Como foi este ano – entre o mestrado e o doutorado

Desculpem por ter tantos posts relacionados a este assunto no momento, mas preciso compartilhar com vocês para poder justificar outros conteúdos que vão entrar futuramente! E também porque sempre compartilho com vocês o que acontece na minha vida. Espero que não esteja sendo chata.

Em janeiro de 2020, eu precisei “me obrigar” (de uma maneira gentil, claro) a sentar e trabalhar na minha dissertação todos os dias, pois precisava arrumar bastante coisas e escrever um capítulo inteiro antes de entregar a versão final para o meu orientador no final do mês. Isso foi fundamental porque essa “disciplina” (de forma muito leve) me ajudou a terminar a dissertação no tempo certo e depois tudo ficou mais tranquilo até a defesa e a minha formação como Mestre em Comunicação.

Eu defendi em março e, na semana seguinte, a OMS declarou “pandemia” e nós entramos em quarentena aqui em casa. Muita coisa aconteceu naquele momento, especialmente com relação ao trabalho, o que impacta diretamente na minha disponibilidade mental e física para todo o resto. Eu precisei me dedicar ao trabalho e o assunto “vida acadêmica” ficou um pouco de plano de fundo. Não consegui escrever novos artigos nem participar de seminários, o que até gostaria de ter feito.

Agora, momento sinceridade: antes da pandemia, tivemos um encontro de um dos grupos de pesquisa que faço parte e várias colegas minhas de mestrado já estavam trabalhando em pré-projetos de Doutorado. Lembro da minha reação: “caraca, que pique! nem consigo me imaginar entrando em um Doutorado agora!”. Quando terminei o mestrado, minha sensação foi: “cara, vou esperar pelo menos uns dois ou três anos para entrar no Doutorado”. E era esse o plano até então.

Massssss o fato é que a nossa mente e o nosso coração podem nos surpreender várias vezes, e é por isso que a vida é maravilhosa. No meio de tudo o que estava acontecendo na pandemia, todo o trabalho que eu estava fazendo, sempre pautado em compaixão, em determinado dia me veio esse insight: e se eu elaborasse uma tese de produtividade compassiva? É possível? Não parece “papo de coach”? Será que dá certo?

Naquele momento, em meio à pandemia, me bateu uma urgência, quase que como um “chamado”, para elaborar essa pesquisa e tese de Doutorado. E foi isso. A partir daquele momento, comecei a me planejar para elaborar um pré-projeto e começar a participar de processos seletivos para receber feedback.

Livros sobre Trabalho

Ou seja, até o meio do ano, mais ou menos, eu estava querendo distância de Doutorado, não me sentia pronta e me planejava para começar a pensar nele em mais tempo. O ano de 2020 serviria justamente para eu refletir sobre querer ou não fazer o Doutorado. Poderia ter levado mais tempo.

No entanto, uma vez que eu tenha decidido que sim, que eu queria fazer, esse projeto foi concluído e eu pude partir para o próximo, que era: elaborar o pré-projeto de Doutorado. Depois, estudar os processos seletivos para participar. Pesquisar linhas de pesquisa e professores orientadores em potencial. Além disso, claro, fazer pesquisas bibliográficas e ler muito material que eu já tinha em casa. Além de contatar meu professor orientador do mestrado, que foi absurdamente solícito e me ajudou a esclarecer melhor o que eu queria estudar. Isso resume bem todo o meu ano de 2020 e, ao compartilhar essas etapas, minha intenção é dar ideias a quem esteja em um momento parecido.

Eu acredito que o processo de elaboração do pré-projeto mereça um post apenas para esse assunto, porque foi uma jornada de aprendizado para mim. Eu cheguei a ficar emocionada enquanto estava desenhando o documento, pois lembrei de quando eu elaborei o pré-projeto de mestrado – eu era super “crua” como pesquisadora, mal sabia fazer. E, desta vez, não que eu seja “super pesquisadora”, mas aprendi alguma coisa. Pude elaborar ideias sobre a metodologia da pesquisa e tive até que tirar páginas do pré-projeto para que ele se encaixasse nas normas dos programas, de tanto que eu tinha para escrever. Então eu vi uma evolução interna muito legal e me senti bem por isso, e todos nós sabemos como celebrar pequenas vitórias internas em tempos de pandemia é importante para termos mais energia para a vida como um todo.

Estou muito feliz!

Minha dissertação do mestrado

Em março deste ano, eu concluí uma das etapas mais importantes do meu mestrado, que foi defender a minha dissertação. Fui aprovada, sou oficialmente mestra em Comunicação e tirei 10 no trabalho. Fiquei muito feliz e satisfeita no dia, grata ao universo e a todo mundo que esteve relacionado nesse processo.

A sensação de ter concluído essa etapa foi muito curiosa. Me senti feliz mas, acima de tudo, aliviada, pois eu realmente achei que não fosse conseguir concluir esse mestrado. Achei simbólico tê-lo feito na semana do Dia da Mulher. Eu me senti muito segura apresentando o meu trabalho porque estou imersa nesse tema há mais de dois anos e também tenho experiência em oratória.

dissertacao-mestrado

Para quem não acompanhou posts anteriores, minha dissertação do mestrado foi sobre midiatização do fluxo de trabalho, na Cásper Líbero, em São Paulo. Minha pesquisa foi sobre como os aplicativos de mensagens podem estar contribuindo para uma precarização ainda maior das profissionais de Comunicação. Resumindo de maneira mais simples, eu estudei se é normal ou não responder What’sApp de cliente às onze horas da noite de sexta-feira e o que isso acarreta na saúde mental das pessoas.

Eu trabalho com produtividade, então pesquisar sobre esse tema tem a ver não apenas com o meu trabalho, como faz parte de uma certa linearidade na minha formação acadêmica (graduação em Publicidade, pós-graduação em Mídias Digitais).

Eu estava aguardando a publicação oficial da dissertação no site da faculdade para divulgar para vocês, o que aconteceu recentemente. Então você pode acessar o texto e ler a dissertação clicando aqui.

Vou fazer uma live no YouTube hoje às 18h explicando a minha dissertação e apresentando os resultados da pesquisa, caso você tenha interesse em assistir (clique aqui). Caso você esteja lendo este post no futuro, pode clicar no mesmo link para acessar a live gravada.

Minha defesa do mestrado

Na semana passada, eu concluí uma das etapas mais importantes do meu mestrado, que foi defender a minha dissertação. Fui aprovada, sou oficialmente mestra em Comunicação e tirei 10 no trabalho. Fiquei muito feliz e satisfeita no dia, grata ao universo e a todo mundo que esteve relacionado nesse processo. A gente não faz absolutamente NADA sozinho, então eu só tenho realmente a agradecer.

Na foto acima, estão os meus professores: Marcelo (à esquerda) e Luis Mauro (meu orientador). Ainda tínhamos na banca a professora Ana Paula, da UNISINOS, que participou via Skype.

Eu fiquei nervosa SIM, não vou negar. Claro que um nível de nervosismo “Thais Godinho”, com calma, gerenciado com muita meditação e foco, mas ainda assim fora do meu eixo. O que considero absolutamente normaaaaal, visto que nunca tinha defendido um trabalho para uma banca antes na vida e tinha medo do que pudesse acontecer, dos questionamentos etc.

A qualificação aconteceu no meio de dezembro. Os professores me falaram MUITA coisa. Eu anotei tudo. Depois, conversando com o meu orientador, priorizamos as alterações. Algumas caberiam, outras ficariam para explorações futuras. Eu descansei no final do ano e reservei o meu mês de janeiro para trabalhar na dissertação e fazer as mudanças. Teve um capítulo inteiro novo, além de trechos grandes adicionais. Foi ótimo fazer, mas “pesado”. Eu confesso que já estava um pouco de saco cheio do meu trabalho! Sério, não aguentava nem olhar mais para ele, de tanto que já tinha escrito, mexido etc.

Meu professor estaria de volta no dia 27, e no dia 26 à noite, o texto estava na caixa de entrada dele.

Meu professor revisou, pediu uma ou outra adição, que eu fiz, e assim levei o trabalho para a gráfica, pois ele precisaria ser entregue na secretaria antes do dia 15/2 (entreguei com folga alguns dias antes). Esse dia foi o melhor de todos. Fui viajar no dia 17 e a única coisa que precisava fazer era aguardar o meu professor agendar a defesa, que aconteceu no dia 5 de março.

Pesquisei muito sobre como é uma defesa de mestrado. Em vídeos mesmo. Revisei a apresentação que fiz para a qualificação, tirei algumas coisas, coloquei outras, mais assertivas. A apresentação ficou super bonita. A dissertação, quando publicada, vou divulgar aqui junto com a apresentação. Também quero explicar melhor como foi essa pesquisa e os resultados obtidos, pois ela foi importante para validar questões essenciais de sobrecarga e ansiedade do uso de aplicativos como o What’sApp no trabalho.

Já sabendo que eu ficaria dedicada a esse assunto mentalmente, procurei deixar a minha semana relativamente livre para pensar só nesse assunto. Claro que tive que trabalhar em outras coisas mas, de modo geral, adiantei e adiei o que pude e, no dia da defesa e no dia seguinte, tirei folga do trabalho. Foi a melhor coisa que eu fiz, mesmo porque na segunda-feira anterior eu tomei chuva e fiquei sem voz durante quase dois dias. Precisava descansar.

A sensação de ter concluído essa etapa foi muito curiosa. Me senti feliz mas, acima de tudo, aliviada, pois eu realmente achei que não fosse conseguir concluir esse mestrado. Achei simbólico tê-lo feito na semana do Dia da Mulher.

Eu me senti muito segura apresentando o meu trabalho porque estou imersa nesse tema há mais de dois anos e também tenho experiência em oratória. Isso me ajudou demaaaais, pois do contrário certamente seria um fator adicional de nervosismo. Depois que eu apresentei (durante uns 15 a 20 minutos), os professores fizeram observações sobre o trabalho. Observações essas que preciso discutir com meu orientador o que devo fazer na versão final ou não, que deve ser entregue em 30 dias, naquela versão encadernada bonitona, que ficará na biblioteca da faculdade.

Este post é mais uma expressão emocional minha e para compartilhar a felicidade por ter concluído esta etapa! Pretendo elaborar um montão de conteúdos ainda sobre o mestrado, e se você tiver alguma dúvida específica, por favor, deixe aqui nos comentários. Quero ir escrevendo e gravando vídeos a respeito, pois tenho certeza que é uma fase da vida em que toda dica é bem-vinda. Obrigada! <3

Como foi escrever a minha dissertação do mestrado

Sei que muitos de vocês estavam ansiosos por esse post, mas eu só me sentiria confortável para escrevê-lo quando tivesse finalizado a dissertação.

Eu acabei de entregá-la na secretaria da faculdade e, agora, preciso aguardar meu professor agendar a banca de defesa, e depois entregarei aquela versão final, bonita e encadernada. Eles chamam de “depositar a dissertação”.

Para quem não sabe, faço mestrado em Comunicação na Faculdade Cásper Líbero, a melhor faculdade de Jornalismo do país, e minha pesquisa é sobre como os aplicativos de mensagens podem estar contribuindo para uma precarização ainda maior das profissionais de Comunicação. Resumindo de maneira mais simples, eu estudo se é normal ou não responder What’sApp de cliente às onze horas da noite de sexta-feira e o que isso acarreta na saúde mental das pessoas.

Eu trabalho com produtividade, então pesquisar sobre esse tema tem a ver não apenas com o meu trabalho, como faz parte de uma certa linearidade na minha formação acadêmica (graduação em Publicidade, pós-graduação em Mídias Digitais).

Meus dois anos de mestrado não foram nada fáceis porque minha avó teve complicações pós-cirúrgicas logo que eu comecei o curso, vindo a falecer em maio (eu tinha começado em fevereiro). Foi muito difícil e eu considerei sair do mestrado, mas resolvi continuar. Mesmo aos trancos e barrancos, emocionalmente falando, eu consegui. Então, quando entreguei a dissertação final, para mim foi como a vitória de uma conclusão muito importante, pois: 1) eu achei sinceramente que não conseguiria e 2) fiquei feliz por não ter desistido. Por piores que tenham sido as minhas condições emocionais, eu terminei meu mestrado. Os dois anos teriam passado de qualquer maneira. Não dá para a gente parar a vida quando passa por problemas, pois problemas sempre vão existir.

Eu ainda preciso de um distanciamento maior do processo como um todo para escrever melhor sobre os aprendizados que tive e o que teria feito de maneira diferente – sei que são muitas coisas. Mas uma delas que de fato teria feito toda a diferença seria ter começado a escrever a dissertação logo que eu entrei no curso. Eu estava empolgada com o tema, inspirada, e mesmo que não aproveitasse muito esse material (porque a gente vai amadurecendo na escrita acadêmica), eu já teria avançado bastante nela. Eu escrevi a dissertação em pouco tempo, praticamente um mês. Mas vou contar rapidamente como foi o mestrado, para situar quem não tem muita ideia.

Foram três semestres de disciplinas. Sete disciplinas no total. Para concluir cada disciplina, você deve entregar um artigo ao final do semestre, com uma média de 15 a 20 páginas. Além disso, precisa cumprir créditos para se formar. No meu caso, apresentar trabalhos em três seminários durante os três semestres das disciplinas. Só assim eu estaria apta a passar para a fase seguinte, de entrega da dissertação.

Meu segundo semestre de 2019 foi basicamente tomado por muito trabalho. Eu fiquei mal de saúde durante vários meses do ano passado, e só fui começar a melhorar por volta de outubro, que foi quando eu engatei na minha pesquisa. Mesmo assim, não consegui defender no ano passado, que era o meu prazo “ideal”. Não me frustrei nem me cobrei. Sinceramente, nem tinha condições de tocar esse mestrado e, só por conseguir fazê-lo, eu já me sentia uma verdadeira campeã.

Os artigos que escrevi para as disciplinas foram essencialmente úteis em termos de fichamentos, pois em termos de escrita, a maioria foi do zero, para a dissertação. O que eu escrevi no primeiro semestre do mestrado nem se compara à minha escrita do final, quando eu sentia mais segurança para escrever. A escrita acadêmica tende a “travar” as pessoas. São tantas normas e boas práticas que você não consegue simplesmente “escrever”. Isso foi bem difícil para mim e, apesar de eu ser escritora, ter três livros publicados etc, não fazia diferença, pois era outro formato. Foi um grande aprendizado para mim, ao mesmo tempo em que acho que existe uma pressão desnecessária sobre esse tema. Muitos mestrandos desenvolvem ansiedade e até depressão durante os seus mestrados. Eu já estava tão ferrada emocionalmente que, com sinceridade, o mestrado foi a distração que me tirou um pouco da realidade nesses dois anos. Estar em sala de aula e conversar sobre assuntos diferentes foi o que manteve a minha sanidade. Mas não vou negar como é trabalhoso.

Eu tirei férias no final de dezembro e me planejei para escrever a dissertação ao longo do mês de janeiro. Meu professor orientador voltava de férias dia 27/1, e eu queria que a dissertação estivesse na caixa de entrada dele quando isso acontecesse. Aconteceu. Mas o que eu fiz e que funcionou muito bem foi:

  1. Me ater sempre ao propósito da dissertação. Por que a pesquisa é importante? Que mensagem quero passar às pessoas com ela? Isso foi essencial para o foco.
  2. Escrever todos os dias. Todos os dias eu me forçava a sentar com o documento aberto na minha frente e escrever que fosse um parágrafo. Às vezes, lendo o que eu já tinha escrito, eu me inspirava e escrevia bastante. Tinha dias que não saía absolutamente nada. Mas me propôr esse exercício de escrever todos os dias fez toda a diferença, porque senão era a típica coisa que a gente fica procrastinando e depois entra em desespero.

Quando entreguei minha dissertação para o professor, ele fez sugestões pontuais, conversamos pessoalmente, e eu implementei o que ele sugeriu. Fiz uma checklist para ir seguindo uma coisa de cada vez.

Quando eu digo que escrevi grande parte da minha dissertação no papel – manuscrito mesmo – as pessoas acham curioso ou engraçado. Talvez eu não tenha sido muito clara sobre como foi o meu processo de mestrado. Em dezembro de 2018, na noite de Natal, eu fui INTERNADA porque tive uma complicação de saúde. Eu fiquei uma semana, com o risco de precisar fazer uma cirurgia muito complicada no final de janeiro. E eu estava com meu caderno lá no hospital escrevendo, tendo insights, porque é basicamente assim que eu funciono com tudo. Então o que quero que os outros entendam é que não fiz esse mestrado como, de modo geral, as pessoas normalmente fazem. Fiz em total estado de exceção na minha vida. Escrever à mão foi o de menos. Teve dia que passei mal na sala e desmaiei na enfermaria.

Agora, sinceramente, eu gosto de escrever à mão, pois me desconecto. Mas confesso que, na fase final, escrever direto no computador agilizou as coisas. Tudo teve o seu momento.

Um fato que me ajudou em janeiro foi ter lido o livro “Como se faz uma tese”, do Umberto Eco, pois ele me trouxe insights bacanas sobre o processo, e colocar meus pensamentos ao final da pesquisa em ordem foi fundamental para costurar o que ainda estava meio em aberto e efetivamente fechar os pontos de tudo o que eu queria falar no texto.

Esse caderno aí em cima é o caderno atual que tenho usado para planejamentos como esse da dissertação, diário, commonplace book etc. É um caderno de 400 folhas que anda comigo para cima e para baixo. Não ligo para o peso e até gosto de carregar tanta coisa assim comigo porque sempre tenho o que ler.

Ah, uma coisa que me ajudou demais e que comecei a fazer no início do mestrado foi criar um mapa mental para organizar as informações sobre a dissertação. Não o usei em todo seu potencial, mas foi muito útil ao longo do processo.

Ferramenta: Mind Meister

Enfim, escrever uma dissertação NÃO É FÁCIL. Mas eu gostaria de ter começado lá no início. Confiei demais no processo, achando que conseguiria fazer os três semestres de disciplinas e só depois escrever. O que acontece é que, depois dos três semestres, eu já estava até meio de saco cheio do tema da minha pesquisa. Tive uma ressaca acadêmica que durou uns quatro meses, ali entre maio e setembro do ano passado, em que mal consegui escrever. O que me resgatou para escrever foi ter o propósito em mente, rever minhas anotações e fichamentos lá do começo, enquanto eu estava deslumbrada com o tema, pois isso me ajudou a retomar um pouco do sentimento. E aqui eu vejo a importância de ter escrito em papel – quando a gente digitaliza, as letras perdem as emoções. No papel, a revisão permite até que você lembre como você estava se sentindo no dia. Isso é incomparável. Pode dar mais “trabalho”, mas sério, se você quer fazer as coisas na pressa, eu não acho que isso seja uma maneira de curtir a vida. Mas é a minha opinião. Para mim, estudar significa estar ali sentada, presente no estudo. Não fazer correndo, por fazer. Se for para fazer assim, melhor não fazer, porque a grande riqueza do mestrado é você se formar como pesquisadora. Ou pelo menos começar a aprender como fazer isso. Se você faz o mestrado apenas como um consórcio, para obter o diploma no final, e é movida a prazos e entregas, cara, isso não é uma maneira de viver nem na vida acadêmica, nem no trabalho, nem em nenhuma outra área da vida. Isso é horrível. E é um dos meus propósitos com este trabalho que faço com o Vida Organizada.

De modo geral, eu concluo essa etapa do mestrado pensando em como ajudar mais as pessoas que estão sofrendo na vida acadêmica, com essa questão da ansiedade, prazos e “como lidar”. Meu professor orientador foi maravilhoso, compreensivo e encorajador 100% do tempo, mas sei que ele infelizmente é exceção, pelo que ouço de outros colegas em outras faculdades e até países. Esse estigma do meio acadêmico precisa ser discutido e os pesquisadores precisam ser “abraçados”. Então eu pretendo sim trazer mais ideias sobre isso, com o tempo. Por hora, só preciso concluir todo o MEU processo para conseguir descansar.

A defesa deve acontecer na primeira quinzena de março, aí vou contando para vocês à medida que me sentir inspirada para escrever a respeito, podem deixar. 😉

Se você tiver alguma dúvida sobre a escrita da dissertação, por favor, deixe um comentário. Obrigada.

Foco para escrever a dissertação do mestrado

Muitos leitores me pediram para que eu compartilhasse como tenho feito para escrever a dissertação do mestrado. Eu imagino que, ao concluir todo o processo, eu tenha dicas melhores e mais assertivas para dar, pois terei uma visão do todo, mas achei que também seria interessante mostrar um pouco essa visão “de dentro”, de como tem sido enquanto estou passando por esse processo.

Para quem não sabe, estou finalizando meu mestrado em Comunicação, neste semestre. Tem muito texto aqui no blog sobre o meu tema e sobre o mestrado como um todo. Dê uma olhada, se tiver interesse em saber mais. 😉

Muito se fala no meio acadêmico e entre pesquisadores sobre a saúde mental durante um mestrado ou um doutorado. No meu caso, o mestrado é justamente minha válvula de escape, com sinceridade. Ano passado eu tive um ano difícil pacas, após a morte da minha avó, e o que me manteve sã foi continuar a estudar no mestrado. Este ano, tive muitos percalços na vida profissional, e o mestrado me manteve centrada. Logo, se eu não me senti bem, foi por diversos outros aspectos que não a vida acadêmica em si. Este ano, especialmente a política e a realidade do Brasil têm me deixado bastante deprê. Ainda estou aprendendo a melhor maneira de lidar com tudo isso, mas de longe o mestrado me ajuda a me distrair e também a ter um entendimento mais crítico de tudo o que está acontecendo.

Hoje, eu consigo ver que existe sim uma pressão e que existem relações tóxicas dentro da academia. Por uma imensa sorte, meu orientador é uma pessoa incrível. Não sei bem se foi sorte, pois eu o escolhi já sabendo que ele tinha certas características que batiam com as minhas. Isso foi uma escolha consciente e que deu certo, mas também pode-se dizer que foi sorte pois ele poderia não ter aceitado o meu convite para me orientar e, na prática, ele também poderia não ser como eu esperava. E tem sido ótimo. Ele é muito consciente também desse lance da “depressão acadêmica”, e fica atento a isso o tempo todo, diminuindo a pressão e acertando o foco sempre que necessário.

Nos últimos dias tivemos uma reunião de um dos grupos de pesquisa que participo, e uma aluna que está iniciando o pré-projeto para o mestrado disse que estava muito estressada, visivelmente com questões individuais que ela deveria tratar em uma terapia. E fazer terapia é importante para todo mundo. A primeira coisa que quero te falar, então, é: por favor, não ache que seus problemas e questões internas vão se resolver sozinhos. Mestrado, doutorado, até mesmo a faculdade em si, são cursos que trazem um volume imenso de atividades à sua vida. O problema não está no meio acadêmico, mas em você se cuidar, ser compassivo/a consigo mesma/o, entender que cada pessoa está em uma fase diferente, não se cobrar tanto, se organizar, enfim.

Eu também acho que rola uma espécie de “fetiche acadêmico” de dizer “nossa, estou finalizando a dissertação e estou sem dormir” ou “posso dormir quando estiver morto”. Esse tipo de discurso é alimentado diariamente e, com sinceridade, acho que não ajuda em nada. Venho tentando eu mesma não repetí-lo, porque é muito fácil você dizer determinadas frases apenas para o outro ter empatia e vocês se confortarem. Sim, existem problemas, mas, mais uma vez, acredito que foco seja tudo na vida. E eu prefiro focar no meu desenvolvimento intelectual, no meu trabalho, enfim, nas coisas boas dele, e não nas supostas coisas ruins.

Sobre a dissertação, vários leitores me pediram dicas para focar na hora de escrever. Eu não tenho dicas específicas para a dissertação em si, mas para qualquer trabalho aprofundado que demande produção intelectual. Escrever a minha dissertação demanda um estado de fluxo semelhante a escrever um post para o blog ou uma apostila para um curso. Claro que são demandas diferentes, com técnicas diferentes. Mas, em termos de foco, dá no mesmo.

O que posso dizer, sem sombra de dúvidas, é sobre todos os NÃOs que tenho distribuído para conseguir focar na dissertação. Veja, a vida continua. O mundo continua girando. Existem coisas que não posso tirar, especialmente no meu trabalho, que garantem o meu sustento (e até a possibilidade de fazer um mestrado). Mas existem MUITOS projetos que podem esperar. E estou fazendo todos eles esperarem. Especialmente projetos meus, particulares. Mas também projetos acadêmicos.

Outro dia escrevi um post sobre “coisas que deixei de lado para ter o que tenho”. Gente, para cada SIM que digo, disse uns 450 NÃOs. É impossível “listar” tudo o que deixei de lado pois são infinitas coisas. E outra, qual o ponto de listá-las? Prefiro dar atenção ao que eu disse SIM – essas sim relevantes o suficiente para fazerem parte da minha vida no momento e me permitirem ter foco. Deixar outras coisas de lado significa justamente não focar nelas, então para que perder tempo tentando listá-las? Não, não. Não me peçam isso e, por favor, fica de recomendação que você também não o faça. Não leva a nada, a não ser a frustração.

Eu tinha planejado dedicar o meu mês de julho para o mestrado da seguinte maneira:

  • primeira semana: artigo da última disciplina
  • segunda semana: fechar o artigo do evento que participei no sul (prazo: 15/7)
  • terceira e quarta semanas: dois capítulos da dissertação

No entanto, nas duas últimas semanas do mês eu passei por uma transição enorme, que impactou completamente a minha vida e me colocou em um turbilhão de coisas acontecendo. Ainda não me sinto preparada para falar mais sobre isso, mas em algum momento falarei. O que você precisa saber é que foi TRASH. E o fato prático é que não consegui cumprir o meu prazo. Entregar esses dois capítulos no início de agosto era o melhor dos cenários, no entanto. Como não eram prazos apertados, não me estressei. Gente, a vida é isso aí. Se eu for me cobrar por todas as coisas que eu não fiz no prazo “desejável”, certamente vou enlouquecer. (Para vocês terem uma ideia, o prazo real é final de novembro. Eu que queria entregar antes.)

Conversei com o meu orientador agora no início de agosto, expliquei o que aconteceu e reorganizamos nosso cronograma. Projeção otimista: finalizar até o meio de setembro. Se não for possível, finalizar em outubro. E tá tudo bem. Claro que isso não significa deixar para a última hora. Eu quero entregar antes. Mas me dá uma perspectiva um pouco melhor, sabe? Não preciso ficar desesperada.

Para conseguir focar na entrega da dissertação, esses foram os ajustes que fiz – apenas no nível acadêmico:

  • tirei todas as leituras que eu estava em andamento e deixei apenas as leituras necessárias para a dissertação
  • desisti de participar como ouvinte de uma das disciplinas (prefiro focar o horário na escrita da dissertação)
  • desisti de participar de um seminário do grupo de pesquisa que acontecerá em outubro
  • desisti de ministrar duas disciplinas que eu fui convidada para um programa de MBA (tenho a vida toda para fazer isso)
  • resolvi não fazer o estágio docência neste semestre (acompanhamento pedagógico com um professor para pegar didática em sala de aula de graduação)
  • não vou participar de absolutamente NENHUM evento apresentando trabalhos
  • não vou produzir mais nada em termos acadêmicos (artigos etc.) além da dissertação
  • não vou pensar no pré-projeto para o doutorado (só depois da entrega da dissertação)
  • toda semana, tenho pelo menos uma meta relacionada à dissertação, como por exemplo: finalizar o capítulo 2

Isso para mim já fez toda a diferença. Tudo isso são atividades que poderiam não tomar tanto tempo, mas tomam tempo. Um pouquinho aqui e um pouquinho ali já fazem muita diferença.

Isso porque nem entrei no aspecto profissional da empresa e no pessoal. Vish, muita coisa incubada. E tô super sussa com relação a isso.

Para a escrita em si, eu não tenho muito segredo, pois ESCREVER faz parte da minha rotina. Eu sou escritora. Todos os dias escrevo. Para a dissertação, vale o mesmo raciocínio. Leio e estudo todos os dias, assim como escrevo um pouco todos os dias. Para mim, não funciona essa coisa de “vou bloquear um período na minha agenda para escrever na quinta de manhã”, porque na quinta de manhã posso estar sem pique e energia para escrever. Eu organizo todas as minhas atividades na vida de modo que eu consiga aproveitar o melhor de cada momento para fazer o que a minha energia proporciona como melhor alternativa para que eu faça. Simples assim. Como dica, diria que você precisa se conhecer e entender o que funciona melhor para você em termos de fluxo de trabalho. Tem gente que prefere bloquear o tempo na agenda. Sabe? Então não tem certo ou errado, mas testes e manter o que funciona.

Estou dizendo NÃO a um monte de projetos novos simplesmente porque, quanto mais tempo eu abrir na minha agenda, mais tempo terei para escrever e terminar logo a dissertação. É assim que funciona para tudo na vida, gente.

Uma dica rápida que pode ajudar é sobre a lista “depois de”. ->

Leitura de artigos acadêmicos: como organizar

Outro dia uma leitora me perguntou no Instagram quais eram as minhas dicas para fazer o acompanhamento dos inúmeros artigos acadêmicos que são publicados na área de cada um. Minha resposta começou a ficar grande demais e pensei: “puxa, daria um post!”. Então aqui está o que eu respondi, com algumas coisinhas a mais.

Quando eu entrei no mestrado, esse novo mundo se abriu inteiramente para mim! Eu nunca tinha me ligado nessa rotina de produção de acadêmica, em que as pessoas publicam artigos diversos anualmente. Quando eu estava na faculdade, não fiz iniciação científica. Me interessei por isso quando resolvi fazer o mestrado (e também foi quando eu descobri que poderia ter publicado n artigos nos anos anteriores, mas paciência! o importante é pensar daqui pra frente).

Com a entrada no mestrado, me deparei com o volume insano de artigos para ler. Não apenas os artigos para as disciplinas que estava cursando ou para compôr a pesquisa da minha dissertação, mas também um artigo que levava a outro, e a outro e a outro. Os artigos que meu professor orientador publica. Os artigos que outros pesquisadores que acompanho também publicam. O volume é, de fato, imenso.

Como eu me organizo então para fazer esse acompanhamento? Algumas práticas que têm funcionado para mim:

Caderno no Evernote

Mantenho um caderno no meu Evernote chamado “artigos para ler”. É muito fácil manter no Evernote por conta da ferramenta Web Clipper, que me permite acrescentar qualquer conteúdo acessando através do Google Chrome, no computador.

Nesse caderno, vou inserindo todos os artigos que quero ler.

Você pode imaginar que ele fique imenso. Sim. Mas são artigos para ler sem pressa, quando eu tiver um tempo. Costumo ler quando estou em trânsito, me deslocando para algum lugar (especialmente viagens), ou em casa, antes de dormir, se eu estiver com pique para ler algo mais “cabeça”.

Impressões

Quando eu preciso ler um artigo prioritário, ou que tenha prazo, prefiro imprimir e carregar sempre comigo, para ir lendo ao longo das janelas de tempo que tenho ao longo do dia.

Google Alerts

Configuro alertas do Google Acadêmico para receber notificações quando alguns professores e pesquisadores que eu acompanho publicarem algo novo. Recebo por e-mail. Isso me ajuda a acompanhar os “lançamentos” e imprimir ou guardar no Evernote.

Fichamentos

Ainda estou aprendendo a melhor maneira de fazer fichamentos não apenas de artigos como de livros. De modo geral, mantenho armazenados juntos os artigos e livros para projetos que estão em andamento. Acredito que eu vá aperfeiçoar isso quando entrar no doutorado.

Sobre fichamentos desses arquivos, já falei em post anterior. Este post de hoje  é sobre acompanhar publicações e organizar os momentos de leitura.

Acho que o que mais ajuda mesmo a organizar a leitura dos atigos é:

  1. Priorizar o que tem que ser lido no momento porque servirá a algum projeto em andamento
  2. Agrupar o que quero ler em um único lugar, para facilitar
  3. Gostar de ler e ler diariamente, para ir dando cabo das leituras, de modo que elas não acumulem tanto
  4. Saber que não vou conseguir ler tudo (e tá tudo bem)
  5. Fazer uma limpa do que foi armazenado de tempos em tempos

E você, como costuma organizar a leitura dos artigos acadêmicos? Espero que as dicas deste post tenham sido úteis.

Mestrado: mantendo o foco no final e perspectivas para os próximos anos

Toda vez que tenho uma boa reunião com o meu orientador, releio e processo minhas anotações, fico com vontade de escrever sobre isso aqui, até para organizar melhor as minhas ideias.

Para quem não sabe, estou no terceiro semestre do meu mestrado em Comunicação, aqui em São Paulo, pela Faculdade Cásper Líbero. Meu professor orientador é o Prof. Luis Mauro Sá Martino, de quem me tornei ainda mais fã após esse tempo e proximidade devido à pesquisa e ao curso.

Estou estudando uma linha da Comunicação conhecida como Midiatização, que é a maneira como os meios digitais estão tão inseridos na vida em sociedade, que a gente nem percebe mais o quão eles estão mudando tudo. Então a gente estuda essas mudanças (estou super resumindo, com o risco de parecer superficial). No meu caso, quis estudar aplicativos de produtividade – ou melhor, aplicativos de comunicação com foco em produtividade.

Iniciei o mestrado no início do ano passado e, de lá para cá, apesar de ajustes, o tema se manteve. Eu estudei durante um ano antes de me decidir pelo tema do pré-projeto. Por isso, quando entrei, já estava bastante avançada em tudo – o que foi ótimo porque passei por um turbilhão de emoções no ano passado, com a morte da minha avó. Ter a pesquisa adiantada me ajudou a manter o mestrado.

Se tudo continuar caminhando como está, até outubro me tornei mestre. 🕯 Estou finalizando a pesquisa de campo, já fazendo análise de dados, para submeter a dissertação em julho, qualificar em agosto e depositar até outubro. Eu tenho então alguns focos bem específicos neste semestre:

  1. concluir todos os créditos necessários – falta 1 disciplina (em andamento) e 1 apresentação em seminário (que será em maio) / isso significa não apenas frequentar as aulas e o evento, mas desenvolver os artigos e apresentações necessários;
  2. finalizar a minha pesquisa de campo e a análise de dados antes de o meu orientador entrar de férias, de modo que eu consiga chegar ao meio do ano pronta para apenas sentar e escrever (sinceramente, é a parte mais tranquila para mim);
  3. eu preciso entregar a introdução e + 2 capítulos inteiros prontos antes das férias, e eles dependem da pesquisa de campo.

Logo, o foco está claro. Em julho, vou me dedicar à escrita da dissertação. No segundo semestre, é “só curtir”. Pretendo ainda fazer o acompanhamento pedagógico que não consegui neste semestre (passei no processo, mas joguei a toalha – não deu para conciliar com o meu trabalho) e, talvez, participar como ouvinte de alguma disciplina interessante. Fora as outras atividades do meio, como os encontros dos grupos de pesquisa e outro seminário em outubro.

Não pretendo ingressar no doutorado na sequência, apesar de saber que planos podem ser antecipados. O que eu pretendo fazer depois do mestrado é:

  1. Curtir! Curtir muito essa conquista. Foi foda.
  2. Iniciar pesquisa bibliográfica para entender o que eu quero pesquisar no doutorado (estimativa: de 1 a 2 anos fazendo isso).
  3. Iniciar estudo de uma segunda língua estrangeira para o processo seletivo (espanhol, francês ou italiano, dependendo da instituição).
  4. Pesquisar as diversas linhas de pesquisa das instituições para entender qual seria mais viável para mim, quando eu decidir ingressar.
  5. Quando eu decidir, iniciar estudo da bibliografia para focar na prova do processo seletivo.
  6. Ingressar como aluna especial em alguma disciplina – provavelmente em 2020.
  7. Publicar pelo menos 2 artigos por ano.
  8. Continuar participando dos meus 2 grupos de pesquisa.
  9. Continuar acompanhando os eventos da área que sejam fáceis de acompanhar (quero dizer que vou dar preferência para SP e evitar eventos em lugares muito longe).
  10. Até o final de 2021, ter pelo menos um pré-projeto definido, com clareza PARA MIM, de modo que me sinta segura para tentar qualquer processo seletivo que eu queira.

Profissionalmente falando, na área acadêmica, também tenho planos.

Ainda neste semestre, vou produzir e ministrar 2 disciplinas para um curso de MBA em formato EAD, para as quais fui gentilmente convidada e, depois de refletir sobre a importância desse passo para mim e outras definições, aceitei. Quando eu puder compartilhar mais informações, compartilharei aqui no blog. 😉

No semestre que vem, vou tentar a oportunidade do estágio docência, se der tempo (prazo dentro do mestrado mesmo), ou trabalhar como professora convidada com o meu professor. Ele ainda sugeriu que talvez eu pudesse elaborar um curso livre para a faculdade. De todo modo, quero estar na sala da graduação no segundo semestre, para ver como eu me sinto. Será que quero ir para a graduação? Ou pós? Ou cursos livres? Ou EAD? Ou produzir material? Tantas possibilidades… tem que ir testando uma a uma.

Eu estou estruturando as atividades da Oficina este ano e, quando ela estiver mais consolidada, até o ano que vem, eu espero ter uma agenda de trabalho um pouco mais definida para talvez abrigar uma disciplina formalmente em alguma instituição. Ficarei confortável em aceitar disciplinas ocasionais, como essas do MBA que citei, ou outras.

Meu professor disse que, com a minha bagagem profissional e minha dedicação aos estudos, ele acredita que em 5 ou 10 anos (dependendo da entrada no doutorado) eu já esteja ensinando em cursos de stricto sensu. Acho uma perspectiva legal, pois terei entre 42 e 47 anos (o Paul, meu filho, terá entre 14 e 19 – eu penso na possibilidade de fazer um pós-doc fora caso ele também queira estudar em outro país na faculdade – se ainda houver faculdade!!!).

Eu me sinto muito satisfeita por essa conciliação que tenho feito entre trabalho e vida acadêmica. Não é nada fácil, mas buscando a coerência e tendo propósito a gente consegue fazer boas escolhas. Tudo isso é organização da vida, pura e simples.

Sigo apaixonada pelo mestrado. <3

Como se preparar para seminários acadêmicos

Em abril, eu escrevi um post contando como foi participar de um evento acadêmico, meu primeiro, apenas como ouvinte. E agora, em outubro, eu venho com este post dando dicas sobre como participar apresentando. Que ousada!

É claro que ainda tenho muito a aprender. Mas eu apresentei em dois seminários neste semestre, e me senti muito bem fazendo isso, o que significa que eu soube me preparar. Eu imaginei que, mesmo tão iniciante como pesquisadora, eu pudesse trazer algumas dicas para vocês.

Penso também que a minha experiência como professora e palestrante conte muito.

#DICA 1 – Abstraia da coisa de saber pouco ou muito. Eu sempre me senti o “cocô do bandido” quando eu comecei o mestrado. Parece que todo mundo sabe mais do que você. Depois de passada essa sensação inicial (que nunca passa de verdade, mas você se acostuma com ela), eu comecei a valorizar o que eu sabia, e mais ninguém. Toda a experiência que eu tinha com outras coisas, do mercado mesmo, e de vivência, de trabalhar com as pessoas de perto, e mesmo de estudo teórico. O que cada um sabe nenhuma outra pessoa é capaz de ter. Eu não devo me sentir diminuída por isso, muito pelo contrário. Devo assumir o que ainda não sei, mas valorizar o que já fiz. Esse “empoderamento” me ajudou pra caramba. No segundo seminário que apresentei, já me senti muito mais confiante, e acho que essa confiança faz toda diferença na forma como você se apresenta.

# DICA 2 – Valorize suas referências. O que conta no meio acadêmico são as referências que você tem. Não importa que você tenha poucas – se tiver uma, essa referência deve ser valorizada, mostrada, realçada. Quanto mais você estuda, mais referências terá. Essa é a vantagem do meio acadêmico – você se valoriza pelo seu estudo. No slide abaixo, retirado da minha última apresentação, eu coloquei os conceitos que queria apresentar, junto com as referências. Isso é maravilhoso, porque me ajudou a ser sucinta e também mostrar para as pessoas de onde vêm aquelas ideias.

# DICA 3 – Faça uma apresentação bonita. Me refiro aos slides mesmo. Pô, dá pra dar uma caprichada. Não precisa ser especialista em design – basta usar imagens bonitas, colocar poucos conceitos por slide (falarei sobre isso nas próximas dicas) e não encher de texto. E putz, não leia o slide. Isso é bem básico, mas eu vejo tanta gente apresentando em seminário e lendo. O cara vai prestar atenção em você ou no slide. Então o slide não pode “brigar” com você, entende? Isso foi algo que aprendi estudando sobre como fazer palestras, e vejo que se aplica super bem ao meio acadêmico, que ainda é meio viciado em algumas coisas, tipo essa.

# DICA 4 – Segmente a sua apresentação. Eu tenho um propósito para a apresentação, certo? Sim, certo. Quando você define os objetivos de um artigo, de uma dissertação, de estudo, é a mesma coisa, mas desta vez você fará para a sua apresentação. Parece bobo, mas não é. É importante mostrar por que você está apresentando aquilo, porque alinha as expectativas. Você mostra se é uma pesquisa preliminar, se já quer apresentar o resultado de uma pesquisa de campo, do que se trata, afinal. E, uma vez que você tenha um propósito (ou pode ser mais de um), você consegue segmentar a sua apresentação. Quando eu falo em segmentar, significa trazer uma ideia por slide.

Eu realizei uma apresentação falando sobre o fenômeno da Fórmula de Lançamento, do Érico Rocha, no YouTube. Eu dividi a minha apresentação da seguinte maneira:

  1. Capa
  2. Apresentação pessoal (quem sou eu, qual é a minha pesquisa, quem é o meu orientador, onde estou no tempo e no espaço acadêmico)
  3. Contextualização (neste slide eu coloco todas as referências que preciso citar para contextualizar o meu objeto – é o slide que mostrei ali em cima)
  4. Especificação da contextualização (se existir algum ponto específico importante a ser citado, eu crio um slide para cada conceito)
  5. Apresentação do objeto (um slide para apresentar o objeto, e você pode criar novos slides para apresentar coisas diferentes, dependendo do que está apresentando)
  6. Conclusões (um slide que traga as suas conclusões)
  7. Propósito e agradecimentos (eu deixei o propósito por último justamente para provar que o alcancei! e agradeço a galera, com meu e-mail para contato)

Esse “template” me ajudou bastante e pretendo manter para as próximas apresentações que fizer.

# DICA 5 – É ok ler alguns trechos. Não dos slides (nunca!), mas trechos dos livros e das referências gerais que você trouxer. As pessoas estão ali para isso, para aprender. Eu particularmente não gosto de ler, mas percebo que isso me dá segurança e me ajuda a apresentar melhor, dar mais credibilidade ao que eu estou falando. Talvez no futuro eu nem precise disso, mas por hora sim. Então peguei algumas fichas 5×8 e escrevi as referências que queria apresentar. Copiei trechos de livros, dados importantes, e levei comigo. Esse tipo de organização é legal.

# DICA 6 – Se ligue no tempo. Eu deixei o celular com o timer, o outro celular com a apresentação em PDF para eu saber que slide vinha depois do outro, e me planejei para falar um pouco em cada espaço de tempo disponível. Isso ajuda você a saber onde pode falar mais, onde pode exemplificar, e onde precisa ser mais sucinto. Controlar o tempo é fundamental.

# DICA 7 – Aprenda com bons exemplos. Não é importante apenas estudar o seu objeto ou as suas referências, mas se inspirar em professores e pesquisadores que falem bem, ou até em pessoas de outras áreas que você se identifique com o estilo de oratória. Eu leio vários livros de oratória, frequento eventos e gosto de ver palestras no YouTube. Sei que tudo isso pode parecer superficial no meio acadêmico, mas me ajuda MUITO, então quis compartilhar essa dica simples por achar que possa ajudar vocês também.

Ah, e sempre garanta backup das suas apresentações. Além de levar meu computador para revisar o Power Point, coloco um PDF da apresentação na “nuvem” e salvo em um pendrive. Dá uma certa segurança. 😉

Dica final: estude o máximo que puder. Leia, revise sua apresentação, releia suas anotações. E, a cada apresentação, traga mais referências e seja mais feliz.

Algumas dicas INCRÍVEIS dos leitores no Instagram (obrigada!):

E você, tem alguma dica que faz seus seminários acadêmicos serem melhores? Por favor, deixe um comentário. Obrigada!

Pesquisa de campo do mestrado: como estou me organizando

Comentei em um post anterior sobre o cronograma do mestrado e o meu planejamento para o segundo semestre. Em setembro e outubro farei a minha pesquisa de campo. A ideia é ter os resultados para, em novembro, costurá-los com os artigos de conclusão das disciplinas do semestre e, na sequência, iniciar a escrita pura da dissertação. Caso eu precise realizar novas pesquisas, farei esse complemento na sequência.

Pesquisando sobre os propósitos do mestrado, antes mesmo de iniciá-lo, eu descobri que o mestrado é, na verdade, aquele período para você aprender a ser pesquisador de verdade. Depois que entendi isso, passei a ver o processo de dois anos do curso justamente para me aperfeiçoar com foco nessa finalidade. Terei a vida toda para pesquisar os meus temas de interesse. Neste momento, no entanto, preciso me ater a um recorte X e aproveitar todo o aparato disponível da universidade.

Quando comento em alguma rede social que estou no momento da minha pesquisa de campo, surgem muitas perguntas sobre como estou fazendo. Eu vou dizer aqui neste post, mas o que quero dizer, para quem não está familiarizado com esse processo, é que cada objeto de estudo demandará um tipo de pesquisa diferente.

No meu caso, eu vou entrevistar pelo menos dez pessoas que são o meu “recorte” para analisar os resultados. Vou entrevistar mulheres que trabalhem na área da Comunicação sob o modelo PJ de “contratação” e que morem em São Paulo. Esse recorte foi definido porque eu quero descobrir se a midiatização do fluxo de trabalho tem contribuído com a precarização dessa profissão, especialmente no que diz respeito às mulheres (grupo que me incluo, então tem a ver com local de fala).

Eu já questionei esse recorte umas vinte vezes. Meu orientador disse (e eu concordo) que preciso ir a campo até para conseguir fazer tais questionamentos pra valer. Chega num ponto que qualquer pesquisa acaba entrando em uma espiral individualista se a gente não sair a campo. Não adianta eu ficar lendo mil livros, questionando, perguntando, se eu não for a campo ver o que está rolando de verdade. Então chegamos nesse ponto, e por isso farei as entrevistas.

O ideal é que elas sejam presenciais (e sempre gravadas, sem obviamente identificar as pessoas), mas justamente o que estudo é como as pessoas não têm tempo para esse tipo de coisa, então fatalmente acabarão sendo feitas virtualmente. Eu uso uma ferramenta chamada Zoom, que serve para reuniões e webconferências, e permite a gravação.

Postei no meu Facebook buscando essas pessoas e encontrei metade (em número). Então ainda estou procurando. Por sinal, se você for de São Paulo, trabalhar em Comunicação e sob o modelo PJ, me contate (deixe um comentário). Estou ainda procurando profissionais para tais entrevistas.

Aí já reservei um horário para as dez entrevistas entre o final de setembro e outubro. Farei essas dez primeiras, conversarei com o meu orientador e, se forem suficientes, ok, já encerro essa fase por hora. se precisar, farei mais. Podemos precisar abrir o recorte. Todas essas definições dependem de ir a campo ver o que vou encontrar.

Para pesquisar o que está acontecendo com as pessoas, com as relações e com a comunicação, é preciso conversar com as pessoas. Por isso, nesse momento, esse é o meu foco para a pesquisa.

Alguns leitores deram dicas em posts anteriores em que comentei a respeito, e vou ficar super agradecida se você tiver dicas adicionais para esta fase. Você pode postar diretamente nos comentários deste post. Obrigada!

Os propósitos do mestrado

Comentei no post de ontem que eu falaria mais sobre os propósitos do mestrado e este texto de hoje é para trazê-los. Achei importante compartilhar porque 1) descobrir o propósito nas coisas que fazemos é uma boa prática de produtividade e 2) compartilhar com vocês me traz a sensação de ser mais autêntica no trabalho que exerço aqui.

Quando eu resolvi fazer o mestrado, tempo atrás, minha principal motivação era a de dar aulas. Com tudo o que aconteceu no primeiro semestre, eu “entrei em crise” com esse propósito, por dois motivos: 1) não sei qual será o futuro das faculdades e universidades. tudo vai mudar. não sei se os alunos ainda são tão interessados em um professor em sala de aula. e 2) eu já dou aulas. já sou professora. então qual é o ponto prático dessa formação?

Vários professores e colegas que vivem exclusivamente da vida acadêmica estão fazendo o caminho inverso, e com dificuldades. Tentando empreender, ir “para o mercado”, sobreviver de outras forma porque não conseguem empregos lecionando ou mesmo tendo bolsa como pesquisadores.

Quando eu pensei seriamente em parar com o mestrado agora, isso não afetaria tanto a minha trajetória a longo prazo. Eu comecei o mestrado antes do que eu planejava. Quando eu coloco as coisas sob perspectiva, eu não tenho a “pressão” de ter um diploma de mestre no momento. Tenho meu trabalho, tenho a minha empresa. Eu poderia perfeitamente parar um tempo e retomar ano que vem, por exemplo. Mas a maneira como isso me afetaria internamente faria muita diferença. Primeiro, porque eu adoro o mestrado. Me distrai e me faz feliz pensar em coisas diferentes e estar com aquelas pessoas, que já me afeiçoei. Segundo, porque eu sentiria como se estivesse deixando de lado algo muito importante para mim, que representava uma construção importante de vida que me levou até tal momento.

Ter passado por esse período de reflexão (que inclusive coincidiu com o período em que meus professores estavam de férias e que eu precisava escrever dois artigos de conclusão das disciplinas) foi importante porque eu percorri toda uma jornada para chegar à decisão final e clara sobre a continuidade do mestrado. Ter clareza sobre o propósito (ou os propósitos) me fez prosseguir. Foram eles:

Propósito 1: Contribuição com o mercado da Comunicação

Estamos vivendo um momento muito particular, específico e crucial no mercado de trabalho de maneira geral, mas especialmente no campo da Comunicação. A Editora Abril fechou diversas revistas e vai demitir mais de 600 funcionários – muitos deles, jornalistas. As agências de publicidade estão caminhando para o mesmo fim. Nossas profissões serão transformadas e, as carreiras, reconstruídas. Por eu ter feito essa transição anos atrás (sair de uma empresa e empreender), eu sinto que posso ajudar tanto quem já está no mercado há 30 anos quanto quem está em começo de carreira, se formando na faculdade. E eu quero fazer isso. Quero colaborar de alguma maneira. Pretendo fazer isso com a criação de conteúdo, mas também ministrando cursos e aulas em universidades. Acredito na área da Comunicação e nas profissões da área. Quero ajudar a pessoa que quer ser jornalista a realmente ser jornalista, mesmo com essas mudanças e perspectivas confusas (e as outras profissões, claro).

Propósito 2: Contracultura da produtividade no trabalho

Eu realmente acredito que existe um modo de trabalho mais gentil, menos agressivo, com o trabalhador, do que o mercado impõe. A ideia de hora extra como algo normal, ou a conectividade permanente que as mídias (e as relações através delas…) nos obriga a ter, entre outras questões pertinentes e urgentes. Eu trabalho com produtividade. Trabalho com um método (GTD) que vai na contracultura – não diz que você tem que fazer MAIS para ser produtivo, e sim que você precisa estar apropriadamente engajado no que está fazendo – que pode ser fazer nada. Então há uma brecha. Há “esperança”. O meu estudo na pesquisa do mestrado (aplicativos de produtividade) vai nessa linha e, junto com o meu trabalho, eu sinceramente sinto que tenho a contribuir com o mundo de alguma maneira.

Propósito 3: Atuar como pesquisadora

Inicialmente, não pensei em investir na área de pesquisa, e sim do ensino. Mas, quando entrei no mestrado, me apaixonei. E isso faz muito sentido: sempre gostei muito de ler e de estudar, além de escrever. Essa parte me pegou de jeito e o fato de eu já ser professora, já ter uma empresa, e não depender financeiramente de uma bolsa de estudos para atuar me dá a liberdade privilegiada de explorar o campo de pesquisa sem tanta pressão, “porque eu quero” mesmo.

Este é o propósito egoísta, digamos assim, mas que me ajudou a ver que não “dependo” de virar professora exclusivamente, ou de parar com todo o resto que eu faço para viver apenas na área acadêmica. Foi uma conclusão importante e que fez toda a diferença.

Esses propósitos estão tão claros que entraram na minha vida como um foguete! Voltei ao segundo semestre do mestrado com outra visão, outra energia, outro gás, outro senso de aproveitamento e foco. Me sinto completamente renovada e renascida, e grata pela oportunidade que a vida me proporciona de construir a coerência em tantas atividades.

Fim do primeiro semestre do mestrado: como estão as coisas

Quis compartilhar com vocês um pouco sobre como está sendo o final do primeiro semestre no mestrado. Pois é, o tempo passa rápido! O primeiro semestre foi um semestre de muito aprendizado, não apenas em termos do conhecimento teórico para a minha pesquisa, mas também de aprendizado sobre a comunidade acadêmica como um todo.

Docência

Esta semana eu apresentei um trabalho em sala e me senti muito à vontade fazendo isso. Acho que todos os anos em sala de aula me deram muita tranquilidade e capacidade de oratória que, no campo acadêmico, é uma habilidade relevante. Me senti muito bem porque me imaginei dando aula naquela sala, e foi maravilhoso. Se tem algo que eu me sinto em estado de fluxo é quando estou em uma sala de aula (e quando estou escrevendo).

Optei por não me inscrever no programa de estágio docência porque o meu semestre que vem tem muitos compromissos profissionais que me deixarão indisponível algumas semanas (incluindo uma viagem internacional), e eu não quero deixar ninguém na mão. Vou retomar esse projeto no ano que vem.

Leituras

Por outro lado, tem todo o campo de pesquisa. O início do mestrado foi meio caótico, no sentido de volume de leituras mesmo, temas que eu gostaria de abordar, e agora eu termino esse semestre extremamente focada, concentrada nas atividades que preciso me concentrar. Ainda não estou 100% satisfeita com o meu ritmo de leituras, mas eu sinceramente vejo que elas vão evoluindo à medida que eu vou evoluindo a minha própria “produção acadêmica”, porque uma coisa puxa a outra. Para falar a verdade, é uma super mudança de paradigma você entender que, em determinado momento, você não precisa ler um livro inteiro para encontrar aquele conceito ou raciocínio que precisa, porque na verdade, apesar de você não ler o livro inteiro, você precisa ter o conhecimento. Precisa saber onde buscar (aqui entra a importância do orientador). Mas precisa também ter muita noção de para onde você está indo, para não “viajar” nessas buscas.

Volume de atividades

A produtividade acadêmica intensa é criticada pra caramba, porque hoje se exige dos pesquisadores um ritmo insano de produção. Eu pude acompanhar um pouco a rotina dos meus professores e cheguei à conclusão de que realmente você tem que ter a docência como sua atividade principal para conseguir se dedicar à pesquisa, aos eventos, a tudo relacionado à vida acadêmica, com a intensidade que ela demanda, se quiser fazer isso. No meu caso, como já falei em outro texto por aqui, eu concilio tudo isso com a minha empresa – o “mercado”, a realidade batendo à porta. E está tudo bem para mim neste momento. Eu simplesmente tenho coisas a fazer. Por hora, a vida acadêmica vai caminhando em paralelo.

Quantidade de disciplinas

Me arrependi de não ter participado de três disciplinas neste semestre. Apesar de tudo o que aconteceu (especialmente com relação à dedicação hospitalar da minha avó), eu conseguiria dar conta de três disciplinas e isso me daria a possibilidade de finalizar o mestrado antes. Mas tudo bem, já foi. Meu semestre que vem já está praticamente tomado até dezembro de atividades profissionais, mas o primeiro semestre de 2019 será mais tranquilo e, assim, pretendo dedicar mais tempo à conclusão da dissertação em si.

Minha pesquisa

E como está a pesquisa? Como vocês podem imaginar, deu uma “parada” durante esse período todo com a minha avó. Como eu estava bem adiantada antes, não me prejudicou em nada. O próximo passo é ir a campo e realizar as entrevistas mesmo.

Conclusão das disciplinas

Em paralelo, estou concluindo a disciplina de Metodologia, e o trabalho final do semestre é o projeto da pesquisa em si, o que já inclui um índice (mesmo que mude depois, e é provável que mude) e vários pontos importantes que já serão definidos e me darão estrutura (em termos de formato) para seguir a escrita e a pesquisa propriamente dita na sequência.

O meu “grande trabalho” de conclusão de disciplina é da outra, que é mais teórica, “Mídia e Sociedade Contemporânea”. Foi uma disciplina de análise crítica do capitalismo frente às novas tecnologias, e eu preciso usar pelo menos três autores estudados em um artigo de 15 páginas para entregar no final de julho. Até o momento, estou usando 7 autores estudados e alguns outros, porque já tenho bastante leituras adiantadas para a minha pesquisa em si, e isso está ajudando demais neste momento. Estou conseguindo pegar todas as minhas leituras, fichamentos, reflexões, e colocar dentro de um simples arquivo de texto, e o artigo está tomando forma à medida que vou trazendo novas ideias. É o meu primeiro artigo escrito sozinha-inha, então estou focando em uma produção legal para mostrar para o meu orientador (e para o professor da disciplina) como é o meu estilo de escrita, o que preciso melhorar e, ao mesmo tempo, o que posso oferecer.

Segundo semestre

No semestre que vem, farei três disciplinas – duas completamente envolvidas com o meu objeto de estudo e a outra porque gosto do tema, mais pensando em pesquisas paralelas e reflexões diversas que na pesquisa do mestrado em si. Se tem algo que aprendi em anos de deep work é que as ideias não vêm de a gente estudar só o assunto abordado, e sim de abrir o leque e trazer novas referências.

Para as disciplinas ligadas à pesquisa, “agora o negócio ficou sério” e já quero apresentar artigos finais que farão parte da minha pesquisa for real. Uma das disciplinas é focada justamente em comunicação nas organizações e a outra é sobre tecnologia e mercado, então já estou desde já refletindo sobre como poderei começar a escrever os artigos desde o início do novo semestre. A outra disciplina é focada na sociedade do espetáculo e eu pretendo escrever um artigo sobre empreendedorismo de palco (ideia que eu já venho desenvolvendo desde o início do ano).

Além das disciplinas, temos os grupos e seminários. Em decorrência do estado da minha avó, não participei do primeiro seminário em que apresentaria algo na faculdade, que foi agora em maio. Mas haverá outros no segundo semestre. Vou apresentar na Comunicom, um evento bacana da área na ESPM, em São Paulo, em outubro, e em outubro também haverá um outro seminário do grupo de pesquisa de política que faço parte, em que pretendo apresentar uma análise de discurso de candidatos na eleição deste ano (candidatos que fomentem o empreendedorismo e sua relação com a precarização do trabalho).

Linhas de pesquisa

Para mim, estão muito claras as linhas de pesquisa que tenho estudado, tanto para o mestrado (curto prazo) quanto para a vida (longo prazo). Meu objeto de estudo é a cultura do trabalho junto com as novas tecnologias. Para o mestrado, o foco é na midiatização, nos aplicativos. Mas, a longo prazo, eu me vejo pesquisando sobre tudo isso aliado a todas as tendências relacionadas, a saber: conectividade permanente, tensões hierárquicas, precarização, ansiedade da informação, codependências, sensação de falsa autonomia, alienação etc. São diversos temas muito legais e que eu estou cada vez mais clara sobre onde começa e onde termina o meu escopo. E não é justamente para isso que o mestrado serve? Ensinar o que é a vida acadêmica e a como fazer uma boa pesquisa?

Como falei, meu segundo semestre será bem cheio. Lançamento do livro, o que resulta em uma série de eventos relacionados, envolvendo viagens. Três disciplinas no mestrado. Diversos compromissos profissionais. Mas sabe, está tudo bem. Se tem uma coisa que aprendi a fazer, é ter foco, organizar as coisas, planejar as atividades, priorizar, deixar em stand-by algumas outras, e esse reequilíbrio é a constante do meu trabalho.

Minha pesquisa do mestrado: atualização de status e reflexões atuais

Ok, sei que tenho falado bastante sobre o mestrado aqui, mas o mais legal de qualquer blog é justamente trazer a visão do autor sobre os acontecimentos recentes da sua vida, falando com foco em um assunto específico (no meu caso, organização). Caso você queira saber sobre assuntos correlatos, aqui no blog tem muitos posts desde 2006 com temáticas variadas, e usando a busca você pode encontrar artigos que conversem com o seu momento de organização. Por isso, no post de hoje gostaria de compartilhar como está a minha pesquisa do mestrado atualmente, pois tem a ver.

Meu professor disse que ainda está muito cedo para começar a escrever, mas eu já tenho um “esqueleto” da dissertação mais ou menos feito, porque em nossas conversas ele já foi me ensinando a desenhar o que provavelmente vou abordar na pesquisa. Isso tem me ajudado inclusive no direcionamento das leituras e em trazer trechos legais dos fichamentos (que, como comentei, tenho feito no Evernote).

Eu tenho um mapa mental no Mind Meister onde insiro todas as informações relacionadas à pesquisa. Comecei a montar ainda em fevereiro e meu professor simplesmente adora o mapa (rs), e eu também.

O que estou fazendo no momento:

  • Lendo bastante coisa sobre midiatização. É um conceito novo, então não há tantas definições, e sim debates e abordagens diversas. Então tenho lido bastante coisa, até mesmo para trazer a parte teórica para a minha pesquisa. Até eu chegar na escrita dessa parte, no ano que vem, terei lido bastante coisa e espero ter bem mais bagagem para falar com certa propriedade (mais do que hoje, pelo menos).
  • Lendo bastante coisa sobre sociologia do trabalho, mas tomando o cuidado para não sair do campo da comunicação. Esse é o olhar, o viés, a abordagem. Quem pesquisa em comunicação sabe como é um desafio constante.
  • Estou indo para a pesquisa de campo realizar entrevistas com as pessoas. Neste exato momento, estou fechando as perguntas com o meu professor orientador, para efetivamente realizar as entrevistas nas próximas semanas. De acordo com o nosso cronograma, isso seria feito em maio, então estamos indo bem.

O que eu gostaria de falar de verdade é que tenho tentado desenvolver uma mentalidade mais pragmática – como forma de sobrevivência – para o mestrado como um todo, pois simplesmente não tenho como me dedicar 100% aos estudos neste momento. Tenho uma empresa para tocar, muito trabalho acontecendo, e eu estava me sentindo um pouco frustrada há algumas semanas (“não consigo ler tudo o que eu quero”, “não vou conseguir participar do evento X”). Aceitar meu ritmo possível tem me ajudado bastante a não me sentir mal por não fazer algumas coisas, e também tem sido ótimo no sentido de trazer o foco apropriado para os artigos que realmente farão diferença eu escrever, os eventos que realmente farão diferença eu participar etc.

Todos os meus próximos semestres do mestrado serão desafiadores, porque tenho compromissos grandes de trabalho vindo por aí, então eu estou, como diz o Gandalf, em “O retorno do rei”, dando aquela inspirada antes do mergulho. E ter esse mindset apropriado é fundamental para fazer isso.

“Você está vendo Mordor, Gandalf?”

Só para contextualizar: no segundo semestre deste ano, vou para a Holanda novamente tirar a terceira (e última) certificação do GTD. Isso me tomará duas semanas fora do país, além do volume de atividades que vêm com essa certificação, que começam a chegar um mês antes da minha ida (vou em setembro, então a partir de agosto), e durante mais de um ano depois dessas semanas em setembro, quando preciso realizar as atividades da certificação, que envolvem traduzir materiais, ministrar cursos piloto, capacitar instrutores etc.

PLUS, em agosto deste ano meu novo livro será lançado, e durante três meses eu tenho que fazer uma campanha intensiva de divulgação, o que envolve eventos, palestras, viagens, Bienal do Livro em São Paulo e outras atividades. Até o lançamento de um próximo livro (ainda não definido), esse livro é meu foco de atenção, e várias atividades acabam nascendo dele, como cursos, entrevistas e outras. Também está prevista a revisão do “Vida Organizada” (o livro) em 2019.

No primeiro semestre do ano que vem, estamos (na Call Daniel) organizando uma nova capacitação de instrutores e a implementação de outros projetos do GTD que me demandarão bastante. No segundo semestre de 2019, devo concluir a certificação, que envolve uma intensificação das atividades relacionadas, porque preciso capacitar os instrutores, acompanhá-los no processo etc. Isso só para o GTD. Nem estou falando sobre os planos do Vida Organizada que, por ser a minha empresa, é minha atividade principal e tem vários projetos importantes em andamento (99% ainda nem divulguei aqui porque ainda não aconteceram “publicamente” e “oficialmente”).

Quando paro para analisar esse planejamento como um todo, já pensei várias vezes se não deveria ter deixado para fazer o mestrado em 2020. Mas simultaneamente me vem a resposta à mente: não, porque sempre terei bastante trabalho e coisas a fazer, e cada vez mais, afinal essa é a ideia de você se tornar empresário. Então o quanto antes eu terminar o mestrado e puder me dedicar a outras coisas – buscar instituições para lecionar, começar a pensar no doutorado, além de outras atribuições profissionais, melhor. Minha empresa está crescendo e eu preciso focar em outras coisas também, que demandam bastante de mim em termos de… alocação mesmo, sabe? Viajar, fazer reuniões, estar presente.

Minha visão como um todo envolve me dedicar bastante à vida acadêmica nos próximos dez anos, pelo menos, no que diz respeito a aulas (mestrado e doutorado) e início da docência, porque depois desses dez anos já me vejo um pouco mais “estabilizada” nessa área, com pesquisas focadas e lecionando. Então agora é o momento de investir nisso. (Inclusive eu escrevi um post sobre o meu planejamento acadêmico de maneira geral, que pode ser que você se interesse em ler).

Minha visão de vida como um todo envolve chegar aos 50 anos em outro nível profissional, sabe? Com a empresa, com o GTD, com a vida acadêmica. Então este é o momento da vida de investir tempo, saúde e energia, e consolidar o que foi iniciado profissionalmente. Estou bem focada nisso, e nada me para quando estou focada assim, a não ser eu mesma.

Organização de vocabulário técnico-linguístico

Um outro tema que é relacionado ao post que publiquei ontem (sobre fichamentos) mas deixei para postar em separado é a formação de um glossário dentro do próprio Evernote também, que estou montando para referência.

Mais uma vez, está tudo muito no início, e venho fazendo testes. Mas a ideia é ter uma etiqueta chamada “Conceitos” e, dentro, inserir notas com termos, conceitos e jargões com seus significados.

Não deixa de ser uma espécie de fichamento, mas de maneira diferente. Uma coisa complementa a outra.

Isso me ajuda a ter um dicionário meu, particular, com os termos e conceitos que uso diariamente em meus estudos.

Fichamento: como tenho feito

Muitas pessoas têm me pedido para escrever ou gravar um vídeo sobre como faço fichamentos. Praticamente, todo post ou vídeo que publico tem um comentário sobre isso, então por esse motivo estou publicando este post hoje.

O que eu quero dizer, em primeiro lugar, é que ainda não cheguei a um modelo oficial de fichamento, apesar de já ter delineado mais ou menos como eu acredito que será por toda a vida porque, quando paro para analisar como faço desde a faculdade, existe uma tendência.

Quando comecei a estudar na faculdade de jornalismo, em 2001, eu comecei a fazer os fichamentos em fichas pautadas, como manda o figurino. Minha avó me ensinou a fazer. Naquela época, apesar de eu achar útil, já achava muito trabalhoso. Com o passar do tempo, acabei abandonando porque, na verdade, não é que não era útil, mas não era prático para uma pessoa que conciliava estudos com trabalho. Talvez desse para manter se eu apenas estudasse.

Este ano, no mestrado, eu comecei a fazer os fichamentos no meu commonplace book, mas acabei caindo na mesma questão. Eu prefiro fazer no papel, escrevendo, porque isso é uma forma de estudar, mas a prática estava atrasando muito as minhas leituras e eu percebia que estava “sempre atrasada”. Ou seja, o modelo não combinava com o meu estilo de vida.

Vou falar então qual o modelo que estou buscando mas qual estou fazendo, na prática.

O modelo que estou buscando é fazer os fichamentos no Evernote.

“Ah Thais, mas existem softwares maravilhosos para isso, como o Mandeley”. Gente, então, olha só: existe um mundo fora das bolhas que vivemos, especialmente a acadêmica.  Não falo isso para ofender ninguém. É que, por exemplo, o Evernote funciona justamente para você colocar TUDO lá, porque o que faz o programa ser sensacional é justamente a semântica dele.

Vou trazer alguns exemplos simples de aplicação da coisa toda.

Outro dia, fiz uma busca por “Barthes” (um autor) e o resultado foi:

O Evernote me trouxe não apenas as notas de fichamento, como todos os textos que eu tenho listados lá que CITAM Barthes. Porque um dos recursos do Evernote é ler dentro dos arquivos e dentro de fotos de manuscritos. Isso fez com que eu visse absolutamente tudo o que citava Barthes dentro do meu Evernote.

Se eu fizer uma busca por termos ou conceitos, é a mesma coisa:

Ele me mostra não apenas os textos salvos, mas também notícias e outras notas que eu tiver armazenado no sistema.

Não vejo qualquer motivo para eu usar um programa externo para fazer fichamentos, pois minha pesquisa não se resume a livros e artigos e sim a um complexo mundo de informações que envolve outras fontes também, inclusive notas, observações e textos meus.

Falando especificamente sobre o fichamento, outra vantagem de usar o Evernote é que, quando leio livros pelo Kindle, eu posso exportar as notas que fiz em um livro e enviar direto para o Evernote.

O que dá trabalho: fazer o fichamento de livros impressos. Disso não dá para fugir. E é justamente onde estou “empacando” no momento, porque não tenho tido “tempo” no dia a dia para ler e, além de tudo, fazer o fichamento.

Aí eu conversei com o meu orientador e acabei descobrindo que ele faz o que eu faço naturalmente há muitos anos, que é, basicamente: fazer grifos e notas no próprio livro e, ao final da leitura, montar um índice dentro do livro em si, e usar isso como fichamento. Ele disse que faz assim há anos e nunca o atrapalhou, pelo contrário – ele tem uma produção gigantesca e de muita qualidade. Então… a conclusão é que cada um deva buscar a forma que funcione melhor para si mesmo.

Os livros que estou usando para a pesquisa, artigos e o mestrado como um todo estão separados (fisicamente, na estante) dos demais, então assim eu consigo acessá-los muito facilmente. Além disso, criei uma nota no Evernote, dentro de um caderno dedicado apenas à pesquisa do mestrado, onde listo as obras que usarei na pesquisa (referências bibliográficas, simplesmente).

Além disso, tenho uma etiqueta chamada “Fichamentos”, onde armazeno as notas que sejam meus fichamentos pessoais de livros e arquivos em si. Essa etiqueta ainda está muito vazia pois, como comentei, não peguei ainda um ritmo consistente de digitação mesmo dos trechos e informações. É nisso que estou trabalhando no momento – em buscar a melhor maneira de ter essa consistência.

De modo geral, basicamente crio uma nota dentro de um caderno de referência geral e uso a etiqueta de fichamentos. Uma nota por livro e artigo, e fica assim:

Mais uma vez, a vantagem é usar a semântica do Evernote para pesquisas para o resto da vida, então é um banco que vale a pena ser alimentado.

Basicamente, é assim que tenho feitos meus fichamentos no momento, mas sei que todo esse processo ainda será aperfeiçoado e, quando eu estiver plenamente satisfeita com ele, postarei aqui novamente. Se você tiver alguma dúvida ou pergunta sobre o assunto, por favor, deixe um comentário. Obrigada!

Organizando um cronograma de produção de trabalhos e artigos para o mestrado

Depois de me permitir um tempinho de muita empolgação com o mestrado e a vontade de abraçar o mundo acadêmico, eu estou conseguindo ter uma pouco mais de clareza e colocar as minhas ideias no lugar com relação à produção de textos em paralelo à minha pesquisa. Para me ajudar, eu criei um cronograma, em formato de planilha simples, no Google Drive (pode ser replicado no Excel), onde organizei a produção dos textos e a apresentação dos mesmos em eventos e seminários de maneira geral.

(clique para ampliar)

Em primeiro lugar, decidi participar de um evento por semestre, durante o mestrado. É claro que eu gostaria de participar de mais eventos (todos, se possível). Mas não dá. Pela priorização do tempo, pelo foco na pesquisa e por uma série de outros fatores (custos com viagens e inscrições, por exemplo).

Além dos eventos em que apresentarei trabalhos, também tenho os artigos de conclusão de cada disciplina (de duas a quatro por semestre), o que também gera um volume considerável de leitura e produção de texto.

Some a tudo isso a pesquisa em si, que também demanda leitura, trabalho de campo etc.

Quando eu depositar a minha dissertação, for aprovada e me formar como mestre, serão “outro quinhentos”. Vou ter um tempo para amadurecer as ideias para o doutorado e, com isso, espero participar de mais eventos – sempre aqueles que considerar relevantes.

Existem diversos eventos de sociologia do trabalho que acontecerão mas, se forem fora de São Paulo, optei por não participar deles. E, em São Paulo, participarei como ouvinte. Meu orientador me disse que, nesse momento, vale a pena eu focar nos eventos de Comunicação, para formar meu posicionamento de mercado (em resumo), e concordo com ele, apesar de obviamente morrer de vontade de participar e apresentar. Não dá para abraçar o mundo. Além da vida acadêmica, tenho uma empresa em crescimento para tocar. Preciso ter foco e, acima de tudo, noção.

O link para o cronograma acima será colocado na minha checklist de revisão mensal, então todo mês verei os prazos e próximos eventos para me planejar. Dentro do GTD, a produção, submissão e apresentação de trabalhos é apenas um projeto cada evento.

Adoraria saber como você faz, caso você também tenha uma organização de tal produção como eu. Se for o seu caso, deixe um comentário compartilhando, se quiser. 😉

Aprendizados do meu primeiro evento acadêmico

Não vou escrever aqui os aprendizados teóricos específicos que tive, pois não vêm ao caso, querido leitor ou leitora do blog, mas vou falar sobre os aprendizados que tive de maneira geral com relação ao evento (que acaba hoje):

  1. Mestrando não é nada – é basicamente o universitário calouro da vida acadêmica. De fato, o mestrado em si é só uma extensão “mais séria” da graduação, quando você se especializa em algum tema visando uma carreira acadêmica. Até aí, tudo bem. Mas é curioso perceber isso de maneira tão clara quando você é a mestranda. Você fica se sentindo meio idiota mesmo sabendo que você não é.
  2. A hierarquia acadêmica é curiosa igualmente. Naturalmente, todos vão conhecendo “os seus lugares” e as pessoas só interagem verdadeiramente com aqueles que estejam no mesmo nível. Não acho que isso seja 100% proposital (em alguns casos, sim), mas inconsciente – você acaba gerando afinidade com quem está na academia há mais tempo e que também tem o mesmo nível de repertório que você. No final das contas, fiz amizades com outros mestrandos.
  3. Quando você aceita que é “apenas uma mestranda”, e assume isso, as coisas fluem melhor. Toda vez que fui fazer perguntas, eu comecei dizendo: “olha, estou começando agora o meu mestrado, minha pergunta pode ser muito iniciante (etc)”. Isso fez com que as pessoas olhassem de maneira diferente, querendo ajudar. Recebi muitas orientações e dicas legais – pessoas que me paravam no corredor para indicar um artigo ou um livro interessante para a minha pesquisa, e achei isso uma das melhores partes de ter participado de um evento como esse. As pessoas que estão no mesmo nível querem ajudar umas às outras, talvez por saberem como é ter passado por aquilo que você está passando. Adorei essa troca, e para mim ela foi uma das mais ricas.
  4. A banquinha de livros das editoras locais é o feliz ponto de parada obrigatório de todos os dias. Comprei bons livros a preços ótimos.
  5. Passar uma semana inteira em uma universidade diferente foi muito gostoso. A biblioteca é maravilhosa, os espaços ao ar livre também, as pessoas. Foi uma experiência incrível, de verdade.

É o último dia e eu tive “fases” nesse evento. No primeiro dia, quis ir embora. Achei o ritmo muito lento, as discussões, cheias de rodeios, além da questão da hierarquia que me deu uma desanimada. Depois que eu peguei o ritmo da coisa, no entanto, passei a querer focar mais no meu aprendizado mesmo, com o repertório mínimo que tenho, buscando aproveitar ao máximo o momento até mesmo para fazer amizades, e aí tudo começou a melhorar.

Chego ao último dia com um gostinho de quero mais e sabendo que ainda vou reencontrar muitas dessas carinhas por outros eventos Brasil afora, o que será muito legal. Também sei que ficarei feliz quando vir o artigo publicado de um colega que conheci por aqui, e vou querer ler. No final das contas, esses eventos servem para a gente aprender, com certeza, mas muito mais para gerar esses relacionamentos. O aprendizado mais importante para mim foi: trate bem todas as pessoas, não por “não saber o dia de amanhã”, mas porque você é só uma pessoa também.

Voltando para a realidade. Câmbio, desligo.

Dá para ser pesquisadora e empresária ao mesmo tempo?

Bom, se você não se fez essa pergunta, saiba que eu a faço bastante. O tempo inteiro, eu diria.

Agora que entrei de cabeça na vida acadêmica eu percebo como a academia está distante do mercado. Só o fato de eu repetir essa frase, que é amplamente falada no meio acadêmico, já mostra como existe esse distanciamento. O distanciamento começa na diferenciação. Quem disse que a academia não é o mercado também? Mas voltemos.

O enfoque que eu quero dar neste texto é outro. É discutir como que se consegue ficar em um evento acadêmico recebendo mensagem de cliente no What’s App, precisando da sua resposta o quanto antes. E o que quero trazer como proposta é que a resposta não seja nem 8 nem 80. Vamos tentar problematizar.

Esta semana, estou participando de um evento acadêmico, como ouvinte (o meu primeiro – leia mais aqui). Já participei de outros como organizadora, mas como ouvinte/estudante é a primeira vez. E, no meio da conferência de abertura, olhando ao meu redor – só estudantes e professores, eu me fiz a seguinte pergunta: “para ser do meio acadêmico, é necessário ter a carreira de pesquisa como o meu ikigai?”

Ikigai, para quem não sabe, é uma palavra japonesa para a arte que te leva a descobrir o seu propósito de vida (em resumo).

Eu já acho que essa busca pelo propósito bota uma baita pressão na nossa vida de maneira geral. Por que eu tenho que ter um propósito grande, em primeiro lugar? E por que eu teria que ter apenas um? Foco? Mas não posso focar em mais de uma coisa? Foco em um único propósito não me limitaria? Eu não posso encontrar o propósito em pequenas coisas do dia a dia?

Fazendo aquela pergunta ali de trás para mim mesma, eu descobri que “apenas” ser pesquisadora “não é” o “meu” ikigai. Assim como ser empresária não é o meu ikigai. Eu vejo todas essas frentes apenas como formatos. Eu as vejo como o COMO, não como o O QUÊ. E isso é bom. Tirou uma carga das minhas costas.

Porque vejam, eu estava preocupada. “Será que não estou deixando minha empresa de lado para focar nos estudos?” Se eu deixar a minha empresa de lado, não vou ter dinheiro para pagar os estudos – para começar. Eu me dei um mês de empolgação (e imersão total) com o mestrado, mas agora é hora de colocar a cabeça no lugar e equilibrar as coisas.

Quando eu comecei no mestrado, tive uma semana bem punk. No sentido de ter muitos compromissos e agendamentos. Naquela semana, me dei de presente uma massagem. E, durante a massagem, eu pensei: “coloquei uma coisa grande e volumosa a mais na minha vida. Se eu não quiser abrir mão de outras coisas que são importantes para mim, eu vou ter que pensar em soluções diferentes”. Foi quando veio a ideia de finalmente contratar um auxiliar administrativo.

Durante a conferência de abertura do evento, em um momento meio de perguntas e respostas sobre um tema que não me interessou, fui checar as minhas mensagens para ver se tinha algo urgente. Tinha. Uma cliente que queria inscrever seis pessoas para um curso meu e precisava dos meus dados para fazer o pagamento. Obviamente pude respondê-la porque já tinha esses dados fáceis e bastava copiar e colar. Mas foi quando eu percebi que era o tipo de mensagem urgente que não precisaria ser respondida por mim, se eu já tivesse alguém trabalhando comigo. O auxiliar administrativo vai cuidar dessas coisas. O que sobrecarrega quem é empresário é querer abraçar tudo, e não focar em fazer as coisas certas = coisas que só a própria pessoa pode fazer.

Até ano passado, meu propósito de vida estava muito claro para mim. Eu falei sobre ele no post sobre propósito, que escrevi há pouco tempo. Com a entrada na vida acadêmica, eu abri um pouquinho o leque, no sentido de querer ir além. Não se trata de só ajudar as pessoas a serem menos estressadas. Se trata de pensar no macro, no sistema econômico que vivemos (e que impacta diretamente no mundo do trabalho) e em como eu posso minimizar a agressividade desse sistema sobre aqueles que trabalham e têm sonhos.

Faz pouco mais de um mês que eu comecei o mestrado e já dei um monte de dicas de organização e produtividade para os meus colegas de sala, e até alguns professores. “Você conhece o Evernote? ” Já ouviu falar em GTD?” “Não se sobrecarregue – encontre a dose mínima viável”. Etc. Porque eu faço isso naturalmente. Eu gosto de ajudar. E percebi que tenho uma grande contribuição com relação a isso quando me tornar professora e orientadora. Eu posso ajudar as pessoas nesse sentido.

O meio acadêmico tem muitas pessoas doentes. Que acham que é normal “surtar” em determinado momento da pesquisa. Que deixam a redação dos artigos para a última hora. Que não vinculam sua pesquisa às disciplinas. Mas, mais do que isso, que não vinculam a sua própria pesquisa ao tal “mercado”.

Outro dia, em sala de aula, perguntei para o meu professor de Metodologia como um mestrando poderia saber qual a melhor disciplina para ele dar aula um dia – se de acordo com a pesquisa, ou de acordo com a experiência de mercado, se ele a tivesse – e ele me deu uma resposta muito legal e experiente, que foi: você tem um conhecimento que vai te tornar conhecido na área, ponto, mas o que realmente vai direcionar é a demanda do mercado, da instituição.

Aí eu perguntei para alguns colegas que “vieram do mercado” se eles se sentiriam mais seguros para ministrar uma disciplina que refletisse os seus conhecimentos de mercado ou se refletisse a pesquisa, e TODOS responderam “minha experiência no mercado”. Eu mesma me sentiria mais à vontade (hoje) para ministrar disciplinas de criação de conteúdo para Internet que para epistemologias e teorias da Comunicação (minha pesquisa), por conta da bagagem mesmo. Mas isso deve mudar até o fim do mestrado, ou não.

A solução então seria sempre buscar estudar aquilo que nos é familiar? Mas qual o desafio nisso? Que novidade trarei com a minha pesquisa? Eu gosto da ideia de me aprofundar em um tema diferente, mas que de certo modo conversa com o que eu faço, porque isso me desafia a estudar, ler mais, pesquisar. Mas cada vez mais me convenço de que um pesquisador não está fora do mercado – é um mercado por si só, que existe. Agora, dá para fazer mais de uma coisa na vida? A cidadã aqui conseguirá ser empresária, professora e pesquisadora? Eu penso que sim, se eu vir tudo isso como meios, e não como fins por si só. O que eu acho que é uma abordagem disruptiva não só para o meio acadêmico como para o mercado em si (olha eu diferenciando os dois de novo!).

É possível sim a gente pesquisar, buscar significado, ensinar outras pessoas, e também ter uma relação saudável com a nossa “outra” profissão “de mercado”, gerenciando uma empresa, criando projetos. Do meu ponto de vista, basta não ver as atividades como fins em si mesmas, o que já as limitaria o suficiente. Se o propósito existe, tudo o que posso fazer é equilibrar os “COMOs”, e mais sensacional ainda é fazer com que esses “COMOs” se ajudem e se complementem.

Como participar de um evento acadêmico

Vou participar esta semana (como ouvinte) do meu primeiro evento acadêmico e gostaria de compartilhar algumas dicas que encontrei e recebi de amigos e professores para aproveitar bem a minha estada. Depois eu conto como foi. 🙂

Pesquise sobre os principais nomes do evento

Vale a pena fazer uma pesquisa rápida sobre quem é cada pessoa e tentar ler um ou dois textos de sua autoria. Isso vai fazer com que cada conferência seja melhor entendida.

Procure deixar as outras obrigações de lado

É muito difícil para quem tem uma empresa conseguir se afastar durante uma semana para participar de um evento como esse, mas eu fiz todo o necessário para reduzir o ruído “de fora” para conseguir focar nos meus estudos. Para evitar incêndios, pretendo responder e-mails e mensagens todos os dias, depois do evento. Tudo o que puder esperar, ficará para a semana que vem – e vale dizer que eu deixei livres, sem agendamentos, os dois primeiros dias da semana que vem, justamente para trabalhar no que ficou pendente.

Traga um “kit essencial”

O que eu chamo de kit essencial: caderno para anotar muito, canetas e lápis suficientes, blusa de frio (ar condicionado de sala é cruel), coisinhas para a garganta, por causa do ar (pastilhas, xaropes, sprays), filtro de linha e T (para as tomadas), cartões de visita, snacks / frutas, garrafinha de água, carregadores.

Conecte-se com as pessoas

Eu sou uma pessoa tímida e introvertida, e tenho dificuldades para fazer amizades. Porém, em eventos assim, acho importante pelo menos se apresentar e apertar as mãos de algumas pessoas que tenham a ver com a sua área de pesquisa, pois no meio acadêmico muita coisa depende desse tipo de relacionamento. Na medida do possível, tentar conhecer melhor quem está por trás daqueles artigos que você lê e utiliza como fonte em sua pesquisa é algo bacana a ser feito.

Esteja realmente presente

Do meu ponto de vista, nada pior que você se deslocar, fazer um investimento de tempo e dinheiro para participar de um evento, e ficar mexendo no celular enquanto o palestrante fala, ou fazendo alguma outra atividade durante uma conferência. Se estar ali foi o que você decidiu ser a coisa mais importante que você realmente deveria estar fazendo, aproveite.

Faça uma imersão no tema

Passar uma semana fora de casa é horroroso, por conta da saudade (estou no terceiro dia e já querendo voltar!). Mas o lado bom disso é a possibilidade de poder se dedicar inteiramente ao tema do evento. Quero aproveitar para estudar, conhecer a biblioteca da universidade, ler bastante, descansar. Já que estou aqui, preciso ficar tranquila com todo o resto.

E é isso. Aguardem cenas dos próximos capítulos. 😉

Mantendo o foco durante o mestrado

Cada vez mais eu chego à conclusão de que deveria ter feito mestrado logo depois de me formar, e aí deixar o doutorado para quando tivesse mais experiência. Mas, mesmo assim, eu ainda acho que valeu a pena ter esperado um pouco mais para entender o assunto que eu gostaria de ter me aprofundado no mestrado, então foi muito acertado ter tido esse tempo para pensar. É que eu acho, sinceramente, que poderia ter “pensado” nisso antes. Mas tudo bem, paciência. As coisas vão indo bem – isso são apenas reflexões pessoais.

Eu comentei em outro post que eu comecei o mestrado um pouco afobada, querendo aproveitar “tudo”. Com pouco mais de um mês após o início do curso, eu posso dizer que consegui ajustar o meu foco, e quero compartilhar isso aqui no blog porque, se você estiver começando o seu mestrado ou estiver pensando nisso, pode ser que esta dica ajude. Não é uma dica – está mais para o relato de uma experiência – mas espero que ajude mesmo assim.

Vamos a algumas definições pessoais sobre os diferentes níveis de formação:

GRADUAÇÃO: Quando você faz um curso para ter uma profissão ou um conjunto de conhecimentos em uma determinada área. Pode ser que você não atue no mercado daquela profissão, mas a área, como um todo, certamente será um delineador da sua carreira. No meu caso, em primeiro lugar, Humanas. Depois, eu fui para Comunicação. Independente de me especializar em Jornalismo, Publicidade ou outra área relacionada, esse foi um foco importante e eu diria que decisivo na minha carreira. Porque, pensando a longo prazo, em uma vida acadêmica, essa coerência é importante. Aqui eu vejo como foi muito acertada a minha decisão pelo mestrado em Comunicação, e não em Ciências Sociais, como falarei adiante.

ESPECIALIZAÇÃO: Hoje, eu já não sei se faria uma especialização (pós-graduação latu senso) como eu fiz na época (2011-2012). Acho que já teria ido direto para o mestrado. Porém, lá atrás, lembro que fiz essa especialização porque não tinha muito interesse (ou não sabia que queria) na vida acadêmica em si. Eu queria uma especialização profissional mesmo. Fiz em Mídias Digitais. Isso também foi muito acertado porque, desde que comecei a trabalhar na minha área, sempre fiquei no Marketing Digital e na produção de conteúdo. Qualquer pós-graduação com esse tipo de foco teria sido legal para mim. Ter feito essa pós-graduação foi algo muito bom para o meu currículo e para a minha formação, porque aprendi coisas novas muito importantes, que também me ajudaram a despertar a vontade de virar professora logo em seguida.

MESTRADO: O mestrado é um curso que aprofunda os conhecimentos em uma área da sua graduação. O objeto de estudo da sua pesquisa será um tema que você quer ser “conhecido” e reconhecido na área. A ideia é escolher algo que você goste muito, seja intrigado(a) a respeito, para se aprofundar. Para fazer isso, você fará uma pesquisa – e a ideia aqui é te preparar não apenas para se aprofundar na área escolhida, o que te possibilitará lecionar nessa área futuramente, mas te preparar como pesquisador(a). No meu caso, eu fiquei muito em dúvida se iria para as Ciências Sociais ou se ficaria em Comunicação. Ter optado por Comunicação foi muito acertado. A área de pesquisa em Comunicação tem uma série de construções importantes a serem feitas, e acredito que eu possa contribuir mais do que se tivesse ido para Ciências Sociais. Meu objeto de pesquisa é a Midiatização, um tema forte hoje em Comunicação, e o farei com foco no trabalho. Então eu tenho essa frente maior, na verdade, que é Comunicação e Trabalho. Isso é importante porque delineará a minha área de estudo, de atuação, de especialização, e também o tipo de pesquisa que vou explorar depois, em um doutorado e pós-doc, ou até durante a vida inteira, eu acredito.

DOUTORADO: Oferece um conhecimento mais aprofundado do que o mestrado. A ideia é apresentar uma tese que traga algo novo, original, para o campo do saber (uma nova teoria, por exemplo), enquanto que a dissertação do mestrado é mais um estudo aprofundado de determinado campo, embasado em uma pesquisa. Eu ainda não decidi exatamente qual será o meu objeto de estudo do doutorado, apesar de ter algumas pistas e ideias (que vou capturando).

PÓS-DOC: Totalmente voltado para a pesquisa, visa resolver algum problema avançado e gerar publicações mais amadurecidas. Creio que só terei uma ideia melhor do que isso significa após a entrada no doutorado.

Como vocês podem ver, estou traçando uma linha do tempo a longo prazo para o que quero para a minha vida acadêmica como um todo. Posso não ter certeza dos objetos de estudo lá na frente, mas tenho uma ideia mais clara do propósito como um todo.

Bom, e por que estou contando tudo isso? Para explicar o que defini para o meu foco no mestrado nesses dois anos que estão em andamento.

Quando comecei o curso, eu estava muito afobada e querendo aproveitar ao máximo. Ainda quero, mas preciso ter foco para não desperdiçar tempo naquilo que não preciso aprofundar agora. Essa foi uma percepção MUITO importante e decisiva para os artigos que vou escolher escrever, as pesquisas que pretendo fazer, os eventos que vou participar etc.

Eu tenho que a minha grande área de pesquisa é Comunicação e Trabalho. Digo, para a vida. Então eu tenho este momento atual, que é um recorte de dois anos para o mestrado, em que fiz algumas escolhas (o objeto de estudo, a universidade, o orientador, o recorte empírico). Ter noção desse recorte é importante para aproveitá-lo da melhor maneira possível e também com o foco apropriado.

  • O objeto de estudo: Midiatização. Este é um objeto importante e que eu preciso ser craque porque me especializarei nisso. Serei referência, como mestre. Ponto. Então tenho que estudar, ler artigos, participar de eventos e seminários relacionados. Toda essa dedicação e esses estudos me formarão não apenas como professora e pesquisadora, mas servirão para todo o resto. Um estudo gera outro, e nenhum aprendizado se perde. Além de aprender muita coisa nova, eu preciso manter esse conhecimento atualizado. Então só esse objeto, por si mesmo, já gera uma demanda bem grandona de trabalho. Logo, esse foco atual é muito importante porque me dará base não apenas para a pesquisa no mestrado, como para todas as outras que eu venha a fazer. Eu vou participar (como ouvinte) de um evento agora em abril em uma universidade que tem grandes nomes nessa área, e me senti muito feliz por ter feito esse investimento (é em outro estado, vários dias).
  • A universidade: Cásper Líbero. A Cásper é referência em Comunicação, especialmente na graduação em Jornalismo. A área de pesquisa no Mestrado é Comunicação na Contemporaneidade, e a linha de pesquisa em que me encontro é a de Processos Midiáticos. Tudo isso é muito importante porque o campo da Comunicação é um campo que está sendo construído pelos pesquisadores. Eu sei que, em teoria, todos estão (rsrsrsrs), mas quem estuda Comunciação academicamente sabe do que estou falando. A Comunicação é considerada por muitos apenas “um braço” das Ciências Sociais e está lutando para se mostrar como campo por si só, então os pesquisadores têm se esforçado para cada vez mais trazer pesquisas relevantes nessa área. A Cásper é muito engajada nesse sentido e traz muitos eventos, seminários, estudos e palestras a respeito. Eu faço parte de um grupo de pesquisa com foco em Teorias da Comunicação / Epistemologia da Comunicação, que é coordenado pelo meu professor orientador, então esse tema também é meu foco no momento e o será por toda a vida, eu acredito. Acho que “conhecer bem todas as teorias e me engajar com essa construção” seja o foco que eu estou tentando descrever. Tudo isso me dará suporte como pesquisadora a longo prazo e também na minha formação como professora.
  • O orientador: Luis Mauro Sá Martino. Meu professor orientador tem uma trajetória que deve ser estudada e respeitada, e eu o escolhi por alguns motivos, certo? Pois bem, esses motivos devem estar claros e, para mim, é importante que eu reconheça o seu trabalho lendo os artigos que ele já publicou, lendo (na medida do possível) todos os seus livros, respeitando o que ele orienta com relação à minha pesquisa e aos artigos que eu escrevo durante o mestrado. Ele tem me ajudado muito a manter esse foco. Para mim, respeitar a trajetória do orientador é importante, até mesmo para eu saber como aproveitar o seu conhecimento para esse próprio cenário de dois anos durante o mestrado – leituras que devo ou não fazer, orientações para o todo mesmo. Se ele me falar que é bom participar de um seminário, por exemplo, vou estudar com carinho a possibilidade porque sei que, se ele está indicando, é importante. Assim como respeito muito a opinião dele quando ele fala que é melhor deixar algum evento ou assunto de lado no momento (isso é especialmente importante para mim, pois fico tendo ideias o tempo todo). O orientador está ali para te orientar mesmo, então é importante valorizar essas conversas.
  • O recorte empírico: Vou pesquisar a midiatização do fluxo do trabalho através dos aplicativos de produtividade. Vou trabalhar com mulheres que atuem na área de Comunicação em modelo PJ de contratação. Por quê? Porque já foi comprovado que as mulheres sofrem mais com a precarização do trabalho, e meu problema de pesquisa é justamente revisitar os diversos conceitos de midiatização para investigar se essa mudança no fluxo do trabalho tem influenciado nessa precarização. Então, aqui, eu tenho dois micro-temas importantes a serem estudados dentro da minha pesquisa: os aplicativos de produtividade e a precarização do trabalho das mulheres. Percebam que são dois campos que não são teoricamente da Comunicação (Tecnologia e Ciências Sociais), mas estão sendo trazidos para o meu olhar da Comunicação. Ter esse recorte empírico me ajuda como, em termos de foco? Qualquer outro trabalho de pesquisa menor que a minha dissertação que eu faça durante esses dois anos (ex: seminários, artigos), eu usarei esses dois micro-temas para não fugir muito do que estou estudando e não sair do foco. Pode parecer bem básico para quem já é pesquisador há algum tempo, mas eu achei genial como tem funcionado para mim. Por exemplo, vou submeter uns 4 ou 5 trabalhos este ano para eventos. Ter esse recorte empírico me ajuda com todos eles, para não perder tempo estudando coisas que não contribuirão com a minha pesquisa.

Agora, obviamente, a minha carreira não se resume aos dois anos de mestrado e ao foco acima. Como eu falei, tenho a frente maior, que é Comunicação e Trabalho. No entanto, neste momento, eu sei que preciso focar nos aspectos acima – que já são bastante coisa, e em um a mais que não citei: embasamentos clássicos tanto de Comunicação quanto de Sociologia do Trabalho. Revisitar Comunicação, que já estudo desde a graduação, e aprender Sociologia do Trabalho, que não foi meu foco na graduação. Então são estudos que vêm em paralelo, mas em ordem diferente de prioridade. Na prática, significa que, se eu tiver pouco tempo para estudar ou produzir trabalhos, vou priorizar na seguinte ordem:

  1. Midiatização
  2. Epistemologia, metodologia e teorias da Comunicação
  3. Sociologia do trabalho, aplicativos, precarização do trabalho feminino
  4. Ciências humanas e sociais no geral: política, sociedade, comunicação, trabalho, poder

Eu penso que um próximo passo será identificar as disciplinas que tenho interesse (e capacidade) para lecionar, o que pretendo fazer só a partir do quarto semestre do mestrado. Por enquanto o foco está bastante claro para mim, e assim seguimos.

Ajustando os contextos de estudos para o mestrado

Outro dia eu comentei que tenho aplicado a técnica de contextos para os meus estudos do mestrado (você pode ler aqui o post onde explico direitinho). Depois de algumas semanas testando, fiz algumas mudanças e gostaria de compartilhar com você.

Mudei os contextos para:

  • Segunda: Estudos para o grupo de pesquisa sobre Mídia e Poder – Motivo: Geralmente os encontros são às terças e, como é um volume grande, segunda é um dia tranquilo para mim, à noite.
  • Terça: Estudos para a disciplina de Metodologia da Comunicação – Motivo: As aulas da disciplina são às quartas-feiras e eu já estava fazendo uma revisão do material para o dia seguinte de qualquer maneira, então oficializei. A ideia é ler os textos para a aula da outra semana (a seguinte) e apenas revisar minhas anotações para o texto do dia seguinte, para não deixar a leitura para última hora.
  • Quarta: Estudos para a disciplina de Mídia e Sociedade Contemporânea – Motivo: Igual ao anterior. A aula dessa disciplina é na quinta e eu já estava fazendo assim naturalmente.
  • Quinta: Estudos para artigos e eventos. Mantive o que tinha me proposto antes e ficou bom.
  • Sexta: Estudos para o grupo de pesquisa sobre Teorias da Comunicação – Motivo: Geralmente os encontros são aos sábados e, como o volume é grande, sexta é um dia legal para estudar porque posso ir até um pouco mais tarde, se for necessário.
  • Sábado e Domingo: Estudos para a minha pesquisa – Motivo: Já prevendo como será daqui em diante, eu decidi deixar os dois dias mais livres da semana para a minha pesquisa. Às vezes eu trabalho aos sábados (ministrando cursos o dia todo, duas vezes ao mês), mas quando não trabalho, o sábado e o domingo de manhã são bons dias para estudos (deixo a parte da tarde para atividades com a família).

Foram alguns ajustes necessários e que agora sim deixaram a minha semana bem organizada com relação aos estudos.

Vale dizer também que tem sido ótimo organizar por contexto por conta das leituras complementares. Tenho muitos textos “obrigatórios”, digamos assim, mas tenho também livros que leio como complemento, porque preciso aprimorar meus conhecimentos, correr atrás de conceitos que eu tenho um pouco defasados, enfim. Então tenho deixado os livros na minha cabeceira e, de acordo com o contexto, estudo diariamente.

Meus horários de estudos são variados. Textos obrigatórios eu gosto de ler durante o dia, quando a minha atenção está melhor. Textos complementares eu leio à noite, depois que o filhote foi dormir, ou quando ele está fazendo outra coisa.

Agora que já faz um mês que eu comecei o mestrado, meus estudos e leituras estão em um ritmo mais tranquilo. Comecei muito afobada e a fim de fazer coisas. Ainda estou, mas consegui colocar um pouco de ordem nos meus pensamentos, com o foco apropriado. Falarei sobre isso em um próximo post sobre o mestrado.