Qual é o meu trabalho? Revisão de papéis e responsabilidades – julho 2024

Todo mês, eu gosto de fazer uma revisão do meu mapa mental com papéis profissionais e responsabilidades, e essa revisão de julho foi importante porque estou em meio a mudanças significativas.

Meus papéis continuam essencialmente os mesmos, mas fazer essa revisão me permitiu pensar em cada um deles com mais significado.

Eu tenho me sentido bastante aliviada depois de ter tomado a decisão de voltar a trabalhar sozinha. Ainda existem algumas pendências a serem finalizadas pelas pessoas que trabalham comigo, que vão até setembro e depois até janeiro, mas só de me sentir mais tranquila já muda completamente a maneira como eu encaro o meu trabalho. Quando eu penso em como sofri e me senti infeliz nos últimos três anos porque, com a demanda aumentando na empresa, eu achei que deveria deixar o fluxo natural seguir e contratar mais pessoas, ter novos processos etc, conciliando com um doutorado… eu fico me perguntando por que não segui a minha intuição desde o início.

Nunca vou me esquecer de uma reunião de planejamento que realizamos em equipe há alguns anos quando, mediante minha proposta de voltar a produzir mais conteúdo diariamente, uma pessoa chegou a ter um “surto” porque não queria que eu me sobrecarregasse fazendo tanta coisa. Que eu tinha equipe agora e que não precisava fazer esse tipo de coisa. Naquele exato momento, eu me lembro de pensar: “você sabe por que você sempre gostou do Vida Organizada esses anos todos? foi justamente porque eu fazia isso que você acha que eu não devo mais fazer agora”.

Eu não acho que o meu erro tenha sido acreditar, contratar e investir em pessoas. Isso nunca é um erro. Acredito que as coisas acontecem como têm que acontecer, e que tudo no final das contas se torna experiência de vida. Mas o fato é que o Vida Organizada é uma experiência pessoal. Destrinchar essa experiência em outros formatos, como cursos, mentorias, livros, é uma coisa. Tentar transformar a experiência pessoal em um produto é outra, e foi horrível. Ouvir os outros é bom. Delegar atividades também. Mas ouvir a mim mesma foi o que fez o Vida Organizada ser o que é, e eu nunca deveria ter deixado de me ouvir. Eu sempre tive uma postura de humildade e de querer aprender com os outros e aceitar sugestões, mas na real eu não posso ignorar o meu feeling de ter criado este negócio.

Voltar a ver o Vida Organizada como o meu blog pessoal e lembrar que, antes dele, tem a Thais, me permitiu olhar para o meu trabalho com um pouco mais de leveza. Eu não quero deixar o GTD de lado. Eu quero falar mais sobre Holacracia. Produtividade Compassiva é a minha tese mas também uma teoria a ser desenvolvida em décadas. O meu lance é estudar e me especializar em produtividade. Ponto. Isso inclui o Vida Organizada mas inclui outras facetas também. Que bom retomar tudo isso.

Como eu comentei em outro post, há alguns dias, eu tenho ressignificado o blog, mas não apenas ele mas todos os meus canais. Newsletter, YouTube, Facebook, Linkedin. O que faz sentido em cada um, sabe? E isso tem me ajudado a criar um conteúdo mais legal, mais alinhado, mais significativo. Resgatou minha alegria de criar e trabalhar. Eu tinha perdido. E não era por falta de amor ao trabalho, mas por detestar a configuração que eu coloquei a minha empresa a partir de determinado momento.

Mais do que ser empresária, eu me considero empreendedora, porque corro atrás das coisas, das soluções, crio ideias novas. E eu gosto disso. Não gosto de ser a empresária de blazer atrás da mesa de reunião. Eu não sou o Imperador, eu sou o Mago. É sobre o ofício, não sobre dar ordens.

Thais hoje então é:

  • Uma criadora de conteúdo sobre produtividade e trabalho;
  • Uma escritora que também é autora de um método, mas escreve livros, textos, apostilas, faz revisões técnicas e traduções de textos sobre produtividade;
  • Uma empreendedora que busca soluções para melhorar a vida das pessoas;
  • Uma professora que acredita demais no estudo, no aprendizado, no desenvolvimento intelectual, de maneira compassiva, que gosta de ensinar e explicar;
  • Uma pesquisadora curiosa que querer parar o que está fazendo para pesquisar algo novo e escrever mais de 20 páginas sobre um tema de uma única vez apenas porque está empolgada com aquilo.

Essa é a Thais. Ela tem o Vida Organizada, mas ela também tem o GTD, a Holacracia, o budismo, a CNV, o Bullet Journal, a escrita de diários, pintura, criatividade, música, moda, comportamento, sociologia, política. E é necessário se permitir expressando quem se é em seu próprio trabalho, para aproveitar esse privilègio.

Uma nova era por aqui, meus amigos.

Sobre a autora

Thais Godinho

Autora do Método Vida Organizada, criou este blog em 2006.

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18 Comments

  1. Que bom Thais! Eu acompanho o seu blog há muito tempo, nem lembro bem desde quando e apesar de sempre ter continuado a seguir e ser até aluna do MVO e da Certificação, estava a sentir falta da Thais “de antes”. A evolução vai acontecendo mas é ótimo voltar à nossa essência quando sentimos que nos estamos a desviar dela.

  2. Nossa q alívio ler isso! de que não, não precisamos crescer nos moldes do capitalismo…..
    sempre adorei seu blog, mas senti q em algum momento tinha se tornado uma empresa, e q bom q vc voltou a ser uma pessoa física <3 com tantas facetas e pode colocar aqui o que te interessa

  3. Thais, não sei qual é o nível de intimidade que você possuía com a pessoa que te questionou a decisão de se dedicar à produção de conteúdo mesmo sobrecarregada, mas achei muita ousadia!!! As pessoas realmente perderam o senso do que é “do outro”, do cabe ou não em um contexto de trabalho (e da vida mesmo!). Fico feliz que tenha desenvolvido essa clareza, eu também vejo muitas coisas de forma mais clara depois que fiz o Planejamento de Vida presencial com você lá em 2019. Abraços

  4. Oi Thaís!
    Vencendo a timidez para comentar que ao ler seu texto, me identifiquei um tantão.
    Sou artista e tenho diversas áreas de atuação (cena, educação e arteterapia). Por diversas vezes achei que era várias coisas e ao mesmo tempo, era nada.
    Tão legal ver esse olhar multi e enxergar a potência disso. Assumir esse lugar é libertador!

  5. Foi uma decisão muito acertiva.
    Principalmente pq a vida de empresária estava te tirando as coisas que você mais gosta de fazer.
    E realmente você está mais feliz e tranquila.

  6. Muito legal esse texto Thais, eu já aprendi muito com seus vídeos e textos.
    O texto de hoje me fez pensar que talvez eu também precise revisar os meus papéis e responsabilidades, não para definir novos, mas para dar um melhor significado a cada um deles.
    Muito obrigado e boa semana!!!!

  7. Estou amando a nova fase, Thais! Acompanho o seu trabalho há mais de uma década e senti muita falta dos posts diários ou, melhor dizendo, com a sua cara. Não sou de acompanhar por Instagram, mas mesmo no Youtube também senti a mudança. Era nítido como seu conteúdo não tinha mais a sua essência. De uns tempos para cá, acompanhando os novos posts no Feedly, pensei, “Ela está de volta!”.

    Tenho notado esse movimento de criadores de conteúdo voltando a ser projetos de uma pessoa só. Um caso recente foi o do Matt D’Avella, aquele youtuber do minimalismo que dirigiu o documentário famoso da Netflix. A certa altura ele estava com uma equipe enorme, mas totalmente infeliz e sem nenhum ânimo para fazer novos vídeos. Precisou dar dois passos para trás e ainda não se recuperou totalmente. Espero que em breve ele tenha um retorno como o seu!

    Eu mesma passei por um movimento parecido (guardadas as devidas proporções). O Vida de Trainee estava crescendo e comecei a trabalhar com freelancers/agências para design/programação do site, edição de podcasts, publicação das vagas, negociação de publis etc. Tudo isso era ótimo e me dava mais tempo para o conteúdo em si, mas os custos aumentaram tanto e a operação em si ficou tão complexa! Era preciso gerenciar tanta coisa! Eu não podia mais mexer na configuração do site quando quisesse, tinha um fluxograma mega detalhado para postagens que deviam ser simples e pagava uma nota em um serviço chique de e-mail marketing quando tudo que queria era enviar uma newsletter para meus leitores.

    Foi então que decidi simplificar ao máximo, começando por voltar a tocar o VT sozinha. Hoje o blog está inteiro no Substack (primeiro migrei a newsletter), o que reduziu drasticamente os custos. A dificuldade agora é que o tema central do VT já não me atrai, então estou repensando muita coisa. Talvez seja o caso de criar um novo blog/canal para tratar de novos temas. Ainda estou definindo.

    De todo modo, fico feliz de poder contar com seus conteúdos sobre planejamento e GTD para me ajudar a ter mais clareza nesse momento.

    Um abraço e sucesso nessa nova fase!

  8. Realmente, foi frustrante abrir o blog e ver um post que não tinha sido escrito por você. Felizmente foram bem poucos!! Feliz por sua decisão, tenha certeza que ela impactou muito mais gente do que você imagina!

  9. Oi Thaís. Concordo com a Maria e vou além. Sei que existe um método, o MVO, mas seu público gosta da Thaís, e eu ficava decepcionada quando alguns vídeos do MVO não eram com você. Com relação a fala da pessoa sobre você ficar sobrecarregada, eu me identifiquei com isso. Eu adoro meu trabalho e não vejo problema em um domingo ver algo de trabalho se eu não estiver a fim de fazer outra coisa. Assim como não vejo problema de ir a uma cafeteria a tarde se minha agenda e lista de ações estiverem andando. Estou contente com sua decisão. Bjs.

  10. Thaís, é tão bom ler isso!!
    Cheguei a escrever pra sua equipe questionando o novo formato (já tem um tempinho), e após o retorno ao meu e-mail (em resumo: as coisas mudaram e agora vai ser assim) confesso que parei até de recomendar seu canal e perdi um pouco o encanto com os conteúdos…
    Mas fico muito feliz que esteja de volta! Parabéns pela decisão!!

  11. Thais, se vc sentia saudades de nós, saiba que nós também sentíamos saudades de você. Tem um trecho de um poema do Pablo Neruda, que eu escolhi como lema deste ano, que diz: “Já sabes por ti mesmo muitas coisas. E outras vai sabendo lentamente”. E às vezes a gente precisa “se perder um pouco” pra se achar. Às vezes a gnt precisa de tempo (e outras vivências) pra perceber o que a gnt já sabia. Bem-vinda de volta.

    1. Que lindo esse trecho de poema! Tocou muito por aqui! Obrigada por compartilhar!

  12. Oi, Thais. Fico feliz que esteja bem e se encontrando. Ver o seu processo me ajuda bastante. Me lembro de uma vez em que você falou que estava tudo bem perceber que tinha ido por um caminho e depois perceber que ele não fazia sentido e voltar. Parece que não é permitido errar, principalmente depois dos 40. Eu fiz uma decisão de seguir por um nicho de trabalho, quebrei a cara, me machuquei bastante, e resolvi voltar a lecionar, o que sempre foi minha paixão, mas, ao mesmo tempo me assustava, por conta da minha insegurança e questões pessoais. O que você disse me ajudou a recalcular a rota. Não entendi bem o que você decidiu, se vai finalizar a empresa, se vai finalizar o curso ou se vai manter sem a equipe, mas saiba que tô aqui contigo. Ah, e quero agradecer porque o MVO foi um divisor na minha vida. Há ainda muito a melhorar. Às vezes ainda não me considero uma pessoa organizada, mas eu já melhorei tanto. Isso dá alegria. Mais do que isso, eu aprendi com você a me conhecer. Eu me identifico porque também tenho muitos papéis: mãe, professora, empreendedora, produtora de conteúdo, dona de casa, pesquisadora. Às vezes parece que não vou dar conta e que preciso abrir mão de alguma coisa, mas eu não quero. Eu quero continuar sendo isso tudo, sabe? Nam myoho renge kyo 🙂

    1. Obrigada, querida. Eu não vou finalizar nada. Vou voltar a trabalhar sozinha, para assim ter mais autonomia, e abrir o leque para outras coisas de produtividade além do Vida Organizada. Nos últimos anos eu foquei apenas no MVO e sinto falta de falar sobre outros temas, como o GTD.

  13. Oi Thais!

    Te acompanho há mais de 5 anos e realmente a mudança era perceptível mas ao mesmo tempo não me causou surpresa porque aparentemente é o caminho de menor resistência dos produtores de conteúdo conforme vão crescendo. Independente do antes e do que se tornou, apesar dos pesares, como tudo o que você faz, foi uma experiência primorosa. Claro que a mudança fez perder um pouco da “essência” da Thais, mas também teve seus ganhos e aprendizados com a “essência” de quem participou e colaborou. Não tenho nada a reclamar e só a agradecer, porque você e sua equipe fizeram a diferença na vida caótica que eu tinha quando era CLT e resolvi voltar a estudar e ter uma nova carreira (além de cuidar da casa, pets, marido, pai e criar um filho adolescente)!

    Apesar do post ter sido feito em julho, somente hoje ele “caiu” nos meus olhos e como nada na vida é por acaso (acredito muito que tudo tem seu tempo certo) e caiu não como uma luva, mas como um traje completo rs! Estou em um processo de ressignificar meu trabalho (saí da empresa no final de 2022 e até agora não consegui “engatar” e ser remunerada como preciso e mereço) porque também perdi o “brilho no olhar” e a vontade de seguir, por diversos motivos que não vou expor para não me alongar por aqui. Ao ler seu post, alguém que tem tanta clareza do que quer, me deu um novo ânimo e uma nova perspectiva para eu olhar o meu trabalho de uma outra forma, assim como para mim mesma no meio disso tudo! Eu também me perdi um pouco de mim para me encaixar em sei lá o quê!

    A única coisa que tenho percebido e em que acredito piamente hoje no mercado é que a autenticidade é o que diferencia as pessoas e é o que atrai o público que precisa do seu trabalho. Quem estava com você desde o início, esteve com você durante essa fase intermediária e estará com você até o final, porque para mim (e imagino que para todo mundo que te segue), não se trata de produtividade, de trabalho, de agenda, de organização, mas de um ser humano maravilhoso que se desdobra para facilitar a vida das pessoas e o faz com muito amor e compaixão. É sobre a estrada, o caminho, a companhia, não o destino! Gratidão imensa por sua vida! ?

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