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Pesquisa de campo do mestrado: como estou me organizando

Comentei em um post anterior sobre o cronograma do mestrado e o meu planejamento para o segundo semestre. Em setembro e outubro farei a minha pesquisa de campo. A ideia é ter os resultados para, em novembro, costurá-los com os artigos de conclusão das disciplinas do semestre e, na sequência, iniciar a escrita pura da dissertação. Caso eu precise realizar novas pesquisas, farei esse complemento na sequência.

Pesquisando sobre os propósitos do mestrado, antes mesmo de iniciá-lo, eu descobri que o mestrado é, na verdade, aquele período para você aprender a ser pesquisador de verdade. Depois que entendi isso, passei a ver o processo de dois anos do curso justamente para me aperfeiçoar com foco nessa finalidade. Terei a vida toda para pesquisar os meus temas de interesse. Neste momento, no entanto, preciso me ater a um recorte X e aproveitar todo o aparato disponível da universidade.

Quando comento em alguma rede social que estou no momento da minha pesquisa de campo, surgem muitas perguntas sobre como estou fazendo. Eu vou dizer aqui neste post, mas o que quero dizer, para quem não está familiarizado com esse processo, é que cada objeto de estudo demandará um tipo de pesquisa diferente.

No meu caso, eu vou entrevistar pelo menos dez pessoas que são o meu “recorte” para analisar os resultados. Vou entrevistar mulheres que trabalhem na área da Comunicação sob o modelo PJ de “contratação” e que morem em São Paulo. Esse recorte foi definido porque eu quero descobrir se a midiatização do fluxo de trabalho tem contribuído com a precarização dessa profissão, especialmente no que diz respeito às mulheres (grupo que me incluo, então tem a ver com local de fala).

Eu já questionei esse recorte umas vinte vezes. Meu orientador disse (e eu concordo) que preciso ir a campo até para conseguir fazer tais questionamentos pra valer. Chega num ponto que qualquer pesquisa acaba entrando em uma espiral individualista se a gente não sair a campo. Não adianta eu ficar lendo mil livros, questionando, perguntando, se eu não for a campo ver o que está rolando de verdade. Então chegamos nesse ponto, e por isso farei as entrevistas.

O ideal é que elas sejam presenciais (e sempre gravadas, sem obviamente identificar as pessoas), mas justamente o que estudo é como as pessoas não têm tempo para esse tipo de coisa, então fatalmente acabarão sendo feitas virtualmente. Eu uso uma ferramenta chamada Zoom, que serve para reuniões e webconferências, e permite a gravação.

Postei no meu Facebook buscando essas pessoas e encontrei metade (em número). Então ainda estou procurando. Por sinal, se você for de São Paulo, trabalhar em Comunicação e sob o modelo PJ, me contate (deixe um comentário). Estou ainda procurando profissionais para tais entrevistas.

Aí já reservei um horário para as dez entrevistas entre o final de setembro e outubro. Farei essas dez primeiras, conversarei com o meu orientador e, se forem suficientes, ok, já encerro essa fase por hora. se precisar, farei mais. Podemos precisar abrir o recorte. Todas essas definições dependem de ir a campo ver o que vou encontrar.

Para pesquisar o que está acontecendo com as pessoas, com as relações e com a comunicação, é preciso conversar com as pessoas. Por isso, nesse momento, esse é o meu foco para a pesquisa.

Alguns leitores deram dicas em posts anteriores em que comentei a respeito, e vou ficar super agradecida se você tiver dicas adicionais para esta fase. Você pode postar diretamente nos comentários deste post. Obrigada!

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19 comentários em “Pesquisa de campo do mestrado: como estou me organizando”

  1. Que legal, Thais! Achei o seu tema interessante!
    Estou fazendo uma especialização em gênero e sexualidades, que tem uma pegada de mestrado, porque vou ter que escrever e publicar artigo, que vai ser analisado por banca e tudo, além de fazer um esboço de um tcc.
    Gostei da dica da ferramenta, me preocupo com o campo e a pesquisa, acho meio chato essa parte porque sou tímida rs. Mas meu professor falou que é super válido utilizar o meio virtual, desde que bem estruturado e fundamentado. Que alívio! 🙂
    Boas entrevistas e que sua tese tenha muitos frutos.
    Bjs

  2. Trabalho na edição de livros didáticos. Não é exatamente comunicação, mas se precisar de mais uma mulher PJ de SP, estamos aí.
    Muitas good vibes pra essa nova fase na pesquisa! 🙂

  3. Querida, eu tenho Mestrado e Doutorado pela Unicamp e adoro metodologia. Se vc precisar de ajuda, peça, esou à disposição. Falei com vc algumas vezes sobre a necessidade de bater um papo sobre acessibilizar esse precioso site e seus vídeos para pessoas com deficiência. Vamos conversar? Bjs

  4. Parabéns pela pesquisa, Thais.
    E que pena que a sua população alvo de estudo é profissionais da área de comunicação, pois se fosse da área de saúde ficaria super feliz em contribuir. <3
    Boa sorte!

  5. Oi Thais, tudo bem?

    Gostaria que você falasse a respeito do fim do Evernote. Fiquei sabendo que a empresa está passando por dificuldades e alguns sites já estão anunciando o fim da plataforma, porém não tenho certeza se essas informações são verídicas. Teria como você falar sobre isso no seu site?

    Grato

  6. Thaís, minha dica é que, se você for transcrever as entrevistas (o que recomendo bastante!), precisará reservas de 4 a 6 horas para cada hora de gravação ! Sei que algumas pessoas recomendam terceirizar esse processo, mas acho que o próprio pesquisador deve transcrever o seu material pois isso o fará escutar novamente e literalmente “entrar” em cada detalhe do que foi falado. Muitas vezes não achamos que um trecho é importante até observamos o conjunto todo das entrevistas e percebermos que, afinal, uma palavra nova salta aos olhos, seja para singularizar um entrevistado, seja para mostrar as homogeneidades do conjunto. Achei legal dar essa dica aqui porque muita gente subestima o tempo de tratamento e análise do material de campo, que é a fase talvez mais importante de todas de uma pesquisa , na minha opinião. Beijo e muito boa sorte na busca das mulheres!!

  7. Maria Marta Lino de Oliveira Silva

    Oi, Thais! Ao ler seu post lembrei de que, mesmo não havendo identificação das pessoas, é imprescindível submeter a sua pesquisa a um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Áreas de conhecimento que não trabalham com saúde, tendem a negligenciar esse passo importante. Você poderia falar um pouquinho sobre isso, o que acha?

  8. Kátia Regina Gomes Ferreira

    Thais, mesmo achando pequeno o seu recorte, você verá a quantidade de categorias que surgirão nas respostas, nas falas. Categorias que farão você de fato fazer análise dos dados. Se fará análise do discurso ou de conteúdo. Bardin poderá te ajudar nesse esclarecimento.
    Bardin, Laurence. Análise de Conteúdo. Trad. Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro.
    Lisboa: Edições 70, 2002
    GUERRA, Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo. Principia Editora, 2012
    Espero ter colaborado.

  9. Oi Thais. Vou fazer a prova para o mestrado em sociologia no próximo mês e me interesso muito por essa área de sociologia do trabalho. No entanto estou com MUITA dificuldade em escolher um projeto (para poder apresentar o pré-projeto), um recorte…enfim…Como foi essa decisão e essa escolha do tema pra vc? Alguma leitura que possa me auxiliar?

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