Oie! Meu nome é Thais e este é o meu blog. Tem duas coisas que você precisa saber antes de ver qualquer texto aqui. 1) Este é um blog pessoal onde eu compartilho a MINHA Vida Organizada. Falo sobre diversos outros assuntos e também divulgo o meu trabalho em diferentes frentes, incluindo o Método Vida Organizada. 2) De 2022 para trás, todos os posts estão com problemas de caracteres que há anos tentamos resolver com os melhores programadores do Brasil e não conseguimos. Optei por manter no ar mas estamos consertando manualmente. São quase 7 mil textos. Sabemos do problema e, por favor, não precisamos receber mensagens e e-mails avisando. Era manter assim ou tirar o blog do ar, e optamos por mantê-lo, já que os textos novos estão consertados. Obrigada pela compreensão!
Reflexões sobre espiritualidade e organização
Eu quis abordar o tema “espiritualidade” no Vida Organizada durante o mês de junho e, como o blog já tem bastante conteúdo a respeito, foquei mais na produção de vÃdeos para o canal respondendo as dúvidas enviadas por aqui, nos comentários de outros vÃdeos e no Instagram. Foram muitas perguntas (obrigada!) e, por isso, ainda não terminei de responder todas. Estou respondendo aos pouquinhos. 🙂 Mas acho que é válido trazer uma reflexão mais geral para o blog, então por isso esse post de hoje.
Eu fico pensando bastante nessa relação que existe entre organização e espiritualidade. Quem acompanha o blog há algum tempo já deve ter me visto falando sobre qual é a minha visão de uma vida organizada – não se trata de colocar as coisas em caixinhas, mas de levar uma vida coerente com os nossos próprios valores, de modo que nossas atividades sejam artesanalmente moldadas, diariamente, em direção a um estilo de vida que nós queremos viver.
Com base nisso, a espiritualidade, que é apenas uma das diversas áreas da nossa vida, entra nessa roda como parte do todo e, como todas as outras áreas, é muito importante e deve ser coerente com quem nós somos.
Sou uma pessoa muito ligada à ideia de espiritualidade e já transitei por diversas religiões. Acho que as religiões são simplesmente caminhos diferentes, formatos. Obviamente não existe certo ou errado, mas aquele que combina mais com quem nós somos. Quando estamos alinhados – e isso pode significar não pertencer a religião nenhuma ou até em não acreditar em deus! – sentimos essa sensação de completude, que nada mais é do que a consciência tranquila de que a coerência está presente.
Como em outras áreas da vida, me sinto confortável para efetuar mudanças, se sentir essa necessidade interna. Hoje, ainda me considero budista. Já fui muito mais “praticante”, no sentido de frequentar as atividades do centro, dar aulas de meditação, fazer cursos e participar de retiros. Hoje, exerço mais na minha prática diária o caminho do bodisatva.
O “caminho do bodisatva” trata-se de buscar ser, no dia a dia, uma pessoa com disciplina moral de acordo com os preceitos budistas e que desenvolve uma mente de compaixão para ajudar outros seres vivos a superarem o sofrimento e alcançarem a iluminação. Algumas pessoas me pediram para falar sobre isso, então tentarei dar uma explicação breve.
Um bodisatva vive “evitando quedas”. “Quedas” são atitudes que “quebram” o propósito acima. Existem as quedas raÃzes (mais “fortes”, digamos assim) e as quedas secundárias (menos graves).
Quedas raÃzes
- Louvar a si mesmo e desprezar os outros, criticar com o objetivo de ferir
- Recusar ensinar alguém sobre o darma (ensinamentos de Buda) se essa pessoa pedir
- Não aceitar pedidos de desculpas, alimentando rancor
- Abandonar o mahayana (caminho budista)
- Roubar patrimônio das três jóias (oferendas)
- Abandonar o darma
- Tomar as vestes cor de açafrão (destinadas a monges e monjas ordenados)
- Cometer quaisquer das cinco ações hediondas (matar o pai, matar a mãe, matar um destruidor de inimigos, ferir maldosamente um buda e causar cisão na sanga – a comunidade de praticantes)
- Esposar visões errôneas sobre ensinamentos budistas
- Destruir lugares, como cidades e moradias
- Explicar a vacuidade para quem pode entender mal (é um ensinamento budista avançado)
- Levar outras pessoas a abandonarem o mahayana
- Levar outras pessoas a abandonarem o pratimoksha (prática especÃfica)
- Depreciar o hinayana (caminho budista)
- Falar falsamente sobre a vacuidade profunda (ensinamento budista avançado)
- Aceitar patrimônio que tenha sido roubado das três jóias (oferendas)
- Estipular más regras (ex: vender produtos é mais importante que a prática de meditação)
- Desistir da bodichita (mente de compaixão)
Quedas secundárias
- Não fazer oferendas diárias às três jóias (é uma prática diária básica de votos)
- Entregar-se a prazeres humanos por apego
- Desrespeitar aqueles que receberam um voto bodisatva antes de nós
- Não responder quando alguém se dirigir a você
- Não aceitar convites
- Não aceitar presentes
- Não dar darma àqueles que o desejam
- Abandonar aqueles que quebraram sua disciplina moral
- Não agir de maneira que inspire fé
- Fazer pouco para beneficiar os outros
- Não acreditar que a compaixão dos bodisatvas garanta a pureza de todas as suas ações
- Fazer fortuna ou fama adotando um modo de vida impróprio
- Entregar-se a frivolidades
- Afirmar que os bodisatvas não precisam abandonar o samsara
- Não evitar má reputação
- Não ajudar os outros a evitar negativatidade
- Retaliar maus-tratos ou abusos
- Não pedir desculpas quando houver oportunidade
- Não aceitar pedidos de desculpas
- Não aplicar esforço para controlar a própria raiva
- Reunir um cÃrculo de seguidores visando lucro ou respeito
- Não tentar vencer a preguiça
- Entregar-se a conversas sem sentido por apego
- Não fazer o treino em estabilização mental
- Não superar obstáculos à estabilização mental
- Ficar entretido com o sabor da estabilização mental
- Abandonar o hinayana
- Estudar o hinayana em detrimento da nossa prática mahayana
- Estudar assuntos de não-darma sem um bom motivo
- Ficar absorto em assuntos de não-darma
- Criticar outras tradições mahayana
- Louvar a si mesmo e desprezar os outros
- Não aplicar o esforço de estudar o darma
- Preferir confiar em livros a confiar no Guia Espiritual
- Não dar assistência aos necessitados
- Não cuidar dos doentes
- Não agir para afastar o sofrimento
- Não ajudar os outros a superarem os seus maus hábitos
- Não retribuir a ajuda daqueles que nos beneficiam
- Não aliviar a dor dos outros
- Não dar aos que pedem caridade
- Não dispensar cuidados especiais aos discÃpulos
- Não agir de acordo com as inclinações dos outros
- Não elogiar as boas qualidades dos outros
- Não realizar ações iradas no momento oportuno
- Não usar poderes milagrosos, ações ameaçadoras etc.
Todos esses votos podem ser encontrados no livro “O voto do Bodisatva” (Geshe Kelsang Gyatso). Cada um dos itens acima pode ser destrinchado mas, para o post não ficar longo, apenas listei. Caso tenha dúvidas, favor deixar um comentário.
Como ninguém é perfeito, é comum (mas deve ser cada vez menos comum, essa é a ideia) cair em tais quedas. Por isso existem diversas práticas de purificação, que fazem parte do dia a dia budista.
Como eu comentei em outros posts e vÃdeos, tenho uma checklist com essas quedas, que reviso diariamente.
Inclusive, se você ainda não assistiu, seguem os vÃdeos já publicados sobre espiritualidade este mês no canal:
- Napoleon Hill, capitalismo e budismo combinam?
- Como eu organizo a minha prática do budismo
- Conciliando espiritualidade e vida profissional
- Dicas para quem tem dificuldades na rotina de meditação
- Respondendo perguntas sobre outros caminhos religiosos
- Como eu cheguei ao budismo
Obrigada por estar aqui.
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ThaÃs, boa tarde! Adorei o post, gostei bastante de saber sobre as práticas budistas. Sou espÃrita, mas muita coisa que tem nesses mandamentos a filosofia espÃrita recomenda também… Muitas coisas em comum sobre como ser a melhorar versão de nós mesmos… Acho que no fim esse acaba sendo o propósito para mim!
Não entendi muito bem o número 26
“Ficar entretido com o sabor da estabilização mental”
O que isso quer dizer?
Quando você medita, mantém sua mente estável. E você se acostuma tanto com essa sensação, que vai se sentir estimulado a meditar sempre.
Entendo… mas por que isso é ruim? Uma queda é ruim, não é?
ThaÃs, boa tarde.
Eu fui criada como espÃrita. Ainda me considero espÃrita, mas tenho questionado alguns posicionamentos da doutrina, e me afastado um pouco… Tenho muita curiosidade sobre o budismo, sobre coisas bem básicas mesmo, mas na realidade, nem sei onde conseguir tais respostas…
Já que você abriu um “canal” para perguntas, gostaria de saber…
1) Os diferentes tipos de budismos são tão diferentes entre si quanto os diferentes tipos de cristianismo (por exemplo, espiritismo e evangélicos são totalmente diferentes)? São considerados cada um uma religião, ou são apenas “linhas” diferentes dentro de uma única religião, budista?
2) O que “une” os diferentes “tipos” de budismo? Alguma crença básica comum?
3) Quais são as crenças básicas? Acreditam em Deus? Como ele é? Acreditam em reencarnação? O que acreditam a respeito dos animais, e qual a principal diferença entre humanos e as outras espécies de animais?
4) O que acontece depois que morremos? Continuamos sendo indivÃduos conscientes, ou passamos a fazer parte de um todo? Existe um julgamento? Existe um céu e um inferno? Nos reencontramos com amigos que morreram antes de nós?
Obrigada!! 🙂
Oi Anne, tudo bem?
1 – São consideradas linhas diferentes dentro do Budismo.
2 – A crença na iluminação como caminho.
3 – Esse tópico é extenso! Indo pontualmente nas suas perguntas: Acreditam em Deus? Não. Como ele é? Existe a figura do Buda, que representa um estado de iluminação, e existiram diversos Budas na história da humanidade. Acreditam em reencarnação? Sim, até você alcançar a iluminação, quando sai desse ciclo de reencarnações. Animais x Humanos: são todos seres vivos, mas nascer como ser humano é uma dádiva, pois te dá autonomia para fazer as coisas – inclusive cuidar dos animais. 😉
4 – Existe um conceito chamado roda da vida que mostra os diferentes estágios. O modo como você reencarna depende do seu carma – resultado das suas ações.
Espero ter ajudado.
Ah, e adicionando mais uma pergunta à s anteriores…
O que o budismo prega a respeito das diferenças entre homens e mulheres? Existem papéis definidos esperados correspondentes a cada um dos sexos (como uma.mulher deve ser x como um homem deve ser)? E sobre sexualidade, o que o budismo prega? É pecado dispor de sua sexualidade de maneira livre? Existe a obrigatoriedade (ou pelo menos uma “aprovação divina” em se casar virgem? Para homens e mulheres igualmente? E sobre aborto, o que o budismo prega sobre isso? É escolha da mulher, ou é “pecado”? E homossexualismo?
Obrigada!
É importante colocar toda e qualquer religião dentro do seu contexto histórico.
Vivemos em um mundo patriarcal, então por isso é comum que o budismo tenha algumas práticas tradicionais que sejam mais focadas em homens.
Hoje em dia, no entanto, isso vem mudando bastante. Há muitas monjas ordenadas.
Não há regras de distinção de gênero, tipo homem pode isso e mulher não pode. Pelo menos na minha tradição. Não tenho conhecimento de outras.
Sobre sexualidade, existem alguns princÃpios de boa conduta, tipo “não praticar mea conduta sexual”, que significa trair, fazer sexo por fazer, e outras assim. Mas existe todo um caminho voltado para o tantra, que aborda aspectos de sexualidade, mas não sei entrar em detalhes porque não fui iniciada nesse caminho.
Não há “regras” de modo geral, mas recomendações de boa conduta como ser humano mesmo, com foco em ajudar os outros, e isso inclui todas as áreas da vida, inclusive a sexual.
Muito obrigada pelas respostas, ThaÃs!!! 🙂
Vixi, raramente aceito convites😂😂. Não gosto de festinhas, confraternizações. Mas não me sinto mal por isso. Nem Buda explica😂