Como eu organizo as minhas leituras no Budismo

Uma das áreas que muitas alunas, mentorandas e leitoras me relatam que costuma ficar de lado é a espiritualidade. Ler livros, estudá-los, é uma das maneiras mais fáceis para mim de criar espaço para a religião no meu dia a dia, então espero que este post possa ajudar você com ideias.

Vale lembrar que espiritualidade não é sinônimo de religião. Eu usei o termo religião acima porque, no meu caso, eu tenho uma religião. Mas é perfeitamente ok você desenvolver a sua espiritualidade sem uma religião específica.

A escola do Budismo a qual me dedico é a Nova Tradição Kadampa, que fica dentro do enorme guarda-chuva do Budismo Mahayana. Apenas para localizar, a Monja Coen, por exemplo, é de outra tradição dentro do Mahayana também, que é o zen. Apesar dos propósitos comuns (todos os caminhos buscam a mesma coisa), há diferenças nas práticas.

Na tradição que eu digo já existem muitos livros publicados e outros a serem traduzidos. Meu projeto atual então é ler todos os livros já traduzidos da tradição, na ordem recomendada. (Todos os livros da tradição são publicados pela Ed. Tharpa Brasil e você pode encontrá-los no site da editora ou comprar pela Amazon mesmo. Algumas livrarias físicas vendem os livros também. Tem que olhar na sua região.)

Eu já li a maioria desses livros nos últimos anos, mas a ideia aqui é ler e reler na ordem sugerida para fins de estudo também. No ano passado, eu ingressei no curso de formação de professores da tradição. Estuda-se um livro de cada vez (durante alguns meses), há discussões em grupo, explicações da monja, além de exercícios práticos.

O propósito desse curso é formar professores de meditação e Budismo Moderno nos diversos países onde estão os centros da NKT (Nova Tradição Kadampa) ao redor do mundo. Os centros são colocados nas grandes cidades, pois é onde as pessoas vivem mais agitadas e precisando de paz.

Por esse motivo, por mais que existam as versões em e-book, eu prefiro estudar com o livro físico, pois durante as aulas eu posso precisar levá-los a fim de citar referências.

Leio um pouco ou muito todos os dias, dependendo do ritmo de compromissos naquele dia em questão. De modo geral, leio pela manhã e à noite, antes de dormir. Para mim, é importante ler diariamente, pois assim eu vou construindo a minha reflexão em camadas. Sempre levo comigo para ler ao longo do dia, quando tenho compromissos externos.

Eu leio o livro na ordem recomendada pela tradição e, em paralelo, há o estudo do livro do curso. Se houver necessidade ou vontade, eu faço outras leituras ou consultas esparsas em paralelo.

Este é um livro base da minha tradição

O objetivo principal de qualquer prática budista é chegar ao estado de iluminação, conhecido como “budeidade”. Um Buda é quem alcançou esse estado. Isso significa que purificamos nossa mente e acabamos com todas as delusões mentais. Delusões são “maus hábitos mentais” que nos fazem enxergar as coisas de maneira distorcida. Raiva e inveja são alguns exemplos de delusões. No Budismo, acredita-se que aprender a acabar com essas delusões seja o caminho mais efetivo para alcançar a paz mental. A leitura e o estudo dos livros me ajuda a entender a esclarecer questões e situações, além de manter minha mente “ligada” no assunto, o que representa uma contínua lembrança.

A área de foco que escolhi para o meu ano de 2020 foi a espiritualidade justamente porque sinto que tudo o que eu quero para a minha vida virá dessas práticas. Ser mais paciente, por exemplo, além de outros aspectos. Isso significa que as atividades serão priorizadas diante do resto, sempre que possível. A leitura diária desses livros faz parte dessa priorização.

Se a sua área de foco este ano for outra, um bom exercício seria pensar: o que, se eu fizesse um pouco todos os dias, me traria um senso de estar evoluindo nessa área?