Vocês devem ter lido em um post anterior que eu contei sobre um dos trabalhos que preciso fazer para uma das disciplinas do Doutorado que estou cursando neste semestre. Trata-se de um seminário em que preciso apresentar a visão de dois autores obrigatórios da disciplina com relação aos temas identidade ou alteridade. Os dois autores atribuÃdos a mim foram Bauman e Castells – dois autores que gosto, já li, mas não são autores que uso de maneira intensa ou rotineira nos meus trabalhos e pesquisas, então isso se configurou um desafio porque eu teria que dedicar um tempo maior para os estudos deles. Nada de errado com isso, tirando o fato de que, em teoria, eles não têm muito a ver com a minha pesquisa. E isso estava me “pegando” um pouco.
Depois que decidi que iria, de qualquer maneira, tentar encaixar absolutamente todos os meus trabalhos durante os anos do Doutorado na minha pesquisa para a tese, e coloquei como um “recorte sugerido” que todos os trabalhos deste ano tivessem a ver com a parte de contextualização da tese (leia este post para entender melhor), até que se tornou mais fácil tomar algumas decisões!
A primeira coisa que fiz foi começar a leitura focada dos dois livros sugeridos pela professora para o seminário: “O poder da identidade” (Castells) e “O mal-estar da pós-modernidade” (Bauman).
A leitura não foi descompromissada. Eu comecei a ler com a incessante pergunta em mente: o que esses autores têm a contribuir com as minhas pesquisas sobre trabalho? De verdade, penso que essa “jogada” tenha sido fundamental no processo, pois li os livros com essas lentes.
O foco da semana era simplesmente chegar ao tema. Eu precisava ler o suficiente de ambos os livros para conseguir chegar a um tema e aprová-lo com a professora na aula seguinte. Então, após essas primeiras leituras, consegui chegar ao tema: “Identidade e trabalho: revisitando Bauman e Castells”. Bem, eu sei que não é criativo, mas também é apenas um seminário de uma disciplina que preciso apresentar em duas semanas. Não dá pra ser mais aprofundado do que isso. Onde posso buscar a profundidade? Nos conceitos que já estudei, já pesquisei, e que tenho respaldo para falar. Por isso que contextualizar dentro do meu tema macro (trabalho) faz sentido.
Na famigerada “aula seguinte”, apresentei o tema para a professora e ela gostou muito. Perguntei ainda se eu poderia trazer outros autores não como principais, mas como complementos ao trabalho. Ela perguntou “quais?”. Eu respondi, citando dois autores que eu tenho mais familiaridade e que eu sei que vão dar um respaldo bem bacana a todo o trabalho. Ela adorou, disse que são contemporâneos e que realmente parecem complementar. E é isso. Meta da semana alcançada: tema definido e aprovado com a professora! Parti para o meu mapa mental do trabalho e já fiz as alterações:
Ah, eu esqueci de dizer que pedi para a professora para apresentar no último dia possÃvel! Minha justificativa: eu sou “nova” nas Ciências Sociais e preciso de mais tempo para as leituras, enquanto que outros colegas da disciplina são graduados em CS ou estão trabalhando com os autores citados, tornando o processo mais prático. Ela aceitou de boaça e os outros alunos também achavam que fazia sentido. Isso me dá mais tempo para ler e preparar a apresentação. Fora que, nas aulas até lá, os outros alunos já estão apresentando os seus seminários, o que me ajuda a solidificar melhor os conceitos e entender como posso elaborar o meu.
Esse trecho foi retirado daquele post que citei, que entrou no ar outro dia. A professora ainda não tinha aprovado o tema. Bem, ela aprovou! Então minha meta desta nova semana é continuar as leituras crÃticas de ambas as obras, com foco em terminá-las. Cronograma básico:
- Semana 23: focar nas leituras dos dois livros
- Semana 24: montar a apresentação já trazendo os slides conceituais dos outros autores citados
- Semana 25: fazer leituras complementares para acrescentar ao seminário
- Semana 26: apresentação do seminário
O próprio Bauman tem outros dois livros sobre identidade (e tenho ambos), mas só vou entrar nesses estudos quando terminar a leitura principal dele (foco!). Leio os dois livros todos os dias para avançar nas leituras. E não é nada difÃcil, porque acho o Bauman fantástico. Eu também estou finalizando um curso sobre um dos autores complementares (Byung-Chul Han), que certamente vai me ajudar no trabalho.
Enfim, a mensagem que quero trazer com este post é mostrar como um seminário desafiador que tinha tudo para me tirar do foco conseguiu se transformar em um estudo instigante e que me dá muito mais vontade de fazer (motivação). Contextualizei dentro da minha pesquisa principal e usei essas lentes para estudar os trabalhos. Mudou completamente a forma como eu estava olhando para esse seminário, antes como uma atividade “para passar” na disciplina, e agora como uma real oportunidade de aprendizado sobre como esses autores falam sobre identidade e, para um, o exercÃcio desafiador de trazer isso para o mundo do trabalho, das carreiras, “vocações” etc. Tô adorando.
Que legal, ThaÃs!!!
O tÃtulo do post também poderia ser : “Fazendo limonada com os limões que a vida dá” rs
Parabéns, você é inspiração!
É mesmo rsrsrs
Obrigada por compartilhar, seus posts sobre o doutorado são uma grande inspiração! E gostei de ver seu MPN!! Beijos!
Olá, tudo bem, Thais?
Eu também sou fã do Bauman e dialoguei com as ideias dele em minha dissertação, concluÃda no ano passado. Pelo que você tem comentado, creio que um dos livros dele, “Modernidade LÃquida”, pode ser muito útil para sua pesquisa. Se tiver tempo, dê uma olhada! Abraços
Crescendo e amadurecendo com a Thais Godinho…gratidão! Estou ainda engatinhando na pós-graduação (na verdade, duas!) e já visualizando possibilidade de Mestrado! Tuas experiências pessoais nos estimulam bastante a não desistir de sonhar!
Namastê
O que mais me inspira ao ler essa publicação, é a lição de sempre retomar os nossos desafios e tentar abordar novas perspectivas pra fazer o processo fluir melhor. Obrigado por compartilhar ðŸ™