Quero voltar a estudar.

Não quero que vocês pensem que isso se trata de uma reclamação. Minha vida é maravilhosa, tenho um marido que me ama e um filho saudável, lindo, esperto. Tenho o apoio da minha família e muito amor por todos os lados. Mas quem antes de engravidar tinha uma vida ativa e agora está “somente mãe” sabe como é esse sentimento que eu vou descrever. É difícil ficar mais de um ano “parada”, com um vazio no currículo. Dá vontade de escrever que estava grávida e, por isso, não existe experiência profissional naquele período.

Mas a grande verdade é que a questão trabalho/estudo/oquefazerafinal está pegando. Eu já tinha dito aqui que estava estudando para concurso público, na área de Direito. Desisti de vez. Sinceramente? Me formei, tenho mil ideias e não tenho motivação real para passar em um concurso e trabalhar em um cargo igual e boring para o resto da vida. Eu estava fazendo isso acreditando que fosse o melhor para o Paul, porque é um emprego estável, blablabla, mas eu acho que ser feliz é parte maior nisso tudo. Também porque os salários desses cargos não são muito maiores do que eu estava ganhando quando estava trabalhando na minha área. A não ser que eu estudasse durante uns 4 anos (ou bem mais, sendo realista) para passar no concurso da Receita Federal, com um salário de R$12 mil reais, não acho que valha a pena tanto assim. Enfim, desisti. Já até vendi metade dos livros no Mercado Livre.

Vocês sabem que eu escrevo e acho bacana ter livros publicados, mas ninguém vive de escrever assim no começo. E nem espero isso! Considero a escrita como um hobbie e uma coisa a mais na minha carreira, paralela ao que eu faço. Se arrepender de algo que não foi feito é deprimente e geralmente eu não penso muito a respeito do que deixei de fazer, mas não ter feito a pós-graduação em 2007 foi realmente uma burrada. Eu tinha me formado em dezembro de 2006 (em Publicidade – antes tinha feito Jornalismo) e em janeiro já tinha participado da seleção, feito entrevista e puft, passado em uma ótima universidade (PUC-SP), a melhor na área da pós (Semiótica). Mas então o que eu fiz? Larguei essa oportunidade incrível para fazer outra faculdade (de História), porque eu tinha colocado na cabeça que ser professora de História me faria feliz.

Bom, eu realmente acho que faria, mas era um pouco tarde para essa decisão, não? Além do mais, por que não tentei um meio-termo – uma pós em Cultura, por exemplo? O gran-finale foi eu ter sido promovida um mês depois do início das aulas e ter que trabalhar até 20h, 21h diversas vezes por semana. Adeus, faculdade. Essa rotina matadora de agência (quem já trabalhou sabe como é trash) durou até o final de 2008, quando eu estava tão estafada do mundo no geral que pedi demissão, terminei com o Anderson e quase fui embora do Brasil. Outro dia comento sobre a separação (durou dois meses), mas foi basicamente porque estávamos fazendo planos para estudar na Itália e ele desistiu, sendo que era uma meta real para mim (eu estava fazendo curso de italiano e tudo, guardando dinheiro, providenciando a cidadania etc). Tenho uma amigona que na época morava em Bologna e estávamos vendo junto com ela todos os detalhes para a chegada e os primeiros meses. Pois bem. Nós nos separamos e eu com todo aquele dinheiro da demissão em mãos, pensei: “vou embora!”. Mas quem já conheceu oamordasuavida sabe como são essas coisas, e eu não consegui sair daqui. Nós acabamos voltando e aqui estamos nós juntos com o nosso filho lindo. Também colaborou para eu não ir o fato de a minha amiga ter sido transferida para uma cidade perto de Londres durante algumas meses, então de novembro eu iria só em fevereiro, e o Ande e eu voltamos a ficar juntos no final de outubro.

Isso tudo foi para explicar um pouco o contexto das minhas decisões. Eu estava decidida então a ficar no Brasil, esquecer Itália (ele não queria mais e eu desanimei também, depois de tudo) e voltar ao plano inicial de estudar História. Recomecei a faculdade (no começo do ano passado), mas apareceu uma proposta incrível de trabalho no final de maio, e como eu estava tocando com a banda que eu tinha na época todas as sextas-feiras à noite, era a faculdade ou o trabalho + banda. Saí da faculdade e decidi enterrar de vez o assunto, me conformando. Afinal, eu já tinha uma carreira e estava delirando achando que largaria tudo para ser professora de colégio estadual ganhando R$600. O pior de tudo é que acabei largando o tal emprego incrível três meses depois, porque descobri que não era 10% do que eu imaginava, e foi quando decidi de vez a mudar de área. Fiz um curso, pedi demissão e, antes de terminá-lo, descobri que estava grávida (ehe!).

Se eu tivesse feito a pós, no entanto, já engatilharia um mestrado e poderia estar dando aulas. Esse é o motivo do arrependimento. O que me alivia um pouco esse sentimento é que não estou tão certa se teria gostado de me especializar em Semiótica. Era o assunto que eu mais gostava na faculdade de Jornalismo, lia demais a respeito, participei de grupos de estudo, mas sempre bateu essa dúvida (por isso até acabei optando por História, na época). Bom, as coisas acontecem da forma que têm que ser e tudo isso serviu para hoje eu estar aqui, refletindo a respeito. O fato é que eu gostaria de retomar meus estudos. Pensei bastante e uma especialização antes do mestrado seria uma boa, até porque ainda fico um pouco indecisa a respeito do tema. Fazendo a especialização, poderia ter um pré-projeto de mestrado bacana e aí sim batalharia de verdade por uma bolsa, o que seria a melhor opção. O problema é o tempo. Dois anos de especialização, depois dois de mestrado. A especialização é paga, mas não cara como o mestrado, por isso dá para fazer.

Eu tenho meu trabalho, sou autônoma e ganho o suficiente para vivermos bem por aqui, mas nem se compara à nossa vida de quando eu também trabalhava fora. Não tenho pressa com isso porque estou com o Paul, gosto assim, é melhor do que colocá-lo em uma escolinha por enquanto, mas né. Foi o que eu comentei no início do post. Não é reclamação. É o sentimento de sempre ter trabalhado, tido banda, viajado, feito hiking, sabem como é? E de repente tenho um filho, um computador e uma bateria desmontada. É maravilhoso cuidar do Paul, mas sinto falta da perspectiva profissional, da empolgação nos estudos. Tenho alguns projetos profissionais em andamento (trabalhando em casa) e é o que vai fazendo a nossa vida continuar boa, mas sinto falta de estudar. Quero voltar, e o acessível no momento é a especialização. Eu poderia tentar o mestrado de primeira, mas é necessário estar matriculado para pedir bolsa. Isso significa pagar mensalidade de R$1400 por mês até conseguir, e não tenho como pagar isso agora. Enfim, estou pensando. Preferia o mestrado – essa é a questão.

Sobre a autora

Thais Godinho

Autora do Método Vida Organizada, criou este blog em 2006.

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