Trabalhar como autônoma me mostrou que estava empacada na minha carreira – foi quando decidi fazer um mestrado

A decisão de se tornar autônomo muitas vezes surge como um caminho para mais liberdade e autonomia. No meu caso, foi exatamente isso que aconteceu. Deixei o trabalho formal para ter mais controle sobre meu tempo, escolher projetos alinhados aos meus valores e buscar um ritmo mais sustentável. Mas, depois de um tempo, percebi que algo ainda não fazia sentido. Por mais que estivesse trabalhando, me sentia estagnada.

Essa sensação de estar empacada profissionalmente não era sobre ganhar mais clientes ou aumentar a renda. O problema era que minha trajetória parecia ter parado no mesmo lugar, sem perspectivas de crescimento real.

Foi nesse contexto que percebi que precisava de algo novo. O mestrado apareceu não como uma solução mágica, mas como um caminho para expandir horizontes, refinar conhecimentos e conectar minha experiência prática com um aprofundamento teórico.

Ninguém disse que seria fácil,
no entanto.

Ser autônoma trouxe uma liberdade que eu valorizava muito, mas percebi que flexibilidade não significa crescimento automático. Estudos da London School of Economics mostram que carreiras com maior autonomia podem levar a ciclos de estagnação quando não há objetivos estruturados de desenvolvimento.

A vontade de fazer mestrado apareceu como um contraponto a isso. Ele me permitiu estruturar um caminho de evolução profissional sem comprometer a flexibilidade conquistada. Descobri que, para sair do ciclo de repetição, era preciso buscar desafios que realmente agregassem valor ao meu trabalho. Eu sempre amei estudar e me aprofundar. Queria o mestrado. Segundo a Stanford University, a aprendizagem contínua está diretamente ligada à capacidade de inovação e adaptação a novos contextos.

O mestrado me proporcionou essa possibilidade: não apenas acumular conhecimento, mas aplicar novas perspectivas ao que já fazia. Ele trouxe um olhar crítico para minha prática profissional e me permitiu explorar abordagens que antes não estavam no meu radar.

Trabalhar sozinha tem suas vantagens, mas também limita a interação com outros profissionais que possam desafiar suas ideias. Estudos da MIT Sloan Management Review indicam que o contato com grupos de pesquisa e redes acadêmicas pode acelerar o crescimento profissional ao expor indivíduos a novas abordagens e perspectivas.

No mestrado, encontrei um ambiente onde discussões aprofundadas eram incentivadas. Trocar experiências com professores e colegas que vinham de diferentes áreas ajudou a expandir minha visão e a questionar suposições que antes pareciam inquestionáveis.

O mestrado me deu um senso de estrutura que eu sentia falta sendo autônoma. Com prazos, leituras obrigatórias e discussões recorrentes, ele criou um ritmo de aprendizado que complementava minha rotina sem a necessidade de autodisciplina extrema para manter o foco.

Outro ponto importante foi a mudança na forma como enxergava meu próprio trabalho. A pesquisa da Harvard Business Review aponta que aprofundar o conhecimento técnico aumenta a confiança do profissional e sua percepção de valor no mercado.

Ao ingressar no mestrado, percebi que não estava apenas adquirindo um título, mas ressignificando minha atuação. Passei a me posicionar de forma mais segura e a oferecer soluções com um embasamento teórico mais sólido, algo que foi fundamental para minha evolução como autônoma.

Algumas estratégias que podem te ajudar caso você esteja passando por um momento de estagnação:

  1. Avaliar o que falta na sua trajetória – Identifique se a sensação de estagnação vem da falta de desafios, aprendizado ou de conexão com outras pessoas da área.
  2. Buscar aprendizado estruturado – Cursar um mestrado ou uma especialização pode ser um diferencial para romper ciclos de repetição profissional.
  3. Criar metas de longo prazo – Definir objetivos de crescimento ajuda a evitar a sensação de que se está apenas “mantendo” a carreira sem avançar.
  4. Participar de grupos e eventos acadêmicos – Mesmo sem cursar um mestrado, estar em ambientes de discussão pode trazer novas perspectivas.
  5. Experimentar novas abordagens profissionais – Incorporar novas metodologias e testar estratégias diferentes pode trazer insights valiosos.
  6. Valorizar o aprendizado contínuo – Leituras, cursos e debates ajudam a manter a mente ativa e aberta para novas possibilidades.
  7. Reavaliar constantemente sua trajetória – Periodicamente, é útil questionar se o caminho atual ainda faz sentido ou se novas direções são necessárias.

O mestrado não foi um ponto final na minha trajetória (estou no Doutorado), mas um recomeço dentro dela. Ao decidir investir nesse caminho, percebi que não estava apenas adquirindo conhecimento, mas criando novas oportunidades para minha carreira como autônoma.

Para quem sente que está estagnado, a solução pode estar em um novo desafio que amplie as perspectivas. Seja um curso, um projeto diferente ou uma troca mais intensa com outros profissionais, o importante é sair da inércia e buscar o crescimento de forma ativa.

Referências:

Como eu me organizo quando sai uma nova coleção de Magic (sim, post nerd)

Magic: The Gathering é um jogo de cartas colecionáveis onde você se transforma em um poderoso mago, conhecido como Planeswalker, e usa magia, criaturas e artefatos para derrotar seus oponentes. Cada carta representa um feitiço, um aliado ou uma habilidade especial, e você monta seu baralho (deck) escolhendo estratégias e combinações. O jogo mistura fantasia épica com estratégia e criatividade, e pode ser jogado com amigos ou em competições. Além disso, as cartas são colecionáveis, com ilustrações incríveis e histórias que se conectam a um universo cheio de aventuras e mistérios. Eu jogo e coleciono desde 2004 e é um dos meus hobbies preferidos.

A Wizards Of The Coast, detentora do jogo, lança cerca de seis coleções ao ano, além de pacotes especiais. Eu não compro TODAS as cartas. Costumo comprar as que serão úteis para decks que tenho (para jogar) ou que acho bonitas (para colecionar). Mas existem coleções que eu gosto mais e que busco ter todas em uma pasta expositora. Desse modo, eu costumo comprar as cartas de forma avulsa nas coleções de maneira geral, escolhendo apenas as que eu gosto, mas com as minhas coleções temáticas preferidas (que são meu fraco) eu gosto de comprar caixas seladas, que vêm com materiais personalizados, dados configurados para a coleção, entre outros. E cards repetidos eu costumo trocar ou vender.

Quando sai uma coleção que eu quero colecionar efetivamente, eu vejo quantas cartas ela terá e busco uma forma de armazenamento que comporte todas elas. Acima, você pode ver que a coleção mostrada tem 297 cartas, então eu vou buscar uma pasta em que caibam pelo menos umas 300 cartas. Fora do Brasil eu já encontrei pastas temáticas da coleção mas, quando não consigo, procuro usar uma comum comprada no Brasil com a cor que combina melhor com a coleção. Por exemplo, Innistrad Remasters é uma coleção de vampiros, então usar um fichário vermelho com textura faz sentido para mim.

Esse fichário aí em cima comporta 480 cartas, então é mais do que suficiente para as cartas da coleção em questão.

Vale dizer que eu guardo em pasta o que eu coleciono de coleções inteiras, pois a exposição é mais fácil. O que eu coleciono de cartas avulsas, uso caixas de madeira próprias para isso e separo por cores. O Magic tem 5 cores essencialmente, além de cores misturadas e cards incolores. Dentro de cada caixa, categorizo por tipo de carta: criatura, feitiço, encantamento etc.

Vale a pena falar também sobre a manutenção das cartas. Meu objetivo é “shieldar” (encapar) todas as minhas cartas que não estão em pastas. Eu uso uma cor de shield para cada tipo de raridade da carta (mítica, rara, incomum e comum). Leva tempo porque são muitas cartas e as shields não são tão baratinhas, então estou fazendo aos poucos. As cartas que uso para jogar eu organizo separado (em caixinhas menores para o deck em si) e uso shields de cores específicas ou mais bonitinhas, estampadas.

Quero reforçar aqui que JOGAR Magic não é caro. Você pode jogar no Arena, que é o software e é gratuito. Tem opções de compras dentro do aplicativo mas não são necessárias para jogar. No entanto, quem joga em competição costuma investir, e aqueles que colecionam também compram muitas cartas. Por isso as pessoas acham que Magic é caro. Mas depende de como você vai usar as cartas. Tem uma modalidade de jogo chamada Pauper, que só permite cards baratos e comuns. Enfim, tem para todos. O que tem tornado o Magic meio inacessível no Brasil é, além do preço dos produtos físicos (convertidos do dólar), que a WOTC decidiu, no ano passado, não imprimir mais cartas traduzidas para o português. Para quem não sabe inglês isso é bem chato. No Arena, no entanto, as cartas continuam sendo traduzidas pelo português – só mudou para as impressões mesmo.

E existem cartas caras e cartas baratas. Muitas vezes, um booster (pacotinho com cerca de 15 cards cada) traz uma carta rara ou mítica que “paga” o booster. Ou essa é a forma que os jogadores e colecionadores usam para se enganar haha

Status das minhas graduações durante o Doutorado

A pandemia foi uma época em que estudei muito pois fiquei em casa sem sair durante quase dois anos inteiros. Pude fazer isso por trabalhar em casa. Isso me permitiu abrigar estudos que uma vida com compromissos fora não permitia. Entrei no Doutorado e em duas graduações online – uma de Ciências Sociais (literatura) e outra de História (bacharelado). A licenciatura porque achava importante ter uma, do ponto de vista profissional mesmo, abrindo possibilidades. Em Ciências Sociais porque sinto falta da minha formação de base depois que entrei no Doutorado nesse campo. E História porque sempre foi a minha paixão.

Já em 2023, com o início do intercâmbio com o doutorado, eu vi que me sobrecarregaria demais se mantivesse as graduações. Portanto, em determinado momento do ano eu tranquei e aproveitei esse período para repensar a vida. Hoje eu já tenho um pouco mais de clareza e pude retomar uma Licenciatura, mas optei por fazê-la em História, e não Ciências Sociais, e vou explicar por quê.

Como todo ser humano, eu acumulo algumas frustrações. Uma delas foi não ter feito História na USP quando eu passei na época do vestibular. Optei por fazer Jornalismo na Cásper Líbero, que parecia um curso em que eu leria, escreveria e estudaria História mas teria uma aplicação prática e com mais chances de “mercado”. Na teoria parecia lindo mas, na prática, hoje eu sei que, se eu for uma boa profissional, em qualquer área eu me viraria bem. Me fez falta essa formação em História, que hoje vejo que é o que eu mais gosto de estudar. Antes de entrar no Doutorado em Ciências Sociais, estava em dúvida entre os dois campos. Eu continuo amando Ciências Sociais, mas acredito que o estudo da História me fascina mais, porque é um campo vivo, que vive tendo reinterpretações e descobertas.

Logo, ao voltar este ano a pensar novamente em retomar a Licenciatura, eu achei que faria mais sentido voltar estudando História.

Optei por começar do “zero”. Isso significa que não aproveitei disciplinas já cursadas. Quero estudar de novo. Eu sou outra pessoa, tenho outro nível de entendimento e maturidade, e quero fazê-las. Já tenho algumas ideias para a minha monografia (provavelmente produtividade nos campos de concentração nazistas) e eu sei que essa graduação vai me ajudar a pensar no próximo passo depois do doutorado.

O doutorado acaba no final deste ano no máximo. A graduação dura quatro anos, mas é online. Eu já sou graduada, então não dependo desta graduação em específico para fazer outros cursos, como pós-graduações. Mas eu ainda não sei se quero fazer um pós doc ou um novo mestrado (em História). Vou ter esse tempo para decidir.

Ainda tem o desenvolvimento da universidade pessoal, que vou falar em outro post. Mas considero esses cursos apropriados para o meu momento. E quis, com este post, esclarecer a dúvida que alguns de vocês tinham sobre como estava o andamento das minhas graduações.

Preparando meu filho para o Ensino Médio

Acredite se quiser: este ano o Paul entra no Ensino Médio. Aqui vai um pouco de como estou me preparando para ajudar meu filho nessa nova fase:

Ano de ficar em casa

Durante 2023 e 2024 eu fiz parte do meu Doutorado fora e viajei bastante. Este é um ano de ficar em casa. Além de focar no término do meu Doutorado, quero estar próxima ao Paul para apoiá-lo em uma fase tão importante da sua vida. Por mais que ele já esteja naquela idade de querer ficar apenas com os amigos e não com os pais, sempre estarei aqui por ele.

Aqui em casa ele tem uma mesa de estudos no quarto dele, com um computador também, luminária, material de papelaria e uma estante para os livros e cadernos. Também estou me preparando para voltar a fazer marmitas uma vez por semana ou a cada duas para que ele sempre tenha uma comidinha caseira e a gente evite ficar pedindo delivery.

Chegou a hora de ensinar sobre organização

Ele finalmente vai precisar, em um nível um pouco mais refinado. De acordo com o interesse dele, quero ensiná-lo sobre práticas básicas, especialmente o uso da agenda e listas, planejamento semanal e, o mais importante: higiene do sono.

Conversas sobre responsabilidades

Ele já entende que o Ensino Médio tem sua importância e disse que quer se dedicar mais aos estudos. Masssssss eu já fui adolescente e sei que esse papo pode se construir sobre um castelo de areia, então quero garantir, através de conversas, que ele sempre se lembre das suas responsabilidades e também pense sobre o futuro.

O Paul é uma pessoa talentosíssima e com dom para matemática, e não gostaria que ele desperdiçasse isso. No entanto, sou bem realista com relação ao que é expectativa minha e o que é desejo dele, e ele que deve decidir. Estou aqui para apoiá-lo no que for melhor.

Apoio de modo geral

Quero que ele leve os estudos a sério, mas sem abrir mão de hobbies, amigos e momentos de descanso. Estou ajudando a explorar atividades extracurriculares para que ele se conecte com o que realmente gosta.

O apoio emocional também se faz necessário. A adolescência já é um período cheio de emoções, então, além de falar sobre bullying, ansiedade e desafios sociais, estou me comprometendo a ser uma ouvinte presente. Também estou dando espaço para ele aprender a tomar decisões e lidar com imprevistos. Afinal, o Ensino Médio é um ótimo momento para começar a praticar autonomia com segurança.

Seguem aqui algumas dicas adicionais que acredito serem úteis caso você esteja passando por algo semelhante com seus filhos:

Incentive a comunicação aberta

  • Crie momentos no dia para conversar sobre como ele está se sentindo em relação à escola, amigos e professores.
  • Mostre que ele pode contar com você para compartilhar suas preocupações ou conquistas.

Estimule hábitos saudáveis

  • Garanta que ele tenha uma rotina equilibrada, incluindo horários regulares para dormir, alimentar-se bem e praticar atividades físicas.
  • Discuta a importância de pausas para evitar sobrecarga mental.

Prepare-se para apoiar nas mudanças

  • Lembre-se de que o Ensino Médio traz novos desafios, como lidar com matérias mais difíceis e responsabilidades maiores. Esteja disponível para ajudar quando necessário.
  • Ofereça apoio emocional, principalmente em períodos de provas ou decisões importantes.

Valorize pequenas – e grandes – conquistas

  • Celebre os esforços e conquistas diárias, como completar uma tarefa ou aprender algo novo.
  • Isso aumenta a autoconfiança e o motivará a continuar se dedicando.

Ofereça recursos para o aprendizado

  • Se possível, invista em materiais de apoio, como livros, cursos online ou aplicativos educativos.
  • Ajude-o a organizar os materiais escolares para facilitar os estudos.

Ajude na gestão do tempo

  • Trabalhem juntos em um calendário ou cronograma semanal para que ele possa gerenciar as tarefas e atividades.
  • Encoraje a priorização e a divisão de grandes tarefas em partes menores (provavelmente projetos).

Esteja atenta/o ao seu bem-estar social

  • Fique atento às dinâmicas sociais e à integração dele na nova escola.
  • Converse sobre o que significa ser um bom amigo e como lidar com conflitos ou desafios nos relacionamentos.

Planeje momentos de qualidade em família

  • Com o aumento das responsabilidades escolares, pode ser fácil perder os momentos juntos. Programe atividades em família para fortalecer os laços e dar a ele um espaço seguro para relaxar.

Espero que essas dicas possam ser úteis e que vocês aproveitem ao máximo essa nova etapa!

Essa é só a base do que estou fazendo para apoiá-lo nessa fase.

E você? Já passou por isso ou está se preparando também?
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Vou adorar trocar umas figurinhas.

Liberdade criativa para a produtividade

A produtividade, na forma como conhecemos, costuma ser definida por padrões rígidos e muitas vezes exaustivos. Aprendemos que ser produtivo é realizar o máximo possível no menor tempo, cumprindo listas intermináveis e colocando o “fazer” acima de tudo. Mas eu acredito que existe um outro caminho, um caminho que valoriza a autenticidade e o ritmo de cada um de nós. Hoje, eu quero convidar você a repensar o conceito de produtividade e a descobrir como a liberdade criativa pode transformar a sua maneira de trabalhar e viver.

Quando seguimos um modelo de produtividade rígido, tendemos a sufocar nossa criatividade e esgotar nossa energia. A pressão constante para estar ocupado, a meta de “fazer mais” e o medo de deixar algo para depois nos prende em um ciclo que desconsidera nossas necessidades pessoais e bloqueia nosso potencial criativo. Esse modelo, que prioriza resultados a qualquer custo, ignora algo fundamental: a produtividade não precisa, e nem deve, ser uma prisão. Ao contrário, ela pode ser um ato de liberdade, onde o trabalho e a vida se tornam reflexos genuínos de quem somos.

Liberdade criativa é permitir-se personalizar sua rotina, moldando-a para refletir o que você valoriza, o que te faz bem. Isso significa quebrar as regras do “tem que ser assim” e ousar criar seu próprio ritmo, com pausas e momentos de introspecção. Quando você permite que o seu dia flua de forma mais orgânica, abre espaço para uma rotina mais leve e alinhada com o seu ciclo de energia. Talvez você descubra que precisa de um tempo de descanso antes de se sentir criativo, ou que funciona melhor à tarde. Essas adaptações, por mais simples que pareçam, são a chave para uma produtividade que respeita quem você é.

A liberdade criativa também envolve improvisação. Assim como no jazz, onde a música se forma a partir de momentos espontâneos, uma rotina produtiva pode incluir espaço para o inesperado. Ao permitir a flexibilidade e a adaptação no trabalho, você abre caminho para novas ideias e perspectivas. A improvisação não significa desorganização, mas sim permitir-se explorar e encontrar o melhor ritmo para você. A produtividade deixa de ser uma série de tarefas mecânicas e se torna um processo vivo e dinâmico, que você ajusta e reinventa conforme as suas necessidades.

Ao escolher uma produtividade com mais liberdade, você não está apenas construindo uma rotina; está criando uma vida com mais significado. Quebrar as regras tradicionais e se permitir uma abordagem mais criativa é uma forma de se libertar das expectativas externas e se aproximar do que realmente importa. A pergunta que fica é: o que significa produtividade para você, quando a liberdade é o centro? Que tal se permitir descobrir?

Ritmo do dia como se fosse um jazz

Executar tarefas no ritmo do jazz é transformar a rotina diária em uma jornada fluida e intuitiva, onde cada atividade é uma nota que compõe a melodia do seu dia. Assim como o jazz, que abraça a improvisação e a liberdade de criação, essa abordagem convida você a se afastar de estruturas rígidas e listas inflexíveis, permitindo que as tarefas se encaixem naturalmente no seu ritmo pessoal.

Em vez de seguir uma agenda apertada e imposta, você se move de acordo com sua energia, inspiração e disposição, ajustando o dia com leveza e espontaneidade.

No ritmo do jazz, as pausas são tão importantes quanto as ações. Assim como os músicos utilizam o silêncio para dar destaque às notas seguintes, ao executar tarefas, as pausas intencionais se tornam essenciais para recuperar o fôlego, refletir e recalibrar a energia. Essas pausas não são interrupções, mas sim partes essenciais do fluxo, permitindo que você mantenha o equilíbrio entre momentos de alta intensidade e relaxamento, sem forçar um ritmo que não se encaixa no momento presente.

Abraçar essa forma de produtividade é ter a coragem de improvisar, adaptando-se às circunstâncias do dia e se permitindo mudar o rumo quando necessário.

Quando você executa tarefas como se fosse um músico de jazz, cada dia é uma nova composição, onde a flexibilidade e a intuição guiam suas escolhas. Algumas vezes, as notas são intensas e cheias de ação; em outras, são suaves e contemplativas, mas todas têm valor.

É sobre encontrar seu próprio ritmo e harmonizar as demandas do dia com o que faz sentido para você naquele instante, criando uma rotina que é tão única e autêntica quanto uma melodia improvisada.

O que você acha dessa ideia?

Produtividade Beatnik

“Produtividade beatnik para os corajosos” é um chamado para aqueles que se recusam a seguir a norma imposta pela produtividade tradicional.

Inspirada na essência contracultural dos beatniks, essa abordagem desafia o modelo linear e repetitivo que domina o mundo do trabalho moderno. Em vez de focar em eficiência a qualquer custo, a produtividade beatnik valoriza a autenticidade, o autoconhecimento e a liberdade criativa.

É sobre criar um ritmo próprio, que respeite os ciclos pessoais e abrace as pausas, as reflexões e até mesmo os momentos de caos como parte do processo produtivo.

Para os corajosos que seguem esse caminho, a produtividade deixa de ser uma corrida para se tornar um ato de resistência e expressão pessoal.

É uma rejeição ao frenesi de estar constantemente ocupado e uma escolha por um viver mais profundo e significativo. Envolve questionar as expectativas sociais e construir uma rotina que faz sentido para o indivíduo, sem medo de experimentar e explorar novas formas de ser e fazer.

Como os beatniks, que buscavam autenticidade em cada verso e em cada jornada, a produtividade beatnik é um convite para trilhar um caminho único, onde trabalho e vida se misturam de maneira fluida.

A coragem de seguir uma produtividade beatnik está em desapegar dos padrões e abraçar a incerteza. É preciso confiar no próprio processo e valorizar mais a jornada do que o destino final.

Assim como a escrita livre e intensa dos poetas beatnik, essa forma de produtividade flui em ciclos, respeitando as pausas e os momentos de explosão criativa.

Para quem busca viver de forma autêntica e alinhada com suas verdadeiras intenções, essa abordagem é uma forma de se libertar do ritmo imposto e construir um cotidiano que honre a liberdade de ser quem se é, sem concessões.

Certamente uma ramificação da nossa árvore maior – a produtividade compassiva. Vem novidade por aí. Continue acompanhando. 😉

Finalizei o meu estágio na Polônia

Eu nem acredito que consegui.

Foram meses muito difíceis, caros, de saudade do Paul, dos cachorros, um sentimento de não pertencimento a nenhum lugar, solidão, insegurança, falta de autoconfiança etc.

Mas acabou.

A proposta do estágio era passar 5 meses na Polônia convivendo com professores e pesquisadores e agregando conhecimentos para a minha tese.

Por eu ter um filho, eu não conseguiria fazer os 5 meses corridos. Então eu fui e voltei para o Brasil algumas vezes durante esse período, o que foi caro e cansativo, mas valeu cada centavo por poder ver o meu filho e estar em momentos importantes da vida dele.

Ao mesmo tempo, concluí um projeto que, geralmente, uma mãe não consegue fazer justamente pela rotina da maternidade.

Nem preciso dizer que o papel do pai do Paul foi essencial nesse processo. Ele cuidou de absolutamente tudo, inclusive dos doguinhos. Sou absolutamente grata e não é porque estamos separados que deixamos de ser família. Ele é meu amigo desde os 17 anos de idade e pai do meu filho. Nossa relação durará pra sempre.

Estou finalizando alguns trâmites finais aqui na Europa e logo volto para o Brasil.

Eu me sinto grata por essa oportunidade, por mais difícil que ela tenha sido. O apoio do meu namorado foi fundamental. Eu não teria conseguido sem ele.

Fui muito produtiva intelectualmente na Polônia, escrevendo muito! E pude aproveitar cultural e historicamente muita coisa, como a visita a Auschwitz.

Por gostar de estudar sobre a Segunda Guerra, eu sabia que a Polônia era um país sofrido. No entanto, eu saio de lá com outra sensação. De que é um país FORTE. Que resistiu bravamente a diversas invasões e tragédias, lutou sempre e nunca desistiu.

Eu concluí esse estágio com um convite para voltar novamente no ano que vem, mas acredito que não farei essa opção. Meu foco está no término do doutorado – o que deve acontecer até o meio do ano – e depois disso eu preciso colocar as minhas ideias no lugar e planejar artigos, congressos e outros projetos. O que eu sinto no momento, de verdade, é que preciso estar na minha casa, reconstruir a minha rotina, ficar mais de boa depois de tantas viagens. Foi cansativo, afetou minha saúde, então eu preciso focar em me recuperar e ficar bem.

Se eu pudesse aproveitar mais uns dois meses, talvez com outubro e novembro, sairia ainda mais enriquecida, pois é quando voltam as aulas e haverá alguns congressos. Mas tá tudo bem. Pude aproveitar muito, deu certo, e agora é hora de voltar pra casa.

Reta final do estágio na Polônia: revisão e planejamento

Estou entrando no último mês do meu estágio aqui na Polônia, e a sensação de que o tempo passou rápido demais é inevitável. Com a proximidade do fim, decidi tirar um momento para revisar todo o trabalho que já foi feito e planejar as próximas semanas com bastante cuidado. Fiz isso no último domingo.

Revisitei o documento inicial do estágio, onde estão definidos os marcos de entregas e os objetivos que deveriam ser alcançados ao longo desses meses. Foi uma ótima oportunidade para relembrar o que já foi conquistado e ter uma visão clara do que ainda precisa ser feito. No final das contas, eu fiz 90% já do que está ali, e foi bom saber disso, mas também me lembrei de um “nice to do” que acredito que dê tempo para fazer, e vou tentar na próxima semana.

Com base nessa revisão, fiz uma lista de pendências, detalhando cada tarefa que ainda falta ser concluída. Organizei tudo de forma a priorizar o que é mais importante e o que precisa de mais atenção. Agora, com a lista em mãos, meu foco é cumprir essas últimas etapas, garantindo que cada objetivo seja atingido antes de eu me despedir desse país (por hora). Distribuí as tarefas meio de acordo com o foco de cada semana e parece factível.

Sim, é o meu Bullet Journal vs. lisérgica

Meu desafio nunca foi a execução. Sou boa e rápida nisso. O que sempre costuma ser um desafio para mim são as questões emocionais ou de saúde que me pegam pelo caminho. Espero ficar bem. São os últimos dias.

Vamos em frente, que ainda tem muito a ser feito!

Como se preparar mental e psicologicamente para visitar um campo de concentração?

Uma seguidora me fez essa pergunta esses dias e eu refleti escrevendo no meu diário a respeito, e compartilho aqui com vocês.

Eu não diria que exista um preparo específico. É o estudar o assunto a vida toda, a minha formação humanista e budista, a prática diária de meditação que me ajudam.

Eu também diria que a motivação correta (é um memorial e não um “ponto turístico”) e ter um foco em mente (minha pesquisa) ajudam não pirar (tanto) com tanta informação visual, sensorial, auditiva.

Ano passado, quando visitei Dachau, ficar em silêncio antes, durante e depois da visita me ajudou bastante. Em respeito a tudo mas para a minha própria absorção da situação. Eu sinto que me ajudou.

Chegar depois no hotel, sendo grata pela minha vida e pelo banho quente que eu posso tomar, a cama que posso dormir, a comida que posso jantar. Entoar o dia todo mantras de compaixão em respeito aos mais de 1,1 milhão de pessoas que morreram nos campos. E aí é procurar descansar. Pintar aquarela, jogar Magic, “esvaziar a mente”.

E, no dia seguinte, reunir minhas notas de campo, os materiais que pegarei lá e escrever. Escrever. Fazer conexões com as notas que já tenho (zettelkasten), escrever no meu diário sobre a experiência do ponto de vista pessoal etc.

O que mais me impressiona em um evento como esse foi ele ter acontecido há quase 100 anos e repetirmos, continuamente, que jamais devemos permitir que aconteça novamente, mas neste exato momento estamos vendo uma situação similar na Palestina. Eu acho que, como humanidade, a pergunta que devemos fazer é: como fazer ESTA guerra parar? Como evitar mais tantas mortes AGORA por um projeto de poder?

Aconteceu há 100 anos, acontece hoje e, se não aprendermos efetivamente, acontecerá sempre.

Organizando os meus cards de Magic

Após anos e tentativas, acredito que tenha chegado finalmente a um sistema de organização que faça sentido para a minha realidade hoje de cartinhas e que me permita fazer adaptações com o tempo.

A primeira coisa é definir de verdade o propósito dos cards. Eu digo isso mas, para mim, antes, o propósito não estava muito claro. Se era apenas colecionar, para que ter 4 versões da mesma carta (algo válido para quem joga em algumas modalidades competitivas, que permitem a repetição de até quatro cartas em um mesmo deck de jogo.

O que quero dizer é que não dá pra organizar todos os cards do mesmo jeito. Existem cards que eu vou querer ter para jogar. Outros apenas para colecionar. Além disso, vou ter minhas coleções preferidas que vou querer ter tudo meeeesmo, além de artistas que considero incríveis e que gostaria de ter uma pastinha só para os cards deles. Por isso, cheguei às seguintes conclusões sobre a organização.

Competitivo: no Arena

O Magic tem a versão online do jogo que, para mim, funciona melhor para jogar com outras pessoas. Nunca gostei muito dos jogos pessoalmente, em lojas ou eventos. Não gosto de barulho, tenho uma certa fobia social, e não manjo tanto assim das cartas para entender exatamente o que cada oponente está fazendo. Por isso, até tinha me afastado do jogo nos últimos anos. A coleção de O Senhor dos Anéis e o Arena me fizeram voltar a ter vontade tanto de jogar quanto de colecionar, e eu me sinto bem sabendo que, para competições, meu negócio é o online. Tenho alguns amigos que jogam presencialmente e, com esses, tudo bem jogar muito de vez em quando. Mas aí o próprio Arena me ajuda a testar as cartas e decks que posso querer ter na versão física também.

Decks de jogar

Então a ideia é ter decks prontos organizados para quando quiser jogar – meus preferidos, nos formatos preferidos. Um bom commander, um legal pro standard, outro pro pre-modern, um pro pioneer, um pro legacy e por aí vai. E aí nesses eu controlo melhor o que vou ter 4 cópias de cartas ou não, ou seja, não preciso ter 4 cópias de um monte de carta sem sentido. Além do que, ter os decks prontos torna tudo mais organizado para quando eu for jogar – basta escolher e levar. Se precisar ou quiser fazer substituições, tudo bem, mas de modo geral fica melhor já deixar montado pronto com os terrenos, shields, reservas etc.

Coleções preferidas

Coleções bonitas, preferidas, como a do Senhor dos Anéis e essa mais recente, a Blumburrow, merecem sinceramente uma pasta para só para elas. São cartas com artes lindas, que vale ver na sequência, “estudar” o lore, apreciar os detalhes com uma lupinha, garimpar versões nas lojas e sites. Se você for colecionar de Magic de verdade, eu acredito que ter uma pasta por coleção seja a melhor maneira de organizar, porque coleção é aquilo – a gente gosta de olhar, curtir, manusear. E, estando em uma caixa, fica mais difícil. As cartas dentro de uma coleção têm uma numeração então fica muito fácil organizar a ordem interna delas e identificar o que está faltando. Se alguma carta estiver sendo usando em algum deck, basta colocar um cardzinho curinga ali informando que ela está no deck X, e tá tudo bem.

Reprints

Essa organização por coleções também ajuda a organizar as reprints, que são versões diferentes de uma mesma cartam seja pela estética mais retrô ou pela arte nova, frases usadas na descrição etc.

As caixas

As caixas organizadoras, que aí cuja quantidade depende do tamanho da sua coleção, são boas para guardar “toso o resto”. Ou seja, aquilo que você não tem o suficiente para ter uma única pasta ainda, cartas com vários reprints e por aí vai.

Repetidas

Eu gosto de separar as cartas repetidas (para trocar ou venda) em inglês e em português. Isso porque, no mundo, as cartas em inglês são mais valorizadas e eu pretendo trazer as minhas para trocar ou vender quando fizer alguma viagem internacional. Já as cartas em português eu posso vender separadamente (especialmente as raras e míticas) ou trocar, que seja por lotes.

Shields

É um trabalho de longo prazo, mas eu decidi que, se vale a pena manter uma carta, vale a pena protegê-la com uma capinha adicional. Por isso, aos poucos estou colocando sleeves em todas as cartas. Uso laranja para as míticas, amarela para as raras, cinza para as incomuns e preta para as comuns. E as cartas que pretendo trocar ficam com a shield mais simples (e barata), transparente, além de estarem na pasta. Eu faço isso porque às vezes a pessoa quer manusear a carta tirando de dentro do envelope da pasta etc, e assim as cartas ficam mais protegidas.

Aí é claaaaaro que vale recomendar que você tenha um budget específico para gastar com isso tudo mensalmente para o trem não sair do controle mas, como eu coleciono, eu acabo comprando sempre as cartas mais baratinhas e, com o tempo, invisto nas mais caras, se não for algo completamente fora da realidade.

PS: não tenho proxies.

Como eu faço com dinheiro nas viagens internacionais

Uma leitora me pediu para falar sobre isso e acho que vale um post.

A resposta é bem simples na verdade. Após várias tentativas nos últimos anos, eu costumo usar, hoje, um cartão de débito que seja fácil de recarregar via aplicativo e que também permite que eu pague por aproximação e saque dinheiro. Isso resolve a minha vida, pois existem lugares que só aceitam pagamento em dinheiro e esses cartões servem para sacar de qualquer caixa eletrônico normal do país.

Eu conheço e uso dois: Wise e Nomad. Particularmente prefiro o Wise por achar mais prático. A transferência é por pix – você diz quanto quer enviar, ele dá uma chave, você copia, cola no Internet Banking e transfere. Aí basta, dentro do aplicativo, converter para a moeda que deseja usar (euro, dólar, real). O da Nomad é feito por transferência, o que sempre acho um processo mais chatinho, apesar de funcionar também. Dizem que o cartão da Nomad tem ouras vantagens, até para investimentos, mas eu nunca investiguei nem me interessei ainda por esse tema. Uso os cartões exclusivamente para pagamentos no exterior.

Apesar de ambos terem o recurso de pagamento por aproximação, vale a pena ter o cartão físico porque alguns lugares pedem. Além disso, depois de uma quantidade de uso no mesmo dia, por segurança o app pede que seja usado o cartão com chip.

O recebimento da bolsa da faculdade aqui em Varsóvia também foi feito pela conta da Nomad, o que achei bastante prático. Também dá para transferir. Eu precisei pagar por uma consultoria para uma moça em euros e a transferência foi muito tranquila pelo próprio aplicativo.

Se você se inscrever na Wise ou na Nomad pelos meus links, nós dois ganhamos vantagens. Seguem:

Para mim, algo que conta muito é não passar perrengue, pois já passei por situações difíceis em viagens. Então o que eu procuro fazer é ter sempre pelo menos dois cartões de crédito para emergências (um visa e um master, pois tem lugar que só aceita um ou outro). A taxa de pagamentos pelo cartão de crédito é muito maior que a dos cartões de débito, mas eles ainda são necessários para reservas de viagens, hotéis, hospedagens, vôos etc. Vale a pena ter e levar.

Viagens e passeios em casal: como organizar

Quis escrever sobre isso porque é um tema que suscita muitas dúvidas e tenho várias dicas para compartilhar. Organizar viagens e passeios em casal pode parecer complicado, mas com um pouco de planejamento, tudo fica mais fácil e divertido. Desde escolher o destino até arrumar as malas e planejar os roteiros, existem algumas estratégias que podem tornar a experiência mais tranquila e prazerosa. Então, resolvi dividir um pouco do que aprendi para ajudar vocês a aproveitarem ainda mais esses momentos a dois.

Tudo começa pelo propósito. É super importante alinhar as expectativas antes de viajar. Se cada um esperar algo diferente da viagem, isso pode gerar conflitos. Um pode querer descansar e relaxar, enquanto o outro pode estar animado para explorar e fazer várias atividades. Por isso, conversar e chegar a um consenso sobre o que cada um deseja é essencial para garantir que ambos aproveitem ao máximo e fiquem felizes com a experiência.

Uma vez definido o propósito, é hora de planejar os detalhes. Decidir juntos os destinos, fazer uma lista de lugares que ambos querem visitar e atividades que gostariam de fazer. Criar um itinerário balanceado que inclua momentos de descanso e aventura pode fazer toda a diferença. E não se esqueça de ser flexível! Deixar espaço para espontaneidade e ajustes de última hora ajuda a manter a viagem leve e divertida. O importante é que ambos se sintam envolvidos e animados com o que está por vir.

Uma coisa que ajuda muito é buscar atividades e interesses que ambos gostam. No nosso caso, adoramos arte, história, política, música, ciência, livros, desenho, fotografia, moda e comidas típicas. Então, a gente sempre tenta incluir passeios que englobem esses interesses, como visitar museus, galerias, livrarias e locais históricos, além de explorar a gastronomia local. Isso faz com que cada momento da viagem seja interessante e divertido para os dois, criando memórias que realmente significam algo para nós. Encontrar esses pontos em comum torna a experiência ainda mais especial.

Eu costumo criar uma lista no Google Maps e compartilhar com ele para colocarmos os locais que parecem interessantes para visitarmos. Isso facilita muito o planejamento, pois podemos adicionar pontos turísticos, restaurantes, cafés, e qualquer outro lugar que queremos conhecer. Além disso, fica mais fácil visualizar a proximidade entre os locais e organizar o roteiro de forma prática. Adoro essa parte do planejamento, porque já começamos a entrar no clima da viagem juntos, explorando virtualmente tudo o que queremos fazer.

Sobre orçamento, é sempre bom definir um valor que ambos estão confortáveis em gastar. Isso ajuda a evitar surpresas e garante que a viagem seja aproveitada sem estresse financeiro. Nós gostamos de fazer um planejamento prévio, estimando os custos com transporte, hospedagem, alimentação e atividades, mas sem neuras. Funciona mais ou menos assim: “vamos tentar gastar no máximo 100 euros com a diária do hotel?”. Ou: “você paga o almoço, eu pago a janta”. Funciona para nós. Conversem entre vocês! Também é uma boa ideia deixar uma margem para gastos inesperados ou compras impulsivas. Estabelecer um orçamento claro desde o início permite que a gente se divirta sem ficar preocupado com as finanças, aproveitando cada momento da viagem.

Meu namorado gosta de usar o Trello para se organizar, então eu criei um quadro lá para colocar infos da viagem, como o hotel, comprovante de passagens, tickets etc, pois assim mantemos os arquivos organizados. Essa é uma dica que pode ser legal para você que é organizada/o: usar a ferramenta que é comum à outra pessoa. Assim você não tem que ficar “ensinando” caso você use algo mais complexo tipo um Notion ou algo assim.

O restante depende do propósito da viagem. Se a ideia é relaxar, a gente reserva mais tempo para curtir o hotel, fazer passeios tranquilos e aproveitar momentos de descanso. Se é uma viagem mais aventureira, planejamos atividades como trilhas, visitas a museus e eventos culturais. O importante é manter o propósito em mente para que a viagem atenda às expectativas de ambos e seja uma experiência prazerosa. Flexibilidade e comunicação são chave para ajustar os planos conforme necessário e garantir que todos aproveitem ao máximo.

Sobre fotos, eu crio um álbum compartilhado no Dropbox onde colocamos todas as fotos da viagem. É uma maneira prática de organizar e guardar as lembranças, e também facilita o acesso para ambos. Adoro ver as fotos que cada um tirou, pois temos diferentes perspectivas e estilos. Além disso, é ótimo para revisitar os momentos especiais sempre que quisermos e até compartilhar com amigos e familiares. Manter tudo em um só lugar ajuda a preservar as memórias de forma organizada e acessível. Um backup diário durante a viagem pode ser legal, até pra liberar memória, mas dá para fazer semanal ou mensal, se preferir.

Organizando: nova temporada na Europa

Lá vou eu para mais um período na Europa, desta vez para finalizar o meu intercâmbio na Universidade de Varsóvia. Ficarei menos de dois meses lá e sei que serão semanas corridas, mas eu quis compartilhar um pouco aqui sobre a minha organização para essa viagem.

Organizando a mala para a viagem, decidi que vou levar apenas uma mochila nas costas, já que deixei roupas e equipamentos na casa do meu namorado em Berlim. A ideia é levar só o essencial mesmo, apenas o que vou usar antes de chegar em casa. Como vou fazer uma escala em Portugal, vamos aproveitar para descansar no final de semana antes de voltar para a Alemanha. Então, estou focando em itens práticos e versáteis, garantindo que terei tudo o que preciso sem carregar peso desnecessário. Na passagem de volta já comprei duas malas para despachar, pois acredito que tenha bastante coisa para trazer.

A ideia é organizar minhas coisas assim que chegar em Berlim e já voltar para Varsóvia, onde passarei a semana toda trabalhando na minha pesquisa. Isso vai exigir um planejamento semanal muito bem feito, já que estarei me adaptando ao fuso horário novamente e também preciso conciliar com o trabalho no Brasil. Vai ser uma correria, mas com uma boa organização, sei que consigo dar conta de tudo. O segredo vai ser manter uma rotina bem estruturada, priorizar as tarefas e, claro, reservar um tempinho para descansar e me adaptar às novas condições.

Como eu fiquei muito deprimida estando sozinha e longe do meu filho e de todos quando estive em Varsóvia em maio, decidi que aos finais de semana vou viajar para encontrar meu namorado. Isso vai ajudar a diminuir um pouco essa carga e me dar um respiro para manter a saúde mental e aguentar o final desse projeto. Achei que seria um investimento em saúde mental que valeria a pena, porque o importante é eu ficar bem e conseguir finalizar tudo o quanto antes. Passar tempo com ele vai me dar o suporte emocional que preciso para encarar essa reta final com mais tranquilidade.

Também foi importante deixar tudo ok aqui em São Paulo. Conversei com o filhote para garantir que ele está bem, cuidei para que os dogs estejam bem cuidados e alinhei tudo com meu ex-marido. Isso me dá a tranquilidade necessária para viajar e aproveitar essa experiência sem tantas preocupações. Saber que tudo está sob controle aqui em casa me permite focar no intercâmbio e nas minhas pesquisas, aproveitando ao máximo cada momento dessa nova temporada na Europa.

É uma oportunidade privilegiada e importante, e quero aproveitar ao máximo. Ter a chance de finalizar meu intercâmbio na Universidade de Varsóvia é algo que não acontece todo dia, então estou determinada a tirar o melhor proveito dessa experiência. Além de crescer academicamente, é uma chance de viver novas culturas, fazer novos amigos e acumular memórias incríveis. Vou me jogar de cabeça nessa aventura, sabendo que fiz todo o possível para deixar as coisas bem organizadas aqui em São Paulo e poder me concentrar totalmente no que está por vir.

Me desenvolvi enormemente intelectualmente nesses meses em que estive lá, e, mesmo sem perceber, tive um retorno muito positivo da minha professora orientadora aqui no Brasil sobre um artigo que escrevi. Ela fez muitos elogios, o que me fez perceber que estou no caminho certo afinal. Foi uma sensação incrível ver meu esforço sendo reconhecido e saber que todo o trabalho e dedicação estão valendo a pena. Esse tipo de feedback me dá ainda mais motivação para continuar me empenhando e aproveitando essa oportunidade ao máximo.

Dá até vontade de enquadrar esse e-mail haha

Será uma temporada de muito trabalho, mas também cheia de oportunidades. Além de finalizar meu intercâmbio, vou conseguir fazer uma parte da pesquisa de campo para o meu pós-doc, que comentei em outro post. Estou especialmente ansiosa para visitar o campo de concentração de Auschwitz, que é o mais famoso de todos. Essa visita será uma experiência intensa e importante para a minha pesquisa.

Basicamente, minha rotina será bem puxada: durante a semana, vou me dedicar à pesquisa e passar bastante tempo na biblioteca. À noite, vou trabalhar no Vida Organizada, mantendo tudo em dia. E, claro, aos finais de semana, vou tirar um tempo para descansar e recarregar as energias. Essa combinação de trabalho intenso e pausas para relaxar vai ser essencial para manter o equilíbrio e conseguir aproveitar essa temporada ao máximo.

A nível pessoal, estou torcendo para conseguir ajudar meu namorado com a mudança de apartamento dele, além de estar ao lado dele para comemorar seu aniversário. Vai ser ótimo poder dar uma força nessa nova fase e também celebrar uma data tão especial juntos.

Voltando para o Brasil, a rotina vai ser intensa: disciplina no doutorado, entrevistas para a pesquisa de campo e muita escrita para conseguir defender a tese até a metade do ano que vem. Vou precisar de bastante foco para dar conta de tudo, mas estou determinada a alcançar esses objetivos. É um desafio grande, mas com organização e disciplina, sei que vou conseguir. Mas isso é foco para o quarto trimestre do ano. Por hora, é focar no presente e em aproveitar a vida da melhor maneira possível.

Minha mãe e meu ex-marido sempre me perguntam: “Pra que estudar essas coisas?” É difícil explicar para quem não é pesquisador a importância de temas tão dolorosos e complexos, mas quem está mais próximo de mim compreende completamente minhas motivações. E isso inclui vocês. Os comentários no post sobre o pós-doc me mostraram isso. Pra mim, é claro e faz sentido: apesar de ser um tema doloroso, precisamos de pessoas estudando sobre isso. Precisamos entender nossa história para não repetir os mesmos erros e para construir um futuro melhor. E é essa certeza que me motiva a continuar, mesmo quando o caminho é difícil. É um legado para o campo da sociologia do trabalho, em um trabalho de anos.

Organização e planejamento de aulas: como eu faço

Acho que vale a pena registrar como eu estou fazendo a organização e o planejamento das aulas atualmente, especialmente neste momento em que estou fazendo a migração para um modelo de trabalho mais autônomo. Eu ainda conto com as queridas professoras do MVO para aulas avulsas, e acho muito legal contar com elas para trazer uma conteúdo mais rico e diversificado para os alunos, com outros pontos de vista e experiências, além de ser uma oportunidade de desenvolvimento e uma fonte de renda para elas. Mas então funciona mais ou menos assim:

O tema do mês

Uma vez por mês, entre os dias 15 e 25, eu costumo fazer o planejamento das aulas do mês seguinte. Isso foi facilitado pelo fato de que, em 2024, eu atribuí uma área da vida para cada mês do ano, com foco em utilizar isso para direcionar as aulas e conteúdos. Tem dado muito certo e eu pretendo manter esse esquema para o ano que vem, pois sempre tem bastante coisa a se fazer em todas as áreas e cursos.

Brainstorm

Uma vez que eu tenha o tema do mês, eu faço um brainstorm em cima dele, pensando em todos os sub-temas que posso querer abordar, que sejam interessantes. Eu uso o ChatGPT para ter algumas ideias, e ele me ajuda, apesar de trazer muitos temas óbvios. Uso como base mesmo para trabalhar em cima. O diferencial vai ser justamente o meu olhar, a minha experiência em adequar o que faz sentido ou não, e isso o ChatGPT não pode fazer. Mas, para um brainstorm inicial, é interessante. Acredito que nós professores devemos utilizar essas ferramentas ao nosso favor, sem depender deles copiando e colando sem critério.

Inventário

A partir desse brainstorm, eu verifico o que já fiz de aulas e conteúdos sobre esses temas, tanto nos cursos pagos quanto nos conteúdos gratuitos. Reviso o blog, reviso o canal no YouTube e cada um dos cursos. Durante essa revisão, eu faço anotações sobre:

  • novas aulas possíveis
  • aulas antigas que precisam ser atualizadas
  • aulas antigas que quero gravar uma versão mais completa ou melhorada
  • complementos a aulas que já existem (como tutoriais)

E por aí vai.

Planejamento

Aqui eu me baseio nas informações organizadas para planejar. Isso significa saber que existe um calendário a ser cumprido de aulas, olhar esse calendário, e pensar nas aulas com base nos temas e nas gravações que farei ou demandarei às professoras ao longo do mês.

Por exemplo, se eu tenho aula toda quarta-feira no canal, eu defino quais serão os temas dessas aulas e já penso se eu sou a melhor professora para todos eles ou se seria legal convidar alguém.

Listo as aulas que preciso gravar, os materiais necessários e vejo os dias que costumo gravar ao longo do mês, para me organizar com essas gravações.

Delegando ações

Depois disso, é hora de compartilhar esse planejamento e verificar a disponibilidade dos professores para as aulas ao vivo e gravadas. Esse processo ainda está sendo organizado, especialmente nesse novo momento.

Semanalmente

Uma vez por semana, gosto de ver as aulas da semana e revisar os materiais para fazer atualizações e corrigir erros. O planejamento mensal me ajuda a compreender qual deve ser o foco da semana em si para me organizar ao longo dos dias com os materiais e gravações. Eu também planejo os conteúdos que pretendo produzir ao longo da semana com base no foco da aula de quarta.

Diariamente

Todos os dias eu:

  • leio
  • estudo
  • faço anotações
  • planejo materiais e aulas
  • escrevo conteúdos
  • gravo vídeos

Isso reflete as minhas responsabilidades profissionais no mapa mental que reviso mensalmente.

Então diariamente eu faço ajustes com base no que planejei para a semana e a minha disponibilidade no dia.

Veja que tudo é uma construção e um planejamento está vinculado ao outro. Nada está solto. Isso é um método. 😉

Espero que o post tenha sido útil.
Se tiver alguma dúvida sobre esse processo, pode deixar um comentário. Obrigada!

Ressignificando o blog

O blog Vida Organizada foi criado em 2006.

Ele não foi o meu primeiro blog. O primeiro blog que eu criei foi um blog pessoal no Geocities (antiga ferramenta de criar páginas no Yahoo!), completamente manual, em 2001. Em 2002, criei um blog sobre os Beatles – o Beatlemaníacos – que se tornou um portal significativo. E, em 2004, coloquei no ar um dos projetos mais ousados e bem-sucedidos para mim até então – o Bruxaria.net. Esse blog ganhou prêmios I-Best e ficou muito conhecido. Mas eu estou contando isso apenas para te dizer o quanto sempre gostei desse negócio. Sempre gostei de compartilhar conteúdo, e os blogs eram uma maneira prática de se fazer isso.

O fato é que, antes, naquela época, para mim fazia sentido criar um blog para cada assunto diferente que eu gostaria de tratar, para garantir um SEO mais específico para o site. No entanto, hoje, eu vejo que, como blog pessoal, basta um. Ultimamente eu tenho refletido bastante sobre isso e percebo que o meu blog é o Vida Organizada mesmo. Não preciso criar outro ou montar um com o meu nome. O blog se chama Vida Organizada, e é isso.

Você pode estar se perguntando então por que eu quis escrever este post. Qual o propósito dele. E o que eu quero é justamente compartilhar que o blog está sendo ressignificado como blog. Vou pegar os próximos meses para consertar posts anteriores, colocar ordem na casa, manter essa frequência diária de atualizações, justamente porque eu absolutamente amo compartilhar minha vida por aqui. Eu ainda acho que, em 2024, quem lê um blog é um público mais qualificado, que quer fugir da superficialidade do Instagram. E eu entendo porque sou essa pessoa. Nunca parei com o blog, e os momentos em que dei pequenas pausas nele por aqui sempre me deixaram com uma sensação de que algo estava faltando.

Escrever neste blog se tornou mais do que uma atividade profissional. Tornou-se parte de quem eu sou. É como se eu contasse uma narrativa descrevendo a minha vida um pouco todos os dias. Isso me ajuda a pensar na vida, a clarear as ideias, a ser coerente com as minhas atitudes também. Mais do que um diário, o blog me ajuda a ser uma pessoa melhor, de verdade.

Ressignificar o blog como blog foi uma decisão importante porque está me fazendo questionar cada aspecto do meu trabalho. Isso faz sentido? Não faz? Então por que continuo fazendo? E esses questionamentos são importantíssimos para construir uma vida que eu quero viver de verdade.

Seria mais fácil começar do zero, assim como é mais fácil criar uma lista de projetos nova em uma ferramenta diferente a revisar e atualizar a antiga. Mas eu honro a antiga. Por isso optei por ficar aqui e ir revisando e atualizando aos poucos.

Será que você tem gostado dessa novidade, que está aparecendo todos os dias por aqui nesses “novos velhos” posts?

Um beijo.

Planos para a minha biblioteca

Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro

Muitas vezes, quando estou conversando com o meu namorado sobre uma possível futura mudança para a Europa, eu brinco dizendo que a “treta” mesmo vai ser fazer a mudança da “biblioteca dos reis” – levar toda a minha imensa quantidade de livros através do oceano para uma nova casa em outro continente. Para quem não sabe, essa história de “biblioteca dos reis” teve até um livro escrito pela Lilia Schwarcz (antropóloga):

Primeiro de novembro de 1755, dia de Todos os Santos. A população de Lisboa se apronta para viver mais um pacato dia de feriado, sem imaginar o mal que vinha da terra. Em poucas horas, um terremoto devastador, seguido de incêndio e maremoto, destruiria a capital do Império e, junto com ela, sua célebre Real Biblioteca, fruto dos livros reunidos pelos monarcas portugueses por séculos.A narrativa de A longa viagem da biblioteca dos reis começa a partir desse episódio e percorre eventos fundamentais da história brasileira, sempre através dos livros. A antropóloga Lilia Schwarcz acompanha a reconstrução do acervo nas mãos do marquês de Pombal, os tempos incertos de d. Maria I, o angustiante momento da fuga da família real – que atravessava o Atlântico pela primeira vez – e as vicissitudes de sua nova vida nos trópicos, até chegar ao processo de independência brasileiro – quando se pagou, e muito, pela Real Biblioteca.Os livros, porém, permitem mais: são símbolos de poder e de prestígio, carregam dons e possibilitam viajar no tempo e no espaço. Ao evadir-se de Portugal, d. João não esqueceu da biblioteca – que veio em três viagens sucessivas -, assim como d. Pedro I não abriu mão das obras e do lustro que elas garantiam: nada como iniciar uma história autônoma tendo uma Biblioteca Nacional desse porte para assegurar um passado e conferir erudição a um país recém-emancipado.A longa viagem da biblioteca dos reis refaz muitas jornadas e mostra como, por intermédio de bibliotecários mal-humorados, obras selecionadas, ilustrações raras e muitos sistemas de classificação, pode-se contar uma outra história desse mesmo país.

Tá, eu não tenho exatamente essa mesma quantidade de livros e livros tão raros ou de herança como nesse caso. Tudo não passa de uma brincadeira. Mas a brincadeira soa como o famoso “kkcrying”: tô brincando mas, no fundo, é algo a se pensar. Então eu queria compartilhar com vocês quais são os meus planos.

No momento – e, quando digo momento, me refiro a momento de vida – eu estou organizando a minha biblioteca na sala comercial que antes pertencia ao Vida Organizada. Como eu estou fazendo esse movimento de migração para voltar a trabalhar sozinha, alguns itens não precisarão mais estar no escritório, tais como mesas, cadeiras etc. Então a minha ideia é transformar a sala em uma grande biblioteca, onde eu possa trabalhar e estudar também quando estiver no Brasil. Isso tiraria os meus livros de casa (moro de aluguel) e os deixaria em um lugar mais meu, já que a sala é própria (ainda pagando o financiamento, mas própria). Esse processo tem sido demorado porque estou viajando muitas vezes e então estamos levando estantes e livros todos aos poucos (minha família está me ajudando com a mudança). Eu ainda tenho muitos livros na antiga casa (cerca de 300) e mais alguns tantos (uns 200) no meu apartamento. Vou considerar esse projeto concluído quando eu conseguir levar tudo para a sala e, em uma segunda etapa, ter selecionado livros que não me interessam para doar.

O fato é que, diante de uma eventual mudança de continente, obviamente eu não pretendo levar todos os meus livros. Essa será uma outra fase, em que pretendo fazer o seguinte:

  1. Levar alguns poucos livros mais significativos e que não encontrarei por lá.
  2. Transformar a minha biblioteca aqui em uma biblioteca comunitária a serviço dos trabalhadores.

Eu ainda não sei exatamente como seria esse funcionamento – se eu mesma vou administrar essa biblioteca de longe ou se vou doar para alguma instituição já existente (mais provável). Mas minha ideia é definitivamente criar essa biblioteca comunitária, disponibilizando os livros para todo mundo. Outra possibilidade é abrir uma cafeteria com livraria – sonho antigo – aqui ou na Europa. Mas isso é sonho mesmo, que ainda não virou objetivo. O mais provável é que eu parta para a opção solidária de compartilhamento dos livros. É isso. 😉

Até lá, tenho muito ainda a curtir minha biblioteca, o que faço diariamente, onde eu estiver.

Reorganizando a minha rotina de volta ao Brasil

Estou de volta ao Brasil por algumas semanas para passar as férias de julho com o meu filhote. Isso envolve continuar a minha rotina de trabalho, estudo e pesquisa, mesmo à distância, ficar com ele e resolver algumas coisas em casa antes de viajar novamente. Por isso, foi importante reorganizar a minha rotina.

Como estou acostumada ao fuso horário de +5 horas, eu decidi tentar mantê-lo. Como meu filho está acordando tarde, porque está de férias, eu aproveito o período da manhã para trabalhar tudo o que preciso trabalhar no dia e que me demanda mais concentração, como escrever, responder e-mails e outras coisas do tipo. Almoço com ele, passo a tarde e o início da noite com ele, e de noite ele fica com o pai, que tem hábitos mais noturnos. E eu consigo dormir cedo. Basicamente é isso.

Tem sido uma boa rotina e estou conseguindo fazer o que preciso fazer e passando todo o tempo possível com ele. Vale lembrar que, por ele ser adolescente, ele tem suas próprias atividades, como ficar com os amigos, namorar (pois é) e jogar vídeo-game. Mas, sempre que está em casa, o fato de estar junto com ele conversar, fazer comida, comermos juntos, fazermos passeios etc, já faz toda a diferença.

É um período difícil esse das viagens mas logo acaba. Tô bem centrada em acabar logo para voltar e organizar as coisas por aqui depois desse intercâmbio e, apesar de ser difícil para todos, temos esse objetivo claro em mente, de que é algo bom para o nosso futuro como um todo. Focamos nisso.

Como está sendo a minha pesquisa na Polônia

Depois de alguns meses fazendo esse trabalho, acredito que agora eu consiga escrever com uma percepção melhor e atualizar vocês aqui no blog.

Fui convidada pela Universidade de Varsóvia, capital da Polônia, para um intercâmbio de pesquisa. Eu e uma outra pesquisadora da PUC em São Paulo fomos selecionadas por nossos projetos atenderem os requisitos do programa. Todo o processo demandou um investimento enorme de tempo e dinheiro da minha parte, pois a bolsa não cobre todos os custos. Seria um investimento que eu faria profissionalmente.

Os primeiros meses foram dedicados a reuniões com professores e assistir algumas aulas. Agora, que a universidade está em férias, meu trabalho deve se concentrar na pesquisa, usando a enorme base de dados da biblioteca da universidade, para finalizar na sequência com algumas apresentações e voltar para o Brasil.

Eu confesso que não esperava que fosse tão difícil como tem sido. Eu conversei muito com o Paul antes de viajar e, estando longe, nos falamos o tempo todo. Mas não tem sido fácil para mim nem para ninguém. Eu voltei a tomar um medicamento para controle da ansiedade – o que eu já tinha tirado há algum tempo. Esse “jogo” neurológico também custou caro, e eu tive dias em que cheguei a passar mal de verdade, achando que teria que ir para o hospital. A solução que encontrei foi esperar menos da faculdade e ter mais autonomia com a minha pesquisa, e também não ficar tanto tempo sozinha na cidade.

Eu confesso a vocês que eu cheguei a decidir largar o doutorado. Mas quando o meu medicamento estabilizou eu tive condições de refletir melhor e decidi que é importante aproveitar essa oportunidade que eu estou tendo da melhor forma possível e terminar o meu trabalho o quanto antes pra poder voltar logo e de uma vez para o Brasil. Para isso acontecer, vou precisar arquivar ou adiar alguns outros projetos, o que faz parte.

Com meu professor orientador!
A maravilhosa biblioteca da Universidade

São alguns os objetivos desse intercâmbio:

  • Complementar a base teórica da minha pesquisa para o doutorado no que diz respeito a religião, trabalho e sociedade.
  • Conhecer outros professores, pesquisadores e cultura universitária.
  • Esboçar outros artigos e trabalhos científicos que sejam interessantes ao campo.
  • Desenhar uma primeira versão do que seria a minha pesquisa para um pós doutorado (trabalho dentro dos campos de concentração nazistas).

Com esse projeto, o meu doutorado foi estendido por mais seis meses. Eu deveria defender a tese em março de 2025 e, com a entrada do intercâmbio, ela vai ficar para o segundo semestre do ano que vem. No entanto, se eu conseguir concluir antes, tanto melhor.

Pierogi é o prato típico da Polônia

Minha impressão da Polônia em si tem sido boa. Eu fico mais na universidade, o que é uma bolha, em certo sentido, e as pessoas são amistosas e prestativas. Na rua, tem muito turista. Imagino que em outras cidades menores a Polônia deva ser diferente. Por enquanto eu só fiquei na capital mesmo. Pretendo conhecer Cracóvia e Auschwitz, mas como eu não estava muito legal ultimamente, achei que não seria uma visita legal a se fazer agora. Mas pretendo fazer antes de voltar.

A comida polonesa é muito boa e temperada. Tem sido a melhor parte, sinceramente. Felizmente a Polônia não é um país caro para se viver, e eu tenho gasto menos do que gastaria se estivesse no Brasil (mesmo convertendo). A bolsa do projeto basicamente paga a hospedagem, mas todo o resto é por minha conta.

Minha relação com as viagens

Eu tenho uma memória muito vívida da minha infância, de quando eu tinha por volta dos oito ou nove anos de idade.

Estava sentada na escada da minha casa, no quintal, olhando para o céu. Quando meus pais não estavam em casa, eu gostava de colocar um disco na vitrola no último volume e ficar ouvindo no quintal, pensando na vida.

Meus pais tinham um disco de música clássica que eu adorava ouvir. As músicas eram intensas. Eu viajava ouvindo “As quatro estações”. Criava roteiros na minha cabeça, dançava sozinha e imaginava cenários para a vida.

E aí eu me lembro desse dia. Eu estava sentada, olhando para o céu, e pensando em todas as possibilidades que existiam no universo.

Naquele momento, eu não pensava em viajar. Aquilo não fazia parte da minha realidade. Quer dizer, meus pais viajavam para a praia de vez em quando. Mas nunca existiu essa ideia de viajar para outro país. Mesmo outra cidade parecia muito distante.

Alguns anos depois, a minha avó fez uma viagem para a Itália com uma excursão. Era um sonho da vida dela, e ela falou sobre essa viagem pelo resto da vida. Isso me inspirou muito. Tanto que, quando “cresci”, eu comecei a alimentar esse sonho de viver lá. Queria terminar a faculdade e tentar a vida na Europa. Eu achei que isso era um sonho em conjunto, mas não era. Quando essa fria realidade caiu sobre a minha cabeça, eu fiquei muito mal – apesar de não compreender a dimensão disso na época. Foi apenas um plano frustrado que me fez terminar meu relacionamento, e me parecia apenas isso – não deu certo, e pronto.

Depois, eu retomei esse relacionamento, pois amava muito o meu ex-marido. Para mim, o que importava era ficar com ele. Fomos felizes, Tivemos um filho juntos. Mas enterrar os próprios sonhos tem um preço que, muitas vezes, a gente não consegue compreender a não ser quando os anos passam e você percebe que a vida vai acabar e você não fez algo que era tão importante para você.

Antes de o Paul nascer, eu gostava de fazer trilhas e acampar – o chamado hiking. Depois que ele nasceu, não fiz mais isso. Vendi minha barraca e equipamentos.

Meu ex-marido não gostava de viajar. Todo feriado ou férias eu queria viajar, conhecer lugares, descobrir coisas. Então a gente tinha isso, e acabou pesando com o passar dos anos.

Em 2011, comecei a trabalhar em um lugar que demandava viajar muito. Foi quando fiz a minha primeira viagem internacional – para os Estados Unidos, para uma certificação. Aquilo desbloqueou algo em mim: a vontade de viajar novamente. De lá para cá, ouso dizer que essa vontade nunca mais foi embora. Viver na Europa era outro sonho. Tem a ver com segurança, claro, mas também com o estilo de vida que eu queria viver. Mais silêncio, um dia a dia com mais qualidade de vida, arte, história. E veja: eu sempre tentei levar isso para o meu dia a dia, mesmo vivendo em São Paulo. Mas a questão da segurança sempre me pegou muito, especialmente depois que nosso filho nasceu. Nós já passamos pelas seguintes situações nos últimos 14 anos (idade dele):

  • assalto à mão armada com ele no carro
  • invasão da nossa casa
  • um sequestro relâmpago (eu)
  • furto de celular (várias vezes)
  • tiroteio no trânsito

Sabe? Qual o limite disso?

Ler é um dos meus refúgios

Entre 2015 e 2016, com o golpe se articulando no cenário político brasileiro, eu já estava pensando em mudar. Desenhei todo o planejamento estratégico para abrir a franquia do método GTD em Portugal. Fiz reuniões com a matriz, tudo certinho. Estava no processo de abertura da empresa no país quando meu ex-marido foi enfático: não vou sair do Brasil. Eu arquivei meu sonho novamente, mas analisando hoje eu vejo que aquilo foi a última pedra do buraco. Chegamos a conversar sobre separação na época, e acho que nunca mais fomos os mesmos depois disso. Nos separamos alguns anos depois.

No ano passado, eu tive a oportunidade de fazer um intercâmbio pelo doutorado na Europa. Vim para a Alemanha. Aí fui convidada para esse projeto na Universidade de Varsóvia. Fui para a Polônia. Ainda não finalizei o projeto, mas será este ano. Fui convidada para palestrar em dois eventos internacionais – um na Holanda e outro na Dinamarca. Cheguei a ministrar um curso em Portugal. Empresas européias têm entrado em contato interessadas no conceito de Produtividade Compassiva. As coisas foram se desenhando.

Foto: Henrique Pimentel

Quando surgiu a oportunidade do intercâmbio, o que me permitiu fazê-lo foi ter a segurança de que o Paul estava mais velho e independente e em segurança com o pai dele, que sempre teve como prioridade a paternagem. A saudade dói? Dói demais, mas me doeria ainda mais trazer o Paul e afastá-lo do pai, da família, dos amigos. Eu não sou egoísta. Me doei inteiramente para os outros a minha vida inteira. Esperei meu filho crescer para poder fazer algo por mim, e é o que eu estou fazendo.

Tudo isso também é sobre o futuro dele. Proporcionar possibilidades e oportunidades, caso o Paul queira viver o que eu não vivi. E, acima de tudo, segurança. Eu amo o Brasil, de verdade. Tenho uma empresa no país, acredito no trabalho, nas pessoas. No final das contas, minha ideia é mais sobre aquela música dos Titãs – “Lugar nenhum” – e a do Paul McCartney – “Here, There and Everywhere”. Um paradoxo de existência que não tem certo ou errado, melhor ou pior, bônus sem ônus, mas que é simplesmente a vida que estou vivendo hoje. Não “me mudei” para a Europa. Moro no Brasil. Neste exato momento, estou em um projeto profissional fora do país, mas logo volto. Foi a maneira meio-termo que encontrei de conciliar as coisas.

Durante muitos anos, enquanto não pude viajar, eu viajei de outra maneira – com os meus livros. Não é à toa que eu leio tanto. Ler é viajar para outro lugar. E, na impossibilidade de ir fisicamente, fui muitas vezes mensalmente. Talvez seja algo a se considerar, se você se identificou com este post.

Viajar pode ser bem solitário às vezes. É o que mais pega para mim quando estou viajando. Mergulhar no trabalho e conversar com as pessoas que eu amo pelo celular me ajuda a diminuir a saudade e a me sentir mais querida. Todo esse estilo de vida me permitiu valorizar mais também quem realmente gosta de mim e quer me ver bem. A viagem é do lado de fora mas a mudança acontece internamente o tempo todo também. É como se os horizontes se elevassem de tal maneira que você só consegue enxergar o que é verdadeiramente essencial, de maneira mais ampla, como se estivesse indo para o céu realmente. Muitas vezes, vai. 😉

Há alguns meses eu tive a oportunidade de viajar de noite em um trem-leito de Amsterdam até Berlin. Optei por uma cabine exclusivamente feminina, pela segurança. Junto comigo na cabine, mais duas mulheres completamente estranhas, que eu nunca tinha visto na vida, um pouco mais velhas do que eu (talvez com 50 ou 60 anos). Ambas com mochilas nas costas, rugas de sol no rosto, o cabelo bagunçado, tênis e calça jeans. De onde estavam vindo? Para onde iriam? Do que vivem? Como são as suas vidas? Do que abriram mão para estar ali? E o que ganharam com isso? Eu não sei responder. Ainda procuro responder essas mesmas perguntas sobre mim mesma. Mas ali, naquela cabine, no silêncio da noite, eu me senti pertencente a esse seleto grupo de mulheres que têm a liberdade de fazer o que querem, ir onde quiserem, e que tudo tem um preço. Não ignoro o privilégio. Me aproveito dele.

Nós viajamos em silêncio. Trocamos poucas palavras durante todo o trajeto – aquelas suficientes para pedir desculpas, por favor, ajuda com a escada (minha cama era em cima). Um sorriso esboçado no rosto ao entrar ou sair da cabine de vez em quando. Essas coisas. Uma cumplicidade construída unicamente pelas circunstâncias do momento. Não sabíamos quem éramos, nem o nome uma da outra. Apenas estávamos ali, juntas por um breve período de tempo, indo de um lugar ao outro, com sonhos e objetivos particulares, mas que nos uniam sob um único propósito: viajar. E isso me tocou profundamente, para o resto da vida. Como poderia ser diferente?