Resolvi parar com o Bullet Journal: saiba por quê

A organização pessoal é um processo de idas e vindas. É absolutamente natural fazer testes e mudanças conforme a vida vai mudando e a gente vai descobrindo novas necessidades (ou outras deixam de existir).

Ser uma pessoa produtiva não significa ser produtivo 100% do tempo, mas saber reconhecer quando se está sendo produtivo ou não, e assim tomar as providências necessárias. Essa ideia não é minha, mas do David, e você pode se aprofundar nesse tema clicando aqui.

No ano passado, eu li o excelente livro do autor do método Bullet Journal. O livro é incrível, de uma escrita bonita e quase poética, e fiquei totalmente convencida a voltar a usá-lo, em conjunto com o método de produtividade que eu já uso, que é o método GTD.

E é claro que eu não vou demonizar aqui nenhum método ou ferramenta, porque sei que o fator chave está na pessoa que o uso e em seus processos pessoais, e não nas ferramentas em si. Métodos existe porque funcionam. O que pode acontecer é você não se identificar ou aquilo não se encaixar na sua vida. A gente se conhecendo pode perceber se faz sentido ou não para a vida que se leva.

Eu gosto muito de escrever à mão e considero essa prática como algo que simplesmente faz parte da minha vida. Logo, não é o hábito de escrever e reescrever diariamente no BuJo que “dá trabalho” ou algo do tipo. Na verdade, essa é a melhor parte do método. O ato de filtrar o que eu não fiz em um dia ou em um mês, e diariamente fazer essa revisão para reescrever o que ainda faz sentido e excluir o que não é prioridade é uma forçaçãozinha boa de se fazer. É como se fosse uma Revisão Semanal feita todos os dias. E aí acredito que esse seja o ponto em que quero chegar neste texto.

Eu já uso um método que funciona muito bem para mim. E todas as práticas desse método já me bastam. Consultar meu calendário diariamente e revisar as listas de próximas ações nos intervalos já é o suficiente para que eu mantenha a minha mente tranquila entre uma Revisão Semanal e outra. Ao longo do dia, eu capturo informações e, regularmente, esvazio as minhas caixas de entrada, quando vou alimentando as minhas listas. A Revisão Semanal é a cola que mantém tudo unido e funcionando.

Usar o Bullet Journal como ferramenta de captura e de registro diário é super legal e me serviu bem durante algum tempo, mas eu percebi que isso era um esforço de registro de tudo, enquanto que, algumas vezes, eu não precisava desse registro de “tudo”. Só de algumas coisas.

Por exemplo. Antes de voltar com o BuJo, eu já não registrava as próximas ações concluídas, porque não via necessidade. Mas eu registrava os projetos, que eram resultados maiores, assim como objetivos. Beleza. Se eu não registrava as ações concluídas, porque elas não representam um registro significativo para mim (e sim os resultados maiores), por que haveria sentido de manter esse registro no papel, no Bullet Journal? Eu gosto de manter o registro no meu calendário e também os resultados maiores (projetos e objetivos), como falei, mas ações não. Ao mesmo tempo, acho que o registro digital é mais fácil e apropriado, pois facilita a busca por informações mais antigas. É muito volume se a gente for considerar uma vida inteira. Não via sentido então em usar o BuJo para esses registros menores e, para os maiores, eu já tinha um sistema de referência eficaz.

O que faz sentido para mim ainda é ter um caderno que uso para escrever textos (sim, eu escrevo no papel antes de digitalizar, seja um texto para o blog, um livro ou a minha dissertação do mestrado!), diários, planejamentos, e para isso eu gosto de usar um caderno universitário grande, maior e mais barato. Para registros de aprendizados, aí sim vale um caderno mais bonitinho, de capa dura, que vai ficar quase que como um livro na minha estante, por toda a vida, e que eu chamo de commonplace book.

Foi muito interessante essa jornada de quase um ano usando o Bullet Journal novamente, com uma visão mais madura, e ainda recomendo seu uso, especialmente para quem não usa GTD. Mas eu já uso o GTD há bastante tempo e ele funciona lindamente para mim como ele já é. Meu sistema está excelente. Com o Bullet Journal, senti que estava agregando um tom de sobrecarga que não me acrescentava melhorias. Desde que o tirei de novo, minha vida ficou mais prática, leve e coerente. Mas isso é a minha experiência pessoal, e não uma regra para todos. Pode ser que para você o resultado seja outro (e provavelmente será). Por isso a importância dos testes. Simples assim.

Obrigada pela jornada, BuJo, mas hoje eu me despeço de você, konmari style. Sou grata, mas não me traz mais alegria, então adeus.

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36 Comments

  1. Estou começando a aliar os dois agora. Tomara que dê certo. Obrigada pela inspiração.

    Se desse, vc faria um video de flip through do seu bujo?

    Bjs.

    1. Já fiz mas precisei tirar porque mostrou coisas pessoais, algumas pessoas reclamaram etc. Então não pretendo fazer novamente.

  2. Também desisti do bullet journal, Thais. Agora estou usando dois caderninhos, um para os aprendizados e outro como diário mesmo, para escrever pensamentos e reflexões

  3. Amando o que estou aprendendo com você, essa questão de testar e se não se adequar, está tudo bem, valeu a tentativa. Eu me cobrava muito por achar que tinha que tentar algo e ser fiel independente de conseguir me adaptar. Mas você mostra que não precisa ser assim.
    Gratidão.

  4. Que legal! Também li o livro e amei!!! É tudo muito bonito, mas difícil de manter. Eu já tentei e abandonei por pura falta de empenho. Mas é muito gostoso… muito bonito e para nós que gostamos de escrever… prazeroso. Bjs.

  5. Eu abandonei o meu BuJo há algumas semanas, mas continuarei tentando usar o caderno, porque realmente amo escrever à mão. Obrigada por compartilhar sua experiência.

  6. Adorei a abordagem simples sobre esse tema. Temos que desapegar mesmo de coisas que não nos complementam ou que acabam dificultando algo que tem como objetivo “descomplicar” a vida.
    Eu definitivamente acabo me perdendo no caminho. Adoro o sistema digital por conta da praticidade, mas sempre retorno ao papel por conta do registro das informações (pois a ferramenta gratuita que gosto -Todoist- não possui sistema de registro de histórico, e assim, tenho medo de clicar em alguma tarefa, passar por despercebida e deixar de fazer. Pagar pela ferramenta não é a opção no momento).
    Retorno ao papel também quando se trata de diários. Tenho cadernos desde 2011 com registros, e, quando os vejo, bate uma sensação tão boa rs… A mágica das formas das letras… Consigo ser automaticamente transportada para aquele momento rs.
    Porém, o fato de ter a faculdade, trabalho e uma casa pra cuidar (e tentar dar conta de tudo) acaba com o meu tempo de escrever páginas e páginas à mão.
    Com isso acabo me enrolando mais que, mudo meu sistema a cada 3 meses (tenho distimia, sou ansiosa…). É uma loucura essa intercalação entre o papel e o digital rs.

  7. Thaís, essa semana estava pensando nisso. Eu gosto da sensação/ritual do Bujo, mas não estava achando eficiente no dia a dia – considerando que faço meus registros e acompanhamentos em outras ferramentas e ele estava sendo quase que uma repetição. Eu uso o CPB para ideias e anotações diárias há bastante tempo e ele já satisfaz o meu desejo pela reflexão no papel, e quando tenho algum aprendizado específico, como um curso, ainda opto por ter um caderno dedicado para o assunto, pra mim ainda faz mais sentido pois facilita localizar a informação depois. Acho engraçado como você sempre publica um texto assertivo para os meus momentos.

    Obrigada 😀

  8. “So long and thanks for all the fish.”

  9. Eu iniciei o BuJo de forma bem simples, com caderno dos mais baratos e foi uma das poucas coisas que tenho conseguido manter. Já mudei muita coisa nele, mas já não capturo coisas nele diariamente, uso como uma timeline minha (coloco os eventos e atividades principais do dia e mês) e crio algumas poucas coleções quando necessário. O que eu realmente gosto é a parte do tracker que faço – consigo ver as atividades recorrentes que consegui fazer, como estava meu humor (importante para mim) e se acordei e dormi nos horários limites que estipulei. Por enquanto, manterei, mas meu sistema se encontra mais em ferramentas digitais também – apesar de a visão mensal do BuJo continuar sendo ótima pra mim.
    Obrigada por seu relato! 💕

  10. Thais, amo suas contribuições. Parece deixar tudo mais leve.
    Estou terminando de ler o livro do GTD e aplicando o método conforme minha rotina, e, acabei de adquirir o livro para começar meu BuJo inspirada nos seus posts. Mas ok, tudo é um ciclo e vou fazer essa experiência.
    Sobre o Commonplace Book, tu indicaria alguma leitura? Ele tem alguma metodologia para ser escrito? Estou pesquisando tbm sobre ele pois minhas anotações são todas soltas. Um abraço!

    1. No link citado no texto, aqui no blog, fiz uma boa pesquisa e coloquei várias referências lá. Vale a pena dar uma olhadinha. 😉

  11. Oi, Thais! Nunca usei o bujo, mas te falar que o fato de deixar ele todo bonitinho já seria um grande estresse pra mim hahah mas nem era isso que eu vinha comentar aqui.

    Também uso o GTD e aplico no tô do ist, que até então é a ferramenta mais prática pra mim – e que pago com gosto. Aí, volta e meia, a minha loucurinha de papelaria bate e vai lá eu comprar um planner ou uma agenda de papel e… Claro, eles ficam abandonados porque o tô do ist me basta.o que percebo é que muitas coisas acabam ficando repetitivas e aí, não faz mais sentido.

    1. Esses desenhos no BuJo são totalmente opcionais. Eu mesma nunca fiz.

  12. Ola Thais, tenho uma duvida: você diz que usa o Google Agenda certo ? mas você cita que usa um caderno mais simples para escrever textos, diários e planejamento… Aqui fiquei confusa. O que seria exatamente este planejamento se entendo que isto estaria no Google Agenda. Ou não ? Grata

    1. Não. Não tem nada a ver o que entra no caderno com o que entra na agenda. Por favor, revisite os posts do blog sobre calendário, que explico detalhadamente, com muitos exemplos, o que entra na agenda. Não tem nada a ver com as anotações feitas nesse caderno (os links do post existem como referência para essas questões também). Obrigada por comentar.

      1. legal, vou olhar, obrigada!

  13. Já utilizava um caderno para fazer anotações, mas com o Bujo tudo ficou mais organizado, tenho o livro GTD do David no kindle já li várias vezes e vou continuar lendo, rss, tenho o livro do Ruder também, gosto dos dois métodos. Estou fazendo uma experiência juntar esses dois métodos.
    Obrigado por apresentar esses métodos na minha vida! um grande abraço!

  14. Olá Thais. Acompanho seu blog e canal a pouco tempo e tem me ajudado bastante na organização do dia a dia (mas confesso que é muita informação pra quem acabou de chegar 🙂 hehehehe) hoje foco nas ideias de ferramentas e trocas sobre os assuntos diversos que fazem sentido pra mim. Eu ja tinha, há 2 anos, trabalhado com o Bujo mas, não conseguiu ter uma consistência naquela época pq era uma coisa muito nova e quando você lia sobre ele na net ou vídeos, me perdia de tanta informação, futilidades, o que era o melhor pra fazer, blá blá blá…comparava com o meu e ficava frustada pq achava que não estava certo ou não dava certo pra mim. Fui para o planner e confesso que fui mais feliz (pra mim é uma agenda mascarada). Comprei uns basicos e barato e deu super certo. Assistindo seu canal, tomei coragem de dar uma nova chance ao dito cujo mas, definitivamente não é pra mim: a agenda do google, todoist e planner resolvem meu dia a dia. Preciso ainda entender e testar as suas indicações de ferramentas para projetos e inspirações (vou ver o cpb), ainda não cheguei nesta rodada da organização (como disse, são muitas informações para assimilar de uma unica vez). Te agradeço pelo conteúdo e parabéns pelo livro – vida organizada – (li em uma semaninha e agora estou revisando com os exercicios em pratica). um beijo.

    1. Bem-vinda, Dani. Minha dica é não focar no montante, e sim curtir cada conteúdo quando chegar a você, e verificar se aquela dica se aplica à sua vida no momento ou não. Se sim, implementar. 😉 A organização é um processo para toda a vida. Obrigada por comentar.

  15. Sempre me pareceu algo redundante usar o Bullet e o GTD e esse depoimento confirma a minha intuição.

    1. Depende de como usa. Você precisa de uma ferramenta de captura e ele pode ser usado assim, ou até para um log do que foi feito. É que EU não quis usar desse jeito porque já faço a captura e o registro dos concluídos de outra forma que prefiro, como expliquei no post.

  16. Adorei sua abordagem. Estou no segundo ano de uso do Bujo e depois da leitura do livro sobre o método consegui me libertar da visão de bujo perfeito e enfeitado. O GTD me traz muita curiosidade, porém ainda não me aprofundei nas pesquisas. Estou com o livro em minha filha de leitura.
    Obrigada por compartilhar suas experiências de maneira tão França.

  17. Ops,
    digo “fila de leitura”
    e experiências de maneira tão franca.
    Caso não queira compartilhar meus comentários devido aos erros do corretor não tem problemas. Minha intenção foi apenas te agradecer mesmo. Abraços.

  18. Acabei lendo esse seu post hoje que iniciei a leitura do livro do Carroll, achei muito boa a “coincidência”, pois tenho pelo GTD, pelo menos no momento, o sentimento que não é p mim, ou que eu não consegui entendê-lo. Já li o livro do David Allen duas vezes e não consegui implantar, mas com suas dicas sobre o BuJo estou me adaptando bem e agora com a leitura do livro tudo está fazendo mais sentido. Obrigada, de coração, por suas sempre inspiradoras palavras!!!

  19. Eu usei o Bullet Journal durante um ano também. No fim, mante-lo era uma tarefa a mais no meu dia e devido à dinâmica do meu trabalho, os vários imprevistos do dia o tornavam ainda mais trabalhoso. E a sensação no final do dia era de fracasso. Hoje uso apenas Todoist e Evernote e a sensação é de controle e satisfação.

  20. Eu sabia que vc não ficaria com o bujo. Eu voltei pata uma agenda simples de visualização diária. Tudo que se faz em um planner ou bujo dá para fazer em uma agenda simples.

    1. Mas não foi por isso. 😉

      1. Eu sei. Sobre a agenda, falei no meu caso mesmo.

  21. Bom dia Thaís! Gostaria de te fazer 2 perguntas.
    1. Você ainda continua usando o caderno universitário grande para planejamentos, mesmo voltando a usar o BUJO?
    2. Chegou em algum momento cogitar a possibilidade de usar o common place no digital? Imagino que voce assim como eu, estuda bastante e o volume que tem ficado no common, acaba que tenho dificuldade pra encontrar o conteúdo que preciso depois, mesmo com o índice, coisa que no digital você dá um “Pesquisar” e tem a informação na mão

    1. Oi João!

      1 – Continuo sim, pois o BuJo é um caderno pequeno e eu escrevo pacas! Comprei até um caderno de 400 folhas desta vez. Fica meio trambolhão mas tem funcionado.

      2 – Eu agrupo coisas no Evernote igualmente. A questão é que gosto muito de escrever. 🙂

      Obrigada por comentar!

      1. Muito obrigado Thais, já tinha visto o seu comentário pela notificação do email, mas no dia que recebi o blog estava com algum problema. Agora voltou funcionar! Gratidão sempre a seu ensinamento.

  22. […] segunda metade de setembro, eu também parei de usar o Bullet Journal. Foi natural. Eu tenho um texto no blog onde explico sobre os […]

  23. Eu já fiz e refiz o método bujo, já li o livro e no período mais hardcore da quarentena funcionou super pra mim. Agora que as coisas estão mais flexíveis e corridas, ele parou de funcionar de novo. Decidi que no ano que vem voltarei à boa e velha agenda de papel, associada ao Trello, que tem sido um aliado nesses últimos tempos. Agora, o commomplace book é amor pra vida toda.

  24. […] eu não estou mais usando o Bullet Journal, tenho feito a análise da roda da vida no meu commonplace book. Foi interessante fazer a análise […]

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