Sempre me considerei uma pessoa das Humanas. Minha trajetória acadêmica e profissional foi construída em torno de leitura, escrita e análise crítica. No entanto, meu filho Paul seguiu outro caminho: apaixonado por números e teorias, foi finalista da Olimpíada de Matemática e já decidiu que quer estudar Astrofísica. Agora, ele quer se preparar para o Enem e a Fuvest como treineiro, e eu, que nunca fui forte em Exatas, preciso encontrar formas de apoiá-lo nessa jornada.
O desafio não é apenas ajudá-lo nos estudos, mas entender como funciona essa preparação e quais caminhos podem facilitar seu aprendizado. Apoiar um filho em uma área que não é a sua exige pesquisa, adaptação e, acima de tudo, disposição para aprender junto. Aqui compartilho como estou me organizando para incentivá-lo sem interferir em sua autonomia.
Um dos maiores desafios de acompanhar um filho em uma área diferente da sua é equilibrar incentivo e cobrança. Pesquisas da Harvard Graduate School of Education mostram que estudantes com apoio familiar consistente, mas sem imposição excessiva, apresentam melhor desempenho e menor ansiedade.
Meu papel tem sido o de suporte: ajudo na logística, busco materiais de estudo e acompanho suas necessidades sem exigir resultados imediatos. Isso cria um ambiente de aprendizado mais leve e produtivo, permitindo que ele desenvolva autonomia sem sentir a obrigação de atender a expectativas externas.
Comprei um kit bem legal de matemática para ele e estou procurando materiais de cursinhos do ano passado na área de exatas para ajudá-lo a se organizar. Também estou interessada em colocá-lo em um projeto do GTD Teens, mas só se ele quiser. Já conversamos sobre a possibilidade de no futuro ele estudar fora.
Mesmo sem um conhecimento aprofundado na área, percebi que participar das conversas sobre Astrofísica e Matemática ajuda no aprendizado dele. Por isso, faço perguntas sobre os conteúdos que ele está estudando e incentivo que ele me explique suas descobertas. Isso não apenas reforça seu entendimento, mas também fortalece nossa comunicação e torna o estudo mais dinâmico e interessante.
A decisão de cursar Astrofísica não se resume apenas a passar no vestibular, mas a entender quais são os próximos passos na trajetória acadêmica. Estou pesquisando.
Mais do que acompanhar seu desempenho, essa experiência tem sido uma oportunidade de aprendizado mútuo. Para ele, que se aprofunda cada vez mais na Astrofísica, e para mim, que descubro novas formas de apoiar e aprender junto. Me deu até vontade prestar o vestibular com ele como uma forma de incentivo a mais.
Resposta rápida: para fazer mais marmitas e pedir menos delivery. Fiz as contas e o aparelho se pagaria em menos de dois meses. Como somos o Paul e eu aqui, é importante ter refeições prontas para a rotina diária e eu me sinto bem cozinhando uma vez por semana, aos domingos de manhã.
Além disso, preparar as próprias refeições é uma forma de garantir alimentos mais saudáveis e adaptados às preferências daqui de casa.
Outro benefício foi a praticidade que o freezer trouxe para o nosso dia a dia. Aos domingos de manhã, costumo reservar algumas horas para cozinhar. Esse hábito semanal me ajuda a ter as refeições prontas para os próximos dias, poupando tempo durante a semana e reduzindo o estresse com “o que vamos comer hoje?”. É gratificante abrir o freezer e encontrar opções variadas, todas preparadas com cuidado e carinho. Para garantir a qualidade dos alimentos congelados, adotei algumas dicas simples, como usar embalagens herméticas e remover o máximo de ar ao armazenar os alimentos, evitando o temido “freezer burn” (ou queimadura de freezer), que pode afetar o sabor e a textura das comidas.
Outra dica que tem me ajudado bastante é congelar os alimentos em porções individuais ou pequenas, utilizando sacos próprios para freezer e etiquetando tudo com a data de preparo. Isso facilita o planejamento, evita desperdícios e assegura que os alimentos sejam consumidos enquanto ainda estão frescos. Sempre deixo um espaço entre as porções no freezer para garantir que o ar circule e os alimentos congelem de maneira uniforme. Esses cuidados simples fazem toda a diferença para manter as refeições saborosas e com boa textura. (As marmitas do Paul têm 500ml e, as minhas, 300ml).
A experiência de investir em um freezer me fez perceber como pequenos ajustes podem transformar a rotina. Cozinhar em lote e congelar as porções não apenas economizou dinheiro, mas também trouxe mais controle sobre a alimentação, evitando escolhas de última hora que nem sempre são as mais saudáveis. Eu comprei o freezer mais simples, da Consul. Valeu a pena. Se você também está considerando maneiras de otimizar o dia a dia e economizar, vale a pena adotar essas práticas. Com planejamento e alguns cuidados no armazenamento, o freezer se torna um grande aliado!
Acredite se quiser: este ano o Paul entra no Ensino Médio. Aqui vai um pouco de como estou me preparando para ajudar meu filho nessa nova fase:
Ano de ficar em casa
Durante 2023 e 2024 eu fiz parte do meu Doutorado fora e viajei bastante. Este é um ano de ficar em casa. Além de focar no término do meu Doutorado, quero estar próxima ao Paul para apoiá-lo em uma fase tão importante da sua vida. Por mais que ele já esteja naquela idade de querer ficar apenas com os amigos e não com os pais, sempre estarei aqui por ele.
Aqui em casa ele tem uma mesa de estudos no quarto dele, com um computador também, luminária, material de papelaria e uma estante para os livros e cadernos. Também estou me preparando para voltar a fazer marmitas uma vez por semana ou a cada duas para que ele sempre tenha uma comidinha caseira e a gente evite ficar pedindo delivery.
Chegou a hora de ensinar sobre organização
Ele finalmente vai precisar, em um nível um pouco mais refinado. De acordo com o interesse dele, quero ensiná-lo sobre práticas básicas, especialmente o uso da agenda e listas, planejamento semanal e, o mais importante: higiene do sono.
Conversas sobre responsabilidades
Ele já entende que o Ensino Médio tem sua importância e disse que quer se dedicar mais aos estudos. Masssssss eu já fui adolescente e sei que esse papo pode se construir sobre um castelo de areia, então quero garantir, através de conversas, que ele sempre se lembre das suas responsabilidades e também pense sobre o futuro.
O Paul é uma pessoa talentosíssima e com dom para matemática, e não gostaria que ele desperdiçasse isso. No entanto, sou bem realista com relação ao que é expectativa minha e o que é desejo dele, e ele que deve decidir. Estou aqui para apoiá-lo no que for melhor.
Apoio de modo geral
Quero que ele leve os estudos a sério, mas sem abrir mão de hobbies, amigos e momentos de descanso. Estou ajudando a explorar atividades extracurriculares para que ele se conecte com o que realmente gosta.
O apoio emocional também se faz necessário. A adolescência já é um período cheio de emoções, então, além de falar sobre bullying, ansiedade e desafios sociais, estou me comprometendo a ser uma ouvinte presente. Também estou dando espaço para ele aprender a tomar decisões e lidar com imprevistos. Afinal, o Ensino Médio é um ótimo momento para começar a praticar autonomia com segurança.
Seguem aqui algumas dicas adicionais que acredito serem úteis caso você esteja passando por algo semelhante com seus filhos:
Incentive a comunicação aberta
Crie momentos no dia para conversar sobre como ele está se sentindo em relação à escola, amigos e professores.
Mostre que ele pode contar com você para compartilhar suas preocupações ou conquistas.
Estimule hábitos saudáveis
Garanta que ele tenha uma rotina equilibrada, incluindo horários regulares para dormir, alimentar-se bem e praticar atividades físicas.
Discuta a importância de pausas para evitar sobrecarga mental.
Prepare-se para apoiar nas mudanças
Lembre-se de que o Ensino Médio traz novos desafios, como lidar com matérias mais difíceis e responsabilidades maiores. Esteja disponível para ajudar quando necessário.
Ofereça apoio emocional, principalmente em períodos de provas ou decisões importantes.
Valorize pequenas – e grandes – conquistas
Celebre os esforços e conquistas diárias, como completar uma tarefa ou aprender algo novo.
Isso aumenta a autoconfiança e o motivará a continuar se dedicando.
Ofereça recursos para o aprendizado
Se possível, invista em materiais de apoio, como livros, cursos online ou aplicativos educativos.
Ajude-o a organizar os materiais escolares para facilitar os estudos.
Ajude na gestão do tempo
Trabalhem juntos em um calendário ou cronograma semanal para que ele possa gerenciar as tarefas e atividades.
Encoraje a priorização e a divisão de grandes tarefas em partes menores (provavelmente projetos).
Esteja atenta/o ao seu bem-estar social
Fique atento às dinâmicas sociais e à integração dele na nova escola.
Converse sobre o que significa ser um bom amigo e como lidar com conflitos ou desafios nos relacionamentos.
Planeje momentos de qualidade em família
Com o aumento das responsabilidades escolares, pode ser fácil perder os momentos juntos. Programe atividades em família para fortalecer os laços e dar a ele um espaço seguro para relaxar.
Espero que essas dicas possam ser úteis e que vocês aproveitem ao máximo essa nova etapa!
O início de um novo ano letivo é sempre um momento de renovação e expectativas. Seja para você, que está retomando os estudos, ou para seus filhos, a volta às aulas traz desafios que podem ser facilitados com organização. Com algumas estratégias simples, é possível transformar essa transição em um processo tranquilo e produtivo.
Este ano, minhas aulas do Doutorado voltam apenas em março, mas as do meu filho começaram agora no final de janeiro. Ele está no primeiro ano do Ensino Médio. Que orgulho. <3
Hoje, vou compartilhar dicas para organizar essa fase, ajudando você a criar uma rotina mais leve e eficiente para todos. Vamos lá?
1. Crie um espaço de estudos funcional
Ter um local dedicado aos estudos é essencial para manter o foco e a produtividade. Não precisa ser um espaço grande ou sofisticado – o importante é que seja organizado e livre de distrações. Aqui em casa eu tenho algumas mesas que posso usar (a do home-office, a de jantar e a bancada da cozinha), mas muitas vezes também gosto de ler na cama ou no sofá. Meu filho tem uma mesa no quarto dele. Nós dois temos uma estante ao lado da mesa para colocar os materiais.
Dicas para organizar o espaço:
Escolha um lugar bem iluminado e silencioso.
Tenha à mão materiais como cadernos, canetas e livros.
Use organizadores para manter tudo no lugar e facilitar o acesso.
Se você ou seus filhos preferem estudar em diferentes locais, crie uma “mochila de estudos” com os itens essenciais para transportar facilmente e ir para lá e para cá.
2. Estabeleça uma rotina consistente
A rotina é a base para uma organização eficaz, principalmente em tempos de volta às aulas. Uma agenda bem definida ajuda a equilibrar estudos, lazer e outras responsabilidades.
Sugestão de rotina:
Manhã: Prepare-se para o dia com tempo suficiente para um café da manhã tranquilo e organização do material. Eu sempre costumo ajustar meu planejamento do dia logo que começo a trabalhar, mas planejo semanalmente de modo geral.
Tarde: Reserve um horário fixo para lições de casa e revisões.
Noite: Inclua momentos de descanso e revisão rápida do planejamento do dia seguinte.
Use ferramentas como planners ou aplicativos de organização para acompanhar compromissos escolares e prazos importantes.
3. Simplifique a organização de materiais
A bagunça no material escolar é um dos maiores vilões da rotina escolar. Com algumas práticas simples, você pode evitar que isso aconteça:
Organize por categorias: Separe livros, cadernos e materiais artísticos em organizadores distintos.
Rotule os itens: Facilita a identificação e economiza tempo na hora de buscar o que é necessário.
Revise semanalmente: Uma pequena arrumação no final de cada semana ajuda a manter tudo em ordem.
Para os filhos, envolver as crianças na organização é uma forma de estimular a responsabilidade. Dê tarefas adequadas à idade, como arrumar a mochila ou conferir a agenda escolar. Para adultos que estão estudando, isso significa criar momentos de revisão e autoavaliação.
5. Prepare-se para imprevistos
Sempre haverá dias mais corridos ou inesperados. Tenha uma margem de flexibilidade na rotina e lembre-se de que nem tudo precisa sair perfeito. O importante é criar uma base organizada que te permita lidar melhor com os desafios do dia a dia.
“Meu único defeito é não ter medo de fazer o que gosto.” – Rita Lee
Será que todo pesquisador tem essa “péssima” mania de ficar pensando na próxima pesquisa antes de terminar a pesquisa que está fazendo no momento?
Eu ainda não finalizei o doutorado mas, a partir do que escrevi ontem, pensando em uma perspectiva maior para a minha pesquisa de vida como um todo, eu tenho algumas ideias para o meu pós-doc já há algum tempo e tenho conseguido amadurecer melhor o que quero desenvolver nessa pesquisa.
No mestrado, eu realizei o meu sonho de voltar a estudar na Cásper Líbero, ter meu professor preferido como orientador e me formar lá. Eu queria ter esse diploma na Cásper. Minha avó, que faleceu enquanto eu estava no mestrado, teria ficado muito orgulhosa. Ela foi a maior incentivadora quando eu entrei lá para fazer Jornalismo na graduação, mas acabei saindo para fazer Publicidade porque não me deixaram mudar de curso na época.
No doutorado, realizei o sonho de ir para a área de Ciências Sociais – uma frustração da adolescência da época do vestibular. Eu queria ter feito Ciências Sociais ou História. Não fiz. Prestei para Jornalismo, pensando “no mercado” etc. Entrar em Jornalismo e me formar em Comunicação foi importante para mim e para a minha formação, mas eu continuei mantendo essa vontade dentro de mim de estudar uma das duas ciências humanas (ou as duas).
E esse é justamente o ponto agora, para o pós-doc. Eu penso em ir para a História. Juntar Sociologia e História, estudando um tema que tenho estado aficionada desde a época em que o Bolsonaro se tornou presidente e eu comecei a estudar pra ficar esperta: a construção do nazismo.
Eu tive profundos insights quando visitei a sala 600 do Tribunal de Nuremberg, quando estive lá em fevereiro. Essa é uma maneira mais bonitinha de dizer que eu tive uma crise de pânico dentro daquela sala. O ambiente era pesado demais. Eu estudei demais sobre o nazismo para conseguir ficar ali sem ser afetada (além de eu já ser exageradamente sensível para essas coisas e ambientes). Alguns anos atrás, eu li o excelente livro do Bauman, “Modernidade e Holocausto”, que é um livro que eu sinceramente tenho vontade de sair distribuindo na rua, para que todos leiam. Nesse livro, o Bauman fala como o que aconteceu na Alemanha nazista não foi algo “da Alemanha nazista”. Foi algo do sistema capitalista, e que poderia acontecer novamente, a qualquer momento, devido à própria estrutura de exploração essencial para a existência do capitalismo.
Particularmente, eu acho que o tribunal de Nuremberg foi um grande espetáculo dos Estados Unidos para mostrar que estavam “fazendo justiça” depois da II Guerra. Por trás daquele julgamento, que obviamente foi importante em vários sentidos (não tiro o mérito disso), os Estados Unidos estavam buscando oficiais e gestores nazistas para levar para atuarem nas grandes empresas norte-americanas. No ano passado, eu li um livro chamado “Livres para obedecer”, do historiador Johann Chapoutot, onde ele mostra como as práticas modernas de administração e de recursos humanos foram influenciadas e até moldadas pelo modelo de gestão e disciplina do nazismo, até mesmo porque tais gestores do regime nazista foram dar aulas em universidades alemãs de Administração, assumiram a direção de várias empresas na Europa e nos Estados Unidos etc…
A minha hipótese – e que quero levar para o pós-doc – é que, na verdade, os campos de concentração representam uma versão extremada do que vivenciamos cotidianamente “aqui fora” no sistema capitalista. Somos forçados a trabalhar dentro de uma gaiola de ferro até morrer.
Desse ponto de vista, pretendo estudar como, dentro dos campos de concentração nazistas, considerados um dos ambientes mais tóxicos e desumanizadores da história, e mesmo em circunstâncias extremas de opressão e sofrimento, algumas pessoas conseguiram demonstrar e praticar atos de compaixão.
Tive a vontade de produzir uma pesquisa a esse respeito depois de ler o livro “KL – A história dos campos de concentração”, do historiador alemão Nikolaus Wachsmann, quando ele disse que o registro do que aconteceu nos campos está se perdendo e que isso é perigoso. Pesquisadores evitam esse tema porque ele é muito doloroso de fato. Pessoas evitam falar porque é muito perturbador. Mas é necessário, senão se esquece.
Sinceramente, eu ainda não fiz um levantamento bibliográfico sobre essa temática, mas acredito que existam bons registros sobre essas histórias. Já vi algumas coisas por cima. Mas, como meu foco de vida é a produtividade humana, fazer esse estudo a partir desse viés me parece um diferencial de pesquisa. Traçar esse paralelo com o mundo atual, “aqui fora”, seria a principal abordagem. Criar um modelo que explique como a compaixão pode surgir e ser sustentada em ambientes altamente tóxicos, e como essas lições podem ser aplicadas para humanizar ambientes de trabalho modernos, até mesmo abordando situações de trabalho escravo forçado que ainda existem.
Enfim, ainda tenho bastante ideia a desenvolver e amadurecer, mas seria esse o plano inicial.
Eu também gostaria de fazer essa pesquisa fora do país, mas isso depende dos planos de vida do Paul também, porque não quero ficar longe dele novamente. Ainda tem bastante tempo até isso acontecer, então até lá eu poderei finalizar meu doutorado, transformar a tese em um livro, divulgar, escrever artigos e amadurecer as ideias para esse pós-doutorado.
Estou de volta ao Brasil por algumas semanas para passar as férias de julho com o meu filhote. Isso envolve continuar a minha rotina de trabalho, estudo e pesquisa, mesmo à distância, ficar com ele e resolver algumas coisas em casa antes de viajar novamente. Por isso, foi importante reorganizar a minha rotina.
Como estou acostumada ao fuso horário de +5 horas, eu decidi tentar mantê-lo. Como meu filho está acordando tarde, porque está de férias, eu aproveito o período da manhã para trabalhar tudo o que preciso trabalhar no dia e que me demanda mais concentração, como escrever, responder e-mails e outras coisas do tipo. Almoço com ele, passo a tarde e o início da noite com ele, e de noite ele fica com o pai, que tem hábitos mais noturnos. E eu consigo dormir cedo. Basicamente é isso.
Tem sido uma boa rotina e estou conseguindo fazer o que preciso fazer e passando todo o tempo possível com ele. Vale lembrar que, por ele ser adolescente, ele tem suas próprias atividades, como ficar com os amigos, namorar (pois é) e jogar vídeo-game. Mas, sempre que está em casa, o fato de estar junto com ele conversar, fazer comida, comermos juntos, fazermos passeios etc, já faz toda a diferença.
É um período difícil esse das viagens mas logo acaba. Tô bem centrada em acabar logo para voltar e organizar as coisas por aqui depois desse intercâmbio e, apesar de ser difícil para todos, temos esse objetivo claro em mente, de que é algo bom para o nosso futuro como um todo. Focamos nisso.
Se existe um tema que sempre aparece quando se fala em organização, é a relação que as mulheres têm com a maternidade e suas carreiras profissionais. Não é à toa – muitas mulheres trabalham durante o dia e ainda seguram toda a carga pesada do trabalho doméstico e de cuidado, deixando-nos exaustas.
Quando me tornei mãe, enfrentei o desafio universal que acompanha a maternidade: como equilibrar a vida pessoal e profissional sem perder a sanidade? A verdade é que a maternidade testou todas as estratégias de organização que eu conhecia. No entanto, foi também uma oportunidade incrível para refinar essas estratégias e aprender novas. Hoje, quero compartilhar com vocês como encontrei formas de manter a organização e o equilíbrio, esperando que possa ajudar outras mães que estão navegando por essas mesmas águas turbulentas.
Auto-Aceitação e Flexibilidade
O primeiro passo para encontrar equilíbrio foi aceitar que minha rotina precisaria ser mais flexível. Os bebês e crianças pequenas operam em seus próprios horários, que muitas vezes desafiam nossa noção de organização e eficiência. Aceitar isso não significa renunciar à organização, mas adaptar-se e encontrar soluções criativas para as novas necessidades da família. Isso me demandou perspectiva, em compreender que algumas coisas eu poderia fazer com o filhote pequeno e outras não, só quando ele crescesse. E ainda hoje esse balanço continua, pois eu preciso sempre avaliar o que posso e o que não posso fazer, dadas as nossas circunstâncias atuais, que incluem uma rede de apoio.
Gestão do Tempo com Blocos
Uma técnica que se mostrou particularmente útil foi a gestão do tempo em blocos. Em vez de uma agenda rígida, dividi meu dia em blocos de tempo dedicados ao trabalho, à família e a mim mesma. Essa abordagem permitiu-me ser produtiva no trabalho, enquanto garantia que houvesse tempo de qualidade com minha família e, igualmente importante, tempo para cuidar de mim.
Responsabilidades
Um mapa com minhas áreas da vida, em que eu coloco, dentro de Família, uma ramificação para o Paul e tudo o que eu sou responsável por ele na vida, me ajuda a revisar mensalmente e a refletir sobre como estou me envolvendo e se há atividades ou projetos que precisaria levar em consideração. Definir uma rotina diária de cuidado, planejar atividades juntos semanal e mensalmente também fazem parte de como eu me planejo para estar sempre presente.
Manter a casa organizada com crianças pode parecer uma batalha perdida, mas estabelecer sistemas simples de organização fez uma grande diferença. Cestos de brinquedos etiquetados, uma rotina diária de arrumação rápida e um lugar específico para cada coisa ajudaram a minimizar a desordem e a manter a casa em um estado mais gerenciável. Outra coisa que me ajudou foi reduzir minhas expectativas quanto ao “nível de limpeza” da casa. Eu não tinha interesse em manter uma casa impecável, e sim em estar descansada para conseguir fazer as minhas coisas e cuidar do meu filho. Eu acho que essa cobrança que a gente se coloca de querer ter uma casa sempre perfeita só piora a maneira como a gente já se sente pressionada no dia a dia. Implementar a noção do mínimo viável diário também foi crucial pra minha sanidade e funciona lindamente até hoje.
Rotina Flexível
Criar uma rotina flexível foi crucial. Isso significou estabelecer uma estrutura básica para o dia, mas estar pronta para ajustá-la conforme necessário. Ter momentos dedicados para refeições, sonecas e brincadeiras proporcionou uma sensação de previsibilidade para meu filho, enquanto me permitia planejar meu trabalho e tarefas pessoais em torno desses pilares. Também demandou uma mudança de trajetória na minha carreira, saindo de um emprego fixo para me tornar autônoma. Nem preciso dizer que essa transição levou muitos anos e foi necessário fazer um montão de ajustes, especialmente com gastos e outros elementos relacionados ao nosso estilo de vida.
Comunicação e Suporte
Comunicar minhas necessidades e as de meu filho claramente com meu parceiro, família e colegas de trabalho permitiu-me criar uma rede de suporte. Isso não só ajudou a dividir responsabilidades mas também a estabelecer expectativas realistas sobre o que eu poderia realizar em um determinado dia. Eu entendo que nem todas as mulheres têm essa rede de apoio e um pai presente como eu sempre tive com o meu filho. Faça o melhor que puder com as condições que tem. Adapte sempre.
Aprendizado Contínuo
Finalmente, a maternidade ensinou-me a importância do aprendizado contínuo. Ler livros, participar de fóruns de pais e trocar experiências com outras mães foram essenciais para encontrar novas estratégias de organização e equilíbrio.
A maternidade é uma jornada cheia de desafios e alegrias. Encontrar equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não é uma tarefa fácil, mas com aceitação, flexibilidade e um pouco de criatividade na organização, é definitivamente possível. Espero que minhas experiências possam inspirar e ajudar outras mães a encontrar seu próprio caminho nessa jornada incrível. E, se tiver alguma dúvida específica, poste aqui. Eu já publiquei tanta coisa sobre esse assunto nesses quase 20 anos de blog que às vezes fico em dúvida sobre se é relevante falar sobre esse tema, então não quero ficar me repetindo, sabe? Obrigada.
Eu recebo essa pergunta constantemente então achei que valia a pena escrever um post para deixar como referência.
Quando o Paul era mais novo, eu costumava expôr ao longo do ano os desenhos pela casa e guardar em uma pasta os trabalhos e provas. Uma vez por ano, tirava foto e digitalizava os mais legais e significativos, fotografia a letrinha dele, coisas do tipo, e reciclava o material no final do ano, doando os livros escolares.
Nesta escola que o Paul está agora, há um cuidado não apenas com a sustentabilidade mas com a compreensão do uso e a posse de novas coisas. Há um movimento coordenado pela escola de doação dos livros do ano anterior para alunos que estão mudando de série e também há o incentivo em continuar a usar os cadernos enquanto tiverem folhas limpas.
Escolher uma escola assim foi algo determinante. Foi intencional. Eu mudei de bairro praticamente para que ele pudesse ter acesso a uma escola que fosse desse jeito. Não por esse mínimo detalhe, mas pela direção da escola como um todo, mais humana, mais consciente de todos os aspectos.
Neste exato momento, o que temos:
Paul saiu do sétimo e foi para o oitavo ano
Livros de ficção que ele usou, a gente vai doar (e alguns eu peguei pra mim kkk)
Os cadernos do ano passado, eu vejo COM ELE o que ele quer fazer. Já está numa idade de poder escolher se ele quer manter por n motivos.
Penso que a maternagem se desenvolve através da conexão nesses pequenos momentos da rotina.
Ter me comprometido com a formação como professora também me permite enxergar o aprendizado de outra forma. Vivemos o que aprendemos. Conversamos sobre o que ele estuda. A vida é o assunto. O papel é um material, e o que importa é o conhecimento. Mas, sobre o assunto do post, agora que ele tem 12 para 13 anos a orientação é: ver com ele. Pelo menos para nós isso faz muita diferença.
Eu escrevi um post parecido há um ano, contando como estava a nossa rotina depois de alguns meses de isolamento. Hoje, já faz um ano e três meses que a pandemia foi declarada e que começamos a fazer isolamento social e a ficar em casa. Não estamos tão trancados – vamos pelo menos uma semana ao mercado e eu busco ir ao escritório de vez em quando – mas não estamos fazendo viagens, indo a restaurantes nem nada do tipo, então considero que ainda estamos em isolamento.
A rotina em casa chegou em um ponto onde estamos nos cobrando muito menos sobre as atividades. Existem aquelas que fazemos todos os dias – o mÃnimo viável diário – assim como existem atividades que vamos fazendo sob demanda ou quando temos vontade. Não nos guiamos mais por listas da FLY Lady, por exemplo. Está em uma configuração meio livre no momento, pois sentimos que já tÃnhamos regrinhas demais para outras coisas com as quais precisarÃamos nos preocupar, especialmente as questões de higienização quando algo chega da rua etc.
Nosso MVD aqui em casa são atividades simples:
arrumar as camas (geralmente meu marido arruma, pois ele levanta depois de mim)
Nesse descanso, envolve assistir um ou dois vÃdeos no YouTube, jogar uma partida de xadrez com o Paul ou ficar sem fazer nada um tempo, se eu tiver feito bastante coisa de esforço de manhã.
Nós conversamos bastante sobre esse assunto aqui em casa nos últimos meses e decidimos manter o Paul na escola que ele está estudando atualmente. Vou contar os motivos que nos levaram a tomar essa decisão:
O isolamento social na verdade nos uniu muito e tenho certeza que esse momento será parecido. Claro que ficaremos saudosos dos nossos amigos e parentes, mas entendemos que precisamos ser fortes neste momento e que ele vai passar.
Ao desenhar esse objetivo, nos últimos anos eu concluà diversos projetos relacionados, tais como: esclarecer qual seria a melhor região para comprar esse terreno, esclarecer os custos de compra do terreno e obra para construção da casa, guardar dinheiro para compra do terreno etc. Todos esses projetos foram sendo concluÃdos nos últimos anos tendo esse objetivo em vista.
Ter uma casa na Serra da Mantiqueira, absolutamente um dos meus lugares preferidos do mundo, era um sonho de muitos anos. Acho que eu sonho com isso há pelo menos 12 anos. Sempre alimentei essa vontade de ter uma casa em região serrana, para poder escrever, viver, cuidar das plantinhas, resgatar animais, meditar, enfim, aquela coisa toda que tem tudo a ver comigo.
Com a pandemia, então… nossa, eu fiquei pensando em como seria bom se a gente tivesse um lugar assim para ir, já que ficar se deslocando não seria uma questão. E o desejo veio ainda mais forte, a ponto de eu falar: vou colocar no papel, vamos fazer acontecer. Lá em abril, maio, virou quase uma obsessão.
Queria ter a casa? Claro que sim. Durante essa pandemia, teria sido excelente mudar para um refúgio desses? Não há dúvida. No entanto, existem coisas que, na nossa cabeça, funcionam muito bem mas, quando colocadas em prática, talvez sejam diferentes do que a gente imaginava.
No entanto, ao fazer esse exercÃcio, você pode se deparar com a realidade da concretização dele e perceber algumas questões que talvez não levasse em consideração quando tudo era apenas um sonho ou ideia. Ao fazer a visualização desse objetivo sendo real, sim, eu me vi feliz, sim, acho que seria uma delÃcia realizá-lo, construir uma casa do zero, do meu jeito. Mas aà caÃmos nos aspectos práticos, que seriam os seguintes.
Outra possibilidade que me veio à mente seria comprar um terreno em uma ecovila. Por ser um meio comunitário, eu teria outras possibilidades legais de compartilhamento de horta e outras questões. Mas, quando fiz o exercÃcio de visualização, imaginando a gente vivendo nesse local, eu percebi que, talvez, dentro do meu estilo de vida, de trabalho, seria incrÃvel. Mas e os meninos? Meu marido gostaria desse estilo de vida? Como ficaria a vida do Paul, com escola e os avós morando em outras cidades? Em resumo: a gente conseguiria curtir esse estilo de vida, ou tanto faz morar lá ou em São Paulo, com as atividades que já temos hoje?
Nós tomamos a decisão de ficar aqui onde moramos mesmo e tomar algumas providências para melhorar a nossa experiência na casa. Resolvemos arrumar o quintal, e isso deve nos dar uma sensação maior de contato com a natureza. Eu preciso de um post inteiro para explicar a situação do quintal da nossa casa, e pretendo fazê-lo em algum momento.
Nós já moramos em bairros mais afastados do centro e não gostamos da experiência. Amamos o bairro onde moramos. Eu não pretendo sair daqui e, se um dia mudarmos, provavelmente será no mesmo bairro ou em um bairro vizinho.
Acho que faz parte de um amadurecimento como ser humano entender que não precisamos “ter” as coisas para usufruir das experiências que tais coisas nos proporcionariam. Acho importante sim ter um teto nosso, como segurança financeira básica, mas desnecessário ter um segundo imóvel. Prefiro guardar esse dinheiro para ficarmos mais tranquilos financeiramente. E, se em algum momento entendermos que estamos prontos para mudar de casa, isso pode entrar nos planos novamente.
Obs. Algumas imagens deste post eu peguei no Google e não consegui encontrar o autor / fotógrafo. Caso você reconheça, por favor, me avise nos comentários para que eu possa creditar apropriadamente.
Hoje, eu faço principalmente pela minha saúde. Ajustar o meu corpo ao ritmo circadiano. Depois, pela qualidade de vida. Me sinto bem fazendo tudo ao raiar do dia. Tenho tempo para mim, faço as coisas sem pressa, e minha tarde se resume a responder os outros e preparar meu corpo para descansar à noite.
De noite, geralmente ele lava a louça da janta, dá uma geral na cozinha, tira a roupa da máquina, já coloca a carga para lavar no dia seguinte, rega as plantas e coisas assim. Quando eu acordo, reinicio na minha rotina. É isso.
Saúde
Talvez você não consiga mais ir à academia diariamente depois que o seu filho nasceu. No entanto, qual o mÃnimo que conseguiria fazer todos os dias? Talvez alguns abdominais enquanto ele dorme? Uma prática rápida de yoga? Uma sequência de polichinelos que ainda vai fazer o seu filho dar gargalhadas?
Estudos
Talvez você não consiga estudar quatro horas por dia para o seu concurso público depois que o seu filho nasceu. Como você consegue estudar ao longo do dia? Talvez apenas revisar mapas mentais e conteúdos e, quando ele dormir, consegue estudar com mais concentração? Ou talvez você queira esperar algum tempo ele crescer mais para que você possa se dedicar aos estudos.
Encontre o mÃnimo satisfatório em todas as suas atividades e áreas da vida para fazer diariamente, e foque nessas coisas. Se sobrar tempo, você faz o que era desejável.
“Ah, mas eu gostaria de manter a mesma rotina de estudos / saúde / finanças de antes”. Volte ao tópico 1 para não se sentir frustrada/o. É simples assim.
Converse com os seus filhos para que eles compreendam a situação e tenham a chance de manifestar o que têm vontade de fazer. Eu cheguei com uma programação de atividades pronta para o meu filho e no primeiro dia ele quis aprender a tocar um instrumento musical (que tÃnhamos em casa). Ele passou o dia vendo tutoriais no YouTube e treinando, e tanto eu quanto o pai dele conseguimos trabalhar tranquilamente. Você pode ter ideias, mas dependendo da idade dos seus filhos, eles podem ter suas próprias e te surpreender. Dê essa chance.
Estão circulando pela internet diversas ideias de atividades e brincadeiras para entreter as crianças em casa. Logo, ideias não faltam. Aqui vão algumas:
Ajudar no trabalho. Dependendo da idade da criança e da sua atividade profissional, ela pode ajudar de alguma maneira. Verifique a viabilidade.
Entretenimento offline. Se tiver quintal ou varanda, ótimo. Use! Cachorro, piscina e outras atividades ao ar livre não vão faltar. Para lugares fechados: leituras, colagens, massinha, receitas (na cozinha), quebra-cabeça, jogos de tabuleiro, instrumentos musicais, algum hobby, desenho, pintura, escrita, quadrinhos, brincadeiras diversas.
Todos nós, como seres humanos, precisamos aprender a lidar melhor com essas mudanças inesperadas. Quem sabe assim aprendemos a pensar mais no outro e a viver em comunidade (que inclui a famÃlia)?
Espero que o post tenha sido útil para quem está tendo dificuldades com esse momento.
A estante dele fica propositalmente ao lado da escrivaninha no quarto, de modo que ele possa fazer a lição dele ali. Temos iluminação e a janela logo em cima da mesa, assim como os porta-canetas com tudo o que ele precisa.
Eu diria que essa mudança foi o grande potencializador da coisa toda na nossa casa. Como agora eu passava o dia todo fora, trabalhando, e muitas vezes chegava a viajar a trabalho, não tinha como meu marido não ficar responsável pelas atividades. Morávamos em um apartamento com três dormitórios. Ele preparava as refeições e mantinha a casa limpa. Eu cuidava mais dos detalhes, tipo limpar lugares que ele provavelmente não lembrava de limpar e cuidar da organização das coisas – compras para preparar as refeições na semana, compra de insumos diversos, contas etc.
Simplesmente teve que ser assim porque senão não terÃamos comida na mesa, uma casa minimamente arrumada e limpa e nosso filhote não cresceria em um ambiente saudável.
Ele sempre cozinhou em casa, mas depois que virei vegana eu passei a preparar mais as refeições, porque eu estava comendo coisas diferentes. Eu gosto muito de cozinhar e acho terapêutico parar uma vez por dia e preparar alguma refeição.
Ainda sou responsável por organizar o menu da semana e preparar a lista de compras no mercado. Para otimizar, peço muito entrega via delivery (o mercado) ou simplesmente dou a listinha (pelo What’sApp) e ele compra tudo no mercado, quando passa o dia fora, de carro, por ser mais fácil para ele o trajeto.
Quando eu engravidei, algumas coisas aconteceram na minha vida. Meu pai, que já estava com a saúde debilitada (ele teve leucemia), ficou ainda pior. Exatamente uma semana antes do Paul nascer ele morreu. Tinha câncer.
Por conta disso, o último mês de gravidez, especialmente, foi bastante preocupante, pois eu tinha que ir diariamente ao hospital medir os batimentos cardÃacos do bebê e, em determinado momento, foi necessário adiantar o parto. O Paul nasceu umas duas semanas antes do previsto, por conta disso. Foi cesárea.
Voltamos para a nossa casa cerca de um mês depois que ele nasceu, ou um pouco mais. Basicamente, quando eu já tinha me recuperado da cirurgia e o risco da eclâmpsia tivesse praticamente sumido. Morávamos em um sobrado, então antes eu não podia subir ou descer escadas, por causa da cesárea. Mais recuperada, pudemos finalmente ir para casa, o que mudou muito a minha relação com a rotina de ser mãe.
Em algum momento antes de ele completar um ano de idade, meu marido estava muito insatisfeito com a sua rotina, muito cansativa, de dois trabalhos, e tivemos uma conversa que mudou tudo o que farÃamos a seguir. Eu estava me sentindo mal por ficar apenas em casa. Estava sendo muito deprê para mim. Claro que o Paul era o fator mais importante de todos, mas eu precisava sair. A coisa do meu pai, putz, tudo isso me deixava mal de ficar em casa, sozinha com meus pensamentos. Então nós conversamos e concluÃmos que seria muito mais efetivo eu voltar a trabalhar, pois eu era gestora quando saà do meu último emprego, e conseguiria algo melhor, com um salário melhor que o do meu marido. Ele poderia focar na música (que era a segunda atividade dele), ficaria em casa durante o meu perÃodo de trabalho, e eu poderia fazer minha pós-graduação, que era algo que eu acreditava que me ajudaria a conseguir um salário melhor dali em diante. Ele pediu demissão no inÃcio de janeiro, e em fevereiro eu já tinha arranjado um novo trabalho, e assim nossa dinâmica mudou radicalmente. Foi um desafio para todos nós, mas estávamos firmes no propósito.
No final daquele ano, resolvemos finalmente mudar para Campinas, e assim fomos, em dezembro mesmo. Foi uma grande mudança para a gente, porque estarÃamos longe da nossa famÃlia pela primeira vez, e era como se uma nova era se abrisse e nos tornássemos “adultos de verdade”.
2011 foi o ano que resolvi “profissionalizar” o blog, no sentido de postar todos os dias, desenvolver um calendário editorial etc. Na pós-graduação, meu TCC foi a profissionalização mesmo dele – desenvolvendo logo, missão, visão, a coisa toda. Então, entre 2012 e 2013, ao final do curso, eu descobri que queria muito trabalhar com organização.
À medida que ele vai crescendo, ele vai desenvolvendo personalidade própria, questionando coisas, tendo suas curiosidades e momento mais autônomos. Eu me surpreendo diariamente com as coisas que ele faz ou diz, e sigo cada vez mais apaixonada.
Acredito que o fato de eu sempre ter sido mais “molecona” me ajude com o trato com ele. Conto algumas coisas que eu fazia quando era criança e ele dá muita risada. Acho que ele, de certa maneira, sente que eu sou menos rÃgida quando conto que fazia parte da turma do fundão ou que eu ia mal em matemática (que ele ama). Isso me tira do pedestal, ao mesmo tempo que deve gerar nele um sentimento de “minha mãe era legal na escola – ela apenas cresceu”.