Desde que publiquei minha análise do livro do Ryder Carroll (criador do método do Bullet Journal) e comentei que estou usando conforme o autor recomenda, tenho recebido pedidos diariamente, em diversos canais, para que eu fale como estou conciliando com o método que eu já usava, que é o GTD™.
Como comentei em alguns posts e vÃdeos, eu ainda quero usar e testar durante alguns meses para poder chegar aqui e trazer uma experiência consistente. Não que eu já não tenha experiência com ambos. Uso o bullet journal há ANOS, já dei até curso e palestra sobre isso, e o GTDâ„¢ então, nem preciso dizer. Mas o autor do BUJO lançou um livro com mudanças recentes e muito mais consistência no método, e estou seguindo fielmente, como uma boa Granger deve fazer. Por esse motivo, quero fazer como o autor orienta, fielmente, durante uns dois ou três meses, para só então personalizar de acordo com o GTD e trazer insights e aprendizados aqui para vocês, além de orientações.
Porém, existem alguns pontos que já posso compartilhar, porque acredito que se mantenham com o tempo (mas aguardem as cenas dos próximos capÃtulos).
- Não estou usando o BUJO para organização (entenda a diferença). O meu sistema do GTD funciona muito bem para isso da maneira como faço hoje, e eu gosto de fazer essa organização no digital, por todos os recursos disponÃveis, especialmente no que envolve a flexibilidade das informações, o acesso através de múltiplos dispositivos e muitos outros fatores. Enfim, para organização, ainda prefiro o digital. Então todas as listas do GTD (calendário, próximas ações, projetos etc) estão em ferramentas digitais.
- O BUJO tem me ajudado a curtir mais o GTD de maneira geral, porque eu só coloco nas minhas listas aquilo que efetivamente tem que estar nelas, depois de um filtro mais imediato. Na verdade, é uma turbinada nos passos 1 e 2 do GTD (capturar e esclarecer). É difÃcil colocar em palavras no momento, e essa é uma das coisas que eu preciso de mais tempo de teste para chegar aqui e afirmar, mas é um ponto importante. Digamos que o BUJO me ajuda a “limpar” antes o que entraria nas minhas listas quando eu não usava o BUJO. Por exemplo, se preciso comprar uma coisa da farmácia, pode ser que hoje mesmo eu consiga ir e tiro isso da minha frente – nem entra em qualquer lista, porque já resolvo logo. Só entra na minha lista de coisas para fazer na rua se eu não conseguir ir hoje.
- Na prática, tenho usado o BUJO muito mais para log e captura que para organização e planejamento (entenda a diferença). Então vamos lá: todos os dias crio o log do dia, que acontece junto comigo. Eu não planejo um dia antes – acordo e crio o log do dia. Uso essencialmente para esvaziar a mente e inserir ali coisas que preciso fazer no dia, que já estejam no meu calendário e listas de próximas ações também (cuja fonte de consulta são as ferramentas digitais – a organização). O log diário tem sido fantástico para várias questões. Por exemplo: o log diário reflete a minha cabeça no dia, porque tem dias que eu capturo mais coisas e tem dias que capturo menos. Ter esse volume visÃvel me ajuda a entender como eu estava naquele dia, mais do que simplesmente escrever como se fosse um diário, entendem? Até a forma como eu forço ou não a escrita com a caneta diz muito a respeito de como eu estava, e esse é um dos grandes ganhos do BUJO, para mim. Esse registro diário.
- O outro ponto é que o BUJO me ajuda muito a lidar com as coisas que chegam e que eu posso resolver no próprio dia. Tem me conferido mais agilidade. O que eu não vou resolver no dia, se eu não for resolver no dia seguinte (análise que faço no outro dia mesmo), eu coloco nas minhas listas digitais. Isso traz o risco de fazer mais coisas que talvez não fossem prioridade, então vigilância constante! Mas que confere agilidade, confere. Exemplo prático detalhando mais o que comentei ali em cima, sobre a farmácia: capturei hoje no meu log diário que eu preciso comprar um remédio na farmácia. Se passar na farmácia hoje, já compro. Se não passar, amanhã, quando montar meu log do dia, vejo se tem chance de eu passar na farmácia. Se não tiver, eu coloco a ação no contexto “@rua”, que está em listas digitais. Tem funcionado legal assim.
- O BUJO acaba funcionando como um guia para o dia de maneira geral. No começo do dia, monto a “programação”, por assim dizer, para não precisar ficar mais conferindo em outros locais além do BUJO no restante do dia. E, à medida que o dia vai correndo, eu vou capturando no log diário. Eu também vou executando o que estiver ali, sabendo o que é o foco do dia e o que eu “posso” fazer se tiver disponibilidade, sempre com foco nas minhas prioridades.
- O BUJO funciona muito bem como espaço para anotações de coisas que eu não colocaria em nenhum outro lugar, a não ser em caderninhos (porque o legal é escrever a mão mesmo), como “lista de coisas que me deixam bem” ou “um agradecimento por dia”, coisas assim. Essa experiência de escrever, de se desconectar, é muito rica.
- Desnecessário dizer, talvez, mas eu amo usar papel. Poder usar cadernos, canetas, marca-textos, post-its, com mais consistência (diariamente), é incrÃvel. Consigo ficar bem saciada nesse sentido, pois é uma coisa que sempre sinto falta, apesar de usar para planejamentos diversos.
- Uso da forma mais minimalista possÃvel, sem desenhos. No máximo uso post-its e marca-textos, quando estão à mão e sinto vontade. De modo geral, é caneta preta e letra normal.
Respondendo uma pergunta meio geral, que é para o que eu NÃO estou usando o BUJO:
- gerenciar datas e calendário
- planejar compromissos
- planejar projetos
- organizar listas (ex: aguardando resposta, projetos em andamento)
Coisas que eu ainda estou aprendendo como é a melhor forma de fazer dentro do meu processo pessoal envolvendo ambos os métodos:
- “tarefas” do mês – projetos? marcos? ainda estou testando
- “tarefas” da semana – vale a pena fazer log da semana? ainda estou testando
- log do futuro – substitui o tickler ou o algum dia / talvez? ainda estou testando
De verdade: o grande valor do bullet journal, para mim, é o registro das suas atividades. Por mais que eu acompanhe os resultados do meu trabalho, ter um local fÃsico que eu possa olhar, manusear e folhear tem sido incrÃvel. E só de pensar em ter isso para revisar daqui a um ano, cinco, dez anos, é uma perspectiva que me agrada muito. Olhar como eu pensava, as coisas que eu fazia (mesmo as pequenas atvidades) dizem muito sobre o meu ritmo e a minha cabeça na época, e é mais prático que sentar e escrever um diário. Enfim, estou curtindo!
Vale a pena ler os últimos posts aqui no blog sobre o assuntos e assistir os vÃdeos do canal caso você tenha interesse nesse assunto, pois estou postando toda uma narrativa de uso que pode ser legal de acompanhar para entender melhor como estou fazendo. Obrigada.
Oi Thais, tudo bem?
Comprei o livro A Arte de Fazer Acontecer e os seus 3 livros.
Estou lendo o GTD, o que você acha se conciliar a leitura do GTD e Vida Organizada?
Ex: Manhã leio Vida Organizada, a tarde o GTD.
Acompanho diariamente seu blog e gosto muito, obrigada por compartilhar conhecimentos, ideias . . .
Abraços!
Faça como quiser, Karol. <3 Fico muito feliz que esteja lendo ambos os livros. Espero que goste.
Pode dizer então que você está o bullet journal para registrar a vida e fazer metas para o dia?
Não necessariamente, mas é uma maneira de ver.
Thais,
Depois de migrar totalmente para plataformas digitais, senti que me falta “um pedaço de papel”. Escrever à mão é um gatilho pra mim, de alguma forma reforça a minha mente. Acontece que, diferente de você, eu tenho um trabalho formal, com atividades nada relacionadas à minha vida pessoal. De inÃcio tentei aplicar o BUJO somente no trabalho e fiquei com o digital para o pessoal. Funcionou parcialmente. Resolvi o problema na vida profissional, mas a demanda continuou existindo para o lado pessoal. Agora estou decidido a usar o BUJO por completo, mas aà uma dúvida me ocorre:
Crio dois cadernos? Divido um em duas partes para não misturar tarefas/atividades/registros? Definitivamente, usar uma pagina só para atividades profissionais e pessoais fica inviável. Não quero ter que listar “comprar desodorante” entre um “emitir nota fiscal” e “questionar a chefia sobre demanda X”.
Há alguma luz que possa me dar com esta questão? Desculpe se me alonguei ou se pergunto o óbvio, mas não estou conseguindo elucidar isso sozinho.
Olha, Felipe, eu usaria um único caderno. Sabe por quê? Porque é importante você ver o que você capturou nesse log diário em ambas as frentes da sua vida. Tipo, você está no meio de um dia de trabalho, mas lembrou de algo pessoal importante. Você anota ali. Isso inclusive te dá uma noção de como estava sua mente naquele dia, que tipo de percepção você teve mesmo enquanto estava focado no trabalho.
Oi, Felipe. Eu anoto os itens pessoais na parte de baixo da página, de baixo pra cima, com outra cor inclusive. Mas geralmente é pouca coisa.
Felipe, passo por esse mesmo dilema. Tenho duas ideias que vou testar:
1 – semana que vem inicio o teste com dois cadernos mesmo, um tamanho a5 pro pessoal e um a6 pro profissional… Já tinha os cadernos sobrando, resolvi testar
2 – usar o mesmo caderno, mas dos dois lados. Iniciar na frente o BuJo pessoal por exemplo e, na última folha de trás pra frente, virar o caderno de cabeça pra baixo e iniciar o BuJo profissional… Estaria tudo num caderno só, mas separado. Vi essa dica em um grupo do facebook.
Entendo e concordo com os autores que recomendam não separar pessoal e profissional, mas particularmente estou numa fase workaholic e acho que essa separação ajudaria um pouco a minimizar os excessos.
Oi, Thais! Muito bacana este post. Fiquei mais empolgada em começar o Bullet Journal. Tenho assistido todos os vÃdeos, mas confesso que achava que o bullet não funcionaria muito para alguém que tem uma rotina pouco previsÃvel. Sou jornalista, então não é sempre que o dia se desenrola e termina como planejei de manhã. Mas essa ideia do bujo como um instrumento de anotações gerais e atividades rápidas, o filtro mesmo de captura, é muito legal. E sempre amei escrever no papel, tive diários toda a adolescência, então fiquei animada com a sua experiência! Obrigada por compartilhar. Bjs
Você sabe, Francis, que nesses casos como o seu acredito que o bullet funcione super bem? Porque ele ajuda a lidar com esse fluxo diário todo cheio de mudanças. Dá pra ter uma visão geral da quantidade de coisas que chegam e como ir administrando de acordo com as prioridades, que mudam a todo momento. No dia seguinte, você tem a oportunidade de reavaliar. Obrigada por comentar e espero que dê certo!
<3 adorei sua forma de pensar! Já comecei hj com o passo a passo que vc fez no vÃdeo, bjs
obrigada por compartilhar.
Aguardo , ansiosa, as cenas dos próximos capÃtulos. kk
Ótimo post, Thais. Simplifiquei minhas anotações depois que assisti os teus vÃdeos e melhor muito.
Sim, tenho a impressão que o bujo de ajuda pensar durante o dia, como uma forma de processamento. E também tenho transferido para as minhas listas digitais apenas o que “sobra” de um ou dois dias. Muito boa experiência, obrigada.
Oi Thais.
Você já disse que usa Agenda e o Todoist, pelo que me lembro este é o seu setup no momento. Então, neste caso, pelo que entendi, você repassa diariamente o que está nas suas listas de ações a fazer/compromissos do dia para o BUJO? Usando ele como Inbox e anotando tudo o que for necessário, depois repassando para os meios digitais?
Obrigado pelas suas contribuições.
Abs
Basicamente isso. 🙂
Eu monto o log da semana quando faço a revisão semanal! Ajuda muito no “get current”, fixa bem pra mim como vai ser a semana!
Olá Thais, Ainda estou tentando implementar o gtd,mas voltei a usar o bullet desde o seu vÃdeo inicial sobre o assunto e super me identifiquei com a questão do minimalismo, estou fazendo de uma forma parecida com a sua, mais como registro e capturas do cotidiano. Agora o mais legal é que não tenho sentido que passei o dia sem fazer nada pq as atividades ficam registradas e no fim do dia percebo o quando produzi. Obrigado pelos vÃdeos e post’s. Caso possÃvel, explica melhor como fica a questão do bullet e do commoplacebook, você carrega os dois diariamente
?
Ótima pergunta, Luana. Eu estava pensando sobre isso hoje. De modo geral, uso o CPB quando vou para aulas, quando estou estudando ou lendo em casa, e o levo comigo apenas quando sinto que vou consultar (adoro ler nas viagens, por ex) ou precisar fazer anotações lá. Mas agora com o BUJO ainda preciso encontrar o melhor equilÃbrio entre ambos. De modo geral, sim, os conteúdos são bem diferentes. Isso tem me guiado. Obrigada por perguntar!
Ai tia Thais, vc faz uma criança tão feliz com esses posts sobre BuJo… Muito obg, ótimos insights e dicas!
rsrsrsrs
Eu uso o Bujo de forma bem parecida. Não sigo o GTD, mas organizo meus projetos (sou freela) no Trello e a cada semana faço o log da semana (trabalho com prazos, então coloco os prazos da semana) no Bujo. E também o log dos dias (as vezes a semana toda, às vezes a cada dia. Depende da intensidade e tals).
Uso para captura e para coisas mais soltas (perguntar se cliente x recebeu email etc).
A minha maior dificuldade no momento – e demorei para tomar consciência – é ter uma visão realista do meus limites e do quanto dou conta por dia. Preciso afinar isso, até para deixar mais espaços para possÃveis emergências (acontecem!) E para pausas! Tenho dificuldade em desligar e relaxar!