Esse assunto tem estado presente na minha vida porque eu tirei férias recentemente e tenho lidado com e-mails e mensagens de uma maneira que considero saudável. Vim trazer as minhas percepções atuais sobre o assunto para você, então.
Minha visão sobre “ver e-mails e mensagens” é a seguinte:
Não acho que devemos ficar reféns do celular, especialmente. Há muitos anos eu desliguei as notificações de novas mensagens e só torno a ligá-las quando estou viajando e meu marido pode querer me avisar de algo mais urgente. Mesmo a chamada de telefonemas eu deixo no silencioso. Retorno as ligações. Geralmente não posso atender, porque estou trabalhando em questões diversas e com concentração, ou estou em sala de aula.
Eu leio as minhas mensagens e respondo as mais urgentes nos intervalos entre as atividades e entre os compromissos do meu dia. Deixo para responder ao final da tarde as que não são tão urgentes e, muitas vezes, não consigo responder todas. E, para mim, tá tudo bem.
O que acontece é que eu percebi que o grau de “urgências” das pessoas com as mensagens aumentou muito de uns tempos para cá. Todo mundo quer ser respondido o quanto antes. Todo mundo quer interagir por mensagem. Ninguém quer esperar mais nada. Isso tem um potencial enlouquecedor, que eu me recuso a aceitar, porque sei que preciso cuidar do meu tempo de vida.
Sabe, eu posso morrer hoje. E, quando eu morrer, eu não quero ter tido um dia sobrecarregado, estressado e perdido respondendo mensagens. Eu quero ter tido um dia tranquilo e feliz, em que sei que dediquei tempo às coisas que realmente importavam.
Com essa perspectiva, eu não trato com pressa as minhas mensagens. Isso é comprar briga, eu sei. É deixar de responder rápido até cliente, eu sei. Não se trata de falta de cuidado ou de qualidade, mas de desacelerar. E isso é parte do meu processo educacional, do que eu ensino nos meus cursos e serviços prestados. Eu não posso ensinar uma coisa e fazer outra.
Para mim, um hábito saudável é esvaziar as caixas de mensagens diariamente, até aos finais de semana, para que não se acumulem. “Esvaziar” as caixas de mensagens não significa resolver tudo o que surgiu ali, mas dar uma destinação correta a cada uma delas – isso significa delegar muita coisa também. Ou concluir que não dá pra fazer tudo (se não puder delegar).
Não vejo problema em responder mensagens quando estou de folga ou aos finais de semana, se isso for uma escolha espontânea e não uma obrigação. O problema, para mim, é quando você precisa roubar os seus momentos de lazer porque não está dando conta de fazer no horário que gostaria de ter feito. Aà sim precisa parar e analisar com calma as atividades e verificar aquelas que não vai dar pra manter.
Não dá pra gente fazer tudo. O primeiro passo é aceitar que sempre haverá mais coisas para fazer e mais mensagens para responder que tempo hábil para tal. E aà se olhar de maneira mais compassiva, porque até a nossa feição fica mais embrutecida enquanto estamos respondendo mensagens e e-mails.
Um recurso que gosto de usar de vez em quando é inserir uma mensagem automática de férias mesmo quando não estou de férias. Se eu estiver viajando a trabalho, ou indisponÃvel, trabalhando em eventos ou em sala de aula, eu coloco essa mensagem automática e aviso a pessoa que me contatou de que não vou conseguir responder rapidamente. Isso pelo menos dá um retorno para ela. O que eu costumo ignorar é o famoso “você viu meu e-mail abaixo?” ou “te enviei um e-mail” via What’s App. Não caio na pressa das outras pessoas.
Tudo se resume ao ritmo de cada um. O mundo está insano, mas eu não quero perder a minha sanidade. Desculpe, mundo, mas eu estou em outra vibração.
Arrasou! Precisamos desacelerar mesmo, essa correria enlouquece. Sempre muito bons seus textos, suas reflexões.
Obrigada por isso, Thais. Eu fico refém às vezes, mas a partir de hoje to naquele momento f*-se que falei pra vc e deixando as pessoas com as suas ansiedades.
Querida, leia meu texto de hoje. Escrevi pensando no que conversamos ontem.
Oi Thais! Eu entendo seu ponto e espero um dia chegar nesse nÃvel de tranquilidade com certas escolhas que podem não ser tão bem aceitas pela sociedade. Acho isso muito maduro. Tenho 26 anos e confesso que lendo esse texto fiquei incomodada, pois sou daquelas pessoas que quer ver as coisas andando (eu sei que você também) e no meu trabalho se você não responde um e-mail muitas vezes aquele assunto fica parado, acumula e fica pior para resolver mais pra frente. Na vida pessoal, se peço um orçamento de um serviço, por exemplo, e dois me respondem em até 3 dias e outro demora uma semana, eu confesso que nem chego a considerar esse terceiro, pois pra mim soa como falta de interesse (talvez tenha que repensar essa percepção). É complicado, talvez só quando eu tiver um volume realmente grande de mensagens que eu consiga entender realmente, pois deve chegar uma hora que se torna inevitável essa decisão de se desapegar. Enfim, de qualquer forma obrigada por falar sobre esses assuntos, pois nos incentiva a pensar (mesmo com incomodo) que dá para ser diferente e tá tudo bem.
O que quero dizer é que nem sempre essas coisas se resolvem com mensagens e as pessoas tentam fazer dessa forma porque é mais fácil enviar um e-mail cobrando que assumir que há deficiências na comunicação e na produtividade da equipe, e trabalhá-las para maior efetividade.
Thais, faço isso a tempos….. as pessoas (não de trabalho) me procuram muuuito menos hoje via What’s App Acho que pela minha “demora” em responder! Acho estranho, mas por mim, tudo bem! O que vale é minha sanidade.
Adorei esse conteúdo. Hoje me policio com frequência para não confundir “ser produtivo, com estar ocupado”. Procuro focar no mais importante, no que realmente vai gerar resultado. O mundo anda insano demais e não somos obrigados a seguir essa vibe. Confesso que era esse tipo de pessoa que queria respostas rápidas e o contrário representava falta de atenção – mudei esse mindset (no começo foi tão difÃcil). Os seus conteúdos, de uma forma geral, estão me fazendo mudar hábitos e rever antigos conceitos, estou ainda buscando o equilÃbrio em meio ao caos, mas já desacelerei um pouco e percebi que não estava tendo clareza e foco no mais importante. Parabéns Thais, gratidão
Seguindo a sua sugestão, desliguei todas as notificações do meu telefone há mais de 1 ano. Foi libertador. Uma das mudanças mais significantes da minha vida digital. Trabalho com Internet e a comunicação rápida é importante. Entretanto, não é possÃvel ser instantânea, pois sou humana e uma só (além de bastante ansiosa). Assim, escolher o momento que eu quero ver se há ou não mensagens pendentes por resolver me devolveu o domÃnio das tarefas e do planejamento da rotina, além do aumento substancial da concentração. Obrigada por dividir os seus conhecimentos. 🙂