“Aprendizados”, Gisele Bündchen (2018)

Li nos últimos dias o livro “Aprendizados”, da Gisele Bündchen, que foi a indicação de uma amiga (“leia, você vai amar muito”). Como ela já tinha me recomendado outro livro que eu tinha gostado bastante (“Ponto de equilíbrio”), confiei na indicação. E claro que ela acertou de novo. Adorei o livro da Gisele e acho que tem muito a ver com a proposta que trago com o Vida Organizada, de a gente buscar uma vida coerente com quem nós somos.

Gisele é possivelmente a brasileira mais famosa do planeta. Ela ficou famosa porque desde os 14 anos trabalha como modelo e, em algum momento em sua bem-sucedida carreira, inaugurou um novo estilo tanto com relação ao seu corpo (as curvas) quanto ao modo de andar, super característico. Várias pessoas influentes do mundo da moda trabalharam em sua projeção e, como acontece com quem acaba sendo a pessoa certa na hora certa, ela despontou. E todos nós a conhecemos como a modelo brasileira mais bem-sucedida de todos os tempos. Ponto.

O que normalmente as pessoas não sabem, e esse é sempre o ponto forte dos livros autobiográficos, são os desafios pessoais que tais celebridades ou profissionais bem-sucedidos passaram para chegarem até onde chegaram, e como foi o processo interno que levou a diversas decisões e processos significativos de mudanças.

Quem nunca passou por uma situação no trabalho que agrediu profundamente? Mas o grande ponto é: como a gente lidou com aquilo e usou como referência em situações futuras? É isso o que importa.

Depois da leitura do livro, procurei algumas entrevistas dela no YouTube. Encontrei uma realizada em sua casa, com o apresentador Pedro Bial, e fui ler os comentários. Encontrei o comentário de uma pessoa dizendo que achou o livro fraco, “papo de auto-ajuda”, e que ela “perdeu a oportunidade” de contar os “causos” da profissão, além de dar dicas de empreendedorismo e gestão da carreira. Eu fiquei tão surpresa com esse comentário! Achei ele de uma pequenez absurda. Porque, para mim, o livro todo é sobre a gestão da carreira e, por consequência, da vida dela, e como toda essa complexidade se traduziu nas decisões que ela tomou quando passou a ouvir mais a si mesma e a sua própria intuição.

O livro todo é escrito lindamente, de forma bastante inspirada. Cada capítulo tem um tema principal, como “relacionamentos” ou “auto-conhecimento”. E assim, trazendo esses elementos pessoais, ela vai descrevendo como cada experiência que ela teve impactou em sua carreira. Quando ela descreve a decisão que tomou de abandonar o maior contrato da sua carreira (com a Victoria Secrets), aquilo foi pura gestão de carreira e empreendedorismo. Ela mostrou como, muitas vezes, ao longo da vida, a gente se deixa levar pelos outros e por situações externas diversas (ex: dinheiro) e acaba se agredindo, percebendo isso só em um futuro burn-out.

Por outro lado, eu entendo o autor do comentário no vídeo do YouTube. Porque quem nunca passou por isso não tem como saber a importância da intuição na carreira. Quem nunca teve que tomar uma decisão não sabe o que é olhar para dentro e encontrar a resposta sem dúvida nenhuma. Quem nunca passou por um burn-out ou teve síndrome do pânico não tem como saber como isso influencia em absolutamente todas as decisões da sua vida. Como a prática da ioga e da meditação ajuda a ter uma mente mais centrada, mais presente, mais plena, e como isso influencia em absolutamente TUDO. Logo, nem que a Gisele desenhasse, a pessoa ficaria satisfeita, porque Narciso vê com desconfiança aquilo que não é espelho.

O trecho acima está logo no começo do livro. Fiz diversas marcações para reler nos próximos dias.

Muitas pessoas me pedem indicações de livros sobre organização e planejamento de vida e de carreira. Para mim, os melhores livros nesses temas não são os manuais práticos (apesar de serem legais), mas as biografias de pessoas que nós admiramos, pois tais livros mostram como essas pessoas guiaram as suas vidas de acordo com os seus valores – que é o que eu acredito que deva ser uma vida organizada.

Recomendo fortemente a leitura, especialmente para as mulheres com filhos. Foi um livro que me emocionou, que me inspirou, e acredito que possa emocionar e inspirar vocês também.

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21 Comments

  1. Assisti..por acaso…à entrevista do Bial com Gisele.Mudei totalmente a minha percepção em relação a ela:sensível, coerente, madura, me impressionei .E que pena eu tê-la rotulado por tanto tempo como só mais um rostinho bonito e um corpaço daqueles.

  2. Estou assistindo ao documentário sobre a Anitta no Netflix e me surpreendendo. Muitas lições de vida e de empreendedorismo também. Vale a pena assistir sem preconceito.

    O livro está na lista dos “quero ler”.

  3. É fácil escrever um livro quando é filhinha de papai, teve tudo na mão.Quero ver começar do nada, sem papai e mamãe e chegar longe, trabalhar em dois empregos e pagar sua própria faculdade,vencer na carreira, fazer parte de várias instituições, viajar para 24 países e sem frescura de que estou com depressão
    Li vários obras primas Mart Luke King, Gandhi entre outras. Agora vão dizer que essa porcaria é exemplo de livro.

    1. Shirley, eu entendo o seu ponto mas acho que uma coisa não invalida a outra. Histórias pessoais não são competições. Creio que a gente consiga aprender com cada uma delas. Certamente a gente vai se identificar mais com umas que com outras.

      1. Vale acrescentar que depressão não é frescura, por favor.

    2. Depressão não é frescura, meu anjo.

    3. Nossa!!! Parabéns para você se conseguiu isso tudo. Mas seu mérito não tira o dela. Na verdade admirar uma pessoa não significa não valorizamos as outras.
      Muitas vezes apenas sua história não é conhecida…

  4. Thais,

    Fiquei com vontade de ler este livro, pois muito do que vc falou ressoou com o que penso. E sempre senti uma energia vibrante na Gisele, que vai muito além da beleza física. Mas queria te pergunta: vc acha que precisamos passar por momentos de crise aguda, de burn-out, para nos sintonizarmos com nosso interior, nossa intuição, com a plenitude de nossa mente?

    O objetivo de trazer técnicas como a meditação e práticas de auto-conhecimento não seria justamente evitar chegar nesse ponto?

    Gostaria de ouvir sua opinião!

    Beijos

    1. Eu acho que não precisamos não. MAS, quando passamos, certamente é algo que potencializa.

      1. Eu concordo. Inclusive estou saindo de uma fase dessa e muitas coisas mudaram de sentido para mim. Coisas que eram apenas conhecimento estão se tornando orgânicas para mim. Mesmos livros, mesmas matérias… Tudo está mudando de significado

  5. Thais!
    Sou super fã da Gisele e admiradora do seu trabalho desde 2016. Este livro entrou na minha lista de presentes para o Papai Noel e certamente vou ler entre Natal e Ano Novo, uma época que gosto de diminuir o ritmo e refletir bastante. Acho que vai ser uma ótima leitura!

    Sobre o seu comentário no final do texto, gostaria de sugerir que fizesse um texto ou vídeo no canal sobre livros biográficos que você tenha lido e tenham te inspirado. 🙂

    Obrigada por compartilhar com a gente os seus Aprendizados!

    Beijos

  6. Também assisti essa entrevista do Pedro Bial que você comentou. Encontrei por acaso e foi por causa dela que o livro da Gisele entrou na minha lista de livros que preciso ler. O seu texto só reforçou essa vontade. Já está na lista!

  7. Eu já li o livro e confesso que esperava um pouco mais. Estava aguardando há um ano desde que ela colocou a capa no Instagram. Acho que criei muita expectativa. Bjs Thais.

  8. Thais, há algumas semanas vi esse livro na livraria, li a sinopse e as orelhas e super me interessei, mas como a pilha de Leitura em casa ainda está grande, decidi por não comprá-lo ainda, até mesmo pq eu não conhecia ngm que o tivesse lido e fiquei receosa de cair num jogo de marketing. Agora que vc leu e indicou, já sei que vale sim a pena comprar e ler! Sempre pego ótimas dicas de livros com vc (o milagre da manhã e ponto de equilíbrio, são ótimos ex) obrigada!

  9. Já tinha aparecido diversas vezes a sugestão dessa entrevista com Bial e sempre pulava, mas agora após o seu post, fiquei bastante interessada e realmente parece ser engrandecedor o livro.

  10. Thais, eu admiro muito a Gisele e gostei bastante da entrevista com o Bial.
    Eu fiquei emocionada com as palavras dela pois passei por uma depressão ano passado e quando resolvi parar a medicação parti em busca de meditação, ioga, melhorar a minha alimentação e fugir de situações/pessoas que são tóxicas e não nos fazem bem.
    Acho quem quem já passou por isso em algum nível sentiu muito a sinceridade nas palavras dela e tbm se deu conta do quanto ela deve ter sofrido durante a carreira.
    Quero muito ler o livro, mas tenho 2 da série Napolitana (recomendo a leitura) e o Trabalho organizado que gosto de ler aos pouquinhos =)

  11. O post foi uma injeção de ânimo.
    Me darei de presente de natal.

  12. Acompanho a carreira da Gisele desde 1998. Esse ano fez 20 anos que a acompanho à distância. E a admiração só faz crescer.
    Ganhei o livro da minha mãe, que acompanhou boa parte desse amor pela Gisele. Estou no último capítulo e já é um dos livros mais inspiradores que eu li, e não é por causa de quem o escreveu. Eu vi tanta transparência, força de vontade, foco, amor pela natureza, pela família, pela pessoa que é… Me deu até vontade de mudar minha vida, viver mais o presente, curtir a natureza sempre que possível, voltar a meditar, começar a fazer ioga… Também recomendo a leitura!
    Bjos

  13. O livro já está na minha lista de leituras para março/2019.

    Que bom que você gostou. Mais um motivo para eu querer lê-lo o quanto antes.

    Beijos e sucesso!!!

  14. Realizei a leitura. Finalizei agorinha. Minha avaliação é positiva. Uma leitura leve, inspiradora, conselheira e reveladora de uma pessoa que passei a admirar. Recomendo 👍

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