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Dica da leitora: quando a organização salva

Este post foi escrito pela leitora Erika da Matta.

Oi Thaís! Estou enviando minha dica de organização, em especial por fazer tanta diferença na minha vida, mas também porque seu blog, além de ser sobre organização e ter a tag de leitores, é muito acessado por mães e por um público bem diverso, que pode se identificar com a minha situação. Acho que detalhei bem no texto, mas se restar alguma dúvida, me fala 🙂

Beijão, amo seu blog :))

Oi! Meu nome é Erika, tenho 21 anos, há 6 diagnosticada com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Já li muito sobre o assunto, fiz tratamentos clínicos e medicamentosos diversos e acho que hoje eu já “melhorei” muito, ou seja, aprendi a me controlar em diversos aspectos, mas, é claro, é uma vida de altos e baixos e de muita vigilância. Quem tem ou convive com alguém com TDAH sabe que o dia-a-dia pode ter grandes desafios até nas pequenas coisas, talvez principalmente nelas.

Uma pessoa com TDAH pode perder coisas com facilidade, não se lembrar de coisas importantes por estar hiperfocado em alguma outra atividade (geralmente mais lúdicas e pouco produtivas), achar que “o tempo estica” (como diria a minha mãe), levando a atrasos freqüentes, dentre diversas outras questões. Estive um tempo sem ler um livro querido sobre o assunto (“Mentes Inquietas”, de Ana Beatriz Barbosa Silva) e, ao reler os principais pontos, percebi que estou mais controlada em diversos deles e me pus a refletir sobre o que estaria fazendo de diferente que teria gerado essa melhora… Organização!

Em um tratamento clínico que realizei logo após o diagnóstico, me foi dito sobre a importância da rotina para quem tem TDAH, mas ninguém me explicou exatamente como colocar isso em prática e, até pouco tempo, tinha ficado tudo isso por isso mesmo, até que decidi me organizar. Assim, aqui eu conto as minhas grandes estratégias:

– Desde os 12 anos, ou menos, eu compro uma agenda todos os anos, que, em geral, virava diário e depósito de figurinhas (hehehe), sempre fui incapaz de usá-las propriamente e também não me adaptei às formas digitais. Com o avançar do tempo, estava sofrendo os efeitos disso e percebendo a grande necessidade de mudança e, no início desse ano, passei a usar direitinho uma agenda perfeita pra mim: pequena, com visualização semanal, sem frufrus. Não vou dizer que deu certo 100% do tempo, mas diria que em uns 80%, o que já é excelente. Também comecei a utilizar o calendário do computador (que sincroniza com o do Google, do celular e do iPod), mas isso anda me atrapalhando, pois não está centralizado, então ainda estou avaliando como melhorar isso, mas a questão é que agora eu consigo me programar e dificilmente perco um compromisso. Para isso, leio a agenda todos os dias, tanto a noite quanto pela manhã e me programo de acordo;

– Também estabeleci as rotinas matinais e noturnas que a Thaís tanto fala, o que tem sido crucial para que eu não esqueça algo importante em casa ou perca tempo de manhã e isso é o que mais tem funcionado 🙂 penso em tudo o que vou fazer e precisar e lá vai pra bolsa. Consulto a previsão do tempo à noite, mas também dou uma olhadinha de manhã pra grantir (eu moro em São Paulo, né hehehehe) e checo tudo antes de sair de casa. Não costumo comer antes de sair, então já deixo lanchinhos separados em uma caixinha no armário da cozinha, aí de manhã é só pegar!

– Aprendi a estabelecer um lugar certo para cada coisa e manter tudo no devido lugar. Escorrego? Muito, mas acho que não por falta de disciplina e sim de um lugar certo para diversas coisas. Assim, estou reformulando o meu quarto para atender às minhas reais necessidades. Dessa forma, eu sei sempre onde está o que eu preciso, o que evita distrações (estar procurando uma pasta, achar um livro legal e resolver parar pra ler, ou ver que o armário está sujo e resolver limpar, esquecendo completamente da pasta, por exemplo);

– Outra coisa muito importante é utilizar despertador e timer para tudo, tudo mesmo. Vai fazer um bolo? Timer. Vai estudar? Timer. Resolveu parar para descansar? Soneca? Se arrumar para sair? Banho? Fazer as unhas? Ver TV? Jantar? Timer, timer, timer! Essa foi a forma que eu encontrei de controlar a tal “esticada do tempo”, pois, ao acionar o timer, eu já tomo a consciência de que tenho X minutos para aquela tarefa, diminuindo minhas chances de distração, que, mesmo que ocorra (beeeem freqüente), não me fará perder a hora e estragar a minha programação. Aliado a isso, tenho relógios sempre por perto (de pulso, de parede, do celular, do carro, ta TV) e criei o hábito de checá-los com bastante freqüência. Inclusive, procuro ter horários para fazer as coisas, de preferência em horas cheias, assim, havendo horários específicos em que eu preciso fazer determinadas tarefas, procuro associar umas às outras para facilitar. Por exemplo: se eu preciso escolher um horário para tomar um remédio diariamente, escolho um em que eu já faça algo, como o horário em que saio para ir para a faculdade ou o horário em que termina ou começa alguma aula. Isso também contribui para que eu não deixe de realizar minhas tarefas diárias que, aliás, eu anoto em listinhas. Ainda não criei um padrão para elas, mas uso muito post-its;

– Adicionalmente, também criei o hábito de organizar os mantimentos e os armários da cozinha como a Thaís ensina no blog, evitando (mas ainda não eliminando :P) não ter os ingredientes necessários para cozinhar e ter sempre uma refeição planejada ou feita.

Planos para o futuro? Rearranjar o meu quarto e setorizar tudo, melhorar cada um dos métodos acima, terminar de ler o livro do David Allen (“A Arte de Fazer Acontecer”) e colocar em prática o método GTD (em especial o caderninho com divisórias, que promete me ajudar muitíssimo, principalmente por deixar a cabeça livre), destralhar, simplificar… E, devido ao meu momento atual, buscar um grupo de apoio a portadores de TDAH, partilhando experiências e aprendendo novas estratégias!

Essas atitudes são tão importantes que, se deixo de realizá-las, minha vida vira o caos e os sintomas se intensificam: parece que “volta tudo”, como se eu nunca tivesse feito tratamento algum, o que só reforça o quanto essas atitudes devem ser hábitos para sempre!

Enfim, essas são as pequenas estratégias que eu adotei para me disciplinar e desocupar a minha mente um pouquinho…

Acho que deve ajudar a todos, mas é vital para quem tem TDAH! Na fase adulta é muito importante para dar conta dos compromissos e, na infância, é importante para criar os hábitos que durarão a vida toda e facilitarão conviver com o transtorno, o que será sempre um desafio.