Sim, eu assisti a série da Marie Kondo na Netflix

No início de janeiro a Netflix colocou no ar a primeira temporada da série da personal organizer japonesa Marie Kondo, “Ordem na casa”. Eu saí de férias exatamente na ocasião e, por isso, estou publicando este post apenas hoje.

Mesmo de férias, assisti todos os episódios da série mais de uma vez. Hoje, venho contar para você um pouco o que achei.

Em cada episódio da série, Marie Kondo visita uma residência (cada família tem suas particularidades específicas, como filhos pequenos, idosos aposentados ou recém-casados) e ensina seu método para os moradores da casa, que trabalham juntos, em família.

O método da Marie se baseia em selecionar para ter em casa apenas os objetos que te trazem alegria, fazendo o descarte e organizando os itens na seguinte ordem: roupas, livros, papelada, komono (miscelâneas) e itens de valor sentimental.

Quando eu li seu primeiro livro, “A mágica da arrumação”, achei o método dela radical e senti pouca empatia. Hoje, vejo que o livro talvez tenha tido alguns problemas editoriais de edição. O segundo livro, “Isso te traz alegria”, e a série, são muito empáticos. A Marie é uma gracinha, se conecta com as pessoas e adapta seu método, que não é radical.

Por exemplo, quando li o primeiro livro, ela traz sugestões com as quais não concordo, como descartar os livros e ficar apenas com as páginas que interessam, além de dizer que, uma vez que você se organize, nunca mais precisará passar pelo processo de novo. Mas, assistindo a série, eu percebi que não é essa radicalização que ela propõe, e foi quando percebi que algo pode ter saído errado no primeiro livro.

Ela começa o seu processo de organização se apresentando para a casa, sentando no chão e fazendo uma rápida meditação como forma de respeito.

A primeira categoria a ser analisada são as roupas. Entendo a escolha da categoria como uma opção acertada porque a maioria das pessoas está familiarizada com o processo de selecionar ocasionalmente roupas para doar (mais do que outras coisas). Tirando algumas exceções que sempre podem existir, conseguimos fazer o descarte das peças com mais facilidade porque não temos muito apego emocional.

Para realizar a seleção, ela pede para os moradores colocarem todas as suas roupas sobre suas camas e, pegando peça a peça, se perguntarem se ela traz alegria. Se sim, fica. Se não, vai para a pilha de descarte. A série mostra algumas opções sobre como descartar, mas ainda tem espaço para explorar o assunto com mais profundidade nas próximas temporadas, se quiser.

Após a seleção das roupas, ela ensina sua técnica de dobrar a guardar na vertical, que na verdade é uma prática padrão das personal organizers, mas que apenas ficou famosa com ela.

Depois da categoria roupas, vêm os livros. A maioria das pessoas consegue descartar os livros com facilidade, mas você percebe que para outras esse processo é mais difícil.

A série enfatiza em cada episódio aquelas categorias que são mais relevantes para cada morador. Em alguns episódios, ela mostra mais o processo de seleção das roupas, enquanto que, em outros, no processo de seleção de miscelâneas ou de itens de valor sentimental. Ao longo de cada episódio, ela traz a explicação de algumas de suas técnicas principais, além de dicas para organizar itens específicos.

A série é muito feliz ao mostrar e fazer uma crítica não tão velada à sobrecarga que as mulheres sofrem em âmbito doméstico. Em praticamente todos os episódios isso fica claro, e a crítica sutil da Marie vem em suas orientações sobre toda a família participar do processo, além de trazer sua própria experiência pessoal em casa, envolvendo seu marido e filhas.

Outro ponto que a série me ensinou sobre o seu processo de organização é que ele não precisa ser radical. Lendo o primeiro livro, dá a entender que você vai pegar um final de semana e fazer um “extreme makeover” na sua casa, destralhando aquilo que não quer mais (o que eu acho que é um processo que sobrecarrega). Na verdade, em cada episódio podemos ver a quantidade de dias que cada família leva, em uma média de 25 a 30 dias para completar o processo como um todo.

Logo, o que ela ensina é 1) você se comprometer com o processo e fazer um pouco todos os dias até terminar e 2) trabalhar em uma categoria de cada vez. Você começa pelas roupas e só passa para a categoria seguinte quando terminar a mesma. Isso torna o processo muito mais maleável e fácil de conciliar com o cotidiano.

Apesar de ter muitas críticas com relação ao método (especialmente no que diz respeito ao trato com pessoas acumuladoras e ao marketing em torno de algumas questões), isso não invalida de maneira nenhuma o seu trabalho e eu gostei bastante da série como um todo.

Falo mais sobre tudo o que achei em um vídeo que entrou ontem no canal do Vida Organizada no YouTube:

E você, já assistiu a série? O que achou?

Sobre a autora

Thais Godinho

Autora do Método Vida Organizada, criou este blog em 2006.

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21 Comments

  1. Também achei o livro radical até me zanguei a lê-lo. As práticas aconselhadas para destralhar são dignas de um vândalo. Penso que o método dela é baseado num conceito demasiado subjectivo… O que é isso da alegria? Eu, por exemplo, sinto alegria com muita facilidade… como fazer? Sou criativa, tenho muitos materiais e nem morta me separo deles. Marie Kondo está na moda e vai passar como tudo passa… Vai deixar poucos discípulos e muita frustração. É preciso repensar o consumo e como aproveitar os recursos existentes, isso sem dúvida.

  2. Olá Thais, eu assisti a série e amei!!! Também tive uma impressão diferente em relação ao primeiro livro dela. Quando comprei o livro a Mágica da Arrumação, já havia lido o Vida Organizada e Casa Organizada (ahaaaa!!!), então fiquei um pouco confusa pois já havia entendido que o melhor seria ir organizando as coisas aos poucos, cada dia fazendo um pouco “melhor do que ficar estagnada com tanta coisa a fazer e passar o tempo reclamando de falta de tempo… rsrsrs”, de repente, me vem a idéia de que deveria fazer uma mudança radical, organizar tudo de uma só vez!!! Sabe aquela sensação: Ixi! Não vai dar porque preciso de tempo pra isso!!!… ????? Desanimei!!! … Na série ela mostrou que não é bem por aí, percebi que o processo mesmo sendo por categoria “com a idéia de organizar tudo antes de passar para a próxima”, ocorria aos poucos respeitando tempo e sentimento de cada pessoa. Muito bom!!! Aprendi mais ainda! Entendemos que organizar é muito mais do que descartar coisas e colocar outras em seus devidos lugares, mexe muito com nosso interior e de alguma forma aprendemos a nos superar. Incrível!!!!

  3. Eu sinceramente não gostei muito do livro “Mágica da arrumação” mas acabei lendo o “Isso me traz alegria” e em seguida li o “Casa organizada”. Acredito que para quem leu o “casa organizada já é suficiente e na minha opinião substitui os dois da Marie, peguei birra mesmo pelo fato de ser muito radiais as ideias apresentadas no livro.
    Fiz uma super operação para destralhar em dezembro de 2016, eu sabia que a minha vida estava prestes a mudar muito e já sentia o término do relacionamento longo e acabei focando muito em cada dia conseguir pegar uma parte do ap que é pequeno.
    Foi um alívio enorme ter mais espaço e me desfazer do que não era útil, mas acredito que seja um processo continuo pois por mais que eu me esforce para ão haver acumulo na correria o dia a dia sempre fica alguma coisa.
    Sobre a série eu assisti dois eps, achei bem prático e tbm achei a Marie muito simpática e com paciência (principalmente no ep. da mulher que tem dificuldades para se desfazer dos objetos do marido falecido).
    Acho que é um conhecimento muito válido para ser divulgado em massa como a netflix fez =)

  4. Eu vou fazer um comentário como consultora de estilo, profissional que também visita a casa das pessoas e observa a intimidade delas e suas relações com suas roupas, seus corpos, suas questões. Foi um aprendizado vê-la em ação. O respeito pela casa, o sorriso, em nenhum momento ela faz uma crítica dura, nem um olhar julgador, pelo contrário. É acolhedora, delicada e muito discreta. Achei isso o máximo, fiquei tocada.

    Gostei também da sua análise sobre o machismo, vi alguns perfis criticando a Marie como se ela tivesse que se posicionar. Ela se colocou em relação a isso, sim, e vc pontuou isso. Perfeito, Thais. <3

  5. Acho que faço Marie Kondo e nem sabia… fazer uma baita faxina de uma vez, destralhar tudo e mais um pouco por aqui é inviável. Seria muito cansativo parar um final de semana inteiro para quem trabalha de 2a a 6a e tem filhos pequenos. O que tenho feito e dado muito certo é: priorizo uma área da casa por mês e foco mais vezes em hotspots. O quarto dos filhos mês sim mês não passa por um destralhe DAQUELES. As categorias faço uma vez por semestre (roupas, livros, remédios, cosméticos).

    E assim vamos vivendo… Meu marido brinca que eu jogo tudo fora, mas na verdade, me dá nervoso e raiva ficar arrumando tralha e acumulando coisas que eu nem sei quando vou usar. Mais fácil usar o raciocínio que aprendi no seu 2o livro: se eu não sei quando vou precisar de algo, melhor jogar fora e comprar um novo quando precisar. Não corro risco de comprar coisa repetida, inclusive.

    Vou dar uma chance a Kondo na Netflix, após sua resenha rs
    Bjs Thais!

  6. Oi, Thais. Gostei muito do artigo e do vídeo, você levantou pontos nos quais não tinha pensado mesmo tendo assistido a série e lendo os livro. Gostaria de fazer só uma pequena ressalva, ela não fala no primeiro livro para manter apenas as páginas das quais mais gostou em um livro, ela dá esse exemplo explicando que tentou e não funciona e que o melhor mesmo é passar adiante o livro que não traz alegria

  7. Eu estou doida para assistir essa série, to querendo deixar as coisas mais leves aqui em casa, porém eu tenho um pequeno problema, meu namorado, que mora comigo, não se desfaz de absolutamente nada, ele tem roupas mais velhas que eu no guarda roupa, coisas que ele não usa e nunca vai usar, eu tento fazer com que ele se desfaça das coisas mas eu não consigo, você tem alguma dica do que posso fazer?

    Carol Justo | Pink is not Rose

  8. Eu estou querendo assistir essa série há muito tempo, eu estou querendo muito organizar a minha casa e tirar as coisas que eu não uso mais ou não fazem sentido para mim, o meu problema mesmo é meu namorado. Ele é completamente apegado nas coisas e não me deixa jogar nada fora nem doar, ele tem roupas mais velhas do que eu e mesmo assim não se desfaz, a gente tem uma gata que escala nele e acaba rasgando as blusas e ele continua guardando e até usando elas… Não sei como convence-lo a desapegar, você tem alguma dica pra isso?
    Carol Justo | Pink is not Rose

    1. Não rola obrigar os outros. Se ele não quer se desfazer, deixa ele. Você cuidando dos seus pertences já pode inspirá-lo, mas ele precisa querer.

  9. Oi Thaís,
    Li primeiro livro e assisti quase todos os episódios, achei ela uma graça, bem simpática e muito respeitosa com a casa e com tempo que cada lar necessita para fazer o descarte, mas senti falta de mais detalhes com dicas mais precisas com exemplos sobre as situações de conflito, que ocorrem no decorrer do descarte.
    Resumindo a série e bacana, Conceito geral e bem explicado, mas faltou didática mais precisa, que ao contrário todos os seus textos são excelentes e seus vídeos sempre muito esclarecedores eu adoroooo demais!!!

  10. Oi Thais! Se eu ver uma pilha com as minhas coisas, saio correndo e não volto mais! Prefiro o seu método, de ir descartando aos poucos.. Você pode falar mais sobre a sobrecarga na mulher nos afazeres domésticos dando dicas de como podemos envolver a família/ chamar os outros membros à realidade sem causar uma guerra/ separação? Pq aqui em casa é assim, qualquer pedido de ajuda é visto como uma cobrança extrema.. Obrigada por voltar <3

    1. Na verdade o blog é exclusivamente sobre esse tema. 😉

  11. Assisti todos assim que lançou. Adorei a educação da Marie para com as pessoas e a casa. Ela não forçou nada em nenhum momento, o que acabou deixando a pessoa tranquila para fazer a mudança. Gostei tanto que já arrumei minhas gavetas daquela forma e, mesmo não tendo muita roupa, tirei várias peças do guarda-roupa que não usava justamente por não me trazer “alegria”.

  12. Gostei muito da série dela e não conhecia o método ainda. A parte que mais gostei nem foram as técnicas de organização, pois muita coisa já vi aqui no seu blog e em outros blog relacionados a organização. O que gostei foi do respeito que ela teve com as pessoas em suas casas. Muitas vezes a pessoa guarda coisas apenas pelo emocional (me coloco nessa) e precisa de um start pra entender que guardar aquilo não faz sentido ou não te trás alegria. Digo isso porque tenho coleção de marcadores de livros que ocupam algumas caixas e não consigo me desprender deles.
    Beijos Thais!

  13. Vou sugerir à Netflix a fazer um reality com as pessoas que leem seus livros e acompanham seu blog: antes e depois. Você ficaria famosa mundialmente! Rs

  14. Oi! Faz um tempão que os livros da Marie estão na minha lista de leituras, mas sempre acabo empurrando para baixo, porém ver a série me incentivou a dar atenção a eles novamente. Como ainda não li, não sei o quão rígido ele é, mas fiquei pensando aqui se não há também a possibilidade dela ter flexibilizado e amadurecido o método com o passar do tempo, desde a publicação do primeiro livro…

  15. Eii,
    a Marie passa uma leveza e calma… Aprendi mto.
    O que me incomodou mto foi que em todas as casas ela pede para a pessoa tirar tudo do guarda roupa de uma vez. Não consigo entender onde isso gerou praticidade, mesmo que tenha 30 dias para sentir cada roupa, aquela montanha me desanima.
    Isso é o propósito dela msm ou foi mal explicado na serie?

    1. O propósito é você ver a pilha de coisas e isso te ajudar a desenvolver um sentimento de “tenho coisas demais” e descartar com mais facilidade.

  16. Eu assisti a serie no Netflix e agora estou lendo o livro, mas o que mais me cativou para comecar a leitura foi esse artigo: https://www.huffingtonpost.com/entry/marie-kondo-white-western-audineces_us_5c47859be4b025aa26bde77c
    Depois de ler o artigo, tudo o que Marie Kondo ensina fez sentido para mim.

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