Muitas pessoas me perguntam “o que eu faço” e, se você tem mais ou menos a minha idade nesse momento do mundo em que vivemos, sabe que fica cada vez mais complexo explicar o que se faz quando não existe mais uma linearidade das profissões e carreiras.
De modo geral, costumo responder de acordo com a bagagem da pessoa ou o contexto. Se estiver em um evento acadêmico, digo que sou Mestra em comunicação, planejando o Doutorado. Se estiver em um evento de marketing, digo que sou criadora de conteúdo, ou youtuber. As pessoas entendem. Se eu estiver assinando a ficha do check-in do hotel, prefiro escrever que sou publicitária – gera menos perguntas. Enfim, de acordo com o contexto, respondo algo que realmente sou, mas com um recorte apropriado.
O Vida Organizada nasceu como um hobby, em 2006, e de lá para cá foi sendo gerido e construÃdo junto comigo, proporcionando oportunidades de mudança profissional. Em 2014, pedi demissão do meu último emprego e passei a viver exclusivamente deste trabalho. Desde então, nunca mais tive um “emprego”. Virei autônoma, fiz a empresa crescer, contratei, demiti, quis ter uma empresa grande, quis ter uma empresa menor, e amadureci de diferentes maneiras em um processo que me fez aprender demais sobre o que eu quero e o que eu não quero para mim.
Se eu tivesse que resumir o que faço hoje, diria que o Vida Organizada trata-se de conteúdo educacional. Eu trabalho com criação e produção de conteúdo, mas também como professora, escritora e pesquisadora, e tudo isso se reflete nos diferentes produtos do meu trabalho.
O curso online do Método Vida Organizada é o meu trabalho principal. O desenho do método em si, algo a ser construÃdo a médio prazo, em décadas, é o meu trabalho principal, na verdade. O curso é uma extensão dele. Além do curso, tem o blog, o YouTube, o Instagram, o Telegram, o podcast que logo vai nascer, os meus livros e toda a minha história de vida.
Para onde a minha empresa está caminhando? Para o aperfeiçoamento desse método, para a melhoria de todos os cursos online que ofereço, para a minha tese de Doutorado, para mais pesquisas, mais aprendizados sobre andragogia, design instrucional, transição pedagógica, novas tecnologias para a educação e produção de conteúdo, escrita, eventos de impacto inspiracional.
Quando faço aqueles exercÃcios de projeção para o trabalho, pensando em 5, 10 anos, permito-me confiar no tempo. Durante os últimos seis anos, planejei e executei assertivamente. Tudo o que quis fazer, eu fiz. Tudo o que quis conquistar, consegui. E, nesse processo, aprendi que, com a cabeça que eu tenho hoje, eu não consigo entender o cenário que vou ter daqui a cinco anos. Planejo sim, um montão de coisas, mas acima de tudo me permito viver e deixar a vida acontecer. Eu sou uma nova pessoa. Aprendo muito, e tenho muito foco nesse trabalho no momento presente. Quando eu foco em fazer bem o trabalho que já faço, novas oportunidades surgem e, com elas, vontades. Ideias. Iniciativas. Quero me permitir experimentar tudo isso à medida que trabalho em tudo aquilo que já existe.
Claro que tenho metas de faturamento, de número de seguidores para o canal no YouTube, essas coisas materiais e mundanas que representam métricas para avaliar o resultado desse trabalho. Mas o resultado real é a transformação das pessoas, do mundo, de mim mesma, da minha famÃlia, do trabalho. Aperfeiçoar diariamente. A prática traz a melhoria.
Tenho tantas ideias e coisas que quero fazer! Sinceramente, acho que tenho ideias para implementar para o resto da vida, se deixar! A grande questão é: a pessoa que criou essas ideias será a mesma pessoa que vai implementá-las algum dia? Sabe-se lá. Prefiro viver com os resultados desse processo de criação. Tenho sim projeções, mas estou focada no momento presente. Hoje, meu trabalho tem muita coisa legal acontecendo, e todas as coisas estão sendo melhoradas, aperfeiçoadas, refinadas. É isso. o trabalho atual em si já representa muitas oportunidades de melhorias, e esse é o meu foco.
Acho incrÃvel parar para analisar a mentalidade da Thais no inÃcio de 2018 para a mentalidade da Thais quase no final de 2020. Há um ano, eu estava assustada com a velocidade das minhas conquistas. Tudo o que eu queria ter feito, eu fiz. Nada parecia tão impossÃvel. Mas ter alcançado vários objetivos me fez vivenciar o cenário que foi criado por eles. E foi quando percebi que queria reajustar a minha rota.
É um sentimento interessante porque, ao mesmo tempo que me sinto profundamente conectada ao meu trabalho, eu também me sinto pacificamente separada dele. O que quero dizer é que não gero apego. Se eu quiser ou tiver que trabalhar com outra coisa, tá tudo bem. O propósito transcende os formatos. Formatos são o “como”. O “por que” continua.
Sei que sou privilegiada pelas escolhas que posso fazer hoje e pela autonomia que tenho com este trabalho. Mas, justamente por ter esse privilégio, sinto-me na obrigação de honrá-lo. Ikigai é mais do que trabalho.
Não deixo de sorrir sutilmente ao perceber que, na tentativa de fazer, no movimento, eu me tornei zen. Ensõ.
ThaÃs, bom dia.
Me identifico com esse sentimento. Décadas atrás as pessoas tinham dois ou três chapéus para se identificar, ex: sou professor e pai.
Hoje reclamamos da falta de tempo, mas lendo seu post percebi que sobra tempo, tanto que temos muito mais chapéus: temos mais de um profissão, hobbies, enfim, estamos conseguindo nos dedicar a mais coisas.
E está cada vez mais difÃcil preencher a profissão na ficha do hotel com uma ou duas palavras.
Bom dia Thais. Tudo bem? Na maioria das vezes ouço você nos vÃdeos enquanto caminho ou lavo a louça e devo dizer que aprendi muito com você e com seu método a ponto de mudar minha vida em vários sentidos (positivos, é claro!) Pois bem, ouvindo você algo me marcou. A frase: “Não basta ter as coisas sob controle, você tem que saber para onde está caminhando”E isso deu um clic dentro de mim…Com o método GTD, o Todoist e outras ferramentas tudo na minha vida está capturado, esclarecido, organizado e procuro me engajar, porém me ocorreu: para onde tudo isso está me conduzindo? Pensei em propósito e missão de vida e não sei se os tenho. Isso me afligiu…Talvez esteja só seguindo… tudo sob controle mas para onde? Gostaria que você falasse mais sobre isso e trouxesse luz à esse assunto. Grande abraço.
Procure sobre “horizontes” aqui no blog que tem muuuuuito material a respeito. 😉
Muito bom ler esse texto. E tive que me reinventar com mais de 40. De auxiliar administrativo em escritório de contabilidade e mãe me tornei psicóloga. É bom poder projetar e ver que estamos em constante mudança. Um bj grande.
que legal! amei saber disso. As vezes me acho velha demais pra chegar em um novo lugar….
Gratidão!
Oi ThaÃs! Tudo bom? ^^
Na UFBA tem um grupo de pesquisa chamado EtniCidades e eles irão fazer um seminário chamado “Arquiettura e aldeamentos indÃgenas: Povos originários, os donos da terra”, do dia 21 ao dia 24 de setembro.
Um dos painéis me lembrou de você, chama-se “Povos indÃgenas – Desenvolvimento e bem-viver” (com Casé Tupinambá, Kahu Pataxó e Cacique Juvenal Payayá), no dia 24/09 à s 19h. Vai ser no canal do youtube do EtniCidades.
Confesso que só estou indicando por conta de lembrar de você falar de estudar o bem-viver em algum vÃdeo do youtube e apalavra estar no tÃtulo, mas não sei exatamente como será o conteúdo da palestra, só descobrirei no dia hahaha
O instagram do grupo é @grupoetnicidades caso você queira perguntar algo.
Um beijo!
P.S.: a foto nova no cabeçalho ficou ótima <3 <3 <3
Obrigada pela indicação. Vou anotar aqui para ver se consigo participar.
Terminei o Ikigai ontem, mas confesso que fiquei refletindo sobre e cheguei a conclusão que não sei o meu… Na verdade, nem passa pela cabeça… Achei o livro muito bom no que diz respeito a dar dicas de como tornar a vida mais feliz e saudável. Porém, não quanto a ajudar a encontrar nosso ikigai, (meio confuso né?)
Algum livro que melhor traduza essa busca?
Seu diário. 😉
que texto bom. parabéns pelo trabalho e obrigada.
Oi ThaÃs! Se possÃvel, você poderia falar um pouco mais desse conceito de transição pedagógica? Trabalho na área de educação, estou nesse momento buscando ampliar minha atuação para uma transição de carreira e fiquei interessada. Obrigada!
Obrigada pela sugestão, Mari. Eu posso falar sim, mas minha recomendação é buscar cursos na área, se seu interesse for esse aperfeiçoamento profissional, pois envolve bastante coisa e aqui acabo passando só a minha experiência pessoal mesmo. 😉 Bjo.
Obrigada Thais, vc é um inspiração pra mim desde o momento que li o primeiro texto do blog lá por 2009 e assim sigo quase todos os dias visitando aqui e me inspirando <3
Inspiração pura! Quero ser assim quando crescer! (só que do meu jeito😉)
Abraço!
Estou querendo começar com o gtd, por onde começo aqui no seu blog e no youtube?
Obrigada!
Lendo o livro do método. 😉
Qual livro Thais? tb conheci seu site agora e estou muito envolvida !!! mas qual livro vc diz? vi que tem o da casa organizada, e outros….. queria uma orientação pra começar do zero…o que fazer primeiro?
http://vidaorganizada.com/livros 😉
Olá Thais sua escrita, sua fala, suas conversas todas já transparecem esse caminho que esta seguindo, espero pode acompanha-la sempre!
Almejo chegar nessa sensação um dia
Oiê, Thais! Tudo bem? Obrigada pelo texto! Fiquei curiosa com algo e queria saber se pode falar mais: como foram as primeiras rendas provenientes do vida organizada? Elas vieram logo que pediu demissão ou demorou mais? Nessa época da sua transição já existia o curso? Pergunto pois estou em processo de transição, e acredito que essa troca possa acrescentar. Grande abraço!
Obrigada, Laila. O que me deu segurança para sair foi ter fechado um contrato bom com um cliente, que me deu segurança para o faturamento dos meses seguintes. Seis meses depois que pedi demissão eu organizei meu primeiro workshop presencial. Hoje a gente já pode começar com cursos online, que é uma maneira de ter menos custos e escalar mais rápido. 😉 Boa sorte! <3
Muito inspirado e inspirador esse texto, Thais! Parabéns!