Na quarta-feira, fiz uma reunião com uma pessoa querida como parte de um processo de certificação pela qual ela está passando e que eu estou coordenando. Nossa reunião foi à noite, à s vésperas de um feriado estendido, e ela me perguntou se eu “estava ansiosa para o feriado”. A pergunta me pegou de surpresa. A resposta, nem tanto. “Não”, eu disse. Ela deu risada. Na hora, eu não soube explicar tão claramente o motivo da minha resposta, mas refleti ao longo dos dias sobre ela e, dessa reflexão, nasceu este texto.
Sabe, a gente vive em uma época muito esquisita em que de repente todo mundo tem que ser empreendedor e ter alta performance para ser foda. Trabalhar no feriado, trabalhar 20 horas por dia, parece ser simplesmente uma obrigação se você quiser ser bem-sucedido. Com o paÃs dentro de uma recessão de anos, é comum pensar que, quanto mais a gente trabalhar, mais dinheiro vai entrar (e quem tem empresa sabe do que eu estou falando).
Mas, ao mesmo tempo, eu sei que isso não é saudável. Como empreendedora, eu já me peguei diversas vezes quase me sobrecarregando, simplesmente porque eu gosto tanto do que eu faço que é comum ir fazendo e fazendo. Só que o problema disso também é que quem faz coisas demais fatalmente está com foco de menos. Não considero isso uma crença limitante, mas um aprendizado que tive nos últimos anos avaliando a minha experiência pessoal e também a de outras pessoas à minha volta.
Uma consideração que sempre chega é: “mas Thais, o feriado quebra o empreendedor”. Essa também foi uma realidade com a qual me deparei quando comecei a empreender. E hoje acho que se trata de uma visão muito simplista da coisa toda. Você, como empresário, precisa se planejar e entender as sazonalidades do seu negócio. Precisa se estruturar para os tais feriados. Além do que, os feriados giram a economia em outros setores. Enfim, não vejo os feriados como vilões, mas talvez isso seja assunto para outro post, mais focado na gestão da empresa mesmo.
Quando eu refleti sobre o por que de não estar empolgada com o feriado, o sentimento não foi ruim. Veja, não é que eu não quisesse o feriado. Adoro os feriados. Meu filho não tem aula, podemos passear. A cidade fica vazia e gostosa de circular. Mas é que eu realmente não dependo dos feriados para isso.
Hoje, para uma pessoa que trabalha de segunda à sexta, ou de segunda à sábado, ou mesmo em horários fixos, com férias de 15 a 30 dias por ano, os feriados são super importantes. Quando eu trabalhava nesse modelo, eu adorava os feriados também. Contava antes de o ano novo começar quando eles aconteceriam, porque seriam oportunidades maiores de descanso ou viagens que eu estivesse a fim de fazer. Mas, hoje, meu estilo de vida e de trabalho me permitem viver esse tipo de coisas – sinceramente – todos os dias. Se eu quiser ir ao cinema na terça à tarde, eu posso. Se eu quiser tirar folga na segunda, eu posso também. Consigo me organizar para tirar uma semana de férias quando eu tiver vontade.
Então não é que eu não fique empolgada com os feriados, mas é que eles acontecem em qualquer época para mim, quando eu sentir vontade e me planejar para esses descansos.
Eu me sinto perfeitamente ok em trabalhar durante um feriado ou em um final de semana porque na segunda-feira estarei de folga, se sentir vontade. Tenho estruturado mais a minha vida nesse sentido, com esses intervalos mais sutis, que fazem parte do meu cotidiano.
Mas eu também entendo que essa não é a realidade para a maioria das pessoas, então o espanto é comum. rs
O que eu quero trazer de dica com este post na verdade é mais uma reflexão para você fazer: como eu poderia trazer mais dos feriados para a minha rotina?
Uma sugestão de texto que já foi publicado aqui no blog é sobre trazer as férias para o dia a dia. Recomendo e espero que você goste.
Boa semana.
TB estou pensando em como trazer mais feriados para o meu dia-a-dia mesmo com a vida acadêmica ( e as famigeradas férias somente em janeiro). Espero um dia conseguir.
Thais, adoro suas reflexões. Adoraria ler mais sobre essas questões de relação entre organização, empreendedorismo e tudo o que envolve o mundo empresarial.
Abraço,
Esse assunto parece muito com o assunto do livro “trabalhe 4 horas por semana” que pra mim é outro grande exemplo e modelo que gosto de seguir. Onde ele falar sobre coisas como ‘mini-aposentadorias’, delegação de tarefas corriqueiras, buscando um estilo de vida em que a gente não precise mais pensar em férias e aposentadorias, porque nesse estilo, elas acontecem não quando eu estiver velho e sem vitalidade, mas hoje, quando ainda tenho tanta energia pra gastar e viver.
Adoro o conteúdo do seu blog, tá me ajudando muito com a aplicação do GTD, muito obrigado!!
Gosto muito do Tim também, Raphael! Obrigada por comentar.
“Só que o problema disso também é que quem faz coisas demais fatalmente está com foco de menos”. Perfeita reflexão!
Que texto hein Thais?! Eu tenho tentando estabelecer dias ou momentos de folga para mim, mas tem sido difÃcil. Eu curso mestrado acadêmico em uma instituição pública, sou maquiadora e sou casada. Me considero uma empreendedora, mesmo não tendo uma empresa formal. Acontece que meu marido trabalha de carteira assinada e acabo sujeitando as minhas folgas aos horários dele, para podermos aproveitar mesmo! Por exemplo, de segunda a quarta-feira a minha vida é muito corrida e eu gostaria muito de tirar um momento relax na quinta para recuperar as energias. Preferia inclusive ficar em casa no domingo fazendo minhas atividades do mestrado ou dedicando um tempo maior para organizar a casa, mas ele quer aproveitar esse dia junto comigo. Acho que poderia rolar uma negociação, mas no momento não vejo como.
Abraço! Uma excelente semana para você!
Uma coisa que eu sempre digo pras pessoas é que se algo acontece todo ano, com data marcada, não é um imprevisto. Se o feriado vai acontecer e vc já sabe quando, vai atrapalhar seu negócio apenas se vc for desorganizado. Se o décimo terceiro tem que ser pago aos empregados todo dia vinte de dezembro, cabe a vc pensar nessa reserva desde janeiro ué. Se é previsÃvel não é imprevisto e não pode ser desculpa para a dificuldade. Coloque na conta.
Se a conta não fechar é hora de repensar o modelo de negócio ou até mesmo decidir que aquela atividade é economicamente inviável nas condições atuais.
O problema hoje em dia é que todo mundo fica esperando a condição ideal, o momento perfeito e adivinha? Não vai chegar. Começar a usar o que se tem faz muito mais sentido…
Exatamente…
Muito interessante Thais! porque a ideia que tenho de empreender envolve muito isso de perder fins de semana e feriados e acho que por isso nunca arrisquei. E sobre quanto mais trabalhar mais dinheiro vai entrar, o desejo nem é ficar rico mas ter condições de pagar por qualidade de vida, tipo plano de saúde.
oi Thais tudo bem? queria dar uma sugestão. Sei que vc já fez INÚMEROS posts mostrando uma retrospectiva de todos os textos q vc ja escreveu no GTD, com um passo a passo incrivelmente detalhado, mas acontece que encontrar esses post-resumo na ferramenta de busca é difÃcil (se digitar somente as palavras “GTD”). entao gostaria de sugerir q vc fixasse esse post ou esse assunto na parte superior do blog, onde esta escrito: mentoria, blog, newsletter etc… ou entao na barra direita. espero q considere com carinho. assinado: uma velh leitora q esta a fim de implemenar de vez o GTD no todoist kkk
Oi Larissa, tudo bem? Ficou no menu durante 12 anos, mas foi retirado recentemente por motivos de direitos autorais e uso de marca.
Você pode no entanto digitar GTD na busca e os posts aparecerão igualmente. 😉
Obrigada.
ThaÃs, uma reflexão sobre o assunto, e que surgiu do fato de eu gostar de tirar férias fora dos perÃodos de férias tradicionais, é que essas oportunidades de descanso fora do calendário tradicional funcionam bem para momentos sozinha, não tenho conseguido replicar essas oportunidades para toda a famÃlia com a mesma frequência, seja porque meus filhos entraram em idade escolar, seja porque eventualmente até meu marido também tem compromissos… e aà isso tem me incomodado um pouco sabe… como você tem lidado com isso junto à sua famÃlia???
Sim. Eu não costumo viajar quando é época de férias escolares. Aproveito para fazer passeios no perÃodo sem aulas ou sozinha.
Thais, penso exatamente igual a vc… Trabalho por conta própria, mas não é só por isso… Quando tenho um dia de folga, eu saio do eixo, deixo de fazer e atraso coisas básicas como tomar banho, pentear os cabelos, fico na cama numa preguiça imensa, ou tbm já que tenho tempo, invento de cozinhar e como bastante… Não estudo, não vejo nada de conteúdo importante, exceto pelo seu kkkk… Já nos dias úteis, (tenho comércio)
durmo cedo, vou para a academia 6:00 da manhã, leio, estudo, faço limpeza da casa etc… Na época da copa do mundo eu tava quase morrendo de desgosto kkk… Mas avaliando agora o que acabo de escrever, vou buscar formas de melhorar essa parte em mim… Gosto do que eu faço tbm… Thais vc é minha inspiração â¤