O dia ideal

Resolvi revisitar um exercício que ensinei aqui no blog há alguns anos refletindo sobre como eu gostaria que fosse um dia ideal de trabalho. No exercício em questão, eu falo para você pensar daqui a 10 ou 15 anos. Por quê? Porque você teria um pouco mais de perspectiva para nada ser um fator limitante para aquilo que você quer que seja verdade no seu dia a dia. Mas eu senti que, para mim, no momento, valeria a pena fazer a mesma reflexão pensando no meu hoje mesmo, pois estou um pouco insatisfeita com a minha rotina.

Eu tenho o imenso privilégio de trabalhar como eu quero. Eu contei isso outro dia, no post sobre maternidade, dizendo o quanto tempo eu levei para construir esse estilo de vida para mim. Foram anos de muito esforço e dedicação, e não algo que aconteceu do dia para a noite. Vivi inseguranças, fiquei preocupada, mas com o passar dos anos tudo foi sendo moldado, vivenciado e ajustado.

Pensar sobre como seria o meu dia ideal foi muito bom. Fiz esse exercício dedicando 15 minutos do meu dia e escrevendo em um caderno, com caneta. Prefiro escrever, nessas horas. Dediquei então alguns minutos e tirei boas conclusões, que compartilho com vocês:

  • Primeiro, que gosto de acordar cedo. Cedo que digo é junto com o sol. Isso me passa a sensação de que começo o dia antes de todo mundo, em um ritmo mais calmo, leve e meu, sabem? Toda vez que acordo mais tarde, hoje em dia, fico me sentindo péssima, como se já tivesse acordado meio atrasada, e não gosto de me sentir assim. Foi uma percepção importante a respeito da minha rotina. É algo que posso incorporar imediatamente.
  • Cada vez mais eu reforço como é importante para mim ter um dia leve e tranquilo. Quando falo em “leve e tranquilo”, quero que vocês pensem em um dia de férias na praia. Sabe quando você acorda e pode viver o seu dia sem obrigações, em um ritmo leve, simplesmente? Não quer dizer que eu não vá fazer nada – quer dizer que não vou acordar “pilhada”, verificando mensagens de gente me cobrando resposta o quanto antes. Esse ritmo é tão doentio! Então cada vez mais eu quero tirar essa parte estressante e trazer a parte calma, e acho perfeitamente possível comprar essa briga mesmo vivendo na cidade.

  • Por eu gerenciar muitos trabalhos diferentes, acredito que valha a pena dedicar esse período bem cedo para despachar coisas – delegar atividades, pedir o que deve ser feito no dia para os outros, cobrar, enfim, dar uma geral nos e-mails e mensagens e já esclarecer o que deve ser feito no dia enfim. Só depois disso eu faria uma pausa, possivelmente para uma atividade física para dar uma nova acordada, tomar um banho, e aí começar a parte de “produção”.
  • A parte de produção, como eu imagino, significa pegar a maior parte do meu dia de trabalho, aproveitar que estou com uma boa energia e o dia está iluminado, para gravar vídeos, aulas, produzir materiais, escrever, enfim, me dar 100% ao que quer que seja. Consigo me concentrar nisso, trabalhar com outras pessoas, quando necessário, almoçar rapidão, voltar e trabalhar assim até a energia cair. Nesse momento, é hora de parar, conversar sobre o que foi feito, tomar um café ou chá, e partir para atividades de rotina, de encerramento do meu dia.
  • Ir para casa ao final do dia, ter aquele momento gostoso em família, de transição, de cozinhar, de dar e tomar banho, de dar risada, conversar – esse momento é legal e importante para mim. Se tivermos esse momento, depois cada um pode cuidar das suas coisas particulares – que seja lição da escola ou Fortnite, ou meu marido tirar músicas para a banda, ou eu ministrar uma aula ou fazer outra coisa relacionada. Não vejo problema algum em trabalhar de noite, mas quero ter o “nosso momento” antes.

Algumas questões surgem quando passo esse dia ideal para o papel. Por exemplo:

  • O que fazer com as reuniões? Minha ideia é reduzir ao máximo e então encaixar as necessárias no momento de alta energia do dia, ou de noite.
  • E os finais de semana? Hoje eu costumo ministrar cursos aos finais de semana. No final das contas, isso não é ruim, pois meu marido faz shows nesses dias e nosso filho gosta de ficar na casa da avó (já até acostumou). Mas eu queria poder fazer mais coisas diferentes nesses dias, e não apenas trabalhar. Talvez dar aula só de tarde, e usar a manhã para ir à feira, passear, essas coisas.
  • E o horário noturno com a família? Quero voltar a dormir mais cedo e acredito que isso acabe influenciando todos eles.

Admito que a chegada do calor me deixe com uma vontade maior de fazer essas coisas. 🙂

Como seria seu dia ideal hoje, com as condições de mudança que você tem? Às vezes o dia ideal está mais próximo do que a gente imagina.

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17 Comments

  1. Que texto excelente para a gente refletir. Fiquei emocionada, na parte que você descreveu o final do dia, de ter um momento gostoso com a família…

    Obrigada, Thais, você me inspira.

  2. Hoje, especificamente, esse dia ideal está parecendo inatingível. Estou muito cansada, física e emocionalmente. Minha caçula está numa fase difícil (primeiros dentinhos) e me impede de fazer qualquer coisa pois precisa de colo em tempo integral. O filho do meio está pra completar 3 anos, é um amor, mas tem sentido minha dedicação quase exclusiva para a caçula. A mais velha é pré – adolescente e também deixou de receber atenção, resultado: queda brusca no rendimento na escola. A casa está um caos (deixei de trabalhar fora pra cuidar de todos e nunca me senti tão exausta, mesmo quando tinha emprego). Eu tinha esse dia ideal bem delineado e tentava mesmo vive – lo (com tempo para leitura e estudos, até um pouquinho de artesanato…), mas ultimamente todos os minutos do meu dia são destinados aos bebês (não fico sozinha nem quando vou ao banheiro rsrs), toda vez que tento levantar mais cedo pra ficar sozinha eles “sentem meu cheiro” e acordam também… Torcendo pra que essa fase passe logo!

    1. Faz o exercício do início do post, que é um exercício de perspectiva. 😉 Ele serve justamente para o que você relatou.

      Obrigada por comentar.

  3. Oi, Thais. O meu dia ideal está longe da minha realidade atual. Sou funcionária pública e trabalho naquele esquema tradicional de 8h por dia com intervalo de 1 ou 2 horas para almoço. Tenho um filho de 1 ano e sinto que passo pouco tempo com ele durante a semana. Além disso, na minha rotina atual não consigo pensar em um espaço para cuidar de mim, fazendo uma atividade física, por exemplo. No meu dia ideal eu trabalharia no máximo 6 horas por dia, para ficar mais com meu filho e sobrar algum tempinho para mim mesma também. Estou em busca de trabalhos freela para, quem sabe um dia, fazer uma transição de carreira. Depois que me tornei mãe sinto que o esquema tradicional de trabalho em que vivemos não favorece a maternidade. Uma jornada flexível parece muito mais interessante. Enfim… Obrigada pelo excelente post! Bjos

    1. Dá uma olhadinha no exercício linkado no início do post. Ele é para você. 😉 Muitas vezes a gente não consegue ter essa visão porque está imersa em uma realidade muito diferente e que parece distante. Pensar sem limitações de tempo pode ajudar.

      Obrigada por comentar.

    2. Marcela, não é possível no seu órgão optar pela redução da carga horária de trabalho? Sou servidora também e temos essa opção.

      abraços

  4. Acordar cedo com certeza para mim também é importante . Gosto de planejar o que vou fazer . Planejar até não fazer nada ou para imprevistos (aprendi aqui no blog sobre isso ). Ter um tempo para ler também acalma minha mente. E tenho um mimo que é ao final do dia sentar e tomar um café com calma. Sou muito apegada a rotinas.

  5. Eu penso como você. Me sinto bem acordando mais cedo e me exercitando pela manhã, logo que acordo. Me sinto mais disposta durante o dia, analiso melhor as tarefas de trabalho e o humor melhora… fora que traz a sensação de dever cumprido tirando a carga da obrigação de fazer isso após o expediente, o que me “come” uma hora com minha família. Mas isso me exigiria deitar mais cedo, o que também diminui meu tempo pra mim e para eles… Como posso resolver? Ainda não cheguei num dia ideal por esse motivo.

    1. Acho que a solução é alternar. Algum dia você fica até mais tarde e faz algo com eles.

  6. Tenho tido muitos dias ideiais, e isso me deixa muito muito feliz!
    Acordar aos poucos, conforme o dia clareia.
    Cuidar de mim: fazer meus alongamentos na sacada, aproveitando a luz. Regar as plantas. Café, tapioca, com calma e cuidado.
    Cuidar da casa: 45 minutos bastam pra tudo.
    Cuidar do trabalho: tenho trabalhado em casa por 3 dias da semana. Nem consigo dizer o quanto acho bom esse esquema.. Consigo preparar um almoço saudável, com ingredientes naturais e frescos. Minha filha vem almoçar em casa, então compartilhamos a refeição, é um momento de carinho. E tem dois dias da semana em que trabalho fora de casa, interagindo com outras pessoas, o que também é bom!

  7. Thaís depois q comecei a te seguir, consegui realizar e mudar pra melhor minha vida. Eu concordo com vc qdo diz q dá pra desacelerar mesmo sem estar na praia…
    Eu estou num momento de decisão : sou odontopediatra,tenho um emprego publico em outra cidade e trabalho numa clínica particular que está me exigindo um tempo q dedicava a minha mãe que é dependente de O2 24hrs/dia e dois filhos…
    Acho q vou abrir mão desse segundo emprego pra não me arrepender desse tempo q não estou com ela!

    1. É uma escolha difícil, mas acho que você já a tomou. 😉

  8. Oi Thais, Lembro deste post,fiz o exercício e tenho ele desenhado na minha cabeça, não estou nem perto de alcançar mas quando estou nas “encruzilhadas” da vida ele me vem na cabeça e me ajuda a tomar uma direção.Obrigada Thais, você não tem ideia do quão importante é na minha vida, gratidão eterna!

  9. Thaís, estava aqui pensando em algo oposto.
    Hoje meu filho tem 16 anos e me vejo ainda apegada a pensamentos e rotinas de quando ele era mais novo e demandava muito mais meu tempo (no levar, buscar e etc…), hoje ele vai para alguns lugares de bike ou de uber, se resolve bem, se vira um pouco com comida e etc…
    Mas continuava me sentindo com muitos compromissos e obrigações que hoje já não tenho mais, me senti em alguns momentos com muito tempo livre e sem saber muito bem o que fazer. Tenho pensado muito nisso e no ano que vem ele quer começar um curso técnico a noite, a nossa rotina mudará mais um pouco e eu pretendo iniciar uma pós nesse período.
    O meu pensamento hoje é do que fazer com esse meu tempo livre que está surgindo e que tende a aumentar ainda mais com o passar dos anos.
    Abraços

    1. Que legal. Essa reflexão é essencial. Boa sorte com o curso. 🙂

  10. Eu faço essa técnica já tem um tempo, mas eu nunca escrevi no papel. Apenas faço a visualização. Deve ser por isso que está demorando tanto kkk
    Vou pegar a dica da Thais e escrever meu dia ideal.

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