Esses são alguns aprendizados retirados do livro “Mude seus horários, mude sua vida” (Ed. Sextante). É um dos livros básicos que recomendo para esse trabalho que fazemos aqui com relação à organização da vida e construção de uma rotina tranquila.
O foco é colocar o seu corpo em um ciclo diário que leve em conta as suas necessidades de saúde, mas também seus relacionamentos e o ritmo de trabalho. Normalmente, coordenamos nossos horários pensando primeiro no trabalho, depois nos relacionamentos, e só por último em nosso próprio cuidado. A proposta aqui é inversa. Não se trata de “egoísmo”, mas de colocar o oxigênio primeiro em você para depois conseguir ajudar melhor as outras pessoas ao seu redor e fazer seu trabalho direito.
Hábito 1: me observar diariamente
No Ayurveda, não se trata de definir práticas e simplesmente ir fazendo. O grande lance do Ayurveda é a personalização diária, que depende da sua habilidade de prestar atenção diariamente ao que você precisa. Depois que você desenvolve esse hábito, toda a sua experiência de vida muda, porque você adapta alimentação, sono, descanso, exercícios, tudo, a como você se sente. É um hábito compassivo para com a sua saúde, em vez de trazer regras prontas. Se eu acordo me sentindo letárgica, isso vai orientar o exercício que vou fazer de manhã. Se estou com cólica, isso vai orientar como eu vou passar o restante do dia, me cuidando e mais quietinha, porque é normal.
Hábito 2: o sono é TUDO
Todas as noites, inclusive aos finais de semana, eu busco regularizar meu horário de ir dormir e de acordar. Não há qualquer problema em sair da rotina de vez em quando, mas você precisa ter uma rotina para poder sair dela, certo? Dormir cedo é importante para mim, para eu acordar bem. Mas, mais do que isso, é a quantidade de horas de sono, que varia enormemente se estamos no inverno ou no calor. Se o sono desanda, todo o resto desanda também. Por isso, meu sono é absolutamente sagrado e o ponto de maior foco a qualquer momento da minha vida. Esse hábito é um hábito que aprendi com o Ayurveda e que se tornou inegociável para mim.
Hábito 3: almoço como a refeição principal do dia
No Ayurveda, a orientação é a de que o corpo está no seu auge (durante o dia) em termos de metabolismo no horário em que o sol também está no seu auge, que é nesse horário do almoço, entre 11h e 14h. Portanto, fazer a principal refeição do dia nesse horário faz muito sentido, justamente porque você ainda tem toda a parte da tarde para fazer a digestão e por aí vai. Bem. O grande lance aqui, sinceramente, é garantir que você está se alimentando direitinho pelo menos uma vez ao dia, com os nutrientes que precisa, e tentar, sempre que possível, fazer refeições mais leves de noite. Eu costumava antes ter o jantar como a principal refeição do dia. Essa inversão tem feito muita diferença para mim e de fato me sinto melhor. Quando meu almoço não é tão bom, eu sinto bastante essa mudança no meu corpo.
Ter uma rotina é importante para algumas pessoas, especialmente no que diz respeito a esses horários, com relação ao ritmo do corpo. Se eu não tiver uma rotina, isso não me faz bem. Por eu me conhecer, faço o que é melhor para a minha saúde. O importante é cada um se conhecer.
Se quiser iniciar essa auto-observação, recomendo a leitura do Dr. Suhas, citado no início do post, pesquisar sobre cronobiologia, ritmos circadianos, e os livros clássicos do Ayurveda – recomendo em especial os capítulos sobre dinacharya e rotina sazonal do Astanga Hrydayam. Você também pode ler “24/7: Capitalismo e os Fins Tardios do Sono”, de Jonathan Crary, e “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han. E, claro, consultar médicos, fazer seu check-up anual, verificar se as vitaminas estão em dia, a qualidade do sono, a saúde mental, a alimentação, enfim… um trabalho de uma vida, e é. Mas você precisa começar. É uma responsabilidade unicamente sua.
Sou grata pela indicação do livro “Mude seus horários, mude sua vida”! É um dos meus livros preferidos da vida! 🙂
Eu jurava que era uma pessoa noturna, mas depois da leitura do livro comecei a dormir e acordar mais cedo, que delícia! Me sinto bem melhor nessa busca de respeitar o ciclo circadiano.