Estar longe de casa em uma semana intensa de curso e estudos me faz querer priorizar algumas coisas (como o meu sono!) mas, por outro lado, me deixa pensativa e querendo compartilhar algumas ideias, o que faço quando possÃvel.
Não sei se vocês já perceberam, mas muitos blogueiros estão deixando de escrever e ser espontâneos em seus blogs por receio da reação dos leitores. Ser blogueiro é dar a cara a tapa – fato! Você cria um blog, escreve para os outros, pensando em ajudá-los de alguma maneira (no meu caso, por exemplo), e muitas vezes recebe apenas crÃtica como retorno. Eu não estou reclamando, me fazendo de vÃtima ou querendo confete – estou falando sobre uma realidade e acho importante citá-la, porque nós blogueiros estamos “construindo um mercado” e precisamos trocar ideias, nem que seja somente um lendo o que o outro escreve a respeito.
Algumas coisas que eu posso dizer hoje, depois de 14 anos blogando:
Meu blog nasceu de um assunto pelo qual eu sou apaixonada, não de um plano de negócios. Nada contra quem monta um plano de negócios para criar um blog, ou quem acaba criando um para profissionalizar o seu (o que é diferente de monetizar – entendam). Eu mesma tenho um projeto (#GTDfeelings) atual que é montar esse plano, porque o Vida Organizada como um todo (não só o blog, mas toda a vertente que ele representa na minha vida) tomou proporções maiores. Tenho cursos, livros, workshops. Meu plano de negócios é justamente para deixar o blog um pouco mais livre e poder focar apenas no conteúdo, que é o que eu gosto de fazer, sem deixar que as outras coisas interfiram no meu processo de criação. Enfim, o que eu quero dizer é que criei o blog um dia porque eu era/sou apaixonada pelo assunto organização, tinha conhecido o GTD na época e estava muito envolvida nesse aprendizado, e queria compartilhar com o mundo. Era um hobby e não sei muito bem se algum dia deixou de ser. Eu nunca escolhi o assunto “organização” dentro de uma ferramenta de palavras-chave porque esse era um bom nicho a ser explorado. Eu comecei a escrever porque eu gosto.
Meu conceito de organização não é igual ao que muita gente considera como organização. E não estou dizendo aqui que estou certa e os outros errados, de modo algum. É que, no geral, as pessoas associam o assunto organização ao assunto casa e vida doméstica e, para mim, organização é muito mais do que isso. Organização tem a ver com levar uma vida coerente com seus valores – muito do que o próprio GTD ensina. E não adianta ser diferente – sou filha da metodologia. Tudo o que eu falo, direta ou indiretamente, tem a ver com o GTD. Meu conceito de organização, inclusive, é pautado nisso. Eu acredito que organizar o ambiente fÃsico é o básico. Não adianta você ter uma gaveta com colméias organizadoras e chorar na frente do espelho todos os dias porque não consegue tirar seus sonhos do papel. A organização tem muito mais a ver com coerência e funcionalidade que com estética. E acho difÃcil lidar com isso porque 1) não conheço outra pessoa que tenha algum blog sobre organização e fale sobre o assunto com a mesma abordagem e 2) muitos leitores realmente esperam entrar aqui no Vida Organizada e ver dicas de arrumação com caixinhas. O que, mais uma vez, não tem nada de errado, mas é apenas 1% do que considero organização. Alguns leitores que acompanham o blog há mais tempo entendem, o que me deixa feliz.
O blog não ser meu meio principal de trabalho mantém a integridade dele com relação a ações comerciais. Eu não sou contra ações com marcas e produtos. Acho que são necessárias não apenas para manter os gastos de um blog (que são MUITOS), mas para fazer boas parcerias. Oras, uma empresa pode buscar anunciar no blog e, um mês depois, me chamar para ministrar um workshop lá dentro. É assim que eu gosto de “ganhar dinheiro com o blog”. Ele faz parte do meu trabalho, mas não é a minha fonte de renda principal, nem depende disso. Ele divulga o meu trabalho (quer dizer – ele é um canal onde eu divulgo o meu trabalho), mas não depender de publicidade nele me deixa livre para tomar decisões. Não preciso aceitar qualquer ação que me oferecem apenas pelo dinheiro – aliás, eu mais recuso que aceito, e algumas pessoas ficam *malucas* comigo por e-mail. Mas eu penso principalmente na mensagem que essa ação vai passar e, se eu estivesse no lugar do leitor, se eu gostaria de ver aquilo.
Blogar é um estilo de vida. Eu já tenho blogs há mais tempo, mas o Vida Organizada nasceu em 2006. Mesmo assim, é bastante tempo e muito conteúdo publicado. Até o ano passado, eu publicava todos os dias – à s vezes até 12 a 15 vezes por semana. Sozinha. Com emprego em paralelo. Não é fácil – você se doa pra caramba, deixa muitas coisas de lado. E nem é a coisa de querer reconhecimento, mas compreensão mesmo. Tipo: “poxa, ela poderia estar em casa, descansando, vendo um filme, mas está escrevendo isso para ajudar outras pessoas”. Muitos leitores têm essa percepção, mas a maioria não. E é engraçado pensar assim porque quem é blogueiro há alguns anos sabe que o blog acaba norteando muita coisa na vida. Tudo é assunto em potencial para o blog – você conversa com as pessoas sobre ele, lê uma revista já tirando ideias para conteúdo, planeja o calendário editorial etc! Não digo que é chato ou difÃcil ser blogueiro (não quero ser dessas), mas quem quer blogar tem que ver que o negócio é mais embaixo e você tem que curtir esse estilo de vida mesmo. PS – As pessoas ao seu redor também!
Muitas pessoas vêem o que eu tenho hoje, mas não vêem tudo o que eu fiz ou faço. Parece até frase clichê do Facebook, mas é verdade. Quantas vezes eu fiquei até tarde escrevendo, deixei de fazer coisas minhas, entrei e saà de empregos diferentes, acordei de madrugada, cheguei depois da meia-noite em casa depois da faculdade, acordei antes de amanhecer para ir trabalhar, peguei três ônibus lotados, comprei livros, li conteúdos mil para poder escrever algo legal, pesquisei, comprei aplicativo, testei, comprei produto, fiz resenha, li livro. Sempre trabalhei MUITO na minha vida e, enquanto via muitas pessoas indo passear ou ficar de pernas para cima (nada contra, por sinal adoro fazer isso) em um domingo à tarde vendo tv, eu estava estudando ou escrevendo. Os anos passam e, se você for atrás, as coisas vão acontecer para você. Mas aà essas mesmas pessoas vêem o resultado e acham que foi sorte.
Ter um blog famoso não faz de você uma pessoa diferente das outras. Especialmente porque não fiquei rica ainda com meu blog, haha. Mas sem brincadeiras, gente: nem todo blogueiro ganha rios de dinheiro, viu? Meu trabalho vem de outras fontes e, hoje, eu mais gasto com o blog que recebo algo que pague seus gastos. Eu amo meu blog e invisto nele sim, de muitas maneiras diferentes, especialmente TEMPO e, também, bastante dinheiro. O que eu ganho em outras fontes vem parar aqui de alguma maneira, seja através de mudanças no design, até livros, produtos que compro para testar, cursos que faço na área para me aperfeiçoar, entre muitas outras coisas.
Eu não tento ser uma pessoa diferente de quem eu sou. Acho importante tratar as pessoas com muito respeito e simpatia sempre que possÃvel, mas sou uma pessoa tÃmida por natureza e não curto muito fazer social. Sou introvertida e, quem é assim, sabe que ficar em grandes multidões ou muito tempo com bastante gente em volta acaba fazendo até um pouco mal. Eu acho importante falar isso porque muitas pessoas me conhecem e ficam surpresas “porque eu sou tÃmida”, como se toda blogueira tivesse que ser uma show woman tipo a Ivete Sangalo. Infelizmente eu não sou! Acho que ajudaria bastante na minha carreira ser extrovertida, mas não posso fingir ser quem eu não sou.
Você nem sempre vai gostar do que eu vou fazer aqui. Pode parecer inacreditável dizer isso, mas as pessoas têm gostos e opiniões diferentes! O que eu acho pode não ser o que você acha e o que eu considero melhor para o meu blog pode não ser o que você considera. Por isso mesmo, um blogueiro não consegue agradar todo mundo. Quem ele deve agradar então? Não penso muito no lance do agrado, mas de fazer a melhor escolha possÃvel, que me deixe com a consciência tranquila. Eu acho importante falar isso porque é ok você discordar de mim ou não gostar de alguma coisa, mas não é ok ser ofensivo ou achar que eu deva pensar como você nos comentários. Aliás, isso não deveria ser permitido nem na vida, né amigos?
O que eu faço não se resume aos posts no blog. E não estou falando da minha vida pessoal não, ficar com meu filho, fazer lição, estudar. Estou falando da minha vida profissional mesmo. Eu estou reestruturando a linha editorial do blog justamente para poder escrever mais livremente aqui (como este post), ser mais espontânea e falar sobre detalhes da vida no geral, ligados à organização. Mas o blog, como eu falei, é apenas uma parte do meu trabalho, que tem bastante coisa. Além do blog, eu escrevo livros, ministro treinamentos em empresas, preparo materiais para cursos, faço consultoria, ministro meus workshops, faço palestras, participo de eventos profissionais, reuniões e muitos outros compromissos.
Trabalhar para você mesmo é mais difÃcil que qualquer outro trabalho. Já tive todo tipo de emprego (inclusive dois ao mesmo tempo e chefes malucos) e posso dizer: não existe cobrança maior que você ser o seu próprio chefe. Quando você é autônomo, precisa “correr atrás” do seu trabalho porque senão você simplesmente não recebe dinheiro. Por tudo isso, você tem que se dedicar muito, muito mais que qualquer outro trabalho convencional. E, como geralmente quem é autônomo gosta muito do que faz, você também tem que tomar cuidado para não virar um workaholic, totalmente no bom sentido. Porque é muito fácil usar o trabalho como hobby e deixar o resto de lado.
Eu recebo muitos comentários como (todos reais):
- Eu não aguento mais posts sobre GTD.
- Quando você vai postar mais sobre GTD?
- Quando você vai voltar a falar sobre organização de verdade?
- Se você não falar mais sobre rotinas da casa, eu não vou mais acompanhar o blog.
- Eu não gosto de séries de posts.
- Por favor, faça mais séries de posts!
- Eu achei o design novo muito poluÃdo, desculpa.
- Eu achei o design novo muito desorganizado.
- Amei o design novo! Encontro tudo o que eu preciso!
- Você tem muita coisa.
- Você é muito desapegada.
- Não acho que uma pessoa organizada faria isso.
- Estou muito desapontado com este post.
- Seu blog já foi melhor porque (insira seu motivo aqui).
- Antes eu não acompanhava seu blog, mas agora acompanho porque (insira seu motivo aqui).
Por que eu estou citando isso? Para dizer, pessoal, que eu leio todos os comentários, aceito todas as crÃticas e elogios, mas existem muitas contradições. Eu preciso seguir o que faz sentido para mim. Isso envolve design, conteúdo, ações comerciais, tudo. Se tem uma coisa que eu aprendi em anos e anos de blogs, é que cada blog é um retrato do blogueiro que nele escreve, e precisa continuar assim. Senão, cada vez mais vamos ver blogueiros deixando de escrever, contratando equipe e deletando comentários, se afastando dos leitores.
Por fim, algumas dicas para quem aguentou ler até aqui (haha) e tem ou quer ter um blog:
- O blog é seu. Pessoas acessam, pessoas lêem, mas elas entram por livre e espontânea vontade em um espaço que você paga, você escreve, você monta. Ninguém é obrigado.
- Seja você mesmo. Você pode se inspirar nos milhares de blogs incrÃveis que existem, mas não tente ser uma pessoa que você não é. Também não mude para agradar quem quer seja, de leitores a anunciantes. As pessoas devem acessar seu blog porque se identificam com você.
- Faça tudo com amor e da melhor maneira possÃvel. Se não está curtindo o resultado, mude. Um post pode levar mais tempo para entrar no ar, mas vai entrar como você quer. Isso inclui os posts que você escreve em 10 minutos também.
Eu sou apenas uma pessoa normal, que ama o assunto organização e quer compartilhar o que aprende com outras pessoas. Tenho trabalho, famÃlia, filho, marido, cachorro, hobbies e outras atividades. Mas, acima de tudo, um coração e muita vontade de ajudar. O que eu menos quero é postar ou fazer algo que seja de alguma maneira ruim ou chato para os leitores, mas isso pode acontecer. Eu estou ok com isso. Todos estamos? ;D