Empreender não é projeto do Pinterest

Essa semana eu li um texto sobre a geração de empreendedores de palco, de jovens até 25 anos que nasceram em uma família com bon$ recursos e puderam empreender e chegar antes dos 30 já com empresa de sucesso, tendo viajado pelo mundo etc. E queria colocar meu ponto de vista sobre o assunto também.

Primeiro, que nem todo mundo que empreende antes dos 30 está nessas condições. Eu perdi as contas de quantas histórias já li de pessoas que nasceram em famílias bem pobres e que começaram a vender latinhas e, aos poucos, estudaram, passaram em um concurso público e depois abriram uma empresa. Ou que começaram um negócio cedo que deu certo. Então há casos e casos.

Uma das pessoas que mais me inspiram é o Flávio Augusto da Silva, que começou abrindo sua empresa no cheque especial. Hoje ele é bilionário.

Leia a matéria completa na UOL: http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2015/02/06/hoje-bilionario-criador-da-wise-up-comecou-no-cheque-especial-veja-dicas.htm
Leia a matéria completa na UOL: http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2015/02/06/hoje-bilionario-criador-da-wise-up-comecou-no-cheque-especial-veja-dicas.htm

Não tem uma vez que eu esteja meio desanimada no dia a dia que eu não leia algo que ele escreveu que não me dê um novo pique. Eu percebi que, para empreender, você precisa estar sempre alimentando esse mindset. Se você perder a cabeça, você perde tudo.

Do Instagram: Quebre a banca (muito legal, por sinal - sigam!)
Do Instagram: Quebre a banca (muito legal, por sinal – sigam!)

Segundo, que nem todo mundo que “larga tudo para empreender” exatamente “largou tudo”. Empreender demanda planejamento. Eu mesma, que tenho o blog desde 2006 – só em 2014 pude pedir demissão do emprego para me dedicar ao que eu gosto de fazer. Depois dos 30, sem grandes reservas financeiras, sem a tal segurança, com filho pequeno para criar. A segurança vinha apenas da imensa vontade de fazer acontecer. E, obviamente, de ter estudado o mercado, feito testes, conquistar clientes. Eu jamais colocaria a segurança básica da minha família em risco apenas porque eu tinha necessidade de empreender. Se um dia eu tiver que mudar de planos em detrimento disso, não terei vergonha alguma.

Terceiro, que para empreender você não precisa “largar tudo”. Comece em paralelo. Foi o que eu fiz. Quando as coisas começaram a dar mais certo para um lado e o meu emprego estava impossibilitando uma série de iniciativas que me trariam mais retorno financeiro para viver do que eu gostava, eu me preparei para sair. Ninguém precisa largar tudo para empreender, especialmente se tiver família para sustentar e contas a pagar.

Quarto, que empreendedorismo nem sempre é uma escolha. Este ano, tenho diversos amigos e conhecidos que perderam seus empregos e agora correm atrás de soluções. Para mim, no entanto, a diferença é você querer fazer disso um projeto de vida ou não. A partir do momento que você faz algo sem se planejar, isso pode chegar a qualquer lugar – inclusive dar ou não certo. Vale para sua empresa ou seu emprego.

Quinto, que nada é eterno. Você pode querer empreender nesse momento e a vida te levar por outros caminhos. Assim como você pode se dedicar durante anos para passar em um concurso ou em uma faculdade dos sonhos e, lá dentro, perceber que quer fazer outra coisa. Já vi isso acontecer muito também.

Eu penso que, hoje, para uma pessoa deixar de empreender para ter um emprego novamente, só se for por necessidade. Não estamos passando por uma fase fácil no país. Mas, antes de deixar de empreender, pergunte-se se você realmente fez tudo o que foi possível, pois mesmo na crise algumas empresas prosperam. Talvez seja hora de se reinventar? Sei que é quase impossível ser criativo quando se está preocupado com as contas, mas talvez valha a pena você priorizar acima de tudo seu bom estado mental para conseguir ter ideias.

Imagem: Facebook do Geração de Valor
Imagem: Facebook do Geração de Valor

Empreender não é como um projeto de “faça você mesmo” do Pinterest. Porque não se trata só de empreender – mas de consolidar a empresa depois. E isso quase ninguém fala. É um desafio diário e, principalmente, mensal. Se reinventar, baixar a bola, ser humilde, perceber que você tem ainda TUDO a aprender, do meu ponto de vista, são habilidades essenciais para empreender. Nada é 100% seguro. Um produto ou serviço que funcionaram sempre bem de repente podem precisar ser revistos. Se você se planejar, fizer boas escolhas, investimentos, você pode construir uma empresa que gerará estabilidade para outras pessoas. E então um projeto seu pode virar algo muito maior.

Mas também não supervalorize isso. São processos e aprendizados, como tudo na vida.

Uma dica que sempre leio e que vale muito para quem empreende é: cerque-se de pessoas que estejam na mesma vibe, que te façam bem, que tragam inspiração. Porque, mais uma vez: sua mente é tudo. E, quando você muda, seu mundo muda.

Respira e vai!

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26 Comments

  1. Nossa, Thaís, vc é f*! Que post incrível. Continue sendo sincera, pé no chão e, ao mesmo tempo, inspiradora.

  2. Obrigada, Thaís!

    Empreendo desde sempre, porque minha profissão na área da cultura nunca me trouxe um emprego CLT, e sempre tive que fazer malabarismos com mil projetos freela acontecendo ao mesmo tempo, até que resolvi organizar tudo com menos precariedade em forma de empresa, com sócia e sede. Mas não é fácil, todo dia é uma luta, é um processo, e seu texto hoje me trouxe a inspiração que eu precisava.

    Beijos
    Anna

    1. É um eterno aprendizado mesmo. Obrigada por compartilhar.

  3. Tudo de bom acompanhar você Thais! Parabéns pelas idéias compartilhadas! Bjs

  4. Thais,
    sair da terapia, abrir o Facebook e dar de cara com teu post no Facebook me faz acreditar em sinais/universo/seilá . Teu post me inspirou TANTO! Obrigada <3

  5. Também gosto muito do Flávio Augusto, leio e sigo o GVCast, mas não podemos incluí-lo na massa de Empreendedores de Palco, apesar deste ter participado algumas vezes de eventos com o intuito motivacional.

    Assisti, e muito, as palestras, periscopes e cursos dos chamados Empreendedores de Palco e para mim não serviu. Me sentia incompetente vendo tantas pessoas “bem sucedidas”, mas bem sucedidas messsssmo, com faturamentos na casa dos 6, 7 dígitos (como sempre falam) e eu com tantas dificuldades para empreender, iniciar o meu próprio negócio.

    Hoje, separo o Empreendedorismo deste outro Empreendedorismo de Palco (ou de oportunidade). Para mim, são distintos.

    Abraços e curto muito o seu blog.

    1. Também acho. Não coloquei no mesmo grupo e também não tenho nada contra os outros.

  6. Thaís, muito obrigada por esse texto! Estou num momento difícil da minha carreira, meio chateada e esse seu texto veio com tudo pra dar aquela injeção de ânimo! Obrigada e que isso volte pra você como realização dos seus objetivos!

  7. Eu precisava ler isso Thaís!
    Estou no começo de um empreendimento e como tudo está em adaptação, inclusive o tempo de dedicação, fiquei desanimada e pensei em desistir. Mas é importante ter foco, saber seus objetivos e seguir em frente.
    Obrigada pelo carinho com que escreve, seus textos sempre me ajudam.

  8. Concordo totalmente, e olha, que respiro é ler esse post em meio a tanta falação motivacional que não corresponde a realidade de MUITOS! Parabéns pelo conteúdo ótimo de sempre.

    Um bj,
    Re

  9. Thais, você é maravilhosa! Que texto essencial e oportuno! Parabéns, e obrigada mais uma vez!!

    1. Eu que agradeço!

  10. Também li o texto, e o que fica evidente é o quanto as pessoas estão pré dispostas a bater palmas e gastar dinheiro com qualquer coisa/pessoa que tenha boa embalagem nas redes sociais e tenham resultados monetários sem checar realmente suas qualificações e contribuição social de seus projetos. O objetivo da maioria das pessoas hoje é apenas ganhar dinheiro e não gerar valor e qualquer pessoa que prometa a ensinar a ganhar dinheiro rápido é ovacionado pelo grande público.

  11. Ótimo texto Thais.
    Realista e motivador ao mesmo tempo.
    Parabéns pela coerência e clareza.

  12. O texto dela é um choque de realidade mesmo.
    A gente não pode tomar as exceções como norma, as pessoas “que nasceram em famílias bem pobres” e seguiram esse caminho são num número reduzido demais para ter relevância estatística.
    É sempre melhorar trabalhar com dados. Citar 0,1% é autoengano.

  13. Thais, que texto ótimo! É exatamente assim. Iniciei agora a fase do empreendedorismo, e realmente, não é definitivamente um projeto do Pinterest.
    Obrigada!

  14. Existem tres mitos, tres coisas que “estão na moda”, e que me incomodam mto pela superficialidade : 1-Largue-tudo-e-vá-fazer-oque-ama, 2-quer-ser-feliz?vá-viajar, e 3-empreender-só-depende-de-força-de-vontade.
    Acho que ficar repetindo esses mantras é até um desrespeito para com as pessoas que tem que construir suas vidas tijolo a tijolo.

    1. Não poderia ter escrito algo melhor! A vida não é preto no branco, essesantras não funcionam na prática, tem muita adaptação, renúncias e es olhas por trás

  15. Thais…todos os dias entro no blog, e toda vez que estou aqui me sinto revigorada, inspirada e motivada, mudei muita coisa na minha vida desde que comecei a acompanhar o Vida Organizada, li seus livros, assisto seus videos no youtube, realmente você é minha maior inspiração…Obrigada por sempre compartilhar esses assuntos com clareza e com principalmente com muito amor…Um grande abraço.

  16. Adorei a mensagem, Thais! Realmente, só mostram o lado bom do empreendedorismo na mídia… e quando vai se empreender a vida não é tão simples assim. Mas acredito que deve valer a pena.

  17. Thais, que texto maravilhoso e inspirador! Comecei a empreender esse ano e realmente não é fácil, tem horas que me pergunto “o que eu estou fazendo da minha vida?”. Mas quando lembramos o objetivo maior, as metas e onde queremos chegar e como somos felizes fazendo isso, tudo se “acalma”. Ninguém disse que seria fácil, mas quando começamos a colher os frutos, é gratificante e faz valer a pena cada aperto! Obrigada!

  18. Achei bem interessante esse post, Thais.
    Faz muitos anos que acompanho o blog, desde 2011.
    E nesse meio tempo, eu parei de trabalhar com TI pra empreender em algo que eu realmente amava fazer, cozinhar.
    Mas a instabilidade econômica do país somada com um momento pessoal difícil (me separei em maio desse ano) me fizeram voltar a trabalhar fixo com TI, mesmo tendo que abrir mão dos doces por um tempo. É frustrante? Não. Eu fiz uma escolha de priorizar minha felicidade pessoal e pra isso, sem ajuda financeira de um parceiro e com aluguel pra pagar, ou eu voltava a trabalhar fixo ou seria despejada.

    Vou reorganizar a vida e levar paralelo os doces, se um momento for mais propício, volto a assumir como única atividade.

  19. Engraçado Thais, sempre bato nessa tecla.
    Não estou discutindo talento, pois tanto o rico quanto o pobre podem nascer com isso, mas muitos que pregam sucesso por aí, nasceram em melhores condições materiais e tranquilidade mental para desenvolver um negócio e dizem que chegaram a vitória sem ajuda de ninguém e por mérito próprio.
    Estes na minha opinião, apenas passam a sensação que estão continuando um processo. Você denominou como empreendedorismo de palco. Eu chamo de empreendedorismo playboy.
    Agora, aqueles que ralam, passam sufoco, persistem e sabem realmente o significado de resiliência, para estes sim eu dou valor, como o exemplo que você citou. Pessoas reais que sofrem ou sofreram bastante para conseguir algo e que as vezes não conseguem, sobrando apenas o mérito do esforço.
    Venho conversando com minha esposa e acredito que os três males dessa geração são: a teologia da prosperidade, o empreendedorismo de palco e a autoajuda. Cada um deles atraindo um número enorme de pessoas para um buraco bem fundo.
    Gostei muito do texto. Um abraço.

    1. Uau, gostei muito. Concordo com os três males. E é uma pena porque prosperidade, empreendedorismo e auto-conhecimento são coisas boas, mas foram deturpadas absurdamente em detrimento do $$$. Você tem toda razão.

      Obrigada por comentar!

      1. Que isso, de nada.

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