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Como saber o que deve ficar em espera e o que já pode andar no planejamento anual?

Uma pergunta bastante comum que recebo é sobre como planejar em um cenário de incertezas, como o que estamos vivendo. À beira das campanhas mundiais de vacinação do COVID-19, ainda resta muita insegurança sobre o cenário e sobre quando colocaremos fim ao isolamento social.

Costumo sempre recomendar o seguinte: planeje aquilo que você tem controle e pense sempre nas alternativas. Por exemplo, eu não consigo saber se poderei fazer uma viagem internacional no ano que vem. No entanto, consigo planejar: se eu puder viajar, será de tal jeito e, se não puder, farei tal coisa. Isso é planejamento. É pensar sobre cenários e circunstâncias e decidir em cima daquilo que você tem controle. Se puder viajar, até quanto tempo antes consegue comprar a passagem? O que pode fazer nesse meio tempo? Se não puder viajar, como será? Você vai passar as férias em outro lugar? A viagem será adiada para 2022? Enfim, decisões que você pode tomar com base em critérios pessoais.

Quando eu planejei a minha entrada no Doutorado, considerei fazer o curso em outro estado, que tinha um programa interessante para o que buscava estudar. No entanto, com esse cenário incerto com relação a viagens, caso eu passasse, ficaria numa saia justa. Imagina só se as aulas voltam para os alunos locais e eu não consiga viajar? Enfim, eu arranjaria um problema chato que não precisava existir. Já sabendo também a experiência volumosa que tive com o mestrado, optar por uma instituição mais perto da minha casa foi providencial. São quatro anos. Mesmo sendo apaixonada pela pesquisa e estando muito motivada, no dia a dia isso conta, especialmente eu com o filhote aqui em casa. (Pretendo falar mais sobre o Doutorado em outro post.)

Tem um retiro budista que quero fazer há muitos anos, mas que sempre acontece em outro país e eu nunca tive a oportunidade. Há algum tempo atrás, ele aconteceu no Brasil – bem na época em que eu tive uma viagem internacional a trabalho. Achei que faria a viagem este ano, 2020, em outubro, para a Austrália. Sabia que era longe, mas eu estava me organizando para ser o mais tranquila possível a viagem. No entanto, em janeiro, quando eu já pesquisava passagens, vi o cenário do COVID-19 na Ásia e pensei: cara, isso vai ressoar na Oceania e, quiçá, no resto do mundo. Não vou comprar as passagens. Em março, a OMS declarou que estávamos vivendo em uma pandemia e tudo mudou. Vários amigos meus compraram passagens e perderam, pois não conseguiram a restituição até hoje.

Voltando ao meu planejamento do retiro. Já foram anunciadas as datas para 2021 – Inglaterra em julho, Austrália no final do ano. Eu não tenho a menor ideia se será possível fazer qualquer tipo de viagem até lá. Logo, esse é um projeto que coloco “em espera”. Quando paro para pensar friamente, acredito que não chegue a concluí-lo em 2021 porque, mesmo que tenhamos vacina e as viagens sejam liberadas, tenho outras atividades para o ano que vem em mente. Claro que quero participar do retiro o quanto antes puder, mas não é algo “urgente”. Vai que em 2022 seja em um lugar mais perto? Então é provável que eu espere, simplesmente. Esse é um excelente exemplo de projeto que fica “em espera”. Não quero nem “perder tempo” com ele agora. Preciso focar em outras coisas que, do contrário, já podem estar em andamento.

Quando você for planejar o que pretende fazer no ano que vem, procure ter esse olhar e fazer essa separação entre o que você já pode colocar em andamento e aquilo que precisa esperar. Não adianta se preocupar se vai conseguir viajar, se as escolas vão voltar presencialmente, se o curso vai voltar, se essas não forem coisas que estejam sob o seu controle. Focar no que você tem controle já é bastante coisa. E, para tudo aquilo que é importante e você precisa se planejar de alguma maneira, sugiro que se planeje para as duas situações possíveis.

Se a escola do meu filho voltar às aulas presenciais, faremos tal coisa. Se não voltarem, faremos de tal jeito.

Se o evento da empresa acontecer no meio do ano e eu tiver que viajar, pois já tem a vacina, faremos de tal maneira. Se não, de tal jeito.

O que é improdutivo: olhar para todas as situações que você não tem como resolver e dizer que não consegue se planejar porque não sabe como será.

Thais Godinho

Thais Godinho

Meu nome é Thais Godinho e eu estou aqui para te inspirar a ter uma rotina mais tranquila através da organização pessoal.

1 comentário em “Como saber o que deve ficar em espera e o que já pode andar no planejamento anual?”

  1. Obrigada pelo post Thais
    Meu intercambio de 2020 foi adiado devido ao covid e não temos a menor ideia como ficará para 2021, estou tentando me organizar da melhor maneira pelo sim e pelo não.

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