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Gerenciando relacionamentos com o GTD

Como o método GTD pode nos ajudar a gerenciar os nossos relacionamentos? Como todo o resto. Neste post, vou mostrar algumas opções e como eu faço.

O GTD trabalha com horizontes de foco e, se pensarmos em relacionamentos, podemos vê-los em todos esses níveis:

Por exemplo, no nível Térreo, eu posso ter reuniões, almoços, compromissos agendados com pessoas diversas, assim como posso ter uma lista de Assuntos a tratar com pessoas ou em reuniões específicas ou uma lista com tudo o que estou Aguardando resposta dos outros. Tudo isso tem a ver com gestão de relacionamentos, mas em um nível mais mundano – ou seja, coisas que entram efetivamente em listas.

No Horizonte 1 podemos ter projetos relacionados a relacionamentos. “Organizar viagem de final de semana com o meu irmão” ou “Organizar festa de casamento” são exemplos de projetos. Você pode expandir mais essa visão de projetos à medida que explora os horizontes mais elevados.

No Horizonte 2, temos as Áreas de Foco, que são as responsabilidades e áreas da nossa vida. É muito provável ter uma área só dedicada a relacionamentos. Eu tenho! Tenho um mapa com as minhas áreas de foco pessoal e, dentro desse mapa, um dos desmembramentos é “relacionamentos”. Dentro dele, listo os diversos relacionamentos que tenho: família, parentes, amigos, colegas de trabalho, animais de estimação, vizinhança etc. A ideia é você personalizar para a sua própria vida. E a análise dessas diversas áreas pode me permitir identificar coisas como: “hum, será que eu estou apropriadamente engajada com a pessoa tal? qual meu nível de engajamento desejado com ela?”. Pode ser seu chefe, seu filho, sua namorada, seu vizinho. Muitas vezes, só de fazer essa reflexão, você pode identificar uma ação (“chamar fulano para ir ao cinema”) ou um projeto (“garantir que meu filho esteja alfabetizado”).

Nos horizontes mais elevados, podemos trabalhar essa ideia igualmente. Você pode ter metas e objetivos, como “casar” (ou “divorciar”… acontece). Isso é um horizonte de hoje até dois anos. Você pode querer construir com seu parceiro ou parceira uma visão de vida juntos – “o que queremos para a nossa vida para daqui a 10, 20 anos?”. Você pode pensar na visão que tem da vida dos seus filhos. Pode explorar qualquer relacionamento em termos de visão. E, é claro, pode refletir sobre o propósito dos seus relacionamentos. Isso inclusive pode te ajudar a perceber que, talvez, aquela pessoa chata e tóxica não precise fazer parte da sua vida. Ou pode perceber que, infelizmente, por um propósito X, ela tem que fazer parte, mas isso direciona seu foco para esse propósito e faz você ver as coisas com mais perspectiva.

Eu também tenho checklists (listas de referência) para apoiar relacionamentos. São as seguintes:

  • Quando eu termino meu trabalho e vou encontrar a minha família: reviso diariamente essa checklist para garantir que vou chegar com um astral legal no ambiente em que eles estão.
  • Essencial diário em casa: pode parecer não ter a ver com relacionamento, mas tem – é uma lista de coisas essenciais para fazer em casa todos os dias. Se eu não fizer, isso pode fazer com que meu marido e eu nos irritemos com bobagens. Ou posso fazer com que meu filho vá sem lanche para a escola ou com o uniforme sujo. Ninguém quer isso!
  • Atividades para fazer com o filhote: reviso semanalmente para programar atividades, desde montar um quebra-cabeça até treinar inglês ou o capricho na letra.
  • Cronograma de avaliações do filhote: reviso semanalmente para verificar como posso apoiá-lo.
  • Pessoas que eu gosto de me encontrar regularmente para conversar: reviso mensalmente para ver se consigo agendar um chá, um cineminha, um almoço ou algo do tipo.
  • Ideias de presentes: reviso quando vem chegando algum feriado (que convencionalmente se dê presente) ou aniversário. Quando estou conversando com alguém e essa pessoa comenta algo que gosta ou quer muito, eu gosto de anotar nessa lista para ter como ideia posteriormente.

De modo geral, essas são checklists que uso que tenham mais a ver com relacionamentos. Usei apenas um exemplo de checklists de cuidados com a casa para exemplificar mesmo, mas qualquer checklist (semanal, mensal) também funciona com o mesmo propósito. O mesmo vale para finanças, viagens… se eu organizo finanças ou viagens que impactem na minha família, por exemplo, não estou deixando de falar sobre relacionamentos. Na verdade, está tudo integrado.

Para mim, é muito útil e prático manter uma lista de “Assuntos a tratar” com as pessoas com as quais convivo, porque me ajuda a aproveitar da melhor forma possível o meu tempo com elas. Eu não quero deixar de perguntar para a minha melhor amiga como foi a prova importante que ela fez na pós-graduação, então coloco esse lembrete na lista. Quando for me encontrar com ela, reviso a lista antes, então isso fica presente para mim. Em encontros de trabalho é mais natural abrir a lista e ir tratando os assuntos diversos.

Enfim, o GTD é um método de gerenciamento integrado da vida, mas pode apoiar muito os relacionamentos. Este post poderia ser muito maior (até infinito), mas acredito que eu tenha passado as principais orientações a respeito de como usar o método para gerenciar relacionamentos. Qualquer dúvida, por favor, deixe um comentário.

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15 comentários em “Gerenciando relacionamentos com o GTD”

  1. “Eu não quero deixar de perguntar para a minha melhor amiga como foi a prova importante que ela fez na pós-graduação, então coloco esse lembrete na lista. ” – Postagem incrível, e esse ponto falou diretamente comigo!
    Quando estou passando por alguma situação difícil e alguém próximo se lembra de me perguntar como ando, como vai meu planejamento, se consegui terminar um trabalho complicado ou qualquer coisa, me sinto realmente “querida”. Não é sempre que isso acontece. Não crio expectativas de que todas as pessoas sejam assim, pois compreendo que todo mundo tem seus problemas, anda na correria e acaba esquecendo de algo assim. E ora ou outra eu mesma esquecia de algumas coisas que diziam respeito às pessoas com quem me importo; e só no meio de uma conversa, quando alguém tocava em um assunto relacionado, me dava um estalo na memória e eu “ahhh, e como anda x coisa? Esqueci de te perguntar”.
    Ficava chateada de me esquecer dessas coisas e comecei a anotar. No início achava estranho inserir como próxima ação, por exemplo, “perguntar para tal pessoa se ela conseguiu resolver tal coisa e oferecer ajuda”. Mas passei a “pisar muito menos na bola”, e fiquei refletindo… Acho que as pessoas têm a tendência de pensar que assuntos muito íntimos/pessoais/de uma esfera mais sentimental-intuitiva não devem ser organizadas; talvez por pensar que fazer isso é descaso, pois seria operacionalizar demais, tornar impessoal. As pessoas consideram que organização é limitar, ao invés de expandir. Esses dias mesmo eu estava com o calendário aberto conferindo o tickler, meu irmão passou por perto e disse que eu deveria organizar menos, porque se eu me organizasse muito acabaria deixando de viver. (E minha irmã, nessa semana, teve que reagendar um médico para o final do ano, porque tinha outro compromisso no mesmo horário e “ah, sabia que tinha uma consulta com esse médico, mas achava que era mais pro fim do mês”.)
    Infelizmente as pessoas perdem muito com essa visão! A organização (e o GTD) impacta positivamente cada vez mais minha vida . Antes eu era altamente reativa, preenchia meu dia fazendo o que ia surgindo e tinha mais urgência, hoje consigo cuidar de muitas outras áreas que ficavam em stand-by. E passar a incluir também os relacionamentos, apesar de parecer estranho a princípio, foi importantíssimo, principalmente por ter me dado alguns insights em relação à minha visão do quão significativo é o ato de organizar-se. A gente esquece de certas coisas, por mais que não queira, e ter um sistema como extensão de nossas ideias e pensamentos é tirar mil quilos dos ombros, e ter espaço para oferecermos o nosso melhor a nós mesmos e às pessoas queridas.
    Às vezes, fico triste é com o fato de outras pessoas não se organizarem também, vendo que elas poderiam se beneficiar tanto… Por exemplo, quero marcar algo com uma amiga – que realmente quer fazer algo -, mas a pessoa é tão desorganizada que a vida dela se transforma em algo super caótico (não precisava ser!) e já sei que ela vai esquecer do compromisso (ou de que tem outro compromisso no mesmo momento). Isso já aconteceu diversas vezes. E mesmo que eu tenha consciência da situação dela, minha motivação para marcar algo tem diminuído aos poucos, pois sei que a pessoa vai esquecer. Vale o questionamento: será que estamos sendo assim para outra pessoa? E queremos realmente agir dessa forma?
    O GTD é ouro; e Thais, só agradeço! Não fosse você e seu blog, talvez eu não tivesse conhecido ou não tivesse dado tanta importância ao método. Já organizava meus relacionamentos no nível mais Térreo, agora vou analisar se não posso melhorar nos outros aspectos que abordasse aqui 🙂

    1. Concordo 100%. Muita gente defende que relacionamentos devem ser levados de forma “espontânea” , mas não percebem que a organização é uma forma de carinho e consideração profunda, pois é uma forma de nos dedicarmos de forma plena a uma pessoa/situação. penso que essa é uma reflexão mais do que necessária.

  2. Fiquei super curiosa para ver um desses check lists de relacionamento em seus diversos níveis. Seria muita intromissão da minha parte pedir para que você nos desse esses modelos? Consegui visualizar, mas não compreendê-los, talvez com um exemplo ficaria mais claro. Obrigada e desculpa-me por qualquer coisa.

  3. Uau!!!!! Estou maravilhada com tudo isso. Estou engatinhando. Comprei o livro e estou estudando e quero muuuuito chegar nesse nível de organização, que percebo que irá ajudar minha vida, com meus estudos e projetos. Além disso, creio que me ajudará também a organizar a minha participação nos estudos do meu filho. Fantástico!
    Obrigada Thais.
    Aguardo ansiosamente você aqui no Rio.
    Bjks,
    Alessandra Emerick

      1. Então, falar mais sobre o curso, e como você já disse, não tem nada haver… Mas nenhuma semelhança? tipo, as visões, objetivos, não puxa nada pro coaching? o GTD não pode ser uma ferramenta pro coachee se organizar em meio ao seu “desenvolvimento” com o coach? Enfim, só estou lendo um pouco a respeito e estou bem interessada em fazer uma pós em coaching, e queria saber se em algum momento você usou seus conhecimentos em GTD e aplicou no processo de Coaching…
        Abraços

        1. Ah, agora entendi a dúvida, me desculpe.

          Então, é que são propósitos diferentes. O curso de coaching que eu fiz foi uma formação para trabalhar com coaching. Dentro do curso, aprendemos diversas ferramentas que são utilizadas no processo de coaching, que inclui frentes diversas, como descobrir missão pessoal, valores etc. Tem até um módulo sobre gestão do tempo também. O processo de coaching é um processo de parceria entre duas pessoas (coach e coachee) para alcançar os resultados que o coachee quer ter na vida.

          O GTD é um método de gerenciamento integrado da vida, que engloba seis horizontes: calendário/ações, projetos, áreas de foco, objetivos, visão e propósito. Um método pessoal, uma abordagem.

          Existe o programa de coaching de GTD, que junta as duas coisas. Ou seja, dá sim para aplicar GTD em coaching e usar o processo de coaching para implementar GTD.

          Espero ter respondido a dúvida. 😉

  4. Thais, tenho uma pergunta: em que consiste uma rotina de quando termino o trabalho e vou encontrar a família ou amigos, para estar em um bom astral? Eu preciso muito de dicas desse assunto, mas não sei como ou o que fazer. Desde já eu agradeço.

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