Pular para o conteúdo

Fichamento: como tenho feito

Muitas pessoas têm me pedido para escrever ou gravar um vídeo sobre como faço fichamentos. Praticamente, todo post ou vídeo que publico tem um comentário sobre isso, então por esse motivo estou publicando este post hoje.

O que eu quero dizer, em primeiro lugar, é que ainda não cheguei a um modelo oficial de fichamento, apesar de já ter delineado mais ou menos como eu acredito que será por toda a vida porque, quando paro para analisar como faço desde a faculdade, existe uma tendência.

Quando comecei a estudar na faculdade de jornalismo, em 2001, eu comecei a fazer os fichamentos em fichas pautadas, como manda o figurino. Minha avó me ensinou a fazer. Naquela época, apesar de eu achar útil, já achava muito trabalhoso. Com o passar do tempo, acabei abandonando porque, na verdade, não é que não era útil, mas não era prático para uma pessoa que conciliava estudos com trabalho. Talvez desse para manter se eu apenas estudasse.

Este ano, no mestrado, eu comecei a fazer os fichamentos no meu commonplace book, mas acabei caindo na mesma questão. Eu prefiro fazer no papel, escrevendo, porque isso é uma forma de estudar, mas a prática estava atrasando muito as minhas leituras e eu percebia que estava “sempre atrasada”. Ou seja, o modelo não combinava com o meu estilo de vida.

Vou falar então qual o modelo que estou buscando mas qual estou fazendo, na prática.

O modelo que estou buscando é fazer os fichamentos no Evernote.

“Ah Thais, mas existem softwares maravilhosos para isso, como o Mandeley”. Gente, então, olha só: existe um mundo fora das bolhas que vivemos, especialmente a acadêmica.  Não falo isso para ofender ninguém. É que, por exemplo, o Evernote funciona justamente para você colocar TUDO lá, porque o que faz o programa ser sensacional é justamente a semântica dele.

Vou trazer alguns exemplos simples de aplicação da coisa toda.

Outro dia, fiz uma busca por “Barthes” (um autor) e o resultado foi:

O Evernote me trouxe não apenas as notas de fichamento, como todos os textos que eu tenho listados lá que CITAM Barthes. Porque um dos recursos do Evernote é ler dentro dos arquivos e dentro de fotos de manuscritos. Isso fez com que eu visse absolutamente tudo o que citava Barthes dentro do meu Evernote.

Se eu fizer uma busca por termos ou conceitos, é a mesma coisa:

Ele me mostra não apenas os textos salvos, mas também notícias e outras notas que eu tiver armazenado no sistema.

Não vejo qualquer motivo para eu usar um programa externo para fazer fichamentos, pois minha pesquisa não se resume a livros e artigos e sim a um complexo mundo de informações que envolve outras fontes também, inclusive notas, observações e textos meus.

Falando especificamente sobre o fichamento, outra vantagem de usar o Evernote é que, quando leio livros pelo Kindle, eu posso exportar as notas que fiz em um livro e enviar direto para o Evernote.

O que dá trabalho: fazer o fichamento de livros impressos. Disso não dá para fugir. E é justamente onde estou “empacando” no momento, porque não tenho tido “tempo” no dia a dia para ler e, além de tudo, fazer o fichamento.

Aí eu conversei com o meu orientador e acabei descobrindo que ele faz o que eu faço naturalmente há muitos anos, que é, basicamente: fazer grifos e notas no próprio livro e, ao final da leitura, montar um índice dentro do livro em si, e usar isso como fichamento. Ele disse que faz assim há anos e nunca o atrapalhou, pelo contrário – ele tem uma produção gigantesca e de muita qualidade. Então… a conclusão é que cada um deva buscar a forma que funcione melhor para si mesmo.

Os livros que estou usando para a pesquisa, artigos e o mestrado como um todo estão separados (fisicamente, na estante) dos demais, então assim eu consigo acessá-los muito facilmente. Além disso, criei uma nota no Evernote, dentro de um caderno dedicado apenas à pesquisa do mestrado, onde listo as obras que usarei na pesquisa (referências bibliográficas, simplesmente).

Além disso, tenho uma etiqueta chamada “Fichamentos”, onde armazeno as notas que sejam meus fichamentos pessoais de livros e arquivos em si. Essa etiqueta ainda está muito vazia pois, como comentei, não peguei ainda um ritmo consistente de digitação mesmo dos trechos e informações. É nisso que estou trabalhando no momento – em buscar a melhor maneira de ter essa consistência.

De modo geral, basicamente crio uma nota dentro de um caderno de referência geral e uso a etiqueta de fichamentos. Uma nota por livro e artigo, e fica assim:

Mais uma vez, a vantagem é usar a semântica do Evernote para pesquisas para o resto da vida, então é um banco que vale a pena ser alimentado.

Basicamente, é assim que tenho feitos meus fichamentos no momento, mas sei que todo esse processo ainda será aperfeiçoado e, quando eu estiver plenamente satisfeita com ele, postarei aqui novamente. Se você tiver alguma dúvida ou pergunta sobre o assunto, por favor, deixe um comentário. Obrigada!

Marcações:
Autor

43 comentários em “Fichamento: como tenho feito”

    1. Oi Alexandra, tudo bem? O descadastramento só é possível pelo dono da própria conta do e-mail… quando chegar um e-mail para você, você precisa clicar em “descadastrar e-mail”. É um serviço terceirizado. Obrigada.

  1. No caso dos livros e textos impressos, eu leio, grifo e anoto em post its e, quando necessário, eu uso a função microfone do Evernote. Sim, eu dito as anotações 😀 seja em forma de comentário (minha visão sobre o texto) ou a citação direta, mesmo.
    Os livros de biblioteca eu encho de flags e pontinhos q eu faço com o lápis, dai depois ditando ou fotografando citações ao mesmo tempo que apago as bolinhas e retiro as flags.

  2. Thaís, eu tenho feito os fichamentos dos meus livros lidos também no Evernote.

    Para os livros impressos, tenho feito por meio do aplicativo no celular, pois tenho achado mais prático.

    Abro a nota referente ao livro e começo a ditar para o celular, pois ele tem a funcionalidade de digitar o que é falado.

    De repente seja uma forma que seja útil para você também.

    Espero ter ajudado.

    Beijos e sucesso!!!

  3. Concordo que cada um tem o seu jeito.

    O que tenho feito – e não sei se isso, tecnicamente, é, mesmo, um fichamento – é copiar trechos dos livros, artigos, texto, direitinho, no Word. Como já estou escrevendo a dissertação, para mim ter a referência certinha é fundamental para poder citar e já organizar a bibliografia.

    Abro um arquivo por material (texto, livro, tese, etc.), copio a referência bibliográfica e, indicando as páginas, copio os trechos. Sim, é bastante trabalhoso e acabo peneirando bem (se bem que sempre prefiro que sobrem a faltarem trechos). Não copio somente se tenho o material salvo em arquivo digital e se o trecho for muuuuito longo – nesses casos, grifo no arquivo e coloco a referência no Word. A questão é que muito do que estou lendo são livros da biblioteca da universidade, não dá para grifar (coloco post-its e depois copio – sim, trabalhoso, mas ajuda bem na reflexão).

    Abaixo de cada trecho, tento colocar tema a que se refere (até para ajudar a indexar e achar no “localizar” do Word) e alguma reflexão minha. Isso também ajuda a ver se aquele trecho é mesmo importante, se faz sentido com o raciocínio que venho desenvolvendo.

    Ah! E mesmo que eu não tenha ainda começado o capítulo a que acho que aquele trecho se refere, se for o caso, também abro um capítulo com aquele nome e colo o trecho lá – de novo, com o cuidado de copiar a referência bibliográfica. Por exemplo: se é algo que talvez seja interessante de retomar na “Conclusão” ou “Considerações Finais”, já abro um arquivo com esse nome e jogo lá (claro, mesmo que isso mude, o arquivo vira uma espécie de “repositório” de tudo o que você já pensou a respeito).

    Enfim… Não sei se é a melhor forma, mas é como tenho feito. Achei bacanas os recursos mencionados do Evernote, mas, a essa altura do campeonato, tenho medo de começar a usar uma ferramenta nova e acabar perdendo muito tempo, me complicar tentando usá-la.

  4. Thaís, não entendi o método do seu orientador. Como assim “montar um índice” no livro? Junto com o índice do livro? Seria útil colocar esse índice no Evernote? Não consegui visualizar como fica esse índice…

  5. Oi Thais, gostei muito dessa dica de índice dentro do livro, é muito boa.
    Eu sou muito fã do Evernote, assino desde 2012 e acho imbatível. Entretanto tenho 2 dicas sobre o Mendeley, que me ajuda muito. O mendeley tem um plugin com o word e isso “salva o dia” com as referências, inclusive tem estilo ABNT. Eu tenho um certo trauma com isso, talvez por eu “ter tido” que migrar de sistema (Latex para o Word) a pouco tempo. Outra coisa interessante, com base nos autores e/ou assunto do teu rol de artigos, o Mendeley sugere outros artigos, ás vezes bem recentes.

    Espero ter ajudado!
    Abraços

  6. Thais, que post interessante! Uso pouco o Evernote para coisas simples, mas nunca tinha pensado nesse uso!
    Semana que vem começo um MBA na modalidade EaD e preciso rever uns posts antigos seus dando dica para essa modalidade.
    Acredito que usarei o Evernote para facilitar meus estudos.
    Obrigada
    =)

  7. Oi Thais, to organizando meus fichamentos para tentar o doutorado e to montando igual a você. O Mendeley estou utilizando na hora da escrita no word porque ele facilita na hora de inserir a citação e ela aparecer nas referências. Não precisa depois ficar procurando na mão se as citações batem com as referências.

  8. Posso estar enganada, mas fiquei com a impressão de que você está subestimando as funcionalidades de ferramentas como Mendeley, Zotero e similares (pela associação entre seu uso e uma suposta bolha acadêmica): organização dos artigos/teses/outros, citações em diferentes estilos, espaço para grupos de pesquisa, sugestão e busca de artigos relacionados, anotações, grifos e comentários, etc. Tem gente que usa o Mendeley/Zotero para organizar as referências e deixa os fichamentos em outro lugar (Evernote, documentos de texto ou planilhas), por exemplo. Mas é claro que, mesmo conhecendo as funcionalidades, você pode preferir deixar tudo no Evernote, mas aí me parece questão de gosto ou costume.

    1. Oi Nayara, tudo bem? Posso estar, mas está tudo muito no início para mim. Me permito mudar de ideia se entender que outra maneira de fazer é melhor, sem problemas. Por enquanto, fazer como falei no post tem me atendido. Obrigada por comentar.

      1. Oi Thais:
        Realmente é difícil encontrar um sistema que funcione. Depende muito do estilo de trabalho de cada um. No meu caso, uso o Scrivener para o fichamento e o Mendeley para a gestão bibliográfica.
        Estou no último ano do doutorado e a verdade é que não posso viver sem o Mendeley. O volume de referencias que você acumula durante a tese é monstruoso e o fato de esse programa gerar in-text quotes e a lista de referencias automaticamente te salva a pele ao escrever artigos. Eu recomendo fortemente.
        Ps: sou fan do seu blog. Você é fera! Eu fiz mestrado e tô fazendo doutorado fora. Como vi que morar fora faz parte dos seus planos futuros, talvez te interesse dar uma olhadinha no meu site. é um projeto que tenho com uma amiga filipina que fala sobre como conseguir bolsas de estudos no exterior. Também gostaria muito de trocar figurinhas acadêmicas contigo. Adorei saber que você também entrou nessa aventura. 🙂
        Um abraço,
        Luana

  9. Oie, acompanho seu blog e estou amando quando escreve sobre o mestrado, pois estou nessa fase Tb.
    Tenho uma dúvida em relação a citação de referências de e-books porque não mostram as páginas.
    Como você faz????

    Bjs

    1. A pág. é mais uma referência pessoal, mas nos trabalhos não precisa ter especificado (só o autor e o ano). Então, quando é o caso, basta fazer uma busca no próprio e-book para encontrar as informações nas marcações que fiz.

  10. A alguns meses eu comecei a transferir a organização dos projetos de pesquisa que desenvolvo para o Evernote, eliminando meus cadernos de laboratório físicos (ainda utilizo, mas apenas para os trabalhos na bancada). Nas linhas em que pesquiso o trabalho com cálculos teóricos é extremamente forte, não era nada prático organizar meus resultados no papel sendo que quase tudo é feito no computador e levava muito do meu tempo.
    Armazeno no Evernote as informações dos artigos em que faço uma análise mais profunda (geralmente os que uso nas discussões dos resultados das etapas menores do projeto), como utilizo artigos publicados em periódicos também consigo colocar os arquivos na integra em PDF e fazer anotações neles. O legal aqui é que vou linkando as notas dos artigos nas notas de discussão e fica tudo conectado.
    Mantenho esses mesmos artigos no Mendeley apenas para o gerenciamento de referências, a organização que ele faz através do plugin no Word é excelente e facilita muito na hora de escrever.

  11. Eu tinha dificuldade com is livros em papel também. Agora uso o OCR do Google keep praying scanner os textos e transformar em textos de verdade. Achei a formal mais prática de fazer

  12. Tenho dó de grifar, fazer anotações ou fazer qualquer coisa desse tipo com os meus livros. Por isso eu decidi usar apenas o Kindle. Além de economizar no valor das compras, a organização das notas e fichamento é muito mais rápida. Obrigado por indicar o Evernote, ele tem recursos que eu desconhecia. Parabéns pelo trabalho.

  13. Luciana Xavier de Oliveira

    nossa, totalmente maravilhoso, Thais. Já tentei há tempos usar o evernote, mas não entendi, desisti. Tenho zilhões de artigos e livros em pdf. Mas nem sempre a busca por termos do explorador de arquivos funciona pra isso (na verdade, quase nunca). Será que o evernote pode auxiliar nisso??

  14. Oi, Thais, tudo bacana? Sabe uma coisa que não entendi? Para organizar o material de fichamento e livros/pdfs no evernote você cria uma nota para cada pdf? Ou em apenas uma nota você anexa vários pdfs? Estou me aventurando no evernote e estou tentando organizar meus pdfs para facilitar meu estudo, mas não estou encontrando uma forma prática de fazer isso… Obrigada!

  15. Juliana Maria de Souza Freitas

    Olá, Thais. Tudo bem? Costumo fazer meus fichamentos no word e até criei um template para isso, com espaço para o “como citar”, o sumário (se necessário), um breve resumo, o fichamento propriamente dito com a página (qdo houver) e ao final, um espaço para que eu coloque comentários e reflexões. O problema desse método é justamente a acessibilidade, mesmo deixando no gdrive… Esse seu post veio em boa hora. Vou migrar meu sistema para o Evernote e tentar aprimorá-lo. Sempre ouvi falar do Menderley, mas não queria mais um aplicativo para gerenciar, acho que não vai funcionar comigo… Prefiro já montar a referência e deixar junto com o fichamento. Como já uso o Evernote para notas de aulas e palestras, acho que essa mudança será uma boa. Obrigada pela dica e, quando puder, nos dê um update sobre o assunto. Com certeza será muito útil! <3

  16. Também tenho usado o Evernote como repositório dos artigos a ler. Acho fantástico como ele faz as buscas pelos termos dentro do artigo e ainda tenho uma prévia do texto ao lado. Também uso o evernote para fazer os fichamnetos lá, diretamente.

  17. Tais, fiquei com dúvidas quanto a fazer um índice dentro do próprio livro físico. Pode comentar mais a respeito? Desde já, muito obrigado pelo post.

    1. Oi Felipe. Posso preparar um post mostrando com fotos um pouco melhor, mas a ideia é simplesmente escrever algum tema ou palavra-chave de interesse e colocar a página. Como se fosse um índice remissivo personalizado.

  18. Thais, vc é sempre muito maravilhosa! Concordo super com vc, existe uma vida fora da academia. Eu, por exemplo, odeio o Mendley, nunca me ajudou em nada, amo o zootero e fazia meus fichamentos num modelo do pages (pq a apple tem esse sistema de busca facilitado) – fui obrigada a fazer tudo digital por conta da minha orientadora, mas eu sempre fiz no livro e deu tudo certo, cada um tem seu estilo de fazer. Tenho acompanhado suas falas sobre o evernote e estou apaixonada e já quero testar! Obrigada por dividir.

    Feliz 2020!

  19. Obrigada pelo post! Só queria reiterar o pedido de alguns colegas acima de fazer um post explicando o índice no livro físico. Acho que ajudaria bastante!
    Abraço

  20. Quando fiz graduação não tinha computador pessoal e me habituei a ler e escrever em fichas. Há alguns anos, passei a fazer todos os meus fichamentos em arquivos de texto. Depois que adotei o Zettelkasten, praticamente não faço fichamentos, as leituras viram notas no sistema e eu tenho achado muito satisfatório pra quem estuda pra escrever.

  21. Olá, bom dia!

    Gostaria de deixar uma sugestão!

    Adoro o site de vocês e gostaria muito que tivesse a opção de uma ferramente busca dentro do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *