo é conversar. Aqui em casa meu marido e filho já entenderam que faz bem para mim dormir cedo. No começo eles protestaram (rs) mas com o tempo viram como eu fico bem, e agora me dão bronca se fico acordada até mais tarde rsrs.

  5. A minha opinião do geral você já sabe, reputação…

    Além disso, o meu argumento interno é: Se eu não fizer tudo que EU achar necessário para estar bem, eu corro o risco de ficar mal. Eu estando mal:

    1 РEu ṇo tenho como ser um belo jardim onde posso servir as borboletas e passarinhos
    2 – Eu passo a PRECISAR ser servido
    3 – A gente sempre entrega o que tem, quero entregar paz, conhecimento, felicidade ou mal humor, raiva, descontentamento?!

    Tudo isso, como tudo na vida, rs, mais fácil falar…

    *MASSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS*

    Usando a sua frase: Qual briga eu quero assumir?
    – Essa briga de viver num horário absolutamente diferente de 99,99% das pessoas é uma briga GRANDE, então eu focaria em refletir, essa é uma questão que realmente é MUUUUITO importante/praticamente essencial pra eu estar bem?

    Beijos Thais!

    PS: Nesse sentido do horário ainda, o curso do Tony começa 5h da manhã pra mim, não é impraticável, mas é complicado. Estou verificando sobre a turma de Novembro, me parece, irei confirmar essa semana, que provavelmente será no nosso fuso horário…

    1. Sempre me apego à sua frase. rsrs
      Mas me incomoda saber que existem pessoas que chamam isso de egoísmo. Penso que o viés é muito complicado. Tipo, dizer não significa ser egoísta? Que geração é essa? O buraco é mais embaixo. Complicadíssimo.

      Como falei, não estou em nenhum momento questionando os meus princípios. Mas acho importante que eles sejam problematizados porque essa discussão existe e todo mundo que acompanha o VO e que comentou aqui sofre a mesma coisa. A gente tem que discutir em conjunto (como uma terapia coletiva hahaha) como lidar com o mundo, porque é realmente complexo.

      PS: acho que não vou fazer o curso do Tony também. Estou com vários cursos em andamento e outras prioridades. Além do que, deve ser bem legal fazer presencialmente. Acho ele uma pessoa com energia “horse power” demais comparado a mim, que sou mais quietinha, mas eu tenho curiosidade em estar lá e ver ao vivo.

  6. Oi Thaís, acredito que devemos nos apegar aos nossos princípios, mesmo que sejam impopulares. Se nos apegamos a eles, é porque os benefícios são maiores que as perdas, então tudo bem.
    Obviamente, em alguns aspectos podemos ser mais flexíveis e nem por isso trair nossas convicções.

    1. Sem dúvida, Rodrigo. Eu concordo com você e é o que faço, mas acho legal termos este espaço para discutir em conjunto as dificuldades que todos enfrentamos quando assumimos um estilo de vida tão presente.

  7. Que reflexão você nos traz. Estou vivendo exatamente algo parecido, pois decidi fazer algumas mudanças para que eu possa melhorar minha qualidade de vida. Só que de fato, as pessoas não aceitam. Você não tenta impor suas mudanças a elas, mas as pessoas ficam te cobrando e julgando porque você faz isso ou aquilo, que é o que poucos estão dispostos a fazer. É muito complicado, mas realmente se algo de bom que essa pandemia me trouxe, foi ensinar a diminuir meu ritmo, regularizar meu sono, melhorar e muito minha alimentação, me exercitar mais, começar a meditar, refletir e me questionar o tempo todo como posso melhorar como pessoa. Acredito que todas essas atividades têm acrescentando muito na pessoa que quero me tornar. Viver no automático, no presencial cumprindo os horários impostos é exaustivo e desgastante. Não sobra tempo pro nosso eu. Sigo lutando.

    1. Exatamente isso, Elaine. É um sentimento esquisito. Você faz algo para você, que te faz bem, que não atrapalha a vida das outras pessoas, e elas se incomodam. Que momento difícil para se viver, mas vamos juntas. rsrs

  8. Tenho pensado de mais nisso também. Definitivamente não gostaria de voltar ao status anterior. Ainda não sei como farei, pois leciono em cursos noturnos, os quais, com o deslocamento, me impedem de estar relaxada o suficiente pra dormir antes da meia noite. E a rotina de sono me impacta muito. Vamos refletir.

    1. Complicado, né? Eu penso muito sobre isso porque em breve retornarei a essa rotina também. A primeira pergunta que me vem à mente no seu caso é: você não consegue mudar para o turno da manhã, ou consideraria pensar em uma transição para lecionar de manhã, mesmo que leve algum tempo?

  9. Sinceramente, após ler o texto não vi nenhum ponto de egoísmo na sua fala. Fui pesquisar para entender melhor sobre o egoísmo, ou se eu que estava tendo uma visão distorcida, e encontrei uma matéria no site da uol, em que uma psicóloga disse que as pessoas costumam confundir o amor-próprio com egoísmo, o autocuidado com egoísmo. E não é assim. Não tem problema nenhum você querer priorizar o que te faz bem, em detrimento do que te faz mal. Assim como existirão situações (como os exemplos dos cursos, do doutorado, como você disse) que justificarão você abrir uma exceção. Mas será uma escolha sua, uma decisão sua. Acho que o maior problema, é que muitas vezes ficamos preocupados com os outros, com as escolhas dos outros, com os problemas dos outros, que esquecemos de olhar para nós mesmos e dar importância ao que nos faz bem, ao que nós queremos, por causa dos outros. Isso não é equilíbrio. Eu estando bem, sou ainda mais útil e melhor para os outros, mas principalmente melhor para comigo mesma.

      1. Prejudicado em que sentido Thais? porque meu direito termina quando começa o direito do outro. Se estou fazendo algo bom para mim que não interfere nem prejudique o outro (como dormir mais cedo e ter uma rotina mais leve, saudável e feliz, etc…) porque isso prejudicaria alguém? Acho que quem se diz “prejudicado” na verdade sente inveja ou talvez só queira ser o dono da verdade. Sabe aquelas pessoas que dizem “é assim que sempre foi e é assim que sempre será” ou “eu sei o que é melhor”? Pra mim me parece mais um julgamento. A pessoa te julga porque você não quer mais viver nem agir como a “manada” e talvez seja isso que incomode.

      2. Muitas vezes a pessoa diz isso simplesmente porque você não está atendendo as expectativas dela. E nesse ponto, o problema é com ela, com as expectativas que ela cria. É uma situação complicada. Mas se não formos “egoístas” as vezes, acabamos nos prejudicando, porque estamos dando mais atenção aos outros do que a gente.
        Vejo esse ponto (não querendo comparar, lógico) por uma situação que aconteceu recentemente: estou com a minha rotina de horários toda bagunça, mas tenho tentado dormir antes das 0h e levantar cedo, pelo menos. E simplesmente uma pessoa veio pedir minha ajuda às 23h. Eu estava exausta. E quando fui tentar argumentar de que o que ela queria poderia ser feito no dia seguinte, ela ficou revoltada, porque ela queria fazer determinada coisa naquele momento. É uma questão de prioridades. Ela estava totalmente focada no que ela queria fazer, e no ponto de vista dela, eu deveria ajudá-la. E se eu não ajudasse, eu seria a egoísta e ela a prejudicada, sendo que quando você analisa a situação, não é bem isso.
        Ou seja, independente do que for, vai pesar sempre a forma da pessoa ver, e provavelmente, por causa disso, alguém sempre vai se sentir prejudicado, mas isso não quer dizer que eu tenho que parar ou mudar, se ao analisar a situação, eu vejo que estou correta.

  10. Eu super concordo com tudo que você escreveu!
    Me sinto cansada quando tenho que explicar o pq das minhas escolhas serem diferentes, já que “todo mundo é assim; todo mundo faz assim; o mundo é assim…”
    É “normal” e aceitável a pessoa viver atolada de compromissos, chegando em casa super tarde, mas se você consegue conciliar seus compromissos de forma a ter horários livres, uma semana mais tranquila e mesmo tendo esse tempo “livre”, opta por não está em festas e confraternizações madrugada a dentro, as pessoas olham pra você como se você fosse alien rs rs ou uma pessoa mal humorada por “ter tempo” e não querer “curtir”, como se curtir fosse só e somente no mundo a fora.
    Enfim, penso que não permanece na minha vida aquilo que não me faz bem, mesmo que para o mundo inteiro faça.
    Se respeito os outros quero esse mesmo respeito a mim, mas é complicado. É como se você fosse apenas um privilegiado que não lutou para chegar a esse estilo de vida e, que apenas os outros sofrem e batalham por sei lá o que.
    Parece-me que se trata apenas de dinheiro (ter mais, se “matar” por mais), claro que ele é importante e que é o faz roda girar, mas não é tudo.

  11. Ano passado eu tentei acordar mais cedo, por volta das 5h da manhã para me exercitar e não “perder” este tempo pra mim podendo estar com meus filhos. Algo que era agradável e realmente importante pra mim. Atualmente tentando voltar ao mesmo hábito, de acordar mais cedo, percebi que estava sendo muito dificil, quase impossível, pra falar a verdade. Comecei a refletir sobre. Tem feito mais frio, amanhece mais tarde, tenho cobrado muito do meu cérebro enquanto em meio a pandemia dou conta de um curso e mais a faculdade online, enquanto monitoro os estudos da filha na escola e no inglês, fora médicos, trabalho home office, arrumação da casa, etc. Estava me cobrando muito em “dormir um pouco a mais” como se fosse preguiça pura e simplesmente. Meu esposo não acorda cedo sempre, mas tem menos necessidade de dormir. Meu pai já acorda ás 5h sempre mas também dorme 20h30, religiosamente, algo complicado para minha realidade. Ainda que algo que eu admiro muito.

    Então como me você me coloquei na contramão, e apesar de adorar me exercitar cedo, decidi me respeitar agora em meio a todo caos. Na terapia, um dos processos da autoaceitação é justamente não ter receio do que “os outros pensam ou fazem”. Então acho que de tudo isso, é sim, muito válido seu questionamento. Será que você tem de se adaptar ao mundo mesmo indo contra algo que está funcionando e te fazendo tão bem? Em detrimento do que você trocaria isso? Não tenha vergonha de ser você e dos seus valores 🙂

    1. O mais importante, Evelyn, eu acho, é você aprender a se observar e entender suas necessidades de corpo, mente e espírito. Se você fizer isso, sempre fará boas escolhas para a sua vida. É natural a gente sentir mais sono ou querer descansar mais no frio. O corpo já faz um super esforço para se manter “ligado” durante o dia. Pra mim faz muito sentido tudo o que você escreveu. 😉

  12. Cristiane de Fátima das Neves

    Como sempre excelente texto!! Outro dia uma cliente foi grossa comigo, dizendo que eu tinha de me adequar aos horários dela, só por que me recusei a ir mostrar um imóvel na minha hora do almoço. Muitas vezes, deixei de almoçar, para mostrar imóveis e a única coisa que ganhava com isso, era passar mal por não me alimentar direito. Hoje priorizo minha saúde e minha qualidade de vida!! Está em minha mãos decidir o que é melhor para mim, como meu horário de almoço, de trabalho, de estudos.

    1. Esse seu exemplo é ótimo para a discussão. Porque a cliente deve ter ficado frustrada pensando: poxa, eu só posso na hora do almoço. por que ELA não pode me atender? E aí ela joga a frustração dela em cima de você. Complicadíssimo. Todo ser humano se beneficiaria de sessões de terapia rsrs

    2. Vivenciei a mesma situação no meu último emprego: reuniões ininterruptas das 8 ao meio dia, sem respeito ao horário de almoço e ao término do expediente. Cheguei a ter reuniões as 9 da noite porque era “urgente” e “ é o horário que todos podem”. Com o home office, a situação piorou mais ainda pois não havia limites. WhatsApp bombando de mensagens incluindo no fim de semana. O resultado: depois de 5 meses ficando sentada 14 hs por dia, adquiri uma inflamação na lombar e síndrome do burnout. Pedi demissão e comecei a me cuidar: alimentação na hora certa, atividade física, sono, desligar o celular a noite. Sou outra pessoa! O autorrespeito tem de vir em primeiro lugar. Só a gente sabe como nosso corpo reage as situações e temos sim de fazer o melhor pra gente. Depois do que vivi e o trabalho/esforço que estou tendo para recuperar minha saúde física e mental, podem me chamar de egoísta. Rs rs. Tô nem aí 😊😊😘😘

  13. Ana Luisa de Oliveira Ribeiro

    uau Thais… fiquei muito impactada com seu texto/áudio do telegram sobre esse tema..
    Reflexões muito importantes brotaram aqui dentro. E precisam surgir em todos nós!
    Obrigada, mais uma vez, por tudo que vc desperta em mim!

  14. Quisera eu ter a sua clareza de propósito de vida! Também amo dormir bem cedo , mas não tenho conseguido por causa da rotina da casa. Não acho que seja egoísmo, acho que é respeito por você mesma.
    Como considerar egoísta alguém que se dispôs a dar tanto de si nessa pandemia como você fez?
    E digo mais: tenho certeza que tem muito mais gente por aí querendo alternativas para fazer as coisas de que gosta sem ter que ficar acordado até tarde. Quer sabe você não acha mais dessas pessoas com os mesmos interesses que você e se organizam?
    Um grande abraço!

    PS: Como cristã que sou, destaco o ensinamento de Jesus de amar ao próximo como a ti mesmo, ou seja, se eu não me amar, não cuidar de mim, como amarei e cuidarei dos outros?

  15. Oi, Thais! Adorei este texto e agradeço por você se abrir com seus leitores dessa forma (estou lendo Brené Brown e sinto que esse compartilhamento tem muito potencial para construir boas reflexões!). Eu queria compartilhar o que aprendi com duas escolhas pessoais que fiz: a primeira foi me tornar vegetariana há 7 anos e a outra foi não ter WhatsApp até o final do ano passado (quando senti que poderia adaptar a ferramenta à minha vida de uma forma positiva). Essas duas escolhas sempre me levaram a conversas e questionamentos por parte dos outros. Não ter Whatsapp foi muito mais complicado que ser vegetariana!!. Uma coisa perceptível é que as pessoas reclamavam muito da ferramenta mas, ao mesmo tempo, ficavam indignadas de eu não usar. Nas duas situações eu aprendi que isso dizia muito mais sobre as outras pessoas do que sobre mim. Fazer escolhas “diferentes” no fundo fazia as pessoas refletirem sobre como NÃO estavam fazendo algumas escolhas fundamentais na própria vida, estavam só “fazendo o que todo mundo faz”. Pra além de tudo que já foi dito nos comentários acima e que concordo muito, acho que existe uma faísca transformadora em afirmar escolhas que não seguem o padrão. “O que todo mundo faz” DEFINITIVAMENTE não quer dizer que TODO MUNDO escolheu fazer aquilo daquela forma. Acho que quando você diz “estou fazendo essas escolhas porque valorizo meu bem-estar”, também diz pras outras pessoas “vou respeitar as suas escolhas porque valorizo o seu bem-estar”. Eu acho que não tem nada de egoísta em dizer que os valores que você defende são outros, acho que isso é criar um caminho para que as pessoas possam refletir e tentar fazer escolhas mais conscientes (dentro da própria realidade, claro). Acho que isso é construir uma ética de cuidado próprio e de cuidado coletivo! É dizer “porque não estamos todos priorizando nossa qualidade de vida?”, “porque estamos todos exigindo sacrifício e sofrimento de nós mesmos e dos outros?”. Fazer algumas escolhas é difícil e presume algumas perdas, mas também pode ser um posicionamento muito potente!

    1. Taís gratidão pelo texto e Mariane pelo comentário, me contemplaram muito! Tenho refletido sobre o adoecimento do trabalho no contexto capitalista implica, e como esse processo se tornou ainda mais evidente com a pandemia: precarização, desemprego (sem renda mínima universal) e exploração do trabalhador até a morte (literalmente).Quais são as escolhas – individuais e coletivas – possíveis? Quais são nossos limites? Não tem receita de bolo, não tem saída óbvia, mas duas experiências me ensinaram muito, e gostaria de compartilhá-las aqui: o burnout e o luto por um colega.
      Passei pelo burnout num momento em que tentava dar conta de tudo que o corporativo exige: produtividade, entrega, ciente satisfeito – custe o que custar. Pois custou. Lamentei e doí, mas ressignifiquei, aprendi. Tempos depois, logo no início da pandemia um colega de equipe faleceu, vítima da covid. A chefia fez uma reunião para comunicar o fato e acolher a equipe – e na manhã seguinte cobrou entregas não planejadas deste mesmo time de profissionais enlutados. O colega foi rapidamente substituído, e dele ninguém comenta hoje em dia.
      Não há cultura do cuidado possível no capitalismo, gente: há exploração ou resistência. Pode ser resistência não resumir a identidade ao trabalho: lembrar, ao final do dia, que não somos o cargo, o salário. Pode ser resistência não permitir que a cultura da pressa ou da produtividade se esgueirarem no lazer, na família, nos hobbies: preservar espaços e laços que desfrutamos pelo prazer, pela beleza, pelo significado, e não “pelo resultado que podem dar”. Pode ser resistência ler esse post e se inquietar, saber que não dá pra pedir conta amanhã mas que dá pra não banalizar, não achar “que é assim mesmo, tem que dar conta de tudo, azar”.
      Para mim fica mais viva a convicção de que o humano é muito maior que o capital: a singularidade que cada um é ele não pode pagar, nem replicar. Vou fazendo as escolhas possíveis, sem perder de vista quem sou, e acho que por hoje é revolução suficiente. O comentário virou um quase post, mas achei que valia compartilhar.

  16. Jéssica de Almeida Lima

    No seu texto, eu só te vejo falando sobre *você* abrir mão de coisas que você gosta para respeitar seu corpo, você não está tirando a liberdade de ninguém, impondo regras para ninguém, não consigo ver de que forma isso poderia ser egoísta.
    Imagino que se você fizesse um conteúdo ao vivo às 16h porque é o melhor horário para você e não deixasse gravado, talvez (e ainda assim, TALVEZ) pudesse ser visto como egoísmo, já que sabemos que boa parte das pessoas não pode participar nesse horário, mas você sempre deixa o seu conteúdo disponível por pelo menos uma semana, preocupada com a agenda de todos.

  17. Excelente texto. Me parece também oportunidade pra questionar se certas pessoas fazem sentido na nossa vida, pois infelizmente há quem julgue como “egoísmo” qualquer “não” que receba.

  18. Sempre fui uma pessoa que funciona muito melhor tarde e noite, mas o horário do mundo sempre foi o tal “horário comercial”. Infelizmente não tive oportunidade de poder escolher o meu horário de trabalho, por isso eu sempre tive que abrir mão de horários que funcionavam melhor para mim, me deixava mais concentrada, para me adaptar ao horário comercial “porque é assim que é”. Quando iniciou a pandemia e pude trabalhar home office pensei que pudesse fazer os meus horários e minha rotina com base no horário em que me sentia mais concentrada, contudo o horário comercial foi ainda mais enérgico nesse período: as pressões por entregar trabalho, demonstrar produtividade, pressões do chefe, milhares de reuniões online, enfim. Conclusão: tive insônias terríveis, de conseguir dormir apenas após as 2h da manhã e tendo que acordar as 6h para iniciar o horário comercial as 7h30min. Meu cabelo começou a cair, minha pressão passou a oscilar de forma recorrente, me senti deprimida, triste, incapaz. Eu que sempre tive que me adequar ao ritmo contrário do meu corpo e sempre sofri com isso, passei a sofrer em dobro. Eu sempre quis ajustar esse meu horário para me sentir bem, energizada e concentrada no período matutino, para me adaptar de vez ao modo como a engrenagem funciona e assim sofrer menos, contudo ainda é difícil para mim. Por isso, Thais, te entendo demais, entendo sua angustia. E não acho que seja egoísmo não. Penso que seja priorizar o seu bem-estar. E está tudo bem. No meu caso não há outro jeito, preciso ser matutina sem me sentir desconfortável, mal humorada e sem energia. Eu sigo tentando me ajustar.

  19. Minha opinião? Acho que pode esquecer isso de egoismo!! Quem te falou isso, uma duas pessoas? E as outras milhares de pessoas que te seguem todos os dias justamente porque, pelas tuas convicções, escolhe ser bondosa consigo mesma e com a família? Não consigo ver egoísmo em nada disso se considerar o sentido que o dicionario traz da palavra. E sobre “não fazer mais nada” se não quiser fazer algo a noite, também acho um pouco de exagero. Dá sim para abrir uma ou outra excessão para o que realmente é indispensável, como você disse.
    Achei o texto ótimo Thais, porque isso de ser egoista me acompanha como rotulo, nao pelo meu comportamento, mas pelo fato de ser filha única. Seguidamente ouço pessoas justificarem o segundo filho para que o primeiro não seja filho único, “todos egoístas”!!
    Enfim, parecendo egoista ou não, não pretendo voltar ao ritmo do resto do mundo, salvo raras situações.
    Obrigada por compartilhar!!

  20. Ana Paula Moraes Marinho

    Thais você é excepcional em lidar/ falar das coisas na contramão do senso comum. Muito embora há uma legião de pessoas que se reconhece em sua postura mas, talvez até por falta de espaço para debate se oprime. Eu achei incrível seu ponto de vista e agradeço por você não se furtar a emiti-lo. Você é uma grande inspiração para nós.

  21. Thais, achei ótima a sua reflexão. Desde que vc anunciou aqui seu “pause” no whatsapp que eu decidi não olhar mais mensagens de trabalho após as 17h, por exemplo. Tenho o mesmo problema que vc: se eu não desligar em determinado horário, eu não durmo. Tenho problema com insônia há anos e as coisas viram uma bola de neve. Oq eu decidi pra minha vida foi nao dar mais satisfações a ninguém, pq na hora que o bicho pega e eu tô tendo uma crise de ansiedade no meio do laboratório, só eu lido com as consequências desse ritmo insano de trabalho.
    Eu escolhi reduzir e manter só aquilo q é essencial, seguindo o seu princípio do mínimo diário viável. A curto prazo pelo menos até esse período complicado passar.
    Abraços e obrigada pela reflexão

  22. Nossa, Thais, eu estou passando pelo mesmíssimo questionamento por aqui! Percebendo que mesmo causas “nobres” que me fazem ter atividades tarde da noite, como responder demandas de clientes que estão ocupados em horário comercial e conversar com amigos/fazer cursos, também têm um custo na minha saúde.

    É difícil colocar tudo na balança e ajustar o que pode ser renegociado e o que precisa levar um não, porque sei que são demandas criteriosamente inseridas na minha rotina, eu preciso me priorizar mas também não vivo numa bolha. Vamos juntas nesse processo diário rs.

  23. Thais, primeiramente parabéns pelo texto e a ótima reflexão!
    Já alguns meses defini que após às 21:30h não visualizarei mais eletrônicos. Quando estou conversando com alguma amiga mais ou menos às 21:00h já começo a me despedir. Como também não atendo mais as ligações, pq sei que o assunto pode “sulgar” a minha energia antes de dormir e atrapalhar o meu sono. Coloco o celular no silencioso e o mundo pode acabar que eu só vou responder no dia seguinte, após fazer os meus rituais da manhã (acordo às 6:30h, faço exercício, meditação e banho). A pessoa mais importante que é a minha mãe de 77 anos está em casa de quarentena comigo, logo qualquer ligação ou mensagem não será prioridade. As pessoas acham isso engraçado e foi o hábito mais importante que implementei nos últimos meses. Na minha opinião as pessoas que entendem isso como egoísmo, na verdade tem dificuldade em em dizer não. Tem uma frase que gosto muito que diz: “Quando você diz não para algo que não é prioridade, na verdade você está dizendo sim para você.” Isso é libertado.

  24. A forma como vivemos no mundo e contradizemos o sistema padrão é uma forma de contribuição. Se somos exceção à regra, nos expomos e nos respeitamos por sermos assim, podemos ser farol para quem está perdido no mar, somente seguindo a correnteza. Acredito que nossa existência pode ser uma linda forma de protesto às convicções metidas goela abaixo. Gostei muito do seu texto e sobre a reflexão das questões mundanas externas e internas. Obrigada! Que continuemos trilhando os nossos caminhos e sendo resistência por onde passemos.

  25. Definitivamente, os horários de trabalho e atividades ligadas à esfera profissional saíram do espaço demarcado para elas, e tendem a se esparramar pelo nosso tempo inteiro, se permitirmos. E todo mundo vai aceitando “pque o mundo é assim”, e pque ter trabalho e poder pagar as proprias contas passou a ser quase um luxo.
    Temos sim o direito de aceitar apenas as atividades que se encaixam no espaço de tempo que achamos razoável e adequado para nós. E se não temos esse direito ainda, temos que incessantemente buscar te-lo.

    1. Sim. E sabe, Vania, eu fico me perguntando se isso não é um mal de nó que vivemos com um montão de privilégios. Porque eu vejo um pessoal que mora, sei lá, no sertão da Bahia, que nem tem essa opção. Ficou de noite tem que ir dormir porque 4h é hora de levantar e carpir mato. A correria da cidade, a eletricidade, tudo isso, colocou a gente num modelo 24/7 horroroso, que virou uma prisão. Me lembra muito o mito da caverna do Platão.

  26. Post inspirador (como sempre Thaís, gratidão por nos inspirar e nos relembrar a importância do autocuidado… Te entendo totalmente, pois também me sinto bem melhor assim…) e comentários idem… A pergunta é bem complexa, mas importante refletirmos sobre… Flexibilidade vai nos ajudar, com certeza… Gratidão : )

  27. Super verdade seu texto. Estou exatamente assim. Me priorizar é um desafio, e é muito necessário agora. Mas parece que fazer isso é andar na contra mão. Tenho muitos conflitos a respeito pq ao meu redor não há esse acolhimento do meu tempo. Ninguém questiona se estou trabalhando dobrado por semanas, mas se quero um fds para pensar, soa egoísta…

  28. Thais, muito obrigada pela sua “exposição”. Sei que as pessoas podem ser bem malvadas na rede, mas fico feliz quando encontro espaço onde possa me expressar e encontrar com outros que sentem e passam pelos mesmos questionamentos.
    Eu tenho sentido dificuldade de interação social nesse período de “retorno a normalidade”. Também não sei que normalidade seria essa. Eu demorei bastante tempo durante o isolamento para conseguir me organizar, criar uma certa rotina… ainda estou passando por processo de luto porque perdi familiares. Como fazer esse retorno? Como lidar com pessoas que não refletem sobre tudo isso que passamos? Eu também sou budista, tenho estudado, mas entrei em conflito nessa semana justamente por essa questão “como apreciar os outros?” Seria uma questão de autoapreço querer que todos se cuidem e pensem na coletividade?

  29. Achei o teu texto extremamente pertinente para o momento do mundo e também para o meu. Venho me perguntando há alguma tempo a mesma coisa em relação ao meu trabalho. Como você, sou formada em publicidade e – graças a deus nunca trabalhei em agência – mas cada vez mais sinto que o “normal” de quem trabalha com marketing fere alguma coisa dentro de mim. O ritmo, os compromissos, os prazos. Ainda não sei bem o que é. Obrigada por compartilhar!

  30. Bom dia Thais, as questões do mundo chegam a nós de forma avassaladora, não é mesmo? eu, por exemplo, me questiono o tempo inteiro se não era isso mesmo que o mundo precisava, dessa pausa, desse momento de reflexão, um stop mesmo. Quando você fala sobre respeitar a si, eu em nenhum momento penso em egoísmo, até mesmo, porque você faz de você, com você e para você quaisquer coisa que achar conveniente. Se você se drogasse a pessoas falariam, se bebesse de cair na rua também. A máxima verdadeira é uma só, sempre irão questionar a nossa conduta, seja ela simpática a nós e aos outros ou não. Adequar-se a um mundo “doente” e ficar doente junto com o mundo. Seguir pessoas tóxicas e se intoxicar em doses homeopáticas. Respeite o seu eu, faça o que te acalma o coração e te faz feliz, pois essa existência na forma como você está é única, e os outros são só os outros.

  31. Oi Thais, só pra dizer que adorei seu texto e que não vejo suas escolhas (ou de qualquer outra pessoa) como egoísmo, porém há que se considerar que a maioria tem “esses horários” insanos e se a gente quer fazer parte, precisamos nos adaptar a eles.
    Uma pessoa, uma vez, me ensinou que você só consegue dizer não quando você tem um sim muito grande dentro de você. 😉
    Pelo que parece você já tem esse sim… Dizer “o mundo que se adapte a mim” pode até soar meio egoísta, mas na real, não passa de manutenção da nossa sanidade mental.

  32. Oi Thais!

    Como é fácil te acusar de egoísmo para não ter que encarar todo o trabalho, reflexão e esforço de mudança que seria necessário para mudar a si e ao mundo.

    Quanto ao possível sentimento de desrespeito por você sair mais cedo dos grupos de pesquisa, vai muito de quem se sente desrespeitado. Pois a saída da mensagem, na sua intenção, não é desrespeitosa. Então se a entrada chega assim, o problema está no receptor da mensagem. Talvez todos ali gostariam de ter essa coragem de pedir por horários mais dignos mas estão tão submissos que nem tentam.

    Te admiro por remar contra a corrente! Bjs

  33. Querida Thaís,
    estas questões são importantes, ocasião de reflexão para todos os seguidores que você ilumina o caminho, mas para você mesma como você diz, você já sabe a resposta.
    Ousar respeitar seu próprio ritmo (que não tem nada de tão extravagante) é poder dar um exemplo são de que é possível criar uma realidade que condiz a si-mesma, mesmo se é necessário pagar um certo preço – mas para tudo pagamos algo!
    Um « egoísmo são » é uma coisa desejável, respeitar a si-própria para poder respeitar cada um, senão tem uma coisa bem esquisita lá, uma falta de compaixão consigo, um aspecto mártir.
    Agora, bem, você está trilhando uma via « monacal », e porque não? Como se diz por aqui, quem te ama te segue.
    Se adapte somente ao que for essencial para as realizações essenciais que você pretende, e deixe o mundo se adaptar um pouco a você (curso ao vivo com a Thaís? Não tem de noite… se é tão importante pra mim, como vou poder fazer outra hora?) Enfim, o que é raro é caro, e isto é também uma vantagem colateral – para você, e também para a pessoa interessada, que deve pesar sua implicação e prioridade.
    Em todo caso, mais você se afirma e sabe o que quer, e faz o que sabe que é bom pra você (aceitando pagar o preço, mas o que é de graça?), mais sua identidade pessoal, mas sobretudo professional se confirma, e estar de acordo com a missão a cumprir é bem budista e não egoísta – que é correntemente um argumento, uma ameaça, para fazer céder pessoas conscienciosas.
    Um grande beijo cheio de amor e compaixão de alguém que se beneficia bastante com suas reflexões…

  34. Oi Thais, perfeita essa reflexão. Tenho passado por ela durante a pandemia – que alterou drasticamente a minha forma de trabalho – e ela coincide com o curso do Método Vida Organizada que estou fazendo. Estou repensando muitas coisas em minha rotina de vida e de trabalho. O questionamento que te fazem, eu entendo. Você abre para seus alunos e seguidores toda sua rotina e suas escolhas, e as cobranças têm a ver com essa abertura. Eu criei alguns limites para mim: não estou disponível em determinados horários, decido não participar de determinados encontros virtuais, etc. Quando sou questionada, respondo simplesmente que não estou disponível – assim, simplesmente, sem justificativa. De verdade: não vejo por que que precisaria explicar o motivo de não estar disponível em determinado horário para grande parte das pessoas com quem me relaciono. Pode ser por uma série de motivos, que são unicamente da minha conta: um compromisso de trabalho ou pessoal, meu horário de almoço, uma indisposição, um compromisso com meu filho ou qualquer outra coisa. Simplesmente não estou disponível. Em geral, sugiro outro horário ou data em que estou disponível – e as pessoas costumam aceitar bem… Claro que tem uma questão de bom senso também: existem urgências que pedem ação imediata. Mas essas são tão raras! Desde que comecei a agir dessa forma, percebi que me tornei mais produtiva, mais tranquila, mais segura das minhas escolhas. Tem funcionado – e agradeço muito a você por isso, pois tem muito a ver com as reflexões provocadas pelo seu curso!

  35. Será que o invejoso chama o corajoso de egoísta? Não desrespeito a inveja, acho que todos nós a possuímos em algum momento da vida (quem nunca rs) mas fiquei pensando sobre…
    Pode ser que quem julga alguém como sendo egoísta não teve coragem de fazer o que o egoísta fez, valorizar o seu bem estar sempre que possível (existem exceções), ter conversar difíceis para negociar a execução de tarefas com o marido, conversar com o professor para gravar a aula que seria somente ao vivo, renegociar um prazo.. várias coisas que são difíceis de colocar na mesa…
    sei lá.. minha visão é essa

  36. Li seu texto e lembrei do título de um artigo publicado no canal Einvestidor do Estadão. Ele dizia: “Acertar sozinho ou errar com a manada?” Apesar da temática aqui não ser financeira como lá, acho que no fundo a essência é a mesma. Nós e a nossa relação de ganhar e perder com mundo. Também aprecio dormir cedo e acordar antes do nascer do Sol mas minha realidade não permite viver isso. Seu texto me provocou pensar, até quando permitirei que seja assim? rsrsrsrs Obrigada

  37. Nessa pandemia pude perceber que estava vivendo no piloto automático e que minha rotina era cansativa. Todos a minha volta dizia como eu aguentava, que trabalhava muito longe, mas eu jurava que estava tudo bem. Depois que você compartilhou conosco a sua rotina no IG, vi que era possível eu criar uma rotina em casa. Então, decidi levantar todos os dias por volta das 05h40/06h00 para ter o meu momento (autocuidado, leitura, meditação, oração, yoga). Faz quase um mês que estou nessa rotina e foi a melhor decisão que tomei na pandemia. Por mim. Minha mãe disse que estou louca. Pra que acordar 7 dias da semana no mesmo horário? O importante é que estou me sentindo ótima com essa rotina. Decidi que preciso encontrar outro ramo para ter renda, pois depois que minha empresa voltar ao presencial quero continuar com minha rotina. Obrigada Thais, por compartilhar tanta coisa boa conosco.

  38. Oi, Thaís. Não acho nada egoísta a sua decisão de dormir mais cedo para estar melhor com seu corpo, sua mente, sua saúde. Acho que essas atividades que você tem fazem parte de um período de transição entre uma época em que dormia mais tarde e a atual. Aos poucos, você consegue se ajustar se manter seus princípios. Os cursos acabam, os grupos de pesquisa mudam, e você vai ingressando em novas atividades de acordo com seus horários. Aproveito para dizer que li “Mude seus horários, mude sua vida” por sua indicação e estou adorando fazer as mudanças na minha rotina. Bjs

  39. Quanto a questão do egoísmo… Não vejo problema em cada um viver da forma que ache mais qualitativa. Sua prioridade vai determinar sua flexibilidade.

    Se a única forma de conseguir assistir as aulas de doutorado for a noite, e o Doutorado for prioridade na sua vida, você vai assistir as aulas na hora que a Universidade definir e ponto final. E não é egoísmo de ninguém, smj.

    Acerca das rotinas pós-pandemia, certamente minhas reuniões telepresneciais continuarão sendo prioridades (e eram raridade antes), o EAD da faculdade (que antes era semi presencial mas na pandemia aprendi a ter disciplina de assistir exclusivamente a distância etc.

    Então certamente muita coisa vou querer fazer presencialmente, mas igualmente outras tantas mudarão. Ainda que seja uma situação delicada, uma calamidade, a pandemia tem proporcionado muitos aprendizados diários, em todos os ambientes.

  40. Olá Thaís! Sei que vc recebe muitas mensagens. Acompanho seu trabalho desde antes a publicação do primeiro livro. Muito obrigada por toda inspiração. Essa é minha frase resumo para agradecê-la : )Sobre seu texto: sua vida, suas regras. Ouvi no canal do Me Poupe, -um sim na dúvida é um não com certeza- não sei afirmar se é sempre assim mas gosto da frase para reflexão. Afirmar algo principalmente negativo sobre a vida de alguém pode infelizmente ser um ataque. Aquela frase antiga- a melhor defesa é o ataque. Tipo isso. Construir a vida com as próprias mãos é agradável porém muito trabalhoso. Acho que muitos atacam a vida alheia pq não cuidam da própria. Me ponho no seu lugar. Não ligo nunca se acaso digam que não gostam de mim mas se atacam um valor grande para mim eu ligo. E pessoas “equivocadas ” sabem atacar valores pq dói na gente mesmo a gente sabendo se defender. Se tem uma coisa que você não é e sei que sabe disse é egoísta. Um grande abraço.

  41. Excelente reflexão, Thais! Mas estou pensando muito sobre isso e não chego a uma conclusão… Concordo com você que nossas escolhas pessoais deveriam ser tão importantes quanto as profissionais, no sentido de horários, por exemplo. Eu trabalho muito mais concentrada pela manhã, então não gosto de marcar reuniões para esse período, mas muitas vez eu tenho que abrir mão no meu grupo de trabalho porque a maioria acorda mais tarde e já prefere fazer a reunião antes de se dedicar a outras coisas. Têm dias em que tudo bem, mas às vezes parece que a gente quase abre mão dos nossos princípios para atender aos dos outros. Mas também lembro que vivemos em uma comunidade, e, assim, precisamos também chegar decisões em comum acordo sobre o que é melhor para todos. Não tenho resposta, acho que vou ficar refletindo sobre isso por um bom tempo… Obrigada por levantar essa discussão!

  42. Acho que vc pode tentar encontrar o meio termo. Escolher o que é mais primordial neste momento: sua formação em Ayurveda ou seu grupo de estudos da faculdade? Se houver essa possibilidade de escolha, ne? Pois aí vc teria sua rotina de sono interrompida menos dias. Eu concordo com seu marido, pois o mundo lá fora não vai mudar, por hora. Tudo é adaptação. Espero que vc faça suas escolhas e fique em paz com elas. Gosto muito do seu trabalho.

  43. Thais, reduzi no fim de julho a minha carga horária de trabalho de 60h para 20h/ semanais. E fui questionado até que para que, se eu iria ficar sen fazer nada, rs. Mas com muita terapia sei que foi a melhor decisão, a questão de estar aqui e agora, e tentar não me adequar as opiniões pode parecer egoísmo e sempre vai parecer mas pode mais ser chamado de amor próprio.
    É claro que tem várias exceções para se enquadrar nesse ” mundo quem é assim ”, mas valerá sempre a pena priorizar estar bem para cuidar do outro. O que você faz está longe de ser egoísmo, seu conteúdo faz parte de várias fases da minha vida e só tenho coisas boas para compartilhar. Obrigada por me ensinar o que é compassivo!

  44. Olhar para nós mesmos sempre foi tido como ‘egoísmo’. Então eu parto muito do princípio das máscaras de oxigênio no avião: se não colocamos em nós primeiro e nos salvamos, como estaremos bem para colocar e salvar os outros?

    As críticas muitas vezes vem de pessoas que gostariam de ter a coragem ou força de fazer o mesmo que a pessoa que estão criticando fazem.

    Sobre o parágrafo: “Ultimamente, tenho ouvido muitas vezes que isso pode parecer uma forma “egoísta” de viver, pois você está colocando as suas escolhas acima do melhor para o todo”, Como as pessoas sabem o que exatamente é melhor para o todo? E quem foi exatamente que definiu o que é melhor para o todo?

    Se possível, creio que você deva tentar ficar convicta ao seu horário. Quem sabe você não encontre uma tribo que prefira o mesmo que o seu ou, levantando o questionamento, mais pessoas tomem consciência que elas também preferem assim?
    Mesmo que seja aos poucos, mesmo que por agora você ainda precise seguir o dos outros, mesmo que plantar a sementinha agora ainda demore pra te dar frutos, mas um dia dá certo!

    Boa sorte 🙂

  45. Oi Thais!
    Eu estava angustiada e resolvi vir ler o blog. Faço isso de tempos em tempos, como uma forma de parar e me relembrar de mim. E hoje eu estava justamente pensando em quais seriam as minhas escolhas futuras. Porque eu realmente apreciei estar em casa com minha família, comermos juntos, preparar minhas refeições e principalmente, não responder a ninguém no período da noite.
    Porém, sinto que há uma urgência coletiva em compensar o “tempo perdido”, fazer tudo agora ignorando a pandemia e uma angústia minha particular em atender aos anseios do outro.
    Obrigada por compartilhar a sua reflexão. Lembro-me quando você comentou que repensava se continuaria com os textos no blog… E é exatamente por textos assim que eu te admiro e acompanho há tanto tempo. Um oásis de respiro na contramão do mundo.

  46. Não acho que seja egoísmo, de forma alguma. Em algumas vezes, acho que li como “intransigente”, mas é um incômodo que eu preciso elaborar melhor. É que eu fiquei pensando que se alguém que fizesse parte do mesmo grupo de estudos que eu e saísse mais cedo porque precisa descansar, eu ia ficar de cara porque, sei lá, tá todo mundo cansado.
    Ao mesmo tempo, acho uma incoerência imensa a formação de ayurveda ser de noite! Quer dizer, você por seguir os princípios a fundo meio que fica impossibilitada de fazer o curso, risos.
    Não acho tudo se resume ao capitalismo nesse caso, estamos falando tbm de funcionamentos internos diferentes e princípios, mas esse sistema nos impõe e suga até a alma.

  47. oi, Thais! Excelente reflexão. Li recentemente dois livros que acho que conversam bem com o que você falou: Sociedade do Cansaço e Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder, ambos do filósofo Byung-Chul Han.

  48. Olá Thais, lendo seu texto lembrei de um questionamento que me tenho feito ja a algum tempo. O que nos leva a assumir tantas atividades ao mesmo tempo? O que será que ainda nos falta? Estamos em busca de quê , com toda essa correria e busca interminável? E vejo que temos justificativas muito racionais para cada uma das escolhas das nossas atividades rsrs. Mas será que não falta um pouco de valorização do proprio corpo, aceitação dos pps limites e prática de alguns dos conhecimentos que ja adquirimos ao longo dos anos de estudo? Sinto que responder essas questões ajudaria .

    1. O seu comentário também me fez refletir, Odette.

      E lembrei de uma frase: “Vamos parar com tanta iniciativa e começar com as ‘acabativas’?”

      Ou seja: que tal transformar o que você conhece me prática?

      Mas, parece que vender informação/conhecimento é o grande negócio dos nossos tempos. E compramos como se colocar em prática fosse algo instantâneo. É possível, mas não é automático!

  49. Eu já tenho uma rotina e um ritmo bem particular, porque tenho Esclerose Múltipla, por isso estou sempre em busca de aprendizado quanto aos hábitos saudáveis, sou formada em jornalismo e também tenho um filho de 10 anos; mas estou aposentada, por conta da saúde. Porém, infelizmente eu estava em um ritmo mais saudável e mais feliz antes da pandemia. Muitas águas passaram e muita coisa aconteceu nesse período, amei encontrar sua semana da vida organizada, que é uma das minhas necessidades maiores: ORGANIZAÇÃO. Fez muita diferença.

  50. Oi Thais!
    Em primeiro lugar, eu também amo essa frase do Krishnamurti. Pra mim é quase um lema de vida.
    Continuando, acho que eu posso ter uma definição diferente de egoísmo do que a maioria das pessoas tem. Considero egoísmo eu tirar algo de alguém pra atender o meu luxo, o meu excesso.
    Então com comida, por exemplo, egoísmo é eu comprar todos os pacotes disponíveis de algum produto essencial, em exagero, só porque tenho dinheiro suficiente, mesmo estando ciente de que alguém passará muito aperto por não ter aquilo. Agora se estamos todos passando fome, eu chego e compro o último pacote de arroz, não é egoísmo.
    Também acho que vivendo num mundo físico e material como o nosso, é impossível ser 0% egoísta. Em certo nível, é auto proteção e segurança.

    Sobre as relações com os demais… Você tem questões com o whatsapp, eu tenho outras 2 questões. Uma é com ligações telefônicas. Numa realidade em que existe whatsapp, email, etc e estamos todos online quase o tempo todo, considero que uma pessoa só precise me ligar se for uma emergência. Ela precisa que eu carregue ela pra um hospital, ou ela está numa situação em que precisa da minha resposta instantaneamente pra decidir o que vai fazer, responder a outra pessoa, etc. Fora desses casos, ela está me passando a seguinte mensagem: “O seu tempo vale menos do que o meu. Considero que vc pode parar qualquer coisa que esteja fazendo pra me atender.” Eu sei que as pessoas não fazem ligações pensando desse jeito, mas é assim que eu me sinto.
    Outra questão que tenho é com lives… Odeio assistir lives ao vivo! hahaha
    De novo, é o outro me impondo o tempo dele. Além disso, é muito tempo perdido com apresentações, “boa noite”s e esperando todo mundo entrar. Só assisto lives depois que elas acabam, e geralmente no youtube, onde é mais fácil pular partes e aumentar a velocidade do vídeo.

    Por exemplo, uma das minhas mentoras tem oferecido um produto que, pelo assunto. me interessou bastante. Mas ela fez no formato de evento ao vivo online. São 3 dias inteiros e sem gravação posterior. Conclusão: Não comprei. Eu me conheço, sei que não vou fazer. E se fizer, não vou aproveitar bem, vou terminar esses dias cheia de dor nas costas.. Enfim, pra mim não rola.

    Enfim, tenho buscado bastante estruturar minhas atividades e meu tempo em torno de como eu sou e como funciono melhor. E não vejo problemas das pessoas fazerem isso. Na verdade, acho que as pessoas se incomodam tanto, porque elas nem pensam em como seria fazer isso pra elas. Elas em maioria se submetem a tudo, aí quando são confrontadas com alguém que não, se sentem mal por elas mesmas…

  51. Thais, eu tenho pensado assim como você. Eu viaja muito a trabalho, tinha horários flexíveis, com a quarentena descobri que meu corpo precisa de cuidados, aprendi que posso treinar e ficar 1h deitada ou sentada lendo, me hidratando, meditando e que depois fico mais produtiva, saia correndo, casada, estressa com transporte e o transito. Gosto de ter um tempo pra mim e não deixo de dar atenção as demais coisa. Meu MBA estou na ultima matéria e professor disse que vai mandar avisos as 22hs, eu já estou dormindo, esses avisos não vou considerar, não vou ficar 22hs as 24hs corrigindo possíveis erros. Eu sou uma pessoa que precisa dormir bem se não dia seguinte me esquece, vou me arrastar ou ficar jogada nos cantos. Não sei como será quando voltar a trabalhar normalmente, mas tenho pensado muito nas mudanças que eu quero, porém sinto muita falta de viajar também. difícil.

  52. Uma aluna e admiradora do seu trabalho

    Oi Thais,

    Encontrei seus livros (Trabalho Organizado e Casa Organizada) “por acaso” em uma feira de livros da USP, quando estava na loucura do doutorado, me sentindo extremamente sobrecarregada e cheia de questões existenciais (ainda não resolvidas…rs). Comprei os dois pq desde aquela época (2018 mais ou menos) já estava sentindo que precisava mudar e td que queria era conseguir ser mais organizada e produtiva pra conseguir aproveitar a vida. Comecei a ler Trabalho Organizado, mas não consegui finalizar na época (pra variar) pq, honestamente, desde a graduação, passando pelo mestrado e até finalizar o doutorado, parei de ler qualquer coisa que não fosse acadêmica. Só o material que tinha para ler referente a isso já tomava todo o meu tempo (ou eu que não “achava tempo” pra outras coisas). E olha que eu sempre gostei de ler. Aprendi a ler super rápido qd era criança, de tanta vontade que tinha de começar a ler (ia pra minha mãe chorando, com um livro na mão, pedindo pra ela – super ocupada- ler para mim, pq minha irmã mais velha não queria ler e eu ainda não tinha entrado na escola. Mas isso é outra história…rs). Enfim, terminei o doutorado em 2019 com ansiedade, síndrome da impostora e várias outras questões. Qd acabei, me reconheci muito procrastinadora e decidi que precisava fazer algo pra mudar minha vida, foi quando encontrei seu canal no Youtube (vc deve estar se perguntando pq tô escrevendo tanta coisa “nada a ver” com seu post, mas vou chegar lá, prometo…rs). Lembrei então do seu livro na minha estante e comecei a consumir cada vez mais seus conteúdos no Youtube. Confesso que o blog ainda vejo pouco, por questão de falta de hábito mesmo. Acompanhei um evento seu no YoutTube final do ano passado, qd estava desempregada e com apenas uns 1.500 reais na poupança. Resolvi fazer a “loucura” de me matricular no seu curso (MVO – turma 5) pensando “Isso pode mudar minha vida, 1.500 reais não vão me sustentar daqui em diante mesmo, então pq não investir em mudança de vida?”. Meu plano era simples: dividir o pagamento do curso em suaves prestações e separar desses 1.500 o valor que cobrisse o total do curso e mantê-lo na poupança. Então, se td desse muito errado e não conseguisse nem o valor da prestação do curso, eu teria o dinheiro pra arcar com essa dívida e até quitar o curso de vez, se fosse necessário. Acho que foi a maior, talvez a única, loucura financeira que já fiz (costumo ser bastante prudente financeiramente). Foi uma das melhores decisões que tomei na vida! Quanto mais te acompanho, mais me identifico com vc e com sua visão de mundo, e é muito bom saber que não estou sozinha nesse pensamento. Ainda tenho que melhorar muuuito no curso e na organização (rs), mas já consigo identificar mudanças na minha vida decorrentes de td que venho aprendendo com vc. O que td isso tem a ver com o post? Bem, senti necessidade de comentar um pouco da minha história antes de te dizer que a “coceira” que surgiu em mim e que, de certa forma, me levou até vc, foi justamente a ideia de que eu queria ter direito a ter uma boa noite de sono, a sair com meus amigos, a participar das reuniões de família que aconteciam as vezes nos finais de semana, sem me sentir culpada por não estar atendendo às demandas do mundo. Pq no “mundo acadêmico” o “normal” é vc trabalhar sempre, finais de semana, noites, madrugadas, desde que vc entregue o que tem que entregar. É “normal” (e esperado) que vc diga “Sim” para tudo, se isso vai melhorar seu currículo e te ajudar a passar em um concurso futuramente. É “normal” vc abrir mão de sua vida como pessoa, desde que isso faça de vc um/uma pesquisador(a) fo#@! E é comum até mesmo as pessoas se “vangloriarem” por trabalhem incessantemente, finais de semana, férias, etc… Na verdade, se a gente conhece algum(a) professor(a)/pesquisador(a) que não trabalha nos finais de semana ou fora do horário comercial, essa pessoa é a estranha. “Como assim? Ele(a) tem que me dar um retorno sobre isso e rápido. Vou ter que esperar o fim de semana inteiro? Como assim não trabalha nas férias?” Esse é o pensamento comum no meio acadêmico (na verdade, não só no acadêmico, né? corporativo tbm). E, honestamente, eu não acho isso normal. Não acho isso sequer aceitável, embora já tenha seguido muito esse fluxo e ainda tenha que ceder a ele em certas situações. Mas hoje, mesmo que tenha que ceder, não cedo sem questionar. Então, escrevi td isso pra dizer que compartilho do seu ponto de vista e que, sim, o mundo está doente. Mas será que nós precisamos ficar doentes tbm pra nos adequarmos ao “normal”? Nós somos o mundo, então enquanto “concordarmos” em seguir esse fluxo, ele só vai piorar. Temos que começar a mudar esse “normal”. E acredito que o caminho pra começar esse movimento é a partir de nós mesmos, das nossas atitudes diárias e das sementes que plantamos em outras pessoas. Por isso que o seu trabalho é muito importante. Pq precisamos plantar a sementinha de não normalizarmos esses tipos de coisa, pq precisamos de sono de qualidade, precisamos de descanso, de diversão, de tempo com a família. Precisamos viver, de verdade! Me empolguei e escrevi demais, desculpa! rs. Pra finalizar, se queremos mudança, acho que essa uma frase resume muito bem o que devemos fazer: “Seja a mudança que você quer ver no mundo” Mahatma Gandhi.

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