Bom, eu estou na Polônia, para um estágio de pesquisa, e me deparei com um desafio: participar de aulas em polonês. Num primeiro momento, eu fiquei realmente pensando que não teria muita utilidade para mim porque eu não absorveria nada, mas pensei: bom, só de estar lá é interessante, dá para pegar alguns pontos da discussão só de ver as pessoas e imagens nos slides e tal. MAS me veio a ideia logo no primeiro dia e eu tenho usado com sucesso desde então, e foi o seguinte:
Passo 1: Google Tradutor
Eu usei o site aberto no meu navegador, mas acredito que seja até mais fácil fazer com o aplicativo no celular. Basicamente, para inserir o texto a ser traduzido, uma das maneiras é clicar no botão de microfone e falar o texto em voz alta. O que eu fiz foi deixar o microfone aberto durante a fala do meu professor e, assim, ele ia traduzindo instantaneamente.
O Google Tradutor mantém um histórico então você sempre pode recorrer a ele se precisar de uma consulta.
Como a tradução está praticamente literal, ou seja, o texto traduzido exatamente da fala, com pausas, expressões etc, não basta usar apenas o que está ali. Eu uso essa tradução instantânea para compreender o que o professor está dizendo e não ficar com cara de quem está “boiando” na sala (haha), mas eu faço algo na sequência que ajuda bastante.
Passo 2: ChatGPT
Eu abro um chat novo no ChatGPT e simplesmente coloco o prompt: sintetizar o que está escrito no texto abaixo. Copio e colo aqui a tradução feita pelo Google Tradutor, e deixo o GPT fazer o seu trabalho. É maravilhoso porque ele lê o texto em poucos segundos e consegue trazer uma versão mais resumida e simplificada para mim. Quando a gente entende que o ChatGPT é uma excelente ferramenta formatadora de texto, a vida muda.
Com isso, eu tenho uma compreensão melhor do que está sendo dito e consigo até elaborar perguntas ou tirar dúvidas, se necessário. Ainda não aconteceu, mas me permitiria, se eu quisesse.
O ChatGPT também me ajuda a compreender os textos das aulas antes de elas acontecerem. Eu subo um arquivo em pdf, por exemplo, com os slides da aula, e peço para ele me ajudar com a tradução e a revisão. Funciona super bem, e isso permite que eu chegue um pouco mais preparada para o que será discutido em sala. funciona tão bem que pretendo fazer tudo isso mesmo para aulas em português.
Passo 3: Notion
Eu voltei a registrar minhas anotações de aulas no Notion porque ele acaba sendo bastante prático para transcrever esse tipo de texto e juntar com os arquivos digitais das aulas em questão. Basicamente, tenho um banco de dados apenas para anotações de aulas e, lá dentro, vou colocando o que for relevante para o registro em si.
Então todos esses textos formatados pelo ChatGPT podem entrar aqui também, gerando um registro enorme de anotações da aula em questão, o que me permite arquivar tais informações caso eu precise de uma consulta no futuro, até mesmo para documentação e geração de relatórios, se me for solicitado.
Passo 4: Zettelkasten
Não poderia deixar de citar esse passo muito importante que vem em paralelo a tudo isso que é o modelo zettelkasten de estudar e gerar ideias. Desde o início da aula, eu fico com a pergunta “como isso pode ajudar nas minhas pesquisas?” na cabeça. Então a ideia é assistir a aula inteira com essa provocação, buscando mais significado no aprendizado.
Durante a própria geração de sínteses com o ChatGPT, eu faço algumas compreensões pessoais e gero conexões com as minhas ideias. Por exemplo: durante uma aula em que se analisavam as respostas do “censo local” da Polônia sobre religião, eu fiquei traçando paralelos com o censo no Brasil e pensando em como, aqui, por uma questão de aceitação, as pessoas podem acabar mentindo sua religião na pesquisa por terem medo de não conseguirem ficar no país ou serem aceitas, enquanto no Brasil as pessoas, querendo ou não, têm mais liberdade religiosa. Pensar sobre isso me permite gerar uma ideia que eu desenvolvo e aí coloco na minha caixa de ideias (no caso, o Obsidian, programa que uso só para isso).
Aliás, a boa prática do Zettelkasten é justamente essa de revisar suas notas bibliográficas (ou anotações de aulas) para gerar novas ideias suas para sua própria caixa de notas. Eu faço isso durante e depois da aula.
Tudo se costura lindamente. Tem sido legal pra caramba. Quis compartilhar com vocês como eu faço porque realmente fez toda diferença por aqui e acredito que seja uma dica legal para todos os estudantes.
Estou encantada com o Zettelkasten, não vejo a hora de conseguir parar pra aprender melhor isso.
Eu meio que faço isso na minha cabeça sempre, mas não ter registrado perco tudo pro meu cérebro com TDAH/autismo. É triste porque fazer mais associações é uma das maiores vantagens desses tipos de neurodivergência, mas esse método tá aí e ninguém linkou com essa comunidade ainda. Tô achando um absurdo hahahahah
Muito legal ver sua experiência, obrigada por compartilhar. O tópico é o mesmo, mas aprendo coisas novas sempre!