A fazer: postar sobre a casa nova

Muitos leitores têm me pedido para postar sobre a casa nova, falar sobre a decoração, fazer novo tour em vídeo (se não viu o vídeo com o tour da casa ainda vazia, clique aqui!). Gostaria de dizer que está em meus planos, mas passei por alguns períodos um pouco desanimada com esse assunto, porque temos tido muitos problemas com a casa desde que nos mudamos. São muitos problemas que não contávamos, que beiram o inacreditável em alguns casos, e nos últimos meses temos tentado lidar com eles e resolver aqueles que são possíveis de se resolver. Isso me desanimou a postar a respeito aqui, então espero que entendam.

Desde que nos mudamos, no início de setembro, eu tenho feito *muitas* coisas pela casa – resolvendo problemas de encanamento, infiltração do ralo do terraço, ligações elétricas com problemas, janela emperrada, rachaduras aparecendo toda semana. Esse tipo de coisa, para vocês terem ideia do que eu estou falando. Além disso, tentando tornar nossa casa um lugar agradável de se viver, o que inclui a decoração e todo o projeto de Feng Shui desenhado pela Wanice e pela Érika do Armazém da Energia, que estou muito ansiosa para compartilhar com vocês. (Aliás, vem novidade sobre isso em breve, fiquem ligados!). Salve o GTD que me mantém sã com uma lista de coisas que estão em andamento e as outras que podem esperar, mas muitas coisas são projetos de médio prazo que, sinceramente, nos questionamos se vale a pena investir tempo e dinheiro, sendo que a casa não é nossa.

Com tudo isso que está acontecendo, não dá para priorizar a decoração, tirar fotos e fingir que as coisas estão maravilhosas. Eu faço questão de ser bastante autêntica em tudo o que eu posto e, enquanto não solucionarmos esses problemas, não me sinto confortável para postar a respeito.

Um pequeno toque na escada…

Nós estamos cuidando da casa e arrumando o que precisa ser arrumado, mas uma coisa de cada vez, que é como tem que ser.

Dúvida da leitora: Colega sairá em licença maternidade e vou abrigar todas as atividades dela

Uma leitora postou um comentário em outro post e eu resolvi responder em formato de post porque acredito que seja a dúvida de outros leitores também.

Nesse atual momento, eu tenho uma pergunta: Thais, como fazer pra definir o meu trabalho, sabendo eu que ficarei responsável pelo trabalho de outra pessoa que sairá de licença maternidade e que é de outro setor? *no caso, ficarei com o eu, e com o da pessoa). Estou surtando com isso, mesmo fazendo treinamentos. Pra me ajudar, perdi o rumo da minha casa (fazia flylady e saí bastante dele…), voltei a faculdade, as aulas da filha voltarão e os horários estão apertados… e preciso ainda por cima emagrecer pois está afetando a minha saúde… estou surtando!!! Eu faço duas listas (meu trabalho, trabalho da outra pessoa) ou coloco todas as atividades em uma lista só, incluindo casa, filha, etc? Help!!!

Querida leitora,

Existem tipos diferentes de sobrecarga de trabalho. Um tipo é a sobrecarga temporária, como é o caso do seu trabalho. Você ficará responsável pelas atividades de uma pessoa que é de outro setor e que sairá de licença maternidade. No “mundo ideal”, o gestor dessa pessoa listaria suas atividades e alocaria a diferentes pessoas, de modo que não sobrecarregasse ninguém, e também de acordo com as habilidades de cada funcionário. Toda vez que alguém sai de licença maternidade, eu acredito que esse deveria ser o procedimento, mas sei que as coisas não funcionam assim na realidade. É muito mais fácil dizer: “olha, todo aquele trabalho vai para você mesmo, então se vire com todo o trabalho que você já tem, além desse”.

Nesse caso, minha recomendação é que você se comunique. Converse com a pessoa, com o gestor dela e com o seu gestor sobre tais atividades. Procure entender o máximo possível o que ela faz e também listar quais são as atividades essenciais que ela deve fazer diariamente e semanalmente (mais como processos), para não deixar esses pratinhos caírem, e entender de que projetos ela faz parte, para poder contribuir da melhor maneira. Muitas coisas, especialmente se envolverem conhecimento que você não tem, provavelmente devem ser passadas a outras pessoas ou mesmo adiadas até que ela volte.

Veja, não deveria ser você a responsável por isso. Então procure se comunicar com todos os envolvidos, para que essa expectativa fique clara.

Agora, com relação a todas as atividades que você poderá de fato abrigar, pense apenas em passar bem por esses meses todos. Analise essas novas atividades e as suas e verifique aquilo que é essencial que você faça diariamente, semanalmente e mensalmente, para garantir que “o básico” seja feito de qualquer maneira. Depois, analise os seus projetos em andamento para decidir, junto com o seu gestor, o que é prioritário e o que pode esperar alguns meses. Veja, é humanamente impossível dobrar a carga de trabalho de uma hora para a outra. Você precisa deixar isso claro para o seu gestor. Então, mesmo que ele diga “se vira, faz tudo”, você não vai conseguir fazer. Então vale a pena ter uma conversa honesta para que sejam definidas prioridades e você trabalhe em cima delas, dizendo que há determinadas atividades que talvez não seja possível fazer.

Se isso está interferindo na sua vida pessoal, busque soluções. Lembre-se que tudo é temporário, então se você puder aceitar um pouco de caos durante esses meses, aceite internamente e não se cobre. Agora, se não puder lidar com isso, busque soluções. Não reclame mais de uma vez da mesma coisa – ou resolva ou desencane (tem sido meu lema ultimamente, e tem me ajudado!). Distribua atividades em casa pela família ou contrate ajuda. Verifique seu orçamento e a possibilidade de fazer isso, lembrando que é temporário.

Você diz que está afetando a sua saúde, porque precisa emagrecer, além de tudo. Muita calma nessa hora. Pelo que entendi, o problema do emagrecimento já estava aí antes de tudo isso acontecer, então por que quer correr para resolver isso agora, quando as coisas tendem a se intensificar durante um tempo? Não se cobre tanto, deixe as coisas começarem a entrar nos eixos. Isso não significa não tomar nenhuma atitude a respeito – procure se alimentar de maneira mais saudável, consulte uma nutricionista, e todo o resto que demanda mais tempo (como exercícios físicos, por exemplo), veja o que pode fazer agora e o que simplesmente não dá. Quando as atividades se intensificam temporariamente, não é hora de adicionar coisas novas na vida.

Sobre colocar as coisas em uma lista só ou em três, eu iria além nessa questão. Não se trata de ter uma única lista. Você tem diversas facetas na sua vida, diversas áreas de foco, projetos, responsabilidades. Não dá pra ter “uma lista” porque são categorias diferentes de coisas. Se você gosta do GTD, a proposta são 4 listas para ações: Próximas Ações, Projetos, Aguardando Resposta e Calendário. Agora, se você me perguntar se compensa separar “trabalho, pessoal e o trabalho da outra pessoa”, não concordo. Eu usaria a separação que faz sentido para mim (descrita nas 4 listas acima), como faço para tudo. Porque o que me importa é ver o que eu *tenho* que fazer no dia e na semana, para ser meu foco (Calendário), trabalhar nas “tarefas” que preciso executar nos intervalos entre os meus compromissos (Próximas Ações), revisar semanalmente os meus compromissos e entregas de curto prazo (Projetos) e saber tudo o que outras pessoas precisam me entregar, ou que deleguei (Aguardando Resposta). Isso coloca a vida em ordem.

Quando a gente pensa no volume, no montante, tende a ficar travada porque não sabe nem por onde começar. Por isso recomendo pegar uma coisa de cada vez e ter mais clareza sobre o que cada uma delas significa e como organizar de modo que faça sentido para você.

Então, voltando no post onde você comentou, lembrar que você terá que descobrir uma proporção adequada durante os próximos meses para o trabalho já definido (nessas listas), o trabalho que aparece no dia e o tempo que você passa definindo todas essas coisas. Isso não muda – só muda a proporção.

Espero ter ajudado. Boa sorte nos próximos meses, e pegue leve com você mesma. Liste o essencial, foque nele e deixe o restante como “se der, ótimo. se não der, não vou me martirizar por isso”.

Checklist para destralhar a casa antes de uma mudança

Deveria ser proibido a gente abrir uma caixa de mudança na casa nova e descartar algo que estava dentro. É importante fazer essa seleção antes de se mudar – ideal mesmo é fazer antes de começar a encaixotar seus pertences. Se a gente deixar para decidir enquanto já está colocando dentro de caixas, a tendência é colocar tudo dentro porque é mais fácil fazer isso que decidir dar outro fim ao objeto (“só quero me livrar disso”). Portanto, antes mesmo de começar a empacotar tudo, destralhe. Aliás, vou além: mesmo que não tenha uma mudança em vista, destralhe como se tivesse. Porque a tendência do ser humano sempre é a de acumular coisas enquanto houver espaço para elas.

Segue então uma checklists do destralhamento para mudanças:

  • Comece com as SUAS coisas, e não com tudo de todo mundo da casa:
    • Materiais de referência: arquivos, documentos, material no geral, papelada no geral
    • Equipamentos: gadgets, eletrônicos
    • Decoração: quadros, bibelôs, lembranças, presentes, tapetes etc
    • Móveis: O que você precisa levar? O que pode doar ou vender?
    • Suprimentos: artigos de escritório, cadernos, canetas, cosméticos, remédios e outros
    • Roupas, sapatos, acessórios (bolsas, cintos, lenços)
    • Livros, revistas, CDs, filmes, discos
  • Passe para as coisas de uso comum:
    • Decoração
    • Móveis
    • Panelas, itens de cozinha, itens de área de serviço e relacionados
    • Eletrodomésticos, eletrônicos, equipamentos
    • Papelada
  • Auxilie nos objetos de uso individual das outras pessoas que moram com você, mas sem forçar – deixe a pessoa decidir:
    • Brinquedos dos filhos
    • Roupas do marido ou da esposa ou de outro familiar
    • Artigos pessoais de outras pessoas

Há muitos objetos que podem ser doados ou até mesmo vendidos. Hoje, com tantas opções de canais online para isso (OLX, Bom Negócio, o próprio Facebook), é bobeira ficar com coisas em casa que já não sirvam mais para a gente. Quem não quiser vender pode ajudar alguém fazendo uma doação, pois sempre tem alguém que precisa de algo que a gente não use mais. Portanto:

  1. Venda
  2. Presenteie alguém
  3. Doe para quem precisa
  4. Reaproveite para outros usos
  5. Recicle
  6. Jogue no lixo

Além de diminuir a quantidade de coisas que precisarão ser encaixotadas, você se liberta. É libertador viver com o que for necessário ou amamos muito, sem tralhas. No final das contas, a mudança vem antes.

Como usar o recurso de prioridades no Todoist

Todoist é uma ferramenta de gerenciamento de tarefas. Eu utilizo o Todoist há quase dois anos e me tornei embaixadora da ferramenta no Brasil. 😊 Saiba mais em: www.todoist.com

O Todoist tem um recurso que serve para atribuir prioridades nas tarefas criadas. Ao criar uma tarefa, você pode clicar em um ícone de “bandeirinha” e definir entre prioridades 0, 1, 2 ou 3.

Mas como usar?

Bem, eu recomendo que você estabeleça critérios pessoais. Como por exemplo:

Prioridade 1 (bandeirinha vermelha): urgente
Prioridade 2 (bandeirinha laranja): importante
Prioridade 3 (bandeirinha amarela): circunstancial
(exemplo acima baseado na metodologia Tríade do Tempo, do Christian Barbosa)

Ou outros:

Prioridade 1 (bandeirinha vermelha): para esta semana
Prioridade 2 (bandeirinha laranja): para este mês
Prioridade 3 (bandeirinha amarela): rapidinhas

Se você utilizar o método GTD (como eu), uma ideia é usar o recurso de prioridades assim:

Prioridade 1 (bandeirinha vermelha): ação relacionada aos horizontes mais elevados (objetivos, visão, propósito)
Prioridade 2 (bandeirinha laranja): ação que impacta em suas áreas de foco, como checklists
Prioridade 3 (bandeirinha amarela): ação relacionada a um projeto
Prioridade 4 (bandeirinha branca): ação avulsa, não relacionada a nenhum horizonte mais elevado

Procure não burocratizar muito! Se complicar, não precisa usar!

Outra coisa legal de usar esse recurso de prioridades é poder personalizar os Filtros, se você tiver a versão Premium ou Business do Todoist. Você pode criar filtros como:

  • Tarefas urgentes para terminar esta semana
  • Ações relacionadas a projetos para fazer este mês
  • Tarefas rápidas para fazer antes de o mês acabar
  • E muitos outros! Deixe a criatividade fluir!

O legal de usar uma ferramenta como o Todoist para inserir seu inventário de ações (como eu faço) é que você tem lá o cenário completo de tudo aquilo que precisa fazer e que está no “terreno de ações”, sem precisar pensar muito (você já pensou e já definiu antes de colocar ali) – basta executar de acordo com o que fizer mais sentido no momento. (Veja meu último post com meu setup de GTD no Todoist – dezembro 2016)

No caso das prioridades, eu faço uso do método GTD, então sempre associo prioridades aos horizontes mais elevados. Isso me ajuda a ver que mesmo uma atividade que pode parecer trivial (como “trocar as toalhas dos banheiros”) na verdade faz parte de algo maior, que é manter minha casa limpa e arrumada para a minha família viver bem.

Você já utiliza esse recurso de prioridades? Como você faz?

Linkagem de domingo

A linkagem de domingo é uma coletânea de posts que eu li e gostei durante a semana anterior. Os assuntos não necessariamente têm a ver com organização, mas definitivamente sempre são relacionados ao blog.

Boa semana para vocês!

Mente como água é o meu lema em 2017

Resiliência foi o meu lema em 2016. Desde o início do ano, eu já previa alguns acontecimentos que me tornariam bastante resiliente ao longo dos meses. E foi como aconteceu. Tanto que, em outubro, eu “encerrei” (mentalmente) meu ano de 2016 e comecei a planejar 2017, pois eu queria que ele fosse diferente de 2016 em muitos aspectos. E, só como um retorno aqui para vocês, têm sido ótimo fazer assim. As mudanças que tomei foram significativas e eu me sinto orgulhosa por ter assumido a responsabilidade pelas consequências delas.

Para 2017, ou até para o fim do meu ano pessoal (final de setembro), meu lema é mente como água. A água reage aos acontecimentos de maneira apropriada – se você jogar uma pedrinha, ela reage à pedrinha; se acontecer uma tempestade, ela reage à tempestade. Ao mesmo tempo, quero tranquilidade. É um ano de colocar as pedras no lugar. De buscar estabilidade. De consolidar coisas legais que eu já venho construindo. De pesquisar. De me conhecer. De aprofundar meus conhecimentos. De melhorar meu trabalho. Minha saúde. Meus relacionamentos. Minhas habilidades.

Sabem, os últimos anos foram de grandes conquistas. Conquistei em menos de dois anos o que muitas pessoas não conquistaram uma vida inteira. E tudo isso teve um preço sim, para o lado bom e para o lado ruim. O saldo final é de coisas boas, mas quero arrumar aquilo que não está legal. Não tenho postado tanto sobre assuntos pessoais aqui no blog porque, quanto maior a exposição, maior o número de anônimos com comentários ofensivos, e não preciso disso.

Não vou me estressar, vou focar em coisas boas todos os dias, quero dar risada, quero ter tranquilidade, vou tomar mais decisões com base em quem eu sou. Coerência, enfim. Isso é muito forte para mim e, este ano, o foco vai ser em deixar minha mente tranquila assim para eu poder fazer tudo isso.

E o seu lema para 2017, qual tem sido? Como estão as coisas até aqui?

O poder de definir o seu trabalho

Um dos maiores aprendizados do GTD para mim, nos últimos dois anos, tem sido o conceito de definir o meu trabalho. Isso é incrivelmente importante porque o trabalho, ou o que quer que você queira ou precise fazer, não é auto-evidente. E, a não ser que você seja um robozinho e alguém digite exatamente o comando que você precisa executar, quando algo chega até você, você precisa esclarecer melhor o que aquilo significa, identificar ações, o que significa definir qual é o seu trabalho.

Vamos falar sobre e-mails. Eu recebo uma grande quantidade diária deles, e cada um é uma surpresa ou alguma coisa que eu preciso fazer, responder ou decidir. Quando eu abro um e-mail, às vezes uma simples pergunta pode significar que, para respondê-la, eu preciso fazer um monte de outras coisas antes. E, se eu não defino claramente, aquilo vai ficar martelando na minha cabeça indefinidamente, porque a mente não tem divisão. Ela não sabe que é para eu me lembrar daquele problema só quando eu abrir o e-mail novamente. Ela vai me lembrar dele quando eu estiver fazendo lição com o meu filho, ou em uma reunião, prestando atenção ao que um cliente está falando. E isso é péssimo, porque me tira o foco, a mente plena no momento. Portanto, definir o meu trabalho é fundamental porque, uma vez definido, eu fico tranquila que o organizei para fazê-lo no momento adequado, e isso me permite deixar a mente livre para focar no que eu quiser ou precisar.

E outra coisa importante que eu aprendi foi que, quando eu pergunto se algo demanda ação ou não para mim, isso é uma decisão. Eu tenho permissão (vejam que palavra forte) de decidir que não, eu não quero fazer nada com relação a isso agora. E esse “poder de dizer não” vem de muitas questões, obviamente, mas vem principalmente do fato de eu saber que estou definindo o meu trabalho e, por isso, não vou abrigar qualquer coisa na minha vida. Quando eu recebo um e-mail me pedindo algo que eu não quero, não concordo, caramba, eu preciso dizer não. Eu parei de pensar no peso do não quando descobri que o custo do sim era muito maior pra mim.

Mas não me entenda mal: eu adoro dizer sim! Adoro dizer sim para coisas que sejam coerentes, que tenham a ver com o meu trabalho, com a minha vida. E justamente porque quero dizer sim para todas essas coisas, e por saber que vida, tempo, tudo é finito, eu preciso deixar espaço na minha vida para elas. Então, quando eu digo não, digo com a certeza de que sei que estou dizendo sim para tantas outras coisas muito legais ou que impactem mais positivamente na minha vida, se assim eu quiser.

Esse poder de dizer não que o GTD traz me ensina que: 1) eu posso desapegar daquilo e simplesmente jogar fora o que eu não preciso; 2) posso guardar numa boa, mesmo se não demanda nenhum tipo de ação, simplesmente porque acho melhor armazenar, quero ou preciso; 3) se eu não tenho como decidir agora, não preciso ficar me martirizando – basta eu incubar esse negócio para pensar depois. Muitas vezes, eu preciso de tempo, dinheiro, outra situação, outra cabeça para decidir. E é tudo bem adiar essa decisão de decidir, contanto que ela esteja ali, guardadinha, e vai voltar para mim em um momento mais apropriado. Cansei de decidir em segundos coisas que eu tinha incubado porque, quando me deparei com elas pela primeira vez, não tinha a menor ideia se demandariam algum tipo de ação ou não.

Recentemente eu estava iniciando meu processo de mestrado, que é algo que quero fazer, mas estava incubado há algum tempo. Este ano, decidi fazer. Porém, ao ingressar no processo como um todo, percebi que eu ainda precisava de um tempo maior para fazer algumas pesquisas e estudar alguns temas se quisesse aproveitar o mestrado com a qualidade que desejo ter. E isso me fez, de maneira super esclarecida para mim, definir que “definir o tema do meu pré-projeto de mestrado” fosse meu projeto em vez de “ingressar no mestrado” este ano, pois assim me sinto mais confortável e mais coerente com a minha vida como um todo. Faz sentido? Para mim, sim.

Ao mesmo tempo, quando eu decido que demanda algum tipo de ação, só decidir não adianta nada. Eu preciso identificar qual é a próxima ação que vai fazer aquele negócio andar. E, por próxima ação, entenda aquela ação que, se o mundo parasse nesse momento e você pudesse dedicar todo o seu tempo para resolver o que você precisa resolver, qual a primeira coisa que você faria? Que não depende de nada? Sempre temos uma próxima ação, nem que ela seja obter mais informações ou conversar com outra pessoa para decidir. Porque, se eu não definir essa próxima ação agora, vou ter que definir depois. Definir qual é a próxima ação é tornar claro o que eu preciso fazer, onde e escrever exatamente a ação. Eu finalizo o pensamento. Não preciso ter o retrabalho de pensar de novo ao analisar a minha lista de coisas a fazer.

E muitas vezes são ações tão rápidas de executar! E é para fazer isso mesmo – se levar menos de 2 minutos, faça na hora. Seja urgente, importante ou menos importante, faça na hora. Porque é justamente esse tipo de “categorização” de menos ou mais importante que faz a gente procrastinar coisas que acabam se tornando urgentes com o tempo. É mais rápido fazer agora e já tirar da sua frente que anotar em uma lista e ter que ficar revisando mais de uma vez.

Se for algo que demore mais tempo, eu sempre me pergunto se eu sou a pessoa mais apropriada para fazer aquilo. Porque, em inúmeros casos, não sou. Mas, se eu inserisse diretamente em uma “lista de tarefas”, eu assumiria aquilo como meu e teria que dar conta, mesmo me xingando eternamente por ter abrigado algo que não tinha nada a ver comigo. Se for o caso, se você tiver uma ação que você não é a pessoa mais adequada, indicada ou capacitada para fazer, delegue. Tire esse peso das suas costas. Eu também aprendi a delegar mais nesses últimos dois anos, porque percebi que abraçar tudo estava me fazendo deixar de lado coisas que eu realmente gostaria de fazer. E, muitas vezes, eu nem era a melhor pessoa para fazer aquilo. Demorava horas a mais para resolver, enquanto outra pessoa mais capacitada e que faz daquilo uma rotina fazia rapidamente. A ação nem entrou na minha lista de coisas a fazer. Foi para outra pessoa.

E sabe, vem muito do seu próprio entendimento do que o seu trabalho realmente é para você pegar algo assim que demande ação e pensar: “quem deve fazer isso é o meu chefe!”. Você não precisa ter uma equipe abaixo de você para delegar coisas – muitas vezes, seu chefe, sua esposa, sua mãe, seu pai, seu irmão, seu colega de equipe é a pessoa mais apropriada que você para fazer aquilo. Eu passei por esse exercício muitas vezes nos últimos dois anos, e tenho cada vez mais aprendido o que faz sentido eu fazer e o que não faz.

Porque eu sei o que vai acontecer com o meu dia se eu enchê-lo de coisas para fazer. Eu sei que minhas atividades não se resumem apenas ao que já defini. Telefones tocam, urgências acontecem, eu tenho novas ideias que preciso processar etc. E quero me manter produtiva, equilibrando essas diferentes atividades.

Se for uma ação que eu mesma preciso fazer, isso sim entra no meu inventário de coisas a fazer. Então vejam que, ao definir o meu trabalho usando esse filtro do GTD, nem tudo vai entrar nessa lista. Muita coisa vou dizer não, muita coisa vou resolver rapidinho, muita coisa vou delegar. E então vou assumir aquilo que defini como o meu trabalho mesmo. Passou pelo filtro. Entrou na minha lista. E quando eu penso que a maioria das pessoas não faz filtro algum e simplesmente coloca direto em suas listas apenas “porque é menos complicado”, eu fico pensando: “mas gente, complicado é abrigar tudo isso”. Eu levo menos de 30 segundos para passar qualquer coisa por esse filtro do esclarecer.

Outro dia escrevi um post divulgando uma ação do Todoist sobre a produtividade de quem usa o aplicativo, fazendo um resumão de 2016. E o Todoist analisa volume, especialmente porque não tem como ir além disso. E as pessoas ainda ficam *chocadas* porque eu não estava, sei lá, entre “os 2% dos usuários mais produtivos”, já que eu faço tantas coisas. Sim, porque eu faço muitas coisas, mas poucas entram lá. E eu faço coisas significativas, não em volume. Eu sei definir uma ação que vai efetivamente mover um projeto adiante, e não algo que só vai enganar meu nível de serotonina ao marcar a tarefa como concluída, como “lavar a louça”. Além das coisas que eu faço porque, justamente por ter tudo sob controle, escolhi fazer sem ter inserido em lista alguma.

Aliás, falando sobre projetos, é uma parte importante ao definir o meu trabalho, e também foi um entendimento crucial ao longo dos anos, que me fez ver o todo daquilo que eu estava trabalhando. Toda vez que uma próxima ação não conclui o que eu preciso fazer – ou seja, depois dela, tem mais coisas – eu tenho um projeto, de acordo com o GTD. E tomar esse tipo de coisa como projeto me ajuda demais a ter um inventário completo de todos esses veios abertos, pois assim eu sei definir as ações e saber para onde eu estou indo. Ou seja, eu defino um resultado desejado e ele vira o meu “alvo”. Afinal, essas ações estão servindo para quê? Para me fazer chegar naquele resultado. E assim vai, uma depois da outra. Mas, se eu não tivesse essa lista de projetos, como poderia saber?

Definir o meu trabalho, então, é mais do que pegar uma anotação na caixa de entrada e me perguntar “o que é isso?”. É o meu empoderamento como ser humano do século XXI que pensa nas coisas que precisa ou quer fazer, de modo que não desperdice o tempo apenas estando ocupada(o) desordenadamente, fazendo coisas sem sentido. E eu realmente acredito que, se todos tivessem esse tipo de comportamento, a vida teria muito mais significado e o propósito seria evidente, pulsante em cada atividade que cada um faça.