Planejamento para depois da vacina: viagens? eventos?

Chegamos naquele momento em que todo mundo já está fazendo planos pós-vacina.

Eu entendo a empolgação mas, pelo que acompanho das notícias, não estamos em um momento tão óbvio assim a respeito de viagens e circulação.

As Olimpíadas de Tóquio sofreram mudanças porque duas semanas antes do evento houve um surto de COVID-19 novamente na cidade.

Nessa live do Átila (que, se você não morou em Marte no último ano, deve saber quem é!), ele diz sobre estarmos em um momento decisivo da pandemia, em que mais pessoas jovens estão se contaminando e morrendo.

Aqui em casa, filhote já esteve internado algumas vezes com problemas respiratórios e, por isso, não podemos arriscar. Por mais que eu e meu marido estejamos vacinados (por enquanto, só a primeira dose), nosso filho não está. E eu prefiro pecar pelo excesso de cuidado que ter remorso depois.

Vejo alguns colegas organizando eventos e viagens no final do ano, acreditando que até o final de outubro todos estejam vacinados, e eu até acredito nisso, mas não me passa pela cabeça organizar qualquer tipo de evento presencial neste momento.

Penso que, assim como eu ainda estou um pouco insegura, quem me acompanha também pode estar, e eu não quero causar constrangimento e mal-estar a ninguém.

Sobre viagens, é claro que eu sinto falta. Mas também não tenho pressa. São tantas as coisas para resolver por aqui, localmente! Vai chegar o tempo das viagens de novo, e não acho que seja agora.

Eu também estou aguardando as providências da universidade para a volta às aulas presencial no Doutorado, mas não creio que voltem em agosto. Talvez no último trimestre. De qualquer maneira, fico feliz com a escolha de ter optado por uma universidade mais perto de casa e que não demande transporte público (eu consigo ir a pé, se quiser).

Pretendemos que o Paul mude de escola no ano que vem mas a escola que escolhemos tem disputa de vaga e vamos aguardar até setembro para ver se ele será chamado. Lá eles também têm protocolos de segurança e vão liberar as aulas apenas quando houver segurança a todos os envolvidos.

Conclusão: todos nós precisamos continuar nos cuidando. As novas variantes do vírus estão aí e provavelmente ainda levará um tempo até que todo o mundo se restabeleça e permita uma circulação segura das pessoas.

Vale dizer também que, sinceramente, só de imaginar o primeiro período de férias pós-pandemia, eu desanimo de viajar. Imagina só o preço das coisas? Passagens, hotéis, restaurantes? Não, obrigada.

Imagino que o máximo que a gente possa fazer é viagem a trabalho, se necessária, ou uma viagem para fazermos quarentena em um lugar diferente, como no interior, sem contato com outras pessoas. Mas, se pudermos evitar, certamente o faremos por enquanto.

Continuo com a mesma decisão que tomei lá atrás sobre a pandemia. 😉

Minha experiência com o COVID-19

Hoje é o meu dia 169 do isolamento social. Sim, eu marco diariamente, desde o dia em que iniciei minha quarentena, dia 12 de março. De lá para cá, meu marido faz as “saídas essenciais” – mercado, farmácia – e eu mesma saí poucas vezes. Mesmo assim, em algum momento, é possível que ele tenha se descuidado, ou eu, e acabamos nos contaminando.

Vejam só a importância de ter um modelo de registro como o Bullet Journal.

No dia 17 de julho, eu estava sentindo uma falta de ar muito estranha. Achei que fosse ansiedade. De qualquer maneira, liguei no 136 e informei meus sintomas. Fui orientada a ficar em casa e, caso piorasse, fosse ao hospital. Não tinha febre nem quaisquer dos outros sintomas do vírus.

Na semana seguinte, fiquei menstruada, o que sempre é um momento do mês complicado para mim, pois estou em uma transição hormonal. Na segunda (20), comecei a ter dor de cabeça. Só piorou ao longo da semana. Na quarta (22) e na quinta (23), eu passei os dias deitada, com muita dor, dores no corpo, tudo muito intenso e esquisito. Hoje fica fácil interpretar, mas naquele momento eu achei que fossem sintomas normais da minha menstruação, porque sempre fico assim meio “derrubada”, apesar de achar estranho estar com dores no corpo.

Na sexta, falei com as minhas terapeutas e ambas me perguntaram se eu descartava a possibilidade de ser COVID. Como eu estava em casa, não tinha pensado nisso. Conversei com o meu médico, ele ficou bastante preocupado e me pediu para fazer imediatamente o exame de sorologia – o que indicava que eu poderia estar infectada há mais de uma ou duas semanas, pelos sintomas.

Fiz o exame apenas no dia 3 de agosto, quando consegui um agendamento (fiz particular para o processo ser mais rápido). O resultado saiu em menos de dois dias, e deu como “reagente”. A interpretação é que eu ainda estava contaminada, pois meu corpo estava reagindo ao vírus. Imediatamente, me isolei em casa, pois não sabíamos se era apenas eu ou se os meus meninos também estavam.

É bem difícil porque, quando você sabe que você tem, tudo parece sintoma. Eu não tive febre em nenhum momento, nem perda de paladar ou olfato. Os dois sintomas mais esquisitos que senti, “fora do normal”, para mim, foram a falta de ar esquisita e as dores no corpo, como de uma gripe forte. Mas, tirando isso, coisas esparsas, como dor de cabeça, tosse leve e constipação. Como tenho sinusite, para mim esses eram simplesmente sintomas normais que aparecem em época de frio.

Quando paro para analisar, aquela semana de 17 a 24 de julho foi a pior de todas. Eu passei vários momentos daquela semana simplesmente deitada, sem forças. Nada que me preocupasse a ponto de querer ir para o hospital, pois eu achava que tinha a ver apenas com o meu ciclo menstrual. O fato é que coincidiram e isso fez com que tudo fosse mais intenso mesmo.

Recentemente, todos nós fizemos novamente a sorologia e tanto meu marido quanto o filhote deram negativo, sem reagentes e sem anticorpos. O meu continua reagente. A interpretação do meu médico, que atua no centro da coisa toda aqui em SP, é a de que provavelmente estamos todos imunes – pelo menos a esta cepa do vírus. Meu marido e filhote provavelmente pegaram, já se “curaram” e eu continuo reagente – as causas podem ser genéticas ou quaisquer outras. Ninguém sabe, tudo é muito novo e não passa de especulação com base na experiência chinesa e outras pelo mundo. Em um mês devo fazer um novo exame para ver como está a situação, mas ele mesmo, que atua em plantão de atendimento para o COVID-19, testou “reagente” todas as vezes também. O contágio é facílimo, pega-se em qualquer descuido – como provavelmente aconteceu conosco.

Sobre filhote e marido. Filhote foi totalmente assintomático (ainda bem). Marido teve mais sintomas do que eu. De fato, na mesma época em que eu estava ruim, ele teve sintomas também. Disse ter sido parecido com quando ele teve dengue. Muita dor no corpo, teve questões gastro intestinais, enjôo, dor de cabeça. Já melhorou, mas teve alguns dias em que fiquei com medo que ele tivesse que ir ao hospital.

Em um dos dias, antes de sair o primeiro resultado do exame, alguma coisa me dizia que eu deveria estar mesmo contaminada. Pratico meditação diariamente, yoga, e adquiri grande percepção do meu corpo como um todo ao longo dos últimos meses fazendo isso com uma constância e concentração maior. Em uma manhã, estava fazendo minha meditação, e senti minha respiração pesada. Eu já tive pneumonia mais de uma vez, e sei como é. Coloquei a mão sobre o meu peito enquanto respirava, e sentia o peito pesado. Acho que foi a única vez que tive medo. Imaginei que eu poderia piorar, naquele dia, mas felizmente isso não aconteceu.

A fadiga é um ponto muito esquisito. Claro que, como veio a frente fria em São Paulo logo na sequência, eu já não sei dizer que foi apenas questão do frio mesmo ou se um mix de todas as coisas, mas eu passei algumas semanas dormindo muito mais horas do que o normal. Geralmente, dormindo entre seis e oito horas toda noite eu fico nova em folha no dia seguinte. Estava dormindo 10, 11 horas. Por volta das 21h estava na cama e levantava bem depois do sol nascer, por volta das 7h ou 8h no máximo.

Eu tive tosse durante algum tempo (passou), mas ainda sinto a falta de ar. Acho que foi o sintoma mais acentuado. No sábado passado, tirei o dia de folga e fui inventar de reorganizar as minhas estantes de livros. Tive que parar na metade e guardar tudo meio de qualquer jeito porque fiquei bem ruinzinha. No dia seguinte, uma dor no corpo que parecia que tinham me batido com uma tábua de madeira nas pernas e nas costas, muito intensa.

O que o vírus me mostrou é que o corpo impõe limites que nem sempre só o emocional, o psicológico ou “a força de vontade” superam. Me considero uma pessoa bastante positiva e sempre ativa, mas sei quando é o momento de respeitar o meu corpo e fazer o que precisa ser feito, acima de tudo.

Exatamente hoje, sábado, fui dar a volta no quarteirão com o nosso cachorrinho e eu sinto que é forçar a barra ainda algumas vezes. Evito subidas e caminhadas mais forçadas, porque eu sinto a respiração pesada. Meu marido, por outro lado, se sente muito bem e não tem falta de ar. É bem estranha essa variedade de sintomas porque você fica meio sem referência, mas sei que é comum.

O mais difícil para mim é ter que lidar com a preocupação, o medo de piorar e ter que ir para o hospital, a ansiedade por não saber o que vai acontecer. Respeitar meu corpo, descansar, dormir mais, cuidar da alimentação, conversar constantemente com meus médicos, diminuir o ritmo de trabalho e agendamentos, alternar mais atividade com descanso, enfim – tudo isso tem sido essencial. A recuperação é lenta e não se sabe quais são as sequelas do pós COVID, especialmente porque há casos de reinfecção e sequelas diferentes pelo mundo. Temos alguns indicativos, como por exemplo: pouca exposição ao vírus provavelmente leva a sintomas mais leves. Que eu acho que foi o que aconteceu conosco. De qualquer maneira, cada pessoa reage de um jeito, e cada pessoa terá um pós-COVID diferente.

Agora, a orientação é continuarmos em casa, pois é provável que a gente não seja mais foco de contágio, mas não sabemos ainda sobre reinfecção ou sintomas pós que podem ser agravados no caso de mais exposição ao vírus.

Eu sinceramente não me sinto doente no momento, mas também não me sinto 100% bem. Ainda acho que leva um tempo para me recuperar totalmente. Me sinto mais cansada que o normal depois de um dia de trabalho e a falta de ar é o mais chato e preocupante, digno de prestar atenção. Tudo isso se reflete nas minhas atividades de modo geral, então eu já estou entrando no mês de setembro com algumas perspectivas de deixar algumas coisas de lado, pelo menos durante algum tempo. Sem culpa. Faz parte.

Mas assim, não se preocupem. Estou bem. Estou me recuperando, sempre em casa, tranquila, com paz mental e no coração, e sempre contente e otimista. Só posso demorar para “postar aquele texto”, “aprovar o comentário”, “fazer aquele vídeo”, “aprovar a entrada no grupo”, “responder um e-mail”. Tenho muitas frentes de trabalho, por trabalhar com Internet, e não existe milagre da multiplicação de braços para responder todo mundo e fazer tudo como eu gostaria. Priorizo sempre os meus alunos, diariamente, em termos de trabalho, e a minha família, além de mim.

Outro dia eu postei sobre a percepção de que talvez sejamos vistos como egoístas quando tomamos decisões pessoais a cerca da nossa produtividade, ou como quando a gente escolhe usar o nosso tempo de uma maneira diferente, mais lenta, na contramão do que comumente as pessoas fazem. Todos nós convivemos com outros seres humanos, geramos relacionamentos. Acima de qualquer decisão, sempre deve haver o respeito, e o entendimento de que o tempo de cada um é diferente. E que bom. Continuo firme e forte por aqui nessa convicção porque ela é baseada em crenças corretas.

Como eu faria se precisasse voltar a trabalhar fora durante a pandemia

Muitos leitores do blog têm me trazido essa pergunta e eu pensei que, para falar sobre o assunto, a melhor maneira seria descrever como eu faria, se fosse necessário voltar a trabalhar fora neste momento devido ao meu emprego ou outra circunstância do tipo.

Para quem é novo por aqui, vou explicar minha situação, só para você entender o contexto. Sou autônoma e, por mais que eu tenha um escritório externo, não é necessário trabalhar de lá todos os dias, além de eu ter essa autonomia de decisão (decidir onde posso trabalhar). Logo, minha configuração de vida hoje permite que eu fique em casa.

O meu ponto de vista sobre essa “retomada” pode parecer um pouco polêmico, mas estamos em um blog pessoal, afinal de contas, então minha opinião sempre será passada. Não há absolutamente nenhuma diferença no cenário mundial da pandemia desde que iniciamos a nossa quarentena, em março, para o cenário que temos hoje. Se existe algo “diferente”, é o maior número de mortos e pessoas contaminadas, o que apenas aumenta o risco de contágio. Logo, para mim, qualquer abertura agora para quem não precisa é um ato bastante inconsequente, apesar de eu saber que a quarentena deu uma achatada na curva e evitou a sobrecarga dos hospitais (que bom). Mas, para quem ainda puder permanecer em casa, como nós por aqui, eu recomendo fortemente que aguente firme. Vai passar, mas ainda não passou. Quem sair agora precisa saber que estará mais “disponível” para pegar o vírus do que quem estiver em casa, então você precisa estar preparado/a caso pegue.

Se eu tivesse que trabalhar fora neste momento, ou porque eu sou da área da saúde, ou porque fui obrigada pela empresa que sou contratada ou algo assim, e não houver qualquer possibilidade de conversa, eu buscaria tomar todas as precauções possíveis. Em que sentido?

  • Em casa, reajustar ainda mais a questão dos limites para quando chegar da rua, fazer a higienização das coisas, colocar a roupa para lavar, higienizar o sapato, bolsa, tudo.
  • Deixaria uma malinha com minhas coisas para o hospital preparada, caso precise ser internada. Inclusive isso é algo que já tenho hoje, mesmo de quarentena.
  • A roupa de ir trabalhar seria a mais coberta possível. Iria não apenas com máscara mas óculos, luvas e touca. Teria que ter um estoque maior de máscaras para trocar ao longo do dia e ter reservas para quando um lote estiver lavando.
  • Se houver a possibilidade, não usar transporte público. Ir a pé, com meu carro, bicicleta, transporte por aplicativo no máximo. Se tiver que ir de transporte público, tentar ir em horários alternativos, evitando aglomerações. Se não for possível, me proteger ao máximo.
  • Álcool gel o tempo todo. Lenços umedecidos com álcool até no trabalho.
  • Jamais “aproveitar que saiu” para ir em outros lugares, como comércios ou passeios, se não houver necessidade (não só você pode pegar como pode contaminar outras pessoas com a maior circulação).
  • Evitar contato físico e próximo em casa, com as outras pessoas que moram juntas. Ter um talher, prato, copo etc. para cada um na casa. Todas as precauções máximas de higiene, que eram regra no início da quarentena.

Se você for empresário e sua equipe não precisar trabalhar no escritório, por favor, continue com a mão na consciência e preserve sua equipe.

Sei que não é fácil você ter que fazer algo contra a sua vontade. Se você não se sente seguro/a para ir para o trabalho nessas condições atuais do mundo e mesmo assim é obrigado/a, tome todas as precauções necessárias e procure implementar um estilo de vida (sono, alimentação) que favoreça a sua imunidade. Pois, caso você fique doente, isso talvez não te afete tanto (ou pelo menos dá uma chance maior de recuperação). Boa sorte. <3