Achei que seria interessante postar como tem sido a minha rotina nessa situação atual, pois algumas pessoas têm me perguntado e o post ficará como referência.
É muito difÃcil manter a rotina, ao meu ver, por dois fatores:
- A mente, a ansiedade, a preocupação. Apesar de eu tratar tudo isso muito bem, são fatores que hoje estão mais presentes do que antes, então existe um esforço maior de me entender, me conhecer e saber identificar quando esses fatores mentais estão aparecendo na minha cabeça e como lidar com eles.
- A rotina dos meus meninos (marido e filho) está alterada, e isso mexe completamente com a minha, pois não posso simplesmente manter uma rotina individual ignorando as necessidades e a existência deles.
Faz 22 dias que eu estou em quarentena, o que significa que ou não estou contaminada, ou sou assintomática. Aqui em casa, nenhum dos meus dois meninos teve qualquer sintoma também, então estamos nos sentindo protegidos.
De modo geral, meu marido me falou ontem, e eu sinto o mesmo, e sinto até um pouco de vergonha de dizer isso sabendo que existem pessoas em condições muito piores e que pode soar como ostentação, mas nós estamos muito bem isolados em casa. Saber que estamos protegidos, que estamos bem, e que estamos juntos, tem feito toda a diferença no nosso astral. Nós desde o inÃcio nos propusemos três coisas, como adultos:
- Sermos o ponto de apoio pro nosso filho, de modo que ele se sinta seguro e esperançoso diante de tudo o que está acontecendo;
- Respeitarmos o momento de cada um;
- Focarmos em desenvolver uma mente positiva.
Penso que ter estabelecido isso logo no inÃcio nos ajudou a ficar bem todos os dias. Temos dias mais difÃceis, em que meu marido está mais preocupado e irritado, e dias em que eu quero ficar mais quietinha, sem conversar muito. Não estamos ignorando a situação e nem acho que ela deva ser ignorada. Ela existe. Há preocupação. Mas, ao mesmo tempo, é a nossa vida agora, e ela precisa ser vivida da melhor maneira possÃvel.
Aqui na nossa casa temos um quintal, mas não dá para frequentá-lo, pois ele está em reformas. Eu retomaria essa obra este ano, pois é algo que precisa ser feito aos poucos (pelo $ mesmo). Com a situação atual, está em suspenso. Logo, nossa convivência na nossa casa é como se a gente morasse em um lugar sem quintal. Estou falando tudo isso porque acho que um quintal faria toda a diferença nesse momento. O que mais sentimos falta é desse ar livre. Poder meditar, fazer yoga, sentar na cadeira para tomar um sol e ler um livro, brincar com os cachorros, o próprio filhote fazer outras coisas. Mas, tirando isso, está tudo bem.
Eu já tenho uma maneira pessoal de organizar a vida que funciona muito bem, então não preciso de mudanças nesse sentido – apenas reajustes. Mais do que nunca, meu sistema me dá todo o suporte necessário.
Esse sistema se baseia em duas ferramentas que são essenciais para gerenciar o dia a dia: minha agenda no Google e minhas listas de próximas ações no Todoist.
Todos os dias, abro a agenda, pois lá tem o que preciso fazer / saber no dia de hoje. Obviamente tenho menos agendamentos, mas ainda assim tenho alguns. E tenho alguns lembretes e ações que aparecem na parte de cima da agenda, como “compromissos de dia inteiro”, que na verdade são informações ou ações que posso fazer a qualquer momento ao longo daquele dia. O que está na minha agenda é o essencial, aquilo que efetivamente eu tenho que fazer no dia. Logo, fico com ela aberta e foco no que está ali antes de olhar para qualquer outro lugar.
Ao longo do dia, nos intervalos, olho a minha lista de próximas ações, que fica no Todoist, e trabalho no que tem prazo, nas rotinas diárias e em todo o restante que esteja ali (expliquei melhor em um post que entrou há poucos dias).
Definitivamente a rotina não é a mesma de antes pois sou mais interrompida pelos meninos do que quando eles não ficavam em casa, mas faz parte. Não é algo para ficar iritada, e sim saber que eles têm suas demandas e que vão falar comigo porque eu não estou em uma bolha. O que faço é garantir as coisas andando durante algum tempo em casa (já explico) e, quando preciso me concentrar e não posso ser interrompida, eu aviso para eles e fecho a porta do home-office. Quando posso ser interrompida, fico trabalhando com a porta aberta e o fone de ouvido, para o barulho não me atrapalhar.
“Garantir as coisas andando” em casa basicamente significa identificar o que pode levar a interrupções e já antecipar. Coisas como:
- vai chegar entrega hoje, é da Amazon, pode pegar
- o que vamos almoçar? quer eu que faça algo ou você faz?
- filhote, você vai fazer a lição da escola agora né?
- você pode fazer tal coisa?
Enfim, eu dou uma geral para garantir que, durante o perÃodo que eu preciso me concentrar, eles estejam ocupados. Cada vez que termino alguma atividade, ou a cada 1h ou 1h30 trabalhando no computador, eu levanto, vou lá ficar com o filhote um pouco e faço alguma tarefa doméstica. Um ritmo diferente de como era antes, mas ainda assim leve.
O que eu ainda não consegui acertar muito bem é meu horário de sono. Como comentei ultimamente por aqui, estava caminhando para uma rotina de dormir e acordar cedo (21h30-5h30), mas na situação atual não é possÃvel. Explico: meus meninos dormem mais tarde. Se eu for dormir cedo, muitas vezes é o momento em que assistÃamos juntos um filme, ou mesmo ficávamos mais tempo juntos, sem fazer nada. Fora que, dormindo cedo, e eles acordados, a casa fica barulhenta. Logo, estou indo dormir mais tarde e acordando mais tarde também, mas essa mudança pega MUITO pra mim e, até me acostumar, é como se eu estivesse em fuso horário diferente. Mesmo dormindo de 7 a 8 horas toda noite, eu acordo me sentindo cansada, porque essa mudança de horário de dormir e acordar é algo que mexe demais comigo.
Em termos de alimentação, meu marido continua responsável pela comida e eu apenas complemento caso precise de mais nutrientes, devido à minha condição especial pós cirurgia bariátrica etc. Por exemplo, se eles fizerem uma pizza, eu também como pizza, mas o recheio da minha terá brócolis, abobrinha etc, e não apenas queijo e molho de tomate, com a deles, muitas vezes.
Outra mudança na minha alimentação foi voltar a comer um alimento processado, que é a proteÃna texturizada de soja. Eu não estava consumindo, mas é um alimento importante e fácil de estocar, e me traz proteÃnas de maneira segura. Minha nutricionista e minha terapeuta de ayurveda liberou com mil ressalvas devido à condição da bariátrica, apenas durante esse perÃodo de quarentena, pois não posso correr o risco de passar mal e ter que ir para um hospital, o que seria muito pior.
Mas, de maneira geral, estou me alimentando muito bem, priorizando alimentos frescos. Para evitar pegar alimentos na feira do mercado (pois são manuseados por muitas pessoas e, portanto, com maior risco de contaminação), assinei uma cesta de orgânicos que chega semanalmente em casa. Isso tem sido ótimo, pois traz uma certa variedade às refeições (são sempre alimentos da época e escolhidos pelo produtor) e garante que a gente coma todos os dias, em todas as refeições, alimentos frescos. Sempre temos uma salada lavada, legumes em todos os pratos etc.
Sobre a rotina de compras. Meu marido optou por ele ser a “vÃtima” a sair de casa para ir ao mercado uma vez por semana e receber entregas na porta. Temos pedido entregas apenas do que for absolutamente necessário e, de comida, apenas os orgânicos (uma vez por semana) e uma mercearia do bairro que estou comprando a cada 15 dias para ajudá-los. Toda vez que chega algo em casa, higienizamos direitinho. Quando meu marido volta da rua, deixa os sapatos para fora, coloca a roupa para lavar e toma banho imediatamente após higienizar as compras.
Aqui está a nossa lista de tarefas domésticas e como estamos dividindo:
- Lavar, dobrar roupa: dividimos
- Fazer comida: dividimos
- Lavar a louça: dividimos
- Limpar a casa: dividimos
- Trocar roupa de cama e de banho: geralmente eu
- Faxina mais pesada: geralmente ele
- Lixeiras: ele
- Limpar pias, espelhos, arrumar cama e arrumação diária: geralmente eu
Quando eu digo que estamos dividindo, quero dizer que deixamos espontâneo e quem puder ou quiser acaba fazendo. Por exemplo, eu costumava colocar a roupa para lavar, mas muitas vezes ele se antecipa e coloca antes de mim. Logo, eu não faço, mas pode ser que faça no dia seguinte. Louça a gente lava o dia inteiro – quem estiver na cozinha fazendo alguma coisa acaba lavando. Varrer a casa à s vezes eu varro, passar pano no chão ele gosta de passar, mas eu também passo. Então assim vamos dividindo.
Ainda estamos nos acertando com a rotina do filhote, mas agora ele já está mais acostumado. Nos primeiros dias ele sentiu bastante. A escola não está dando aulas – tem atividades diariamente, mas sem aulas. Estamos aguardando pacientemente eles se organizarem, mas eu fico um pouco preocupada de saber que uma escola grande como a dela não tenha um projeto decente para EAD. Enfim, aguardo pacientemente.
Com relação ao meu trabalho, meus dias se resumem a:
- criar conteúdo gratuito para todos os canais: blog, newsletter, youtube, telegram, instagram, pinterest, facebook, twitter
- gravar, editar, revisar aulas para os meus cursos online
- produzir e revisar materiais para os meus cursos
- escrever meu novo livro (estudos)
- revisar materiais (atualmente estou revisando a tradução de um novo livro do GTD)
- responder dúvidas e mensagens de suporte nos cursos, dos meus alunos
- responder duvidas e comentários em todos os canais do Vida Organizada
- realizar reuniões com colegas de trabalho e parceiros
- pesquisar e estudar! livros, artigos, textos, vÃdeos, aulas, exercÃcios práticos
Tenho me refugiado demais no Budismo nesses dias e tenho certeza que é isso que tem me feito bem e me ajudado a manter a mente tranquila.
Olá, Thais
Em tempos de tanta informações e notÃcias, vir aqui é sinal de calmaria. Obrigada por tudo.
Posts como esse trazem muita tranquilidade à alma. Obrigado, ThaÃs! <3
“Meu marido optou por ele ser a “vÃtima†a sair de casa para ir ao mercado uma vez por semana e receber entregas na porta. ”
Thais, fico me perguntando, como me portar quanto a essa questão de ser vÃtima (no caso, eu sou no momento, vou ao mercado, hospital caso necessário – semana passada tive de levar meu menor, inevitavelmente – e continuo trabalhando) e também, como não ficar mal com a situação de quem tem essa vulnerabilidade de precisar se expor ao vÃrus e continuar trabalhando para nos suprir alimentos, etc? Essa semana estava muito mal com isso tudo… eu trabalho em indústria de alimentos, na 1a semana estava “ok” com a situação de estar na linha de frente, mas trabalho em setor administrativo, estamos em rodÃzio (sou sócia, infelizmente, não consigo não ir a empresa, apesar do meu deslocamento ser mÃnimo – moro em cima!). Mas a partir da 2a semana fui ficando agoniada… pensando na questão financeira das pessoas, em como isso tudo se alastra e como as menos desfavorecidas serão duramente afetadas, ora financeiramente ora em questão de pegar o vÃrus mesmo…
Enfim…
Em algum momento você consegue fazer uma postagem sobre como acalmar a mente fora meditação? Outros tipos de meios para ansiedade, como manter a positividade?
Como disseram ali em cima, vir aqui traz alivio. 🙂
Ficar em casa infelizmente é uma coisa que não é todo mundo que pode fazer. Muitas pessoas precisam sair para trabalhar. Justamente por essas que quem pode ficar em casa deve ficar, para não termos mais pessoas espalhando o vÃrus e não sobrecarregar o sistema de saúde.
Para quem precisa sair, é tomar os cuidados que a OMS tem recomendado.
Para as pessoas mais pobres, precisa ser aprovada a renda básica. Felizmente está a caminho.
O mais importante da meditação não é quando você está meditando, mas no efeito que a meditação faz durante todo o tempo quando você não está meditando. 😉
Obrigada por comentar.
Thais, que post maravilhoso! Obrigada!!!
Thais, Querida, em meio a esse caos, tomar refúgio no Budismo, na Sanga e no Darma tem feito absoluta diferença.
Por isso mesmo uma das prioridades na minha rotina tem sido participar dos estudos e retiros online, meditar diariamente e enviar Reiki à distância (que não faz parte do Budismo, mas para mim é exercÃcio diário de compaixão).
Cuidem-se e fiquem-se! Grata.
* Cuidem-se e fiquem bem!
Inspiração demais , penso em como deu blog nos alcança sou do interior de SP , e ler como você mantém sua rotina faz me refletir e ter ânimo.
Inspiração demais , penso em como seu blog nos alcança , mesmo eu sendo do interior de SP nossa rotina ficou parecida creio que por um curto perÃodo, e ler seus posts de como você mantém sua rotina faz me refletir e ter ânimo.
Thais, fugindo um pouco do tema, eu tenho filho alérgico e tenho usado um aspirador vertical que facilita muito minha vida. A vassoura costuma levantar muita poeira e, para o seu menino que tem essa questão alérgica, talvez fosse interessante pra vc.
No mais, achei a divisão de tarefas super justa. Aqui em casa eu tenho 2 filhos homens e então, com o marido, são 3 me chamando o dia inteiro kkkk. Vou mostrar sua divisão para tentar implementar por aqui rsrs. Abraço! Adoro seu trabalho!
Sim, eu já tive esse aspirador. Ele era ótimo mesmo. Estou considerando ter aquele robozinho. Enfim, estou na fase de pesquisar e decidir a aquisição. 😉 Obrigada por comentar.
Sinto-me grata por te acompanhar aqui e na leitura dos seus livros faz já algum tempo. Está a ajudar muito a manter o foco. Inclusivamente a estratégia de organizar o dia por blocos, que também já passei para os nossos dois filhos de 9 e 12 anos. Que bom esta partilha e muito a questão do deitar e dormir. Levantava-me muito cedo e tive que reajustar também devido à dinâmica familiar e porque aqui, em Portugal, houve mudança de hora de inverno para verão. Faz parte do caminho desta nova realidade. Grata pelas partilhas 🙂
Oi ThaÃs! Muito legal a sua forma compassiva de lidar, ou melhor, aceitar as Inevitáveis interrupções. Estou melhorando isso aqui. Aqui a divisão da casa é assim: meu marido cozinha, lava a louça se estiver insuportavelmente lotada a pia e eu faço o resto. Pode?! Ainda tenho uma filha e um cachorro e faço teletrabalho. Porém, assim como vc, sinto-me privilegiada e isso é, no mÃnimo, vergonhoso de dizer num paÃs como o nosso. Daqui há pouco meu marido, que é médico E estava de férias, vai voltar A trabalhar e vai se isolar com um amigo médico em um apartamento para não colocarem a famÃlia em risco. Serei só eu e minha filha de 7 anos. Será mais difÃcil, mas tenho certeza que vamos dar conta e abusar dos serviços delivery. Vou ter que aprender a cozinhar… eu tenho noção, já faço coisinhas, mas nunca estive à frente disso dessa maneira. Bjos
Adorei o post Thais, ansiosa para o novo livro, espero que a situação já esteja melhor para todos nós pois quero muito ir no lançamento e pegar um autografo. *-*
Thais amei o post e realmente um quintal faria uma grande diferença.
Aqui o meu e pequeno mas já ajuda muito.
Queria o contato da cesta de orgânicos poderia me passar.
Obrigada!
Chama-se “A boa terra”, tem site. 😉
Sensacional como sempre! Em tempos de tanta informação (só) sobre o mesmo assunto estar aqui é um bálsamo! Muito obrigada por partilhar experiências tão inspiradoras 😘
Sempre muito sensata!! Ontem fui um daqueles “bad days “, eu Não estava legal, toda chorosa e sem concentração. Aqui estamos entrando na quarta semana de quarentena e o emocional começa a dar sinais de que algo não tá indo bem.. mas é um dia de cada vez. Hoje já acordei melhor ðŸ™ðŸ¼
Ia perguntar o nome dos orgânicos , mas já vi que vc respondeu a colega de cima.
Obrigada por tudo!
Thais, achei interessante um post da Elisama Santos (Educação Não Violenta) onde ela explica essa questão do EAD. Eu pelo menos, não dou conta, estamos trabalhando loucamente em home office e terÃamos de acompanhar a cria nas aulas. Achei a reflexão maravilhosa e compartilho: https://www.instagram.com/p/B-ejsH9HmkA/?hl=pt
No meu acaso, acho que valeria antecipar mesmo as férias escolares de julho, porque trabalhar em casa com criança pequena tem sido uma loucura pra mim… por mais organizada que eu seja, tenho me cobrado demais e me sentido péssima com toda essa cobrança que a escola tem feito em cima da gente aqui.
Um abraço,
Sim, é um processo de adaptação forçado para todos. Com o tempo vamos nos ajustando. É importante ter perspectiva.