Temos um novo livro do Flávio Augusto da Silva na praça, que eu já li e fiquei com vontade de trazer alguns comentários aqui no blog.
Para quem não tem ideia de quem é o Flávio Augusto da Silva, segue descrição muito resumida: ele nasceu na periferia do RJ, abriu uma escola de inglês com o dinheiro do cheque especial quando era jovem e fundou a Wise Up, que mais tarde foi vendida em uma transição milionária para o Grupo Abril. Com esse dinheiro, o Flávio COMPROU um time de futebol nos Estados Unidos (Orlando City), construiu um estádio e elevou muito o valor do time no mercado. Aà ele comprou de volta a Wise Up. Claro que isso levou mais de uma década, mas essa trajetória pôde ser acompanhada em grande parte depois que ele começou a compartilhar as suas sacadas de empreendedorismo nas redes sociais. Eu o conheci em 2013.
Ele ficou conhecido no Brasil por publicar conteúdos voltados ao empreendedorismo, especialmente sob a alcunha de seu movimento denominado “Geração de Valor”, que o impulsionou a publicar três livros com esse nome (em volumes 1, 2 e 3).
Nos últimos anos, o Flávio vem tendo uma postura polÃtica neoliberal (coerente) super radical (esquisita), e uma das principais crÃticas a ela tem sido justamente o fato de ele criticar sem dó quem quer ser concursado e CLT. Estou resumindo a polêmica também, porque algumas pessoas me perguntaram “qual é a polêmica” quando comentei no Instagram que eu estava lendo o novo livro dele.
Veja: eu sou empresária, acredito no empreendedorismo, mas acima de tudo acredito na felicidade e que cada pessoa deva escolher o melhor caminho para si, que muitas vezes é sim trabalhando para outras pessoas ou sendo concursada. Isso é erroneamente confundido com “zona de conforto” ou sinônimo de quem não tem iniciativa, e eu discordo. Só quem conhece alguém que tenha escalado a jornada corporativa, dando o sangue pela empresa, ou conheça alguém que tenha estudado anos, dedicado a um concurso público difÃcil, sabe como essas jornadas demandam tanto empenho quanto outras. Acho injusto diminuir quem opta por esses caminhos.
Independente da visão polÃtica do Flávio, eu acredito que ele tenha sim muito a contribuir e a ajudar as pessoas que buscam ser empreendedoras e a traçar esse caminho em um paÃs tão complicado polÃtica e economicamente como o Brasil. Além disso, serei eternamente grata pelo gás que o primeiro livro dele me deu quando eu resolvi efetivamente pedir demissão e empreender. Vejo valor sim no que ele publica, independente de todo o resto. Basta ter visão crÃtica sobre as coisas.
Fazendo essa necessária introdução, vamos ao livro.
Lançado este ano pela Editora Buzz, “Ponto de Inflexão” traz um relato objetivo e sincero dos pontos na vida do Flávio em que ele precisou tomar decisões importantes que decidiram cenários importantes na sua vida. O livro é sobre isso: sobre como alguns momentos decisórios podem impactar tudo o que vem depois, dependendo do que a gente decidir.
Sinopse original: “Pule ou cale-se para sempre. “Vou dispensar o aprofundamento nas equações que geram um Ponto de Inflexão, mas vou apenas me apropriar deste conceito para descrever momentos de nossa vida em que nossas decisões vão determinar para que direção seguiremos e que bônus ou ônus assumiremos. Em outras palavras, tomamos milhares de decisões diariamente. Porém, algumas delas não são decisões corriqueiras. São decisões especiais. Decisões que têm o poder de mudar o rumo do roteiro de nossa vida. A elas eu dou o nome de Ponto de Inflexão. É um conceito da matemática, mas que usaremos para ilustrar perfeitamente os momentos de nossa vida que podem tomar direções opostas a depender de nossas escolhas.—
Eu gostei do livro. Seus outros livros (os GVs 1, 2 e 3) trazem trechos que ele já tinha publicado nas redes sociais – textos mais curtinhos, dicas e depoimentos rápidos. Este é um livro que, como ele mesmo disse, ele mesmo escreveu em um mês, e traz realmente um relato sem delongas dos chamados pontos de inflexão da sua vida como empresário.
Tirando alguns trechos em que acho que a emoção falou mais alto (no prólogo), achei que é um ótimo livro para empreendedores e pessoas que buscam alta performance profissional de maneira geral – lembrando de ler com aquela visão crÃtica que comentei, se você for CLT ou concursado. Acho que ele pega pesado em alguns momentos (especialmente quando conta por que desistiu da carreira corporativa), mas de modo geral, com essas ressalvas que só você mesmo(a) pode fazer durante a leitura, é um bom livro.
Independente de qualquer tipo de crÃtica que todos nós podemos fazer com relação ao que ele fala sobre polÃtica e direitos trabalhistas, não podemos ignorar a trajetória bacana que ele teve, especialmente valorizando a presença da esposa como ponto crÃtico de sucesso em tudo o que ele fez.
TÃtulo: Ponto de inflexão
Autor: Flávio Augusto da Silva
Ano: 2019
Editora: BUZZ
208 páginas
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Oi Thais! Obg por seu trabalho sempre atencioso e atualizado com as necessidades do mundo <3
Sobre o Flávio, não compactuo com nada do q ele prega mas, como vc disse, existem os fatos: a trajetória dele é notória.
O q me incomoda bastante é a necessidade dele jamais perder a chance de menosprezar um/a servidor/a público/a ou um/a empregado/a , só para vangloriar o poder de empreender – como se trabalhar deste ou daquele modo fosse uma simples questão de escolha e vontade. Pq é preciso julgar o outro para buscar/justificar a própria luz? Não vejo sentido, só ranço gratuito.
Só pra dar um exemplo: se ele conhecesse de fato uma repartição pública, daquelas bem tradicionais e conservadoras, veria que é justamente lá que as mudanças estruturais — aquelas que impactarão a qualidade de vida de toda a sociedade — podem e devem ser feitas. Lá sim o tal espÃrito "empreendedor" pode mover montanhas coletivas, e lá sim a briga é em grandes esferas e contra grandes interesses.
Aproveito e agradeço também por vc expor uma outra perspectiva sobre o empreendedorismo, que é um termo q vem assolando todos os discursos, até os acadêmicos, como sendo a salvação do século 21. Se não olharmos o empreendedorismo de forma crÃtica, ele rapidamente se torna uma armadilha na qual a responsabilidade do sucesso — seja lá o que isso for — sempre estará na mão do indivÃduo, jamais na mudança coletiva ou nas polÃticas públicas. É literalmente o afogamento do pensamento social compartilhado em prol do discurso meritocrático liberal…
Acabei de ler este livro e gostei muito. É uma trajetória muito interessante de acompanhar. Achei o final surpreendente… Acho que motiva, engaja, encoraja e nos ajuda a sair do comodismo… fugir da estagnação. É um ótimo livro para empreendedores, mas também para profissionais que trabalham em empresas, pois traz lições de liderança e trás a rotina por traz da liderança dele com seus executivos. Gostei muito e também recomendo!!!!!!!!!
Bom dia meninas!
Sou mulher, mãe, filha, esposa, já fui empresária e sou Celetista dentro de uma empresa do Flávio com o privilégio de empreender dentro da equipe direta dele e dos diretores deles. A maioria da pessoas deturpam a forma em que ele diz que a vida é mais que um ciclo padronizado pela sociedade. Ele é radical com a acomodação, com as pessoas gastarem a vida delas com um teto, dentro de um bolha de realidade com a visão que faz ela enxergam que ela não pode ir além pois ela depende somente do que ela vale/ganha mensalmente independente se vc é celetista ou funcionário público, mas a visão dele é libertadora em dizer onde estiver a sua escolha de vida o seu destino está na suas mãos, para a “máquina” da sociedade girar é necessário ter todos os tipos de ciclos hierárquico de funções, porém a acomodação, a estagnação, a aceitação de realidade onde ele direciona o confronto aqueles que se dizem limitados a SÓ existir essa saÃda, e passarem a vida inteira sem conhecer seu próprio potencial máximo e morrer muitas vezes sem entender o sentido da própria existência.
Para mim, felicidade genuÃna é ser livre!
Bem legal você trazer isso, Raquel. Obrigada por comentar.
O Livro é Sensacional, eu gostei muito.
O próprio Flávio já mencionou que faria a compra do Orlando City Soccer independente da venda da Wise Up, um fator não foi determinante para o outro.
Ele bate sim no comodismo como mencionado pela Raquel e por você, mas ele sempre diz que não vê nada de errado na carreira pública e que pelo contrário, precisamos sim de pessoas competentes trabalhando na área pública. Porém ele se sentiu incomodado vendo centenas de milhares de pessoas (muito inteligentes) que podiam (e podem) facilmente mudar o rumo do nosso paÃs em diversas áreas de atuação sendo “acorrentadas” ao nosso sistema público (ou ao CLT), seria como você pegar qualquer Ãdolo seu (músico, atleta, etc…) com um potencial infinito, e colocar ele pra conferir umas fichas o dia todo. OK Einstein também teve um trabalho assim e ele se tornou o Einstein (rsrs), mas nesse ponto acho que nossa cultura (Brasil) sempre nos limitou e em 2012 o Flávio trouxe uma nova narrativa ao empreendedorismo que até então ninguém por aqui falava. Ao menos eu entendo esse “bater” do Flávio como um incentivo dizendo que você pode sonhar mais alto do que esse modelo existente, eu acho que isso faz despertar o protagonismo de pessoas incrÃveis (como você, citando o exemplo do primeiro livro) mostrando um novo panorama, seria assim: Se você ir para os caminhos existentes, de zero a 10 você poderá ganhar 6 ou 7 pro resto da sua vida, se você for um protagonista, poderá ganhar 10.
Obrigado por compartilhar, sou fã desse Blog (e seu fã), e de todo conteúdo que você posta no Youtube! Você e o GTD já melhoraram minha qualidade de vida.
Obrigada Thais. Procurei o link dele no Instagram mas aparecem muitos perfis, que me parecem falsos. Pode partilhar o dele? Bem haja
@geracaodevalor
A trajetória dele é digna de nota, no entanto, tenho ranço da forma como ele fala de quem opta por trabalhar como empregado. Ele tem empregados, não tem? Pra mim, essa forma de tratar alguém que decide trabalhar como CLT como se fosse um imbecil é só desculpa para que ele convença as pessoas a trabalharem pra ele por menos dinheiro a que tem direito, numa conversinha mole sobre como a CLT é uma prisão e vamos deixar a CLT pra lá para sobrar mais dinheiro pra ele.
Duvido muito ele pagar menos que as pessoas tem direito. Afinal não vi isso em lugar nenhum. E como converse alguém a receber menos que tem direito?
Qual a base do argumento? Achismo?
Ele pode convencer uma pessoa a ganhar menos do que “tem direito” com uma narrativa sobre como a CLT é ruim e malvada e como apenas pessoas burras e acomodadas se sujeitam à CLT. Então a pessoa decide de vai se libertar e começa a trabalhar sem ter direito a 13o, férias e FGTS, portanto, ganhando menos do que teria direito se estivesse trabalhando de acordo com as regras da legislação trabalhista.
Não sei dizer se os empregados dele são contratados sob regime de CLT ou não. Mas de acordo com o discurso dele, contratar alguém no regime de CLT seria contraditório porque ele entende que apenas pessoas acomodadas, menos eficientes, menos ambiciosas e menos produtivas se sujeitam a essa forma de contrato de trabalho. Não sei que motivo ele teria para contratar pessoas que ele classifica dessa forma.
Adorei o post e os comentários ao post.
Fiquei com muita vontade de ler o livro!!