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Minha cirurgia na perna (tíbia): nova etapa, aiai

Thais Godinho

Thais Godinho

Autora do Método Vida Organizada, criou este blog em 2006.

E eu que achei que começaria o ano de 2023 fazendo as últimas cirurgias da minha vida. A gente realmente não tem como saber o que vai acontecer nunca né.

Não sabe o que aconteceu? Clique aqui para ler o post onde explico sobre o acidente que sofri na Alemanha.

Após uma semana de tratamento conservador, para ver como a regeneração do osso evoluía, e após ouvir uma segunda, terceira e quarta opiniões, acabei concordando que a melhor indicação era fazer logo a cirurgia, pois seria um caminho mais seguro (se é que isso é possível) e, já que era pra sentir dor, pelo menos seria resolvendo o problema e partindo para uma fisioterapia. O tratamento conservador poderia doer por mais tempo e ter sequelas. Atenção: este diagnóstico não está sob discussão. Já foi decidido pelos médicos que me acompanham e eu não estou pedindo outras opiniões por aqui, está bem? Infelizmente preciso escrever isso porque venho recebendo opiniões não solicitadas e bem invasivas sobre o que eu deveria ou não deveria fazer e, gente: responsabilidade. Só o médico que acompanha a pessoa sabe. O que ela compartilha é 1% da vida dela. Não faça isso, por favor, com ninguém.

Eu retornei após uma semana do tratamento conservador com gesso, conforme a orientação médica, e no mesmo dia fui internada para fazer a cirurgia no dia seguinte. Não tinha havido evolução e eu estava sentindo até mais dor. Fiquei aliviada por operar.

Quinta: retorno ao médico e internação
Sexta: cirurgia
Sábado: alta e retorno para casa

Eu tomei anestesia geral pois eu tenho reações muito adversas e traumáticas com a raqui. No entanto, a raqui deixa o pós operatório menos dolorido, o que significa que, quando eu acordei da anestesia, a dor estava quase insuportável. Doses cavalares de morfina mal fizeram efeito e o anestesista teve que aplicar um bloqueio venal. Só depois disso a dor melhorou e o efeito começou a passar de noite… e aí eu tive uma noite muito difícil, com dor e sem posição para ficar deitada. Além da dor do osso fraturado, tinha também a dor dos cortes da cirurgia e a dor nos nervos todos que foram “cutucados” durante a operação.

A recuperação me deixou tão imobilizada com a perna que eu não podia nem levantar para ir ao banheiro com cadeira de rodas ou andador (só de pensar eu já queria chorar de dor). Tive que usar comadre. E assim… nessas horas você aprende a ser humilde e a ser profundamente grata a toda essa quantidade de pessoas que está ali trabalhando para você ficar bem.

O foco desta semana é ficar de repouso o máximo possível e retornar na quinta novamente ao médico para ver como estão as coisas e muito provavelmente colocar um outro tipo de tala imobilizadora na perna. Se tudo estiver correndo maravilhosamente bem, é provável que na semana seguinte eu já comece a fazer fisioterapia. Estou focando em um passo de cada vez. Até gravei um vídeo para o YouTube falando um pouco sobre essa nova fase de vídeos.

Eu tomei algumas decisões importantes para a minha recuperação e, aos poucos, vou compartilhando com vocês.

Uma muito importante foi pesquisar sobre como posso ficar mais confortável neste momento, e aí tem uma série de coisas que estou providenciando.

Eu tomei a decisão de comprar alguns acessórios em vez de alugar. Por quê? Porque, pelo orçamento, fica mais barato comprar que alugar pela quantidade de dias que vou usar. E, depois, quando eu não precisar mais, eu pretendo doar para quem precisa. Isso tem mais a ver comigo e vai me deixar segura também no dia a dia para atender as minhas necessidades.

  • Muletas: peguei emprestadas com o meu tio e não me adaptei. O piso da minha casa escorrega e, depois de quase realmente escorregar e cair no primeiro dia em casa com o gesso na perna, eu optei por comprar um andador, que eu usei no hospital lá na Alemanha e me adaptei muito bem.
  • Andador: melhor amigo no momento. Eu comprei um andador simples no Mercado Livre (link) e ele me atende bem.
  • Banco para tomar banho: depois de tomar banho em um banco de plástico que parece que vai escorregar e desestabilizar a qualquer momento, resolvi comprar um banco próprio pra isso, com apoio para as costas e antiderrapante. (link) Ainda não chegou, então depois compartilho com vocês se foi uma boa compra ou não.
  • Cadeira de rodas: estou muito propensa a comprar uma cadeira dobrável e que tenha elevação das pernas para eu poder circular melhor pela casa e poder ir para outros lugares e não ficar tão isolada. Vai chegar esse momento. Estou pesquisando alguns modelos para fazer uma aquisição que me atenda bem.
  • Mesa dobrável: no início do ano, quando fiz outras cirurgias, eu comprei esta mesa (link) para trabalhar estando na cama. Pensa numa mesa versátil. Uso pra tudo – pra trabalhar, tomar café, me alimentar – de maneira mais confortável. Como ela é dobrável, cabe até dentro da minha mochila e eu guardo no final do dia para não ficar bagunça aqui.

Existem mudanças significativas que farei no âmbito doméstico que também ajudarão a ter um pós-operatório mais tranquilo. Agora é trabalhar bastante pra ter dinheiro pra todas essas coisas que são necessárias.

Agora, o tanto que tenho aprendido com essa experiência.

Em primeiro lugar, sobre a realidade de quem tem a mobilidade reduzida, de maneira temporária ou permanente. É realmente outra visão do mundo. Só dá para saber vivenciando essa condição.

Essa experiência também me fez refletir sobre a importância de compartilhar nossas histórias e desafios. Quando somos vulneráveis e abertos, podemos inspirar e ajudar outras pessoas que passam por situações semelhantes. É por isso que estou compartilhando com o máximo de detalhes que me sinto confortável com vocês hoje. Toda ajuda importa. E, muitas vezes, ler relatos nos ajuda a compreender melhor amigos e familiares que estejam passando por essa situação ou pode nos trazer ideias caso sejamos a pessoa que esteja passando por isso.

A cirurgia também me fez perceber a importância de estarmos presentes em cada momento e de respeitarmos nossos próprios limites. A vida é um equilíbrio delicado entre desafios e descanso, trabalho e lazer. Aprendi a ouvir o meu corpo, a descansar quando necessário e a reconhecer a importância de colocar minha saúde e bem-estar em primeiro lugar. Eu já venho fazendo isso nos últimos anos, mas cada vez se intensifica mais essa percepção.

Enquanto me recupero, continuarei trazendo mais conteúdos assim para vocês aqui no Vida Organizada, se vocês acharem que eles têm algum valor. Por isso, é muito importante receber o feedback de vocês aqui nos comentários, para quem quiser compartilhar.

Por fim, quero expressar minha gratidão por todo o apoio e carinho que tenho recebido ao longo desse período desafiador. A comunidade do Vida Organizada é verdadeiramente especial e vocês têm sido uma fonte de inspiração para mim. Juntos, podemos construir uma vida mais organizada, produtiva e compassiva. Não consigo responder todo mundo, infelizmente, pois são muitas mensagens e eu não tenho ficado tanto tempo lendo no celular. Mas agradeço a cada um de vocês por estar aqui, por ler minhas palavras e por ser parte dessa jornada. Espero que minha experiência possa servir como uma fonte de inspiração e encorajamento para vocês.

Com carinho,

Thais

PS: O Stanley está me ajudando bastante com apoio moral.

26 comentários em “Minha cirurgia na perna (tíbia): nova etapa, aiai”

  1. Oi Thaís,

    A maneira suave e ao mesmo tempo transparente com que relata sobre seus desafios pessoais é inspirador. Os últimos posts foram excelentes, trazendo tanto temas recorrentes como os checklists quanto sobre sua transformação pessoal a partir da viagem.
    Continue postando estes conteúdos tão importantes para pessoas como eu que somos buscadores de coisas boas e que façam sentido no universo pessoal e social.
    PS: eu adoro ler o blog, as fontes, o cuidado das imagens e fotos são incríveis.

    Fique bem ????

  2. Olá, Thais!
    Focar em ficar bem deve ser a prioridade.
    Minha mãe é uma senhorinha de 83 anos e todos os dias me pergunta se você está melhor. Estamos em oração.

  3. Olá, fico verdadeiramente encantada com seu modo de retornar ao seu eixo, mesmo nas situações mais desafiadoras. Pensamentos práticos são realmente importantes. Você é inspiradora. Meus sinceroa desejos de melhoras.

  4. Oi Thais. Espero que fique bem e obrigada por compartilhar. Em 2020 fiz uma nefrectomia parcial motivada por um câncer de rim e tb senti mta dor, precisei de morfina, usar comadre e cadeira de banho. É realmente difícil nos vermos tão vulneráveis. Abraços

  5. Thais querida, desejo uma rápida e plena recuperação. Fique bem!
    Também aproveito para manifestar o quanto estou curtindo a frequência de posts (e, especialmente, o tamanho deles!) no blog. Adoro o conteúdo que você cria. Parabéns e muito obrigada!
    Um beijo

  6. Oi, Thais! Bom dia!
    Melhoras para vc. Fique bem! <3
    Adorei vc ter colocado sobre pessoal que adora dar palpite e opinião na saúde alheia sendo que ninguém pediu. É o que acontece demais na internet e em muitos lugares na vida real também. Falta para muitos empatia e limites. Eu tenho problema de litíase renal (cálculos) e sempre que comento algo sobre isso ouço alguém dizer "Ah, isso é pq vc não toma água." Realmente, só o médico que acompanha sabe a sua real condição.

  7. Nossa Thaís, que barra deve ter sido tudo isso, mas esses desafios sempre nos trazem muitas lições. Que vc tenha uma recuperação tranquila e continue compartilhando seus aprendizados, eles nos ajudam a refletir também <3

  8. Muito obrigada por partilhar a sua jornada. ?? Eu espero que tudo corra pelo melhor! A minha mãe está passando por uma fase difícil e acredito que também nos teremos de adaptar em questões de mobilidade. Continue contando-nos a sua experiência ????

  9. Oi, Thaís! Importantíssimo seu relato. As pessoas nem imaginam o quanto a falta de mobilidade afeta a gente. Eu quebrei o tornozelo no final de 2012, bem no reveillon e depois da cirurgia, após as primeiras visitas, todo mundo seguiu seu rumo e eu fui para a adaptação à nova vida, com as muletas, fisioterapia, etc. Aí realmente notei a falta de empatia geral com quem precisa de ajuda para se locomover, seja nos estacionamentos, nas clínicas, nas farmácias, enfim, só quem passa por isso sabe. Mas creio que você vai tirar de letra, pois está bem pé no chão quanto ao que esperar, mas ao mesmo tempo tranquila em aceitar o que está acontecendo e não está ao seu alcance mudar. Só digo: tudo passa, fica bem!!

  10. Olá querida Taís, vc nem me conhece , mas sua presença sempre contribuiu muito para a minha caminhada. Já fiz muitas mudanças de rotas e suas ideias e dicas ajudaram muito. Hoje moro em uma montanha em Minas, mas estou traçando novos caminhos, sou nômade kkkkkk.
    A vida sempre me ensinou quando queria e quando não queria a necessidade das mudanças .
    Tudo, tudo vai dar pé !!!!!!!!!

    Ótima recuperação, que a força vital sempre te fortaleça !!!!!!

  11. Oi Thaís! Um abraço bem apertado em ti.
    Também tenho mobilidade reduzida (fibromialgia e espondilite anquilosante) e é ridiculamente frustrante, doloroso e caro lidar com todas as adaptações necessárias. É horrível a sensação de perda de capacidade, na teoria e no racional você sabe que é normal e todo ser humano precisa do outro porque somos uma espécie social, mas no emocional é eita atrás de vixe kkkkkk.

    Não sei se já pensastes ou mesmo se tens necessidade, mas talvez aquelas barras de apoio de banheiros acessíveis possam te ajudar a fazer a transferência no banheiro. As medidas indicadas por norma de acessibilidade estão na NBR 9050, que pode ser acessada aqui, no site da MPF:

    https://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/pfdc/institucional/grupos-de-trabalho/inclusao-pessoas-deficiencia/atuacao/legislacao/docs/norma-abnt-NBR-9050.pdf/view

    As medidas aí estão ajustadas para uma cadeira de rodas (medidas na página 14), que seria uma das situações que a norma usa pra indicar as medidas de transferência, que atenderiam as outras situações também, mas ela também tem referência de medidas de pessoas com outras limitações (página 13) pra considerar adaptações em casos individuais pra quem quer personalizar.

    A partir da página 72 tem as indicações de instalação em sanitários acessíveis – se você conseguir testar e achar confortável usar algum, pode executar elas só tomando cuidado com as tubulações da casa-.
    Se precisar tirar alguma dúvida ou quiser saber de mais alguma coisa, tô à disposição também, só dá um alô no e-mail.
    Outro abraço apertado e muito força, espero que passe rápido.

  12. oi Thais
    quase nunca comento, mas sou uma leitora fiel do blog….qndo vc ainda trabalhava em agência e falava um pouco da rotina do seu filho pequenininho…nessa época eu estava me planejando morar com meu atual companheiro e me ajudou imensamente…e continuei acompanhando, vendo as mudanças e fluindo com vc…e lá se foram 10 anos!
    claro q tiveram mudanças q eu gostei, outras não, mas nunca me achei no direito de postar nada criticando pq ne…o canal é seu, vc posta o formato q prefere, e eu me beneficiava de qlq forma….

    achei incrível uma “volta as origens”…kkk com vídeos mais crus e frequencia maior aqui no blog….sei lá, rede social está tão saturada q eu prefiro esses formatos intimistas, posts mais profundos e reflexoes imersivas….
    e não acho q é reduzir qualidade, o conteúdo está lá, mto robusto como sempre, sem maquiagem ou cenário…e acho mais legal esse visual natural!

    espero q vc se recupere bem e retome sua rotina da melhor forma
    muito obrigada por todo conteúdo e ajuda…sinto q é seu trabalho obviamente e precisa te remunerar, mas sinto também q é algo q vc faz por vocação e uma quantidade absurda de pessoas pode se beneficiar do seu trabalho sem custo…então só tenho a agradecer por isso

  13. Thais, querida! Vc é sensacional! Mesmo em um momento tão difícil vc está disposta a ajudar outras pessoas contando sua história e experiências, sempre de forma tão positiva e reflexiva! Desejo a você muita saúde e uma boa e breve recuperação. E gratidão por ser essa pessoa de luz a brilhar e iluminar o mundo digital com sua sinceridade, transparência e compassividade!

  14. Que lindo post, Thais. Sinto muito por todos os imprevistos e dores. Admiro e agradeço sua sabedoria para lidar com isso, além da generosidade de compartilhar conosco. Texto exemplar da organização compassiva que você ensina e pratica tão bem. Melhoras querida ????????????

  15. Ô Thaís, fiquei lendo e sentindo sua dor… Espero que se recupere rapidamente, e se tem um lado bom nisso tudo, é te ver com mais frequência. Sua qualidade editorial tem crescido exponencialmente. Me sinto cada dia mais inspirada pela sua resiliência, vc é luz. Continue por favor, até onde for confortável pra vc. Te agradeço muito.

  16. Thais obrigada por compartilhar sua experiência. É muito bom a vida tem disso e hoje são poucos momentos dedicados aos problemas. Eles existem e nos fortalecem. Grande abraço.

  17. Oi Thais, boa tarde! Sou super empática à sua dor… há um mês quebrei o tornozelo em um tombo no banheiro então sei um pouco sobre cirurgia, dor, anestesia…. Ainda estou de molho mas devo tirar os pontos em breve. A muleta me ajuda muito na mobilidade em casa, mas como moro em sobrado acabo ficando mais tempo no andar de cima mesmo. Enfim, boa recuperação pra você. Um abraço!

  18. Espero que você se recupere muito rápido , e bem! Em 2014 eu quebrei meu pé, nunca tinha passado por essa situações nem na infância, não precisei de cirurgia; entretanto a minha recuperação foi difícil devido a minha impaciência, e a incredulidade de que aquilo estava acontecendo, perdi uma viagem contratada, e aprendi que tudo passa mesmo, então é melhor passar bem. Pela sua idade tenho certeza que vai se recuperar mais rápido! Vai dar tudo certo!

  19. Você já passou por muito perrengue e sabe que tudo passa. ????
    Todos temos, como seres humanos que somos, esses dissabores. O legal é enfrentá-los da melhor maneira possível, e acredito que você faz isso muito bem, linda! Beijão, e cuide-se, ok?

  20. Thaís, te desejo uma recuperação plena!
    A sua experiência nos ajuda a repensar e, pelo menos no meu caso, a fazer valer de verdade a organização como aliada na garantia do bem-estar.
    Me vejo em ciclo vicioso de não respeitar alguns limites físicos (tô sempre machucando algo) e depois do último perrengue/bronca + 3 meses de fisioterapia pra voltar a andar direito, percebi que pisar no freio também é andar pra frente, rs.

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