Minimalismo de compromissos

Há um tipo de cansaço que não vem do corpo, mas da agenda. Um peso silencioso que se acumula em reuniões desnecessárias, encontros que acontecem por obrigação, promessas feitas no automático. O tempo se espalha em pequenas concessões, e quando se percebe, já não há mais espaço para respirar.

Reduzir compromissos não é apenas sobre tempo livre, mas sobre resgatar a própria vida das expectativas alheias. Não é sobre fugir das pessoas, mas sobre permanecer onde realmente importa. Dizer menos “sim” não é sinônimo de afastamento, mas de presença mais sincera. Porque estar por inteiro exige menos dispersão, menos ruído, menos pressa para cumprir uma lista invisível de deveres sociais.

Mas desapegar de compromissos é difícil. O medo da decepção, da rejeição, do mal-entendido. A sensação de que ao dizer “não” estamos deixando algo escapar, abrindo mão de um pedaço de pertencimento. O medo de sermos esquecidos se não estivermos sempre disponíveis. Mas a verdade é que quem nos ama de verdade não precisa de presença constante – precisa de presença real.

Minimalismo de compromissos é uma escolha silenciosa. Um ajuste delicado nas bordas da vida. Não exige rupturas abruptas, apenas pequenas edições. Menos encontros apressados, mais conversas que fazem sentido. Menos favores sem alma, mais trocas genuínas. Menos obrigações vazias, mais tempo para quem realmente importa.

E há beleza nisso. Em um calendário que não sufoca, em dias que se desenrolam sem a sensação de que algo está sendo deixado para trás. Em saber que, quando estamos, estamos de verdade. Sem olhar para o relógio, sem a culpa de quem tem mil outras coisas esperando.

Os relacionamentos não se enfraquecem com o espaço. Pelo contrário, é no espaço que eles respiram. Quando há menos encontros por conveniência, cada reencontro se torna um gesto intencional. Quando há menos ruído de fundo, as palavras ganham mais significado.

No fim, minimalismo de compromissos não é sobre ter menos laços, mas sobre fortalecê-los. Sobre substituir a quantidade pela qualidade. Sobre manter ao redor apenas aquilo que faz sentido, que alimenta, que preenche ao invés de esgotar.

Porque a vida é curta demais para ser consumida por obrigações sem alma.

Paralisados pela escolha: como o excesso de informação nos impede de decidir

Vivemos em uma era de abundância de informação. A cada segundo, recebemos novas recomendações, análises e possibilidades de escolha, seja no consumo, na carreira ou na vida pessoal. O paradoxo disso tudo? Quanto mais opções temos, mais difícil se torna decidir. No final do dia, em vez de nos sentirmos mais informados, nos sentimos sobrecarregados.

O excesso de informação não é um problema individual, mas uma consequência de uma estrutura maior. Segundo estudos da Harvard Business Review, a sobrecarga informacional leva a um fenômeno conhecido como “paralisia da escolha”, no qual a necessidade de analisar múltiplas variáveis torna a tomada de decisão mais lenta e desgastante. A culpa não é sua: vivemos em um sistema que incentiva o consumo desenfreado de dados e a necessidade de estar sempre atualizado.

Diante disso, como encontrar um meio-termo entre estar bem informado e conseguir tomar decisões sem se sentir exausto? Para além das respostas prontas, precisamos entender as raízes desse problema e encontrar formas de lidar com ele de maneira realista.

O mito da decisão perfeita

Um dos maiores entraves para tomar decisões é a crença de que há uma resposta ideal, que basta pesquisar um pouco mais para encontrá-la. No entanto, um estudo da MIT Sloan Management Review indica que decisões excessivamente analisadas não são necessariamente melhores do que aquelas feitas com base em critérios simples e bem definidos.

No mundo hiperconectado, sempre haverá um novo artigo, um vídeo explicando outra abordagem ou um especialista com uma opinião diferente. Mas esperar pela “melhor escolha possível” pode nos deixar presos em um ciclo infinito de pesquisa e adiamento. Aceitar que todas as escolhas têm riscos e que é impossível prever todos os desdobramentos pode aliviar a pressão por decisões impecáveis.

Parabéns,
você está sofrendo de capitalismo.

A dificuldade em filtrar informações não é um problema individual, mas um reflexo da forma como o mercado se estrutura. Empresas e plataformas lucram com a nossa indecisão: quanto mais tempo gastamos comparando produtos ou buscando o conselho “definitivo”, mais engajamento geramos e mais consumimos.

Segundo a London School of Economics, a abundância de opções é um mecanismo do capitalismo tardio para manter consumidores presos a ciclos intermináveis de busca e comparação. Entender isso é essencial para não cair na armadilha de achar que a dificuldade em decidir é uma falha pessoal.

O excesso de decisões desgasta a mente. Pesquisadores da University of Minnesota descobriram que a fadiga decisória reduz a qualidade das escolhas feitas ao longo do dia, tornando-nos mais propensos a procrastinar ou optar pelo caminho mais fácil, ainda que não seja o melhor.

Isso explica por que, depois de um dia cheio de decisões pequenas (o que vestir, qual trajeto tomar, qual notícia ler), é tão difícil escolher algo maior, como uma mudança de carreira ou um novo projeto. Encontrar formas de reduzir a quantidade de decisões diárias pode ajudar a preservar energia mental para o que realmente importa.

O bandaid: uma curadoria pessoal

Se não podemos consumir todas as informações disponíveis, precisamos escolher com mais critério. Um estudo da Stanford University sugere que criar uma “curadoria pessoal” de fontes confiáveis reduz o impacto do excesso de informação e melhora a tomada de decisões.

Isso significa escolher alguns veículos de informação confiáveis, reduzir o número de opiniões que ouvimos sobre determinado tema e evitar mudanças constantes de referência. Ao invés de tentar absorver tudo, focar em poucos conteúdos bem selecionados pode trazer mais clareza.

Tomar uma decisão “boa o suficiente” pode ser mais eficiente do que buscar a melhor escolha possível. Segundo a Columbia Business School, pessoas que se permitem decidir com base em critérios claros e realistas apresentam menos ansiedade e maior satisfação com suas escolhas.

Isso não significa tomar decisões impulsivas, mas estabelecer limites para a busca por informações. Definir um prazo para pesquisar sobre um assunto ou um número máximo de referências antes de decidir pode ajudar a evitar a procrastinação.

7 maneiras de reduzir o impacto do excesso de informação na indecisão

  1. Definir critérios claros antes de buscar informações – Saber exatamente o que você precisa filtrar evita cair na armadilha da busca infinita.
  2. Limitar o tempo de pesquisa – Estabelecer um prazo para se informar sobre um tema ajuda a evitar o ciclo interminável de comparação.
  3. Reduzir a quantidade de fontes de informação – Criar uma curadoria de sites, newsletters ou especialistas confiáveis simplifica a tomada de decisão.
  4. Aceitar que não existe escolha perfeita – Todas as opções têm prós e contras, e nenhuma pesquisa eliminará completamente a incerteza.
  5. Criar rotinas para decisões recorrentes – Reduzir o número de escolhas diárias ajuda a preservar energia mental para decisões mais importantes.
  6. Evitar a armadilha do “e se” – Focar no que pode ser feito no presente evita que a busca por respostas se torne uma forma de procrastinação.
  7. Desconectar-se periodicamente – Reduzir o consumo de conteúdo digital por alguns momentos do dia pode ajudar a recuperar a clareza mental.

O excesso de informação e a dificuldade de decidir não são problemas individuais, mas sintomas de uma estrutura que incentiva a sobrecarga. A melhor forma de lidar com isso não é buscar mais eficiência, mas sim adotar uma abordagem mais consciente sobre o que realmente precisamos saber para tomar boas decisões.

Reduzir a pressão por decisões impecáveis, limitar o consumo de informações e estruturar escolhas de forma mais objetiva são estratégias que podem trazer mais clareza e leveza ao processo decisório. No final das contas, decidir é sempre um ato de confiança – e confiar no próprio julgamento pode ser o passo mais importante.

Referências:

Banheiro minimalista = limpeza e tranquilidade

Na minha outra casa, nosso banheiro era preto. Eu achava bonito no início, mas enjoei com o tempo. O banheiro, para mim, tem que ser claro e transmitir a sensação de limpeza e tranquilidade. É o cômodo da casa onde eu me limpo, me purifico, me conecto comigo mesma. Ela tem que transmitir essas sensações.

Aqui no apartamento onde eu moro, o banheiro é em tons de um bege cinzento que me agrada. É bem simples, com azulejos meio retrô, mas eu gosto. Transformar o banheiro em um espaço funcional e relaxante pode parecer um desafio, mas com algumas escolhas conscientes, é possível criar um ambiente minimalista que convida à calma no dia a dia. E olha que eu nem sou minimalista. Mas, como ponto de partida para encontrar o essencial, acho interessante.

Um banheiro minimalista não é apenas sobre estética, mas também sobre funcionalidade. Ele nos convida a refletir sobre o que realmente importa, removendo o excesso e deixando espaço para o essencial. Aqui, compartilho algumas dicas práticas para você começar.

1. Comece eliminando o excesso

Não é possível organizar tralha. Por isso, comece destralhando o seu banheiro. Isso significa tirar o que está duplicado, o que acabou, o que venceu, o que você não usa.

Avalie o que realmente precisa estar nesse espaço. Uma pia limpa, com apenas o básico à vista, já transmite uma sensação de tranquilidade. Organize os itens restantes em gavetas ou cestos para que fiquem acessíveis, mas fora da vista.

Dica prática: Categorize os produtos que ficam no banheiro, como higiene pessoal, primeiros socorros e limpeza. Use organizadores simples para manter tudo em seu lugar.

2. Aposte em uma paleta de cores neutras

Tons claros e neutros são os melhores aliados do minimalismo. Eles criam um ambiente visualmente calmo e ajudam a refletir a luz, fazendo o espaço parecer maior e mais arejado. Branco, bege e cinza são escolhas clássicas, mas você também pode adicionar um toque de cor suave, como azul ou verde claro. Aqui em casa tem uns toques de azul acizentado que me ajudaram a definir alguns itens para decoração – até quadros.

Dica prática: Se o orçamento estiver apertado, comece trocando os pequenos detalhes, como toalhas, tapetes e cortinas, para cores mais neutras.

3. Escolha acessórios simples e funcionais

Sei que é difícil, mas evite itens decorativos que só acumulam poeira.

Invista em peças que combinem beleza e utilidade, como saboneteiras de cerâmica ou vidros reutilizáveis para armazenar produtos. Aprenda um pouco sobre Feng Shui para criar um ambiente harmônico. Menos coisas em cima das superfícies também significa menos tempo limpando – uma vantagem extra!

Dica prática: Use cestos de fibra natural ou bambu para armazenar toalhas ou rolos de papel higiênico. Eles são bonitos, funcionais e ajudam a manter a harmonia visual.

4. Iluminação: simplicidade e conforto

A iluminação faz toda a diferença em um banheiro minimalista. Prefira luzes suaves e naturais sempre que possível. Um espelho grande pode ajudar a refletir a luz e fazer o ambiente parecer mais amplo. Se for adicionar luz artificial, opte por lâmpadas de tom quente, que são mais aconchegantes.

Aqui em casa eu tenho uma janela redonda na área do box, que ilumina bastante durante o dia. Uma luz central no teto e uma luz direcionada em cima do espelho. Considero suficientes.

Dica prática: Instale uma luminária simples acima do espelho ou use velas aromáticas para um toque relaxante durante o banho.

5. Incorpore toques de natureza

Plantas vivas trazem um elemento natural que suaviza o ambiente e melhora a qualidade do ar. Espécies que se adaptam bem a ambientes úmidos, como samambaias e jiboias, são perfeitas para o banheiro.

Eu coloquei uma trepadeira em cima da porta do box. Ela fica super bonita ali, pendurada.

Dica prática: Coloque uma planta pequena na pia ou pendure um vaso no canto do espaço para trazer vida e cor sem ocupar muito espaço.

Criar um banheiro minimalista é mais do que mudar o visual – é sobre construir um espaço que apoie seu bem-estar e sua rotina de forma leve e organizada. Pequenos passos, como reduzir o excesso, escolher cores suaves e valorizar a funcionalidade, podem transformar completamente esse ambiente.

Lembre-se: a organização é uma ferramenta para viver melhor. E seu banheiro, por menor que seja, pode ser um refúgio de tranquilidade no meio da correria do dia a dia.

A arte da organização minimalista

Minimalismo vai muito além de ter menos coisas.

Em primeiro lugar, ele é para quem pode escolher. Muita gente não pode. Reconhecer isso é importante.

Em segundo, saiba que o minimalismo se trata de ter o que é essencial e realmente traz valor à sua vida.

Uma maneira de fazer isso é começando pela avaliação honesta dos seus pertences. Os critérios para seleção serão pessoais. Você pode se perguntar desde se “Isso realmente me traz alegria?” até “Isso é necessário para minha vida?”.

O grande lance que estamos buscando aqui é se desfazer do excesso. Você cria espaço para o que realmente importa.

Mas não se trata apenas de objetos físicos. O minimalismo também pode ser aplicado à sua rotina diária. Avalie seus compromissos e atividades. Você está sobrecarregada/o? Aprender a dizer “não” é uma habilidade valiosa que permite dedicar tempo ao que é mais importante para você.

Outra parte fundamental do minimalismo é a organização eficiente. Criar sistemas simples para armazenar e acessar suas coisas ajuda a evitar a desordem e o estresse. Além disso, ao manter uma rotina de organização, você economiza tempo valioso que pode ser dedicado a outras atividades significativas.

A organização minimalista nos convida a viver de forma mais intencional. Ao eliminar o excesso de distrações e focar no que realmente importa, você encontrará mais clareza mental e emocional. Um ambiente calmo e organizado proporciona uma sensação de tranquilidade, permitindo que você desfrute plenamente de cada momento.

Eu sempre digo que não é possível organizar tralha. Portanto, comece destralhando.

Com simplicidade e organização,
Thais Godinho

Uma nova versão do minimalismo para mim

Mais um post sobre as transformações pessoais da viagem. rs

Vocês sabem o que eu penso sobre a versão comum e alienada do minimalismo. O minimalismo que trago aqui é a minha aplicação pessoal, de impacto individual. Pois é um ímpeto que eu sinto neste momento da minha vida e, se tem um lema que me lembro sempre, ele é “respeite o drive”.

Já ao montar a mala para viajar, você já se obriga a ser minimalista porque eu ficaria dois meses na Alemanha e precisava levar roupas versáteis e que eu pudesse lavar com facilidade na viagem e usasse bastante. Durante toda a viagem, eu doei muita roupa, precisei comprar algumas coisinhas a mais, e voltei com praticamente metade do que levei.

Eu sei que a nossa rotina, na nossa casa, não precisa ter essa rigidez da quantidade de roupas e não é isso que estou encorajando. Cada um viva sua vida do seu jeito, ok? Mas viver assim na viagem me fez perceber quais as roupas que realmente preciso. Poxa, preciso de uma bermuda para dormir, para sair no calor etc. Vou buscar a bermuda que melhor me atenda no maior número de situações, mas não preciso ter várias. Uma basta e, se sujar, basta lavar.

Essa foi outra coisa: todos os dias, eu lavava a roupa que tinha usado no dia enquanto tomava banho. Assim, camiseta, calcinha, sutiã, meia. Não lavava jaqueta, calça, casaco, blusa de lã. Mas já adiantava demais, e eu não precisava de tanta quantidade para o dia a dia como eu imaginei. E as roupas secavam de um dia para o outro, por conta do ar condicionado ou aquecimento interno, que é bem seco.

Eu não entro muito nesse papo de que ter menos coisas me ajuda a “focar no que é mais importante”. Se você acha que a sua quantidade de coisas ou roupas faz com que seus relacionamentos sejam uma droga, o problema não está nas roupas e coisas. Felicidade é um sentimento interno. Paz também. Para mim, ter menos coisas vai no sentido de ter menos trabalho. Só isso. Menos coisas, menos trabalho. Olhar para uma prateleira cheia de produtos de maquiagem já não faz mais sentido para mim. Para que eu preciso de mais de uma paleta de sombras? Não preciso. Agora, obviamente, se você for maquiadora, você precisa. Não estou generalizando – estou falando exclusivamente do meu caso. Se quiser aplicar, adapte e personalize à sua vida.

Certamente todo esse movimento que começou lá vai se refletir em absolutamente tudo no meu retorno ao Brasil e no que vou compartilhar com vocês nos próximos meses.