Uma seguidora me fez essa pergunta esses dias e eu refleti escrevendo no meu diário a respeito, e compartilho aqui com vocês.
Eu não diria que exista um preparo específico. É o estudar o assunto a vida toda, a minha formação humanista e budista, a prática diária de meditação que me ajudam.
Eu também diria que a motivação correta (é um memorial e não um “ponto turístico”) e ter um foco em mente (minha pesquisa) ajudam não pirar (tanto) com tanta informação visual, sensorial, auditiva.
Ano passado, quando visitei Dachau, ficar em silêncio antes, durante e depois da visita me ajudou bastante. Em respeito a tudo mas para a minha própria absorção da situação. Eu sinto que me ajudou.
Chegar depois no hotel, sendo grata pela minha vida e pelo banho quente que eu posso tomar, a cama que posso dormir, a comida que posso jantar. Entoar o dia todo mantras de compaixão em respeito aos mais de 1,1 milhão de pessoas que morreram nos campos. E aí é procurar descansar. Pintar aquarela, jogar Magic, “esvaziar a mente”.
E, no dia seguinte, reunir minhas notas de campo, os materiais que pegarei lá e escrever. Escrever. Fazer conexões com as notas que já tenho (zettelkasten), escrever no meu diário sobre a experiência do ponto de vista pessoal etc.
O que mais me impressiona em um evento como esse foi ele ter acontecido há quase 100 anos e repetirmos, continuamente, que jamais devemos permitir que aconteça novamente, mas neste exato momento estamos vendo uma situação similar na Palestina. Eu acho que, como humanidade, a pergunta que devemos fazer é: como fazer ESTA guerra parar? Como evitar mais tantas mortes AGORA por um projeto de poder?
Aconteceu há 100 anos, acontece hoje e, se não aprendermos efetivamente, acontecerá sempre.
Estava pensando sobre isso.
O preparo seria para não impactar tanto?
Ou o propósito de um memorial seria o impacto para isso ser a força de motivação ou de conscientização?
Se alguém estiver preparado para um lugar desses, meio que perde a função?
Não tenho nenhuma resposta pra isso.
São bons questionamentos.
A respeito sugiro o pod cast do Projeto Humanos – Ivan Mizanzuk, Filhas da Guerra – que é a história de uma sobrevivente dos campos que mora em São Paulo, que ele entrevistou e inclusive existe o livro “O que os Cegos Estão Sonhando?”, escrito por sua filha, Noemi Jaffe, que conta a história de vida da sua mãe. Vale muito a pena ouvir. É emocionante ouvir relatos de uma sobrevivente.